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Não existe história de sucesso perfeita.
Altos e baixos, lesões...
impressões boas e ruins...
é uma coleção de tudo.
A verdadeira arte é ser capaz de gostar de si mesmo
e se aceitar.
Ninguém sabe quantas horas você passa treinando,
quantas lesões você sofreu.
Ninguém sabe o que há atrás da cortina.
No gelo, somos todos iguais.
Quando você tem sucesso, há uma grande recompensa
pelo trabalho que você fez no passado.
DENIS TEN, CAZAQUISTÃO
BRONZE NA PATINAÇÃO ARTÍSTICA EM SOCHI 2014
Eu sou Denis Ten.
Sou um patinador artístico.
Nasci no Cazaquistão.
Meu país é muito especial.
Não é muito conhecido mundialmente,
ele só tem 20 e poucos anos.
Hoje eu tenho 23 anos, a mesma idade do meu país.
Na primeira vez que pisei no gelo,
eu não sabia nada sobre patinação artística.
Não havia pistas fechadas, só se patinava em locais abertos.
Não tínhamos onde comprar os patins.
Eu não tive equipamento profissional
até uns nove anos, eu acho.
Eu comecei a patinar com cinco anos.
Meus pais perguntaram: "o que você gosta mais,
patinação artística ou música?"
Eu respondi na hora: "patinação artística."
Era uma coisa que eu gostava muito
e eu amava com todo meu coração.
Quando eu tinha nove anos, minha mãe achou
uma competição na Sibéria.
Eu fui lá, e de alguma forma, venci a competição.
Ninguém me conhecia, claro.
Ninguém sabia que havia patinação no Cazaquistão.
Aquela foi a primeira vez que eu percebi
que patinação artística é meu trabalho.
Patinação artística agora... sou eu.
O Denis é bom em tudo.
Ele tem um salto forte,
patina rápido,
é muito flexível,
tem um ótimo trabalho de pés.
O lado psicológico pode ter um enorme impacto
no desempenho do atleta.
Eu acredito que a chave é a liberdade.
Liberdade de movimento.
Liberdade do corpo.
Depois que eu conheci o Denis,
ficou muito claro para mim
que ele tem muito potencial e podemos chegar
a resultados ótimos juntos.
Ele tem uma visão clara das metas
que estão a sua frente.
APÓS UMA TEMPORADA DE CINCO ANOS,
EM 2016, DENIS SE MUDOU
PARA TREINAR COM NIKOLAI MOROZOV
NA CASA DO GELO EM NEW JERSEY
Tudo o que eu faço hoje é focando
nos Jogos Olímpicos.
Embora eu esteja neste esporte
há muito tempo,
eu ainda aprendo muito.
Pensando nos Jogos
em Vancouver, 2010,
eu não sabia o que esperar.
Representando o Cazaquistão, Denis Ten.
Ser reconhecido como
patinador artístico, aos 16,
vindo do Cazaquistão, estando no Canadá,
foi uma grande honra.
Não foi só por ter competido lá,
mas eu competi pela primeira vez
na nossa história.
Foi uma conquista histórica para o meu país.
Depois de Vancouver, eu acabei um capítulo do meu livro
e comecei outro.
Se pegarmos Vancouver 2010 e Sochi 2014,
e compararmos as experiências olímpicas,
são duas dimensões totalmente diferentes.
A caminho de Sochi, eu achei que estava vivendo
em um reality show.
Foi uma coisa
incrível.
Eu tive lesão atrás de lesão,
e problemas com equipamentos
e sofri um acidente de carro
apenas duas semanas antes dos Jogos.
Eu fiquei sem poder andar
e meu treinador, eu vi nos olhos dele,
que ele estava perdido, sem saber como me ajudar.
Foi um problema enorme para mim, foi muito difícil.
Eu sabia como a pressão seria grande,
todos queriam que eu ganhasse pelo meu país.
Quando eu cheguei em Sochi, para os Jogos,
foi uma competição difícil para mim.
Eu ainda me lembro do programa curto.
Eu pisei no gelo, havia milhares de pessoas
torcendo por mim, pessoas da Rússia,
como meus colegas de escola.
Todo mundo estava me assistindo.
Todos os seus amigos, sua família,
todos de olho em você.
Eu...
errei no meu primeiro salto.
No evento mais importante da sua vida,
perceber que você falhou,
foi muito duro para mim.
A noite seguinte à competição
foi a pior noite que eu já tive na vida.
Eu praticamente não dormi.
Todo mundo, claro, tenta apoiá-lo,
mas você percebe que, no fim das contas,
ninguém vai poder ajudá-lo.
Ninguém consegue sentir a sua dor,
as suas dificuldades.
Se você cometeu um erro, cometeu.
É você que vai pisar no gelo e patinar.
Felizmente, eu não desisti.
Foi a maneira de amadurecer.
Denis Ten...
Eu entrei no gelo para o segundo dia de provas.
Eu estava renovado,
era um novo dia, um novo começo.
Eu vi bandeiras do Cazaquistão, eu ouvi o meu nome.
Foi, literalmente, a realização de um sonho.
Todos ficaram de pé e aplaudiram
o garoto do Cazaquistão.
Quando eu estava no pódio,
eu percebi que todo o país
torceu por mim nos Jogos Olímpicos.
Eu me tornei um símbolo do esporte.
Eu voltei para o Cazaquistão
e recebi muita atenção.
Pude ver a cultura da patinação nascer.
SEGUINDO O SUCESSO DE DENIS,
ELIZABET TURSYNBAYEVA VENCEU
A PRIMEIRA MEDALHA DAS OLIMPÍADAS JUVENIS
Será a primeira vez que uma mulher vai competir
aqui no Cazaquistão.
A patinação se tornou
uma das coisas mais interessantes
e legais para fazer no país.
Pistas públicas no gelo no Cazaquistão
viraram uma das atrações mais populares
nos finais de semana.
Eles patinam
e querem ser como eu.
Eu acredito que todo cazaque sabe
quem é Denis, nossa estrela.
A primeira vez que ele foi às Olimpíadas,
ninguém sabia de que país ele era.
Ninguém sabia o nome do nosso país.
Agora, graças a ele,
muitas pessoas pelo mundo conhecem nosso país.
Todo mundo no Cazaquistão está ansioso
pelas Olimpíadas,
para ver como Denis se sairá.
Na minha cabeça, claro,
já me preparo para as Olimpíadas
em Pyeongchang, Coreia, em 2018.
Eu sonho muito em ir
e competir nas Olimpíadas de novo.
Como eu sou coreano, essa será minha oportunidade
de me apresentar para o público do meu país natal.
Meu bisavô foi general,
ele lutou pela independência da Coreia.
O que ele pensaria de mim?
Ele ficaria orgulhoso
quando visse minhas conquistas?
Esta será a minha oportunidade de me apresentar para ele,
como seu bisneto.
E é por isso que os Jogos serão tão especiais para mim.
Em Pyeongchang 2018, eu espero levar
uma apresentação especial para a Coreia.
Por que a minha história é importante?
É importante porque é
um exemplo verdadeiro
do que um país pode nos esportes de inverno
e do que toda a região é capaz
se você tiver os recursos e oportunidades certas.
Eu não estou aqui por mim,
estou aqui por milhares de jovens atletas cazaques
que têm seus próprios sonhos olímpicos.
E eu também estou aqui por aquela criança, solitária,
patinando por aí,
em um lago congelado,
com patins apoiados por garrafas de plástico.