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Tradutor: H Maria Castro Revisora: Margarida Ferreira
Fiquei entusiasmado por fazer parte do tema "“Sonho”",
e depois descobri que estou a liderar a secção do “"Pesadelo"”.
(Risos)
Sem dúvida que há coisas na crise climática que se qualificam.
Tenho algumas más notícias,
mas tenho muito mais boas notícias.
Vou propôr três perguntas
e a resposta à primeira
envolve necessariamente notícias um pouco más.
Mas– aguentem-se, porque as respostas à segunda e terceira perguntas
são mesmo muito positivas.
Então, a primeira pergunta é: "“Temos mesmo de mudar?”"
É claro que a Missão Apolo, entre outras coisas,
mudou o movimento ambiental,
lançou realmente o movimento ambiental moderno.
18 meses depois de esta imagem da Terra ser vista na Terra, pela primeira vez,
organizou-se o primeiro Dia da Terra.
E aprendemos muito sobre nós mesmos
ao contemplar o nosso planeta visto do espaço.
Uma das coisas que aprendemos
confirmou o que os cientistas já nos tinham dito há muito tempo.
Um dos factos mais essenciais
sobre a crise climática tem a ver com o céu.
Como esta imagem ilustra,
o céu não é a expansão vasta e ilimitada que parece
quando olhamos a partir do chão.
É uma casca muito fina de atmosfera
que rodeia o planeta.
Neste momento, é o esgoto a céu aberto para a nossa civilização industrial
tal como está organizada actualmente.
Estamos a expelir 110 milhões de toneladas
de poluição de aquecimento global, que prende o calor, a cada 24 horas,
é de graça, continuem.
Há muitas fontes de gases de efeito de estufa,
é claro que não vou falar de todas.
Vou concentrar-me na principal,
mas a agricultura, a alimentação e a população estão envolvidas.
A gestão de florestas, os transportes,
os oceanos, o derretimento da camada de "permafrost".
Vou concentrar-me no coração do problema,
que é o facto de ainda assentarmos em combustíveis sujos, à base de carbono,
para 85% do total de energia que o nosso mundo consome por ano.
Como podem ver nesta imagem, após a II Guerra Mundial,
as taxas de emissão começaram realmente a acelerar.
A quantidade acumulada de poluição de aquecimento global causada pelo Homem
que está na atmosfera agora
capta tanta energia térmica adicional como a que seria libertada
por 400 000 bombas atómicas do tipo da de Hiroxima
que explodissem a cada 24 horas, 365 dias por ano.
Estes factos foram verificados vezes sem conta,
são conservadores, é a verdade.
É um grande planeta, mas...
(Som de explosão)
... isto é muita energia,
sobretudo quando a multiplicamos 400 000 vezes por dia.
Toda essa energia térmica adicional
está a aquecer a atmosfera, todo o sistema da Terra.
Vamos olhar para a atmosfera.
Aqui está uma representação
do que costumávamos considerar uma distribuição normal de temperaturas.
O branco representa os dias de temperatura normal;
1951-1980 foram escolhidos arbitrariamente.
A azul estão os dias mais frescos do que a média,
a vermelho os dias mais quentes do que a média.
Mas toda a curva se deslocou para a direita na década de 1980.
No canto inferior direito vão ver
o aparecimento de valores estatisticamente significativos
de dias extremamente quentes.
Nos anos 90, a curva deslocou-se ainda mais.
E nos últimos 10 anos, vemos que os dias extremamente quentes
são agora mais numerosos do que os dias mais frescos do que a média.
De facto, são 150 vezes mais frequentes à superfície da Terra
do que eram há apenas 30 anos.
Portanto estamos a ter temperaturas recorde.
Catorze dos 15 anos mais quentes alguma vez medidos com instrumentos
foram neste jovem século.
O mais quente de todos foi no ano passado.
O mês passado foi o 371.º mês seguido
mais quente do que a média do século XX.
E, pela primeira vez, não só o mês de Janeiro mais quente,
mas, pela primeira vez, foi mais de 2 graus Fahrenheit
mais quente do que a média.
Estas temperaturas mais elevadas estão a ter um efeito nos animais,
nas plantas, nas pessoas, nos ecossistemas.
Mas globalmente, 93% de toda a energia térmica adicional
está presa nos oceanos.
Os cientistas conseguem medir a acumulação de calor
com muito maior precisão agora:
no oceano profundo, a média profundidade,
nas primeiras centenas de metros.
Também esta está a acelerar.
Já há mais de um século.
Mais de metade do aumento foi nos últimos 19 anos.
Isto tem consequências.
A primeira ordem de consequências:
as tempestades no oceano ficam mais fortes.
O super-tufão Haiyan passou em áreas do Pacífico
cinco graus Fahrenheit e meio mais quente do que o normal
antes de desabar em Tacloban,
sendo a tempestade mais destrutiva que alguma vez chegou a terra.
O Papa Francisco, que tem feito tanta diferença em toda esta questão,
visitou Tacloban logo a seguir.
A super-tempestade Sandy passou sobre áreas do Atlântico
nove graus Fahrenheit mais quente do que o normal
antes de desabar em Nova Iorque e Nova Jérsia.
A segunda ordem de consequências está a afectar-nos a todos agora mesmo.
Os oceanos mais quentes estão a evaporar muito mais água para os céus.
A humidade média a nível mundial subiu mais de quatro por cento.
Isso cria estes rios atmosféricos.
Os cientistas brasileiros chamam-lhes “rios voadores”.
Fazem um funil de todo esse vapor de água adicional sobre a terra
onde as condições de tempestade criam chuvas torrenciais maciças recorde.
Esta imagem é de Montana.
Vejam esta tempestade no mês de Agosto passado.
À medida que se desloca sobre Tucson, no Arizona,
dá literalmente uma pancada de água na cidade.
Estas chuvas torrenciais são realmente fora do vulgar.
Em Julho passado, em Houston, no Texas,
choveu durante dois dias — mais de 600 milhões de metros cúbicos.
Isto representa mais de dois dias do fluxo total das Quedas do Niágara
no meio da cidade
que, é claro, ficou paralisada.
Estas chuvas estão a criar inundações e deslizamentos de terras históricos.
Esta imagem é do Chile, no ano passado.
Vão ver aquele armazém a passar.
Há camiões-cisterna de combustível a passar.
Esta é de Espanha, em Setembro passado,
podia-se chamar uma corrida de carros e camiões, imagino.
Todas as noites, no noticiário, agora é como um passeio da Natureza
pelo Livro do Apocalipse.
(Risos)
A sério.
A indústria de seguros certamente que reparou
que as perdas têm estado a aumentar.
Eles não têm ilusões quanto ao que está a acontecer.
E a causalidade exige um momento de debate.
Estamos habituados a pensar em causas lineares e efeitos lineares –
— uma causa, um efeito.
Isto é causalidade sistémica.
Como diz o grande Kevin Trenberth,
"Todas as tempestades são diferentes agora.
"Há tanta energia adicional na atmosfera,
"há tanto vapor de água adicional.
"Cada tempestade é diferente agora.”
Portanto, esse mesmo calor adicional retira a humidade do solo
e causa estas secas mais profundas, mais prolongadas, mais penetrantes,
e muitas delas estão a decorrer agora mesmo.
Secam a vegetação
e causam mais incêndios na parte ocidental da América do Norte.
Certamente que há indícios disto, muitos.
Mais trovoadas,
à medida que a energia térmica se acumula,
há uma quantidade considerável de trovoadas adicionais.
Estas catástrofes relacionadas com o clima também têm consequências geopolíticas
e criam instabilidade.
A seca histórica, relacionada com o clima, que começou na Síria em 2006
destruiu 60% das quintas na Síria,
matou 80% dos animais de criação,
e levou 1,5 milhões de refugiados do clima para as cidades da Síria,
onde colidiram com outro 1,5 milhão de refugiados
da Guerra do Iraque.
Juntamente com outros factores, isto abriu as portas do Inferno
que as pessoas estão agora a tentar fechar.
O Departamento de Defesa dos EUA há muito tempo que avisou
para as consequências da crise climática,
incluindo refugiados, falta de alimentos e de água
e doenças pandémicas.
Agora mesmo estamos a ver doenças microbianas dos trópicos a propagarem-se
para latitudes mais elevadas;
a revolução nos transportes teve muito a ver com isto.
Mas a mudança nas condições reflete-se nas latitudes das áreas
em que estas doenças microbianas podem tornar-se endémicas
e mudam o leque de vectores, como mosquitos e carraças, que as transportam.
A epidemia do Zika agora
— estamos mais bem posicionados na América do Norte
porque ainda é um pouco fresco e temos um melhor sistema de saúde pública.
Mas quando mulheres de algumas regiões da América Central e do Sul
são aconselhadas a não engravidar durante dois anos
isso é algo de novo, que deveria chamar a nossa atenção.
O Lancet, uma das duas melhores revistas médicas do mundo,
no Verão passado, designou esta situação como uma emergência médica.
Há muitos factores por causa disto.
Também está relacionado com a crise da extinção.
Estamos em perigo de perder 50% do total de espécies vivas da Terra
até ao final deste século.
Já se verifica que plantas e animais terrestres
se estão a deslocar em direcção aos pólos
a uma taxa média de 4,5 metros por dia.
Por falar no Pólo Norte,
em 29 de Dezembro último, a tempestade que causou uma inundação histórica
no Midwest americano
fez subir as temperaturas no Pólo Norte
50 graus Fahrenheit acima do normal,
causando degelo no Pólo Norte
a meio da longa, escura e invernosa noite polar.
Quando o gelo do solo do Árctico derrete,
faz subir o nível no mar.
A bela fotografia de Paul Nicklen, tirada em Svalbard, ilustra isto.
É mais perigoso quando vem da Gronelândia
e, sobretudo, da Antárctida.
As 10 maiores cidades em população em risco, devido à subida do nível do mar,
encontram-se sobretudo no Sul e Sudeste da Ásia.
Quando se mede pelos bens em risco, a cidade número um é Miami:
três biliões e meio de dólares em risco.
Número três: Nova Iorque e Newark.
Estive em Miami no Outono passado, durante a super-lua,
um dos dias de nível mais alto na maré alta.
Havia peixes do oceano a nadar em algumas das ruas
de Miami Beach, Fort Lauderdale e Del Rey.
Isto agora acontece regularmente durante as marés altas de nível mais alto.
Năo com chuva —– chamam-lhes “ "inundações de dias soalheiros”".
Sobe pelos esgotos das tempestades.
O Presidente de Câmara de Miami fala por muitos quando diz
que já passou há muito o tempo em que isto podia ver-se pela lente dos partidos.
Esta é uma crise que está a ficar pior de dia para dia.
Temos de nos mexer para além dos partidos.
Não quero deixar de homenagear estes Republicanos...
(Aplausos)
... que tiveram a coragem, no Outono passado,
de ter uma voz dissonante e correr um risco político,
ao dizer a verdade sobre a crise climática.
Portanto, o custo da crise climática está a aumentar,
há muitos destes aspectos que nem sequer referi.
É um fardo enorme.
Vou referir apenas mais um,
por causa do Fórum Económico Mundial no mês passado em Davos.
Após o inquérito anual a 750 economistas,
estes disseram que a crise climática é agora o risco número um
para a economia global.
Portanto, temos banqueiros centrais
como Mark Carney, o director do Banco Central do Reino Unido,
a dizer que a grande maioria das reservas de carbono não se consegue queimar.
Carbono de alto risco
Não vou recordar-vos do que aconteceu com as hipotecas de alto risco,
mas é a mesma coisa.
Se olharem para todos os combustíveis fósseis que se queimaram
desde o início da revolução industrial,
esta é a quantidade queimada nos últimos 16 anos.
Aqui estão os que estão comprovados e foram deixados na contabilidade,
28 biliões de dólares.
A Agência Internacional de Energia diz que só esta quantidade é combustível.
Portanto o resto, 22 biliões de dólares,
não se consegue queimar.
Um risco para a economia global.
É por isso que o movimento de desinvestimento tem sentido prático
e não é apenas um imperativo moral.
Portanto, a resposta à primeira pergunta: "Temos de mudar?”"
é: "Sim, temos de mudar".
Segunda pergunta: “ "Conseguimos mudar?”"
Agora vêm as notícias entusiasmantes!
As melhores projecçőes no mundo há 16 anos
eram de que, em 2010, o mundo conseguiria instalar
30 gigawatts de capacidade eólica.
Ultrapassámos esse valor em 14 vezes e meia.
Agora, vemos uma curva exponencial de instalações eólicas.
Vemos o custo a baixar drasticamente.
Alguns países —– como a Alemanha, uma central de energia industrial
com um clima que, já agora, não é assim tão diferente do de Vancouver –—
num dia em Dezembro passado,
obteve 81% do total de energia a partir de recursos renováveis,
sobretudo energia solar e eólica.
Muitos países estão a obter em média mais de metade.
Mais boas notícias:
o armazenamento de energia, sobretudo em baterias,
está agora a começar a arrancar
porque o custo tem vindo a descer muito drasticamente
para resolver o problema da intermitência.
Com a energia solar, as notícias são ainda melhores!
As melhores projecçőes há 14 anos eram de que iríamos instalar
um gigawatt por ano até ao ano 2010.
Quando o ano 2010 chegou, ultrapassámos esse valor 17 vezes.
No ano passado, ultrapassámo-lo 58 vezes.
Este ano, estamos a caminho de o ultrapassar 68 vezes.
Vamos vencer esta batalha.
Vamos levar a melhor.
A curva exponencial na energia solar é ainda mais inclinada e mais drástica.
Quando vim a este palco há 10 anos,
era aqui que estava.
Vimos um avanço revolucionário
no aparecimento destas curvas exponenciais.
(Aplausos)
E o custo tem baixado 10% por ano,
durante 30 anos.
E continua a baixar.
A comunidade empresarial certamente que já reparou nisto
porque está a atravessar o ponto de grelha de paridades.
As taxas de penetração de energia solar mais barata estão a começar a subir.
A grelha de paridades compreende-se como sendo a linha, o limiar,
abaixo do qual a electricidade de fontes renováveis é mais barata
do que a electricidade vinda dos combustíveis fósseis.
Esse limiar é um pouco como a diferença
entre 32 graus Fahrenheit e 33 graus Fahrenheit,
ou entre zero e um grau Celsius.
É uma diferença de mais do que um grau,
é a diferença entre o gelo e a água.
E é a diferença entre mercados que estão congelados,
e fluxos líquidos de capital para novas oportunidades de investimento.
Esta é a maior oportunidade negócios nova
na história do mundo,
e dois terços estão no sector privado.
Estamos a ver uma explosão de novo investimento.
Desde 2010, os investimentos globais na produção de energia renovável
ultrapassaram os das fontes fósseis.
Esta lacuna tem vindo a crescer desde então.
As projecçőes para o futuro são ainda mais drásticas,
mesmo que a energia fóssil seja ainda subsidiada
a uma taxa 40 vezes superior à das energias renováveis.
E, já agora, se acrescentarmos aqui as projecçőes para a energia nuclear,
sobretudo se considerarmos o trabalho que muita gente está a desenvolver
para tentar ter formas mais seguras e mais aceitáveis,
mais acessíveis de energia nuclear,
isto poderia mudar ainda mais drasticamente.
Há algum precedente para uma adopção tão rápida
de uma nova tecnologia?
Bem, há muitos, mas vamos ver o caso dos telemóveis.
Em 1980, a AT&T, na altura Ma Bell,
encomendou à McKinsey um estudo de mercado global
para os novos telemóveis “"tijolo”" que apareceram nessa altura.
"“Quantos conseguimos vender até ao ano 2000?”", perguntaram.
A McKinsey respondeu "900 000".
E não há dúvida de que, quando chegou o ano 2000,
venderam realmente 900 000 —– nos primeiros três dias.
Para o balanço do ano, venderam 120 vezes mais.
Agora há mais ligações de telemóveis do que pessoas no mundo.
Porque é que não só estavam enganados, como estavam enganadíssimos?
Fiz essa pergunta a mim mesmo: “ "Porquê?”"
(Risos)
Acho que a resposta é tripartida.
Primeiro, os custos baixaram muito mais depressa do que se esperaria,
mesmo com o aumento da qualidade.
Nos países de baixos rendimentos, locais sem rede de telefone fixo –
deram um salto directamente para a nova tecnologia.
A grande expansão deu-se nos países em desenvolvimento.
Então e as redes eléctricas no mundo em desenvolvimento?
Bem, não tanto.
Em muitas áreas, não existem.
Há mais pessoas sem electricidade em toda a Índia
do que toda a população dos Estados Unidos da América.
Então agora temos isto:
painéis solares em palhotas
e novos modelos empresariais que os tornam acessíveis.
Muhammad Yunus financiou este no Bangladesh com o micro-crédito.
Aqui está um mercado de aldeia.
O Bangladesh é agora o país com instalações mais rápidas no mundo:
dois sistemas por minuto em média, noite e dia.
E temos tudo o que é preciso:
a energia, por hora, proveniente do Sol para a Terra,
é suficiente para suprir as necessidades de energia do mundo para um ano inteiro.
Na verdade é um pouco menos do que uma hora.
Portanto a resposta à segunda pergunta, "Conseguimos mudar?”"
é claramente “"Sim"”.
E é um "“sim"” ainda com mais convicção.
Última pergunta: “ "Vamos mudar?”"
Paris foi realmente um avanço,
algumas das medidas são vinculativas
e as revisões regulares vão ser muito importantes.
Mas as nações não estão à espera, estão adiantadas.
A China anunciou que, no ano que vem,
vai adoptar um sistema nacional de tectos e trocas negociais.
Vai provavelmente relacionar-se com a União Europeia.
Os Estados Unidos da América já têm estado a mudar.
Todas estas centrais de carvão foram propostas
para os próximos 10 anos e foram canceladas.
Todas estas centrais de carvão já existentes fecharam.
Todas estas centrais de carvão têm o fecho anunciado.
Todas —– canceladas.
Estamos a avançar.
No ano passado –– se olharmos para todo o investimento
em nova produção de electricidade nos EUA,
quase três quartos consistiu em energias renováveis,
sobretudo eólica e solar.
Estamos a resolver esta crise.
A única pergunta é: quanto tempo vamos demorar a lá chegar?
Portanto, é importante que muita gente se esteja a organizar
para insistir nesta mudança.
Quase 400 000 pessoas se manifestaram na cidade de Nova Iorque
antes da sessão especial das Nações Unidas sobre isto.
Muitos milhares, dezenas de milhar,
manifestaram-se nas cidades de todo o mundo.
Portanto, estou extremamente optimista.
Como já disse, vamos vencer esta batalha.
Vou terminar com esta história.
Quando eu tinha 13 anos,
ouvi aquela proposta do Presidente Kennedy,
de levar uma pessoa à Lua e trazê-la de volta em segurança
no prazo de 10 anos.
E ouvi os adultos dessa altura dizerem:
"“Isso é imprudente, dispendioso e pode muito bem falhar".”
Mas oito anos e dois meses depois,
no momento em que o Neil Armstrong pousou o pé na Lua,
houve vivas na sala de controlo da missão da NASA em Houston.
Aqui está um facto pouco conhecido a esse respeito:
a média de idades dos engenheiros de sistemas,
dos controladores na sala naquele dia, era de 26 anos,
o que significa, entre outras coisas,
que a idade que tinham, quando ouviram o desafio, era de 18 anos.
Temos agora o desafio moral
que segue na tradição de outros que já enfrentámos.
Um dos maiores poetas do século passado nos EUA,
Wallace Stevens,
escreveu um verso que me ficou gravado:
"Depois do ‘'não’' final, vem um ‘'sim’',
"e é desse ‘'sim' que o mundo futuro depende.”"
Quando os abolicionistas começaram o seu movimento,
depararam-se com não, atrás de não, atrás de não.
E depois veio um sim.
O Movimento das Sufragistas e pelos Direitos da Mulheres
deparou-se com incontáveis nãos até que, finalmente, houve um sim.
O Movimento pelos Direitos Civis, o movimento contra o apartheid,
e mais recentemente o movimento pelos direitos dos homossexuais
aqui nos EUA e noutros locais do mundo.
Depois do "“não”" final, vem um “"sim"”.
Quando qualquer grande desafio moral acaba por se resolver
numa escolha binária entre o que está certo e o que está errado,
o resultado está predeterminado por causa de quem somos enquanto seres humanos.
Noventa e nove por cento de nós, é onde estamos agora
e é por isso que vamos vencer esta batalha.
Temos tudo aquilo de que precisamos.
Alguns ainda duvidam de que tenhamos a vontade necessária para agir,
mas eu digo que a vontade de agir é em si um recurso renovável.
Muito obrigado.
(Aplausos)
Chris Anderson: Tem essa combinação incrível de aptidões.
Tem essa mente de cientista que consegue compreender
todo o leque de questões,
e a capacidade de as transformar na linguagem mais viva.
Mais ninguém consegue fazer isso, é por isso que lidera este movimento.
Foi extraordinário ver isto há 10 anos, foi extraordinário ver agora.
Al Gore: É muito simpático da sua parte, Chris.
Mas na verdade tenho uma data de muito bons amigos
na comunidade científica que são incrivelmente pacientes
e que se sentam e me explicam isto tudo,
vezes sem conta,
até eu o conseguir transformar numa linguagem suficientemente simples
para a conseguir compreender.
Essa é a chave para tentar comunicar.
CA: Bom, a sua apresentação. A primeira parte: aterradora,
a segunda parte: incrivelmente esperançosa.
Como é que sabemos se todos os gráficos, todo este progresso, é suficiente
para resolver o que nos mostrou na primeira parte?
AG: Acho que a passagem...
Sabe, só estou no mundo empresarial há 15 anos.
Mas uma das coisas que aprendi é que aparentemente importa
se um novo produto ou serviço é mais caro
do que o actual, ou se é mais barato.
Acontece que faz diferença se for mais barato.
(Risos)
Quando se atravessa essa linha,
aí muita coisa muda realmente.
Somos regularmente surpreendidos por estes desenvolvimentos.
O falecido Rudi Dornbusch, o grande economista, disse:
"“As coisas demoram mais a acontecer do que achamos que vão demorar,
"e depois acontecem muito mais depressa do que pensávamos".”
Acho mesmo que estamos nesse ponto.
Algumas pessoas estão a usar agora a expressão "“A Singularidade Solar”",
para dizer que quando chegar abaixo da grelha de paridades,
não subsidiada na maior parte dos locais,
então vai ser a escolha predefinida.
Agora, numa das apresentações de ontem, da coisa "jitney",
há um esforço para utilizar a regulamentação para abrandar isto.
E não acho que isso vá resultar.
Há uma senhora em Atlanta, a Debbie Dooley,
que é a presidente do Tea Party em Atlanta.
Alistaram-na neste esforço para aplicar um imposto
aos painéis solares e regulamentá-los.
Ela tinha acabado de pôr painéis solares no telhado
e não compreendeu o pedido.
(Risos)
Então ela foi formar uma aliança com o Sierra Club
e formaram uma nova organização, chamada o Green Tea Party.
(Risos)
(Aplausos)
E derrotaram a proposta.
Portanto, resumindo, a resposta à sua pergunta é
— se calhar parece lamechas e talvez uma frase feita,
mas há 10 anos a Christiana referiu-se a isto —
há pessoas neste público que tiveram um papel incrivelmente significativo
na geração daquelas curvas exponenciais.
Não resultou economicamente para algumas delas,
mas deu o pontapé de saída para esta revolução global.
E agora as pessoas deste público
têm conhecimento de que vamos vencer esta batalha.
Mas importa muito a velocidade com que a vamos vencer.
CA: Al Gore, isto foi incrivelmente poderoso.
Se acontecer ser este o ano
em que a cena partidária muda,
como disse, já deixou de ser uma questão partidária,
mas se trouxer pessoas do outro lado para se unirem,
apoiados pela ciência, apoiados por este tipo de oportunidades de investimento,
apoiados pela razão, de que ganhamos o dia
— ena, isso é mesmo entusiasmante.
Muito obrigado.
AG: Muito obrigado por me trazer de volta ao TED.
Obrigado!
(Aplausos)