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Lembra-te, ombros direitos.
Ponha o braço
por cima do seu irmão.
O CLUBE DOS POETAS MORTOS
Atenção.
Pendões erguidos!
TRADIÇÃO
Minhas senhoras e meus senhores,
rapazes...
A Luz do Conhecimento.
Há cem anos, em 1 859,
41 rapazes sentaram-se neste salão
e foi-lhes feita a mesma pergunta
que agora vos saúda
no início de cada semestre.
Meus senhores,
quais são os Quatro Pilares?
Tradição. Honra.
Disciplina. Excelência.
No seu primeiro ano,
a Academia Welton
formou cinco alunos.
No último ano, formou 51 alunos.
E mais de 75% deles foram para
as mais prestigiadas universidades.
Esta proeza é o resultado
de uma ardente dedicação
aos princípios aqui ensinados.
Por isso os pais
nos têm mandado os seus filhos.
Por isso somos a melhor
escola secundária dos Estados Unidos.
Como sabem,
o nosso querido Sr. Portius,
do Departamento de Inglês,
reformou-se no último período.
Mais tarde vão conhecer
o substituto, o Sr. John Keating,
diplomado nesta escola
e que há vários anos
ensina na muito conceituada
Chester School, em Londres.
Uma cerimónia emocionante,
como sempre.
Boa tarde, Dr. Nolan.
O nosso filho mais novo, o Todd.
Tem uma herança pesada. O seu irmão
foi dos nossos melhores alunos.
- Uma cerimónia encantadora.
- Ainda bem que gostou.
É um prazer voltar a vê-lo.
Neil, este ano
esperamos grandes coisas de si.
Ele não vai decepcionar-nos.
Pois não, Neil?
Farei o possível.
Então, filho... Nada de lágrimas.
Somos companheiros de quarto.
Chamo-me Neil Perry.
Todd Anderson.
Porque deixaste Balincrest?
Isto é para a sinusite.
Se não engolir bem,
dê-lhe um destes.
Se não conseguir respirar,
dê-lhe isto.
Trouxeste o vaporizador?
Como vai isso, Neil?
- Neil, estudamos em grupo logo?
- Claro.
De volta à rotina... Soube que te
calhou o novo. Tem ar de chatarrão!
Não ligues ao Cameron.
Nasceu já a dizer disparates.
Diz-se por aí
que estudaste durante o Verão.
Química. O meu pai
quis que me adiantasse.
- Que tal foi o teu Verão?
- Uma maravilha.
Meeks. Porta. Fecha.
Quais são os Quatro Pilares?
Travesti. Horror.
Decadência. Excremento.
Grupo de estudo. O Meeks foi óptimo
em Latim. Eu não chumbei a Inglês.
Se quiserem,
já temos grupo de estudo.
O Cameron também queria alinhar.
Importam-se?
Qual é a especialidade dele?
Dar graxa?
- É teu companheiro de quarto.
- Não tenho culpa.
Desculpa.
Chamo-me Stephen Meeks.
O Todd Anderson.
Charlie Dalton.
Knox Overstreet.
O irmão do Todd
é o Jeffrey Anderson.
O melhor do curso.
Diploma Nacional de Mérito Escolar.
Bem-vindo ao inferno.
É mesmo difícil. A menos que sejas
um génio como o Meeks.
Ele dá-me graxa.
Por isso o ajudo em Latim.
E em Inglês e em Trigonometria.
Está aberta.
Pai! Pensava
que se tinha ido embora.
Deixem-se estar.
Neil, falei com o Sr. Nolan.
Tens demasiadas
actividades extra-curriculares.
Decidi que vais deixar o anuário.
Mas sou o redactor-adjunto...
Paciência.
Não posso. Não seria justo.
Dão-nos licença?
Não voltes a contestar-me
em público. Ouviste?
Depois de seres médico,
podes fazer o que quiseres.
Até lá, fazes o que eu disser.
Entendido?
Sim, senhor. Desculpe.
Sabes quanto isto significa
para a tua mãe.
Sou assim, empenho-me sempre
em coisas a mais.
Muito bem. Se precisares
de alguma coisa, diz-nos.
Por que é que ele
não te deixa fazer o que queres?
Contraria-o. Pior não ficas.
Contrariam os vossos pais, Sr. Futuro
Advogado e Sr. Futuro Banqueiro?
Gosto tanto de imposições como tu.
Não me digam como falar com
o meu pai. Vocês fazem o mesmo.
Que vais fazer?
O que tenho de fazer.
Desistir do anuário.
Não te rales. São uns parvos
a tentar impressionar o Nolan.
Estou-me nas tintas.
Latim? Às oito, no meu quarto?
- Todd, também podes vir.
- Isso, vem também.
Menos barulho, rapazes!
Menos barulho, horríveis
falanges de pubescência!
Escolham
três experiências de laboratório
e façam relatórios
cada cinco semanas.
As primeiras 20 perguntas do fim
do primeiro capítulo são para amanhã.
Agricolam.
Agricola...
Agricolae...
Agricolarum...
Agricolis...
Agricolas...
Agricolis...
Outra vez. Agricola.
O estudo da Trigonometria
exige precisão absoluta.
Quem não apresentar
os trabalhos feitos
terá menos um valor na nota final.
Aconselho-os a não me porem à prova
nesse sentido.
Spaz!
Venham!
"Oh, Comandante, meu Comandante."
Quem sabe de onde é isto?
Alguém sabe?
Nenhuma pista?
É de um poema de Walt Whitman
sobre Abraham Lincoln.
Podem tratar-me por Sr. Keating
ou, se forem mais ousados,
por Comandante, meu Comandante.
Vou dissipar boatos,
antes que se tornem factos.
Sim, também eu estudei
neste inferno e sobrevivi.
E não, não era o gigante mental
que têm agora à frente.
Era um fracote intelectual
de 45 quilos.
Na praia, atiravam-me à cara
livros de Byron.
Sr... Pitts. Que nome infeliz.
Sr. Pitts, onde está?
Abra o seu livro na página 542.
Leia a primeira estrofe do poema.
"As Virgens Que Fazem
Muito Caso do Tempo"?
Sim, esse mesmo.
Apropriado, não é?
Apanha os botões de rosa
enquanto podes
O tempo voa
E esta flor que hoje sorri
amanhã estará moribunda
Obrigado, Sr. Pitts.
"Apanha os botões de rosa
enquanto podes."
Em latim, o termo para
esse sentimento é carpe diem.
Quem sabe o que significa?
Significa "aproveita o dia".
- Muito bem, Sr...?
- Meeks.
Meeks. Outro nome invulgar.
Aproveita o dia.
"Apanha os botões de rosa
enquanto podes."
- Por que é que o autor diz isto?
- Porque tem pressa.
Não! Mas obrigado por participar.
Porque somos pasto
para os vermes, rapazes.
Acreditem ou não,
todos nós nesta sala
um dia vamos deixar de respirar,
vamos ficar frios e morrer.
Quero que se aproximem
e que olhem bem
alguns dos rostos do passado.
Penso que nunca os olharam bem.
Não são muito diferentes de vocês,
pois não?
O mesmo corte de cabelo.
Cheios de hormonas, como vocês.
Invencíveis, como vocês se sentem.
O mundo é a ostra deles.
Acreditam estar destinados para
grandes coisas, como muitos de vocês.
Os olhos deles estão cheios
de esperança, como os vossos.
Eles esperaram
até ser demasiado tarde
para mostrarem
do que eram capazes?
É que esses rapazes
estão agora mortos e enterrados.
Mas, se se aproximarem bem,
ouvem-nos sussurrar o legado deles.
Aproximem-se. Escutem.
Ouvem?
Carpe.
Carpe.
Carpe diem.
Aproveitem o dia, rapazes.
Tornem as vossas vidas
extraordinárias.
- Foi estranho.
- Mas diferente.
Cá para mim, foi sinistro.
Aquilo irá sair num ***?
Não entendes nada, Cameron?
Quem quer estudar Trigonometria
esta noite?
Eu não posso.
Vou jantar a casa dos Danburry.
- Quem são os Danburry?
- Gente importante.
São amigos do meu pai.
Devem ter uns 90 anos.
- Tudo é melhor do que jantar cá.
- Apoiado!
Estudas connosco esta noite?
- Não. Tenho de estudar História.
- Como queiras.
"APROVEITA O DIA!"
Está pronto, Overstreet?
Sim, estou.
- Chet, abres a porta?
- Eu abro!
Diga.
Sou o Knox Overstreet.
O Dr. Hager.
- É a casa dos Danburry?
- Vem ver o Chet?
É a Sra. Danburry?
Obrigada.
Sou a Sra. Danburry.
Deves ser o Knox...
Pode voltar às 9 horas?
Por favor, entre.
- Chris, que estás a fazer?
-Já vou, Chet!
Como estás?
Sou o Joe Danburry.
É a cara chapada do pai.
Como é que ele está?
Está bem. Defendeu
uma causa importante para a G.M.
Já sei qual é a tua meta.
Tal pai, tal filho.
- Substituis estes números por x e y.
- Pois.
Então, qual é o problema?
Que tal foi o jantar?
- Que tal foi o jantar?
- Horrível.
- Medonho.
- Que aconteceu?
Esta noite,
conheci a rapariga mais linda de todas.
Estás doido? Que mal há nisso?
Está praticamente noiva
do Chet Danburry.
É um brutamontes.
- Que pena.
- Que pena?
É uma tragédia. Uma rapariga linda
apaixonada por um parvalhão.
As giras vão todas
para os parvalhões.
Esquece-a.
Abre o livro de Trigonometria.
Não consigo esquecê-la. E ainda menos
pensar em Trigonometria.
Conseguimos!
Meus senhores, cinco minutos.
Viste-a nua?
Que gracinha.
Isso que tem no colo é um rádio,
Sr. Pitts?
Não, senhor.
É uma experiência de Ciências.
Radar.
Meus senhores, abram os livros
na página 2 1 da introdução.
Sr. Perry, leia o parágrafo
intitulado "Compreender a Poesia".
"Compreender a Poesia",
do Dr. J. Evans Pritchard.
"Para compreender a poesia,
temos de conhecer a métrica,
a rima e as figuras de retórica.
Depois, fazemos duas perguntas.
Como é apresentado
o objectivo do poema?
Qual a importância
desse objectivo?
A primeira pergunta
avalia a perfeição do poema.
A segunda, a sua importância.
Uma vez respondidas estas perguntas,
torna-se simples determinar
a grandeza de um poema.
Se a perfeição do poema
for representada
na horizontal de um gráfico,
e a sua importância na vertical,
calculando a área do poema
chega-se à medida
da sua grandeza.
Um soneto de Byron pode alcançar
grande craveira na vertical
e apenas a mediania na horizontal.
Um soneto de Shakespeare,
por outro lado,
alcançaria grande craveira,
tanto horizontal como verticalmente,
com uma área total,
revelando assim a verdadeira
grandiosidade do poema.
À medida que forem lendo o livro,
pratiquem este método de avaliação.
À medida que a capacidade
de avaliar poemas aumenta,
aumentará também o deleite
e a compreensão da poesia."
Excremento.
É o que eu penso
do Sr. J. Evans Pritchard.
Não estamos a instalar canos.
Estamos a falar de poesia.
Como se pode falar de poesia
como se fosse um concurso?
"Gosto de Byron. Dou-lhe 42.
Mas não dá para dançar."
Quero que arranquem essa página.
Arranquem a página inteira.
Ouviram o que eu disse.
Arranquem-na.
Arranquem-na!
Vá lá. Arranquem-na.
Obrigado, Sr. Dalton.
Não apenas essa página.
Rasguem toda a introdução.
Quero vê-la desaparecer.
Não deixem nada dela.
Arranquem-na!
Desaparece, J. Evans Pritchard!
Arranquem, rasguem! Só quero
ouvir arrancar o Sr. Pritchard!
Vamos dar outro uso ao papel!
Não é a Bíblia. Não vão
para o inferno por causa disto.
Arranquem.
Não deixem ficar nada.
- Não devíamos estragar livros.
- Rasga! Rasga!
Arranquem-nas! Arranquem-nas!
Que diabo se passa aqui?!
Não estou a ouvir rasgar!
- Sr. Keating.
- Sr. McAllister.
Desculpe.
Não sabia que estava aqui.
Estou.
Pois está.
Com licença...
Continuem a rasgar,
meus senhores.
Isto é uma batalha, uma guerra
e as vítimas podem ser
os vossos corações e almas.
Exércitos de académicos avançando,
medindo a poesia.
Não! Não teremos isso aqui.
O Sr. J. Evans Pritchard acabou-se.
Nas minhas aulas, voltarão a aprender
a pensar por vós próprios.
Aprenderão a saborear
palavras e linguagem.
Digam-vos o que disserem,
as palavras e as ideias
podem modificar o mundo.
O Sr. Pitts pensa que a literatura
do século XIX nada tem que ver
com ir para Gestão ou Medicina.
Talvez.
O Sr. Hopkins concorda, pensando:
"Devíamos estudar o Sr. Pritchard,
as rimas e a métrica
enquanto vamos alcançando
outras ambições."
Quero revelar-lhes um segredo.
Aproximem-se.
Não lemos e escrevemos poesia
porque é giro.
Lemos e escrevemos poesia
porque fazemos parte da raça humana.
E a raça humana
está impregnada de paixão.
Medicina, Direito,
Gestão, Engenharia,
são actividades nobres,
necessárias à vida.
Mas a poesia,
a beleza, o romance, o amor,
são as coisas
para que vale a pena viver.
Citando Whitman...
"Oh eu, oh vida
das perguntas sempre iguais
Dos intermináveis comboios
de descrentes
Das cidades a abarrotar de idiotas
O que há de bom no meio disto
Oh eu, oh vida?
Resposta:
Estás aqui
A vida existe e a identidade
A pujante peça continua
e podes contribuir com um verso"
"A pujante peça continua
e podes contribuir com um verso".
Qual será o vosso verso?
Por aquilo que vamos receber,
- Deu uma aula muito interessante.
- Desculpe se o embaracei.
Não se desculpe. Foi fascinante,
apesar de pouco sensato.
Acha?
Corre um risco, encorajando-os
a tornarem-se artistas.
Quando compreenderem
que não são Rembrandts,
Shakespeares ou Mozarts,
vão detestá-lo por isso.
Não falamos de artistas,
mas de livres pensadores.
Livres pensadores com 1 7 anos?
Nunca o considerei um cínico.
Não sou cínico.
Sou realista.
Mostre-me um coração livre
de sonhos loucos
E eu mostro-lhe um homem feliz
Só nos seus sonhos
os homens podem ser livres
Sempre assim foi
e sempre assim será
- Tennyson?
- Não. Keating.
Encontrei o livro de curso dele
na biblioteca.
"Capitão da equipa de futebol.
Editor do anuário.
Futuro aluno de Cambridge.
Apreciador de coxas. Membro
do Clube dos Poetas Mortos."
"Homem capaz de fazer tudo."
"Apreciador de coxas"?
O Sr. K. era um provocador.
- O que é o Clube dos Poetas Mortos?
- Não sei, não diz aqui.
Rapaz!
Vá ter comigo depois do almoço.
Sr. Keating!
Senhor professor!
Comandante, meu Comandante!
Estivemos a ler o seu livro de curso.
Não, este não sou eu.
Stanley "Ferramenta" Wilson...
O que é o Clube dos Poetas Mortos?
Duvido que a actual administração
visse isso com bons olhos.
Porquê? O que era?
São capazes de guardar um segredo?
Os Poetas Mortos dedicavam-se
a sugar o tutano da vida.
É uma frase de Thoreau,
que citávamos no início das reuniões.
Reuníamo-nos na velha gruta índia
e líamos Thoreau, Whitman, Shelley.
Os "grandes".
E alguns poemas nossos.
E, no encanto do momento, deixávamos
a poesia exercer a sua magia.
Era só malta sentada a ler poesia?
Não, não era só "malta".
Não éramos uma associação,
éramos românticos.
Não líamos só poesia, deixávamo-la
gotejar das nossas línguas, como mel.
Os espíritos elevavam-se,
as mulheres desfaleciam,
deuses eram criados.
Uma bela maneira
de se passar a noite.
Obrigado por este passeio
pelas ruas da amnésia.
Queime isso.
Principalmente a minha fotografia.
Clube dos Poetas Mortos.
Vamos lá esta noite.
Alinham todos?
- Onde fica essa gruta?
- Para lá do rio. Eu sei onde é.
É longíssimo.
- Deve ser chato.
- Então não vás.
-Já pensaram no castigo?
- Então não vás. Por favor.
Só digo que temos de ter cuidado.
Não podemos ser caçados.
Palavra, "Sherlock"?
Despachem-se!
- Quem quer ir?
- O Hager está a olhar!
Esquece o Hager. Quem quer ir?
Eu vou.
Estou a avisá-los! Mexam-se!
- Eu também vou.
- Não sei, Neil...
- As notas dele...
- Tu podes ajudá-lo.
Isto é um grupo de estudo
da meia-noite?
Tu vais, Pitts. Meeks, também tens
problemas com as notas?
- Experimento tudo uma vez.
- Menos sexo.
Só alinho se tivermos cuidado.
- E tu, Knox?
- Não sei.
Vá lá!
Ajuda-te a conquistar a Chris.
- Como?
- "As mulheres desfaleciam."
Desfaleciam porquê?
Charlie, diz-me porquê.
Seguem o rio até à cascata.
- Não sei, parece-me perigoso.
- Então por que não ficas em casa?
Pelo amor de Deus,
parem de falar e sentem-se.
- Todd, vais logo à noite?
- Não.
Ouviste o Keating. Não queres sentir
as emoções de que ele falou?
Quero, mas...
Mas o quê?
O Keating disse
que todos liam à vez.
Eu não quero ler.
Isso para ti é um problema, não é?
Não, não tenho problema nenhum.
Só que não quero ler.
E se não tivesses de ler?
Só ouvias.
Mas isso não funciona assim.
Não interessa como funciona.
E se eles concordarem?
Vais perguntar-lhes?
Volto já.
Calem-se!
Estás incluído.
Acabem lá com o barulho.
"CINCO SÉCULOS DE POESIA"
"Para ser lido
no início das reuniões."
Sou um poeta morto!
Rapazes, venham cá!
Engraçado. Muito engraçado.
O fumo
é para nos mandares embora?
Ele está a sair.
Esqueçam a fogueira.
Vamos começar.
Declaro aberta a sessão
do Clube dos Poetas Mortos.
As reuniões serão dirigidas por mim
e pelos outros novos membros.
O Todd Anderson prefere não ler
e por isso fará as actas.
Vou ler a mensagem de abertura
de Henry David Thoreau.
"Fui para os bosques
viver de livre vontade
Para sugar
todo o tutano da vida..."
Apoio inteiramente.
"Para aniquilar
tudo o que não era vida
E para, quando morrer,
não descobrir que não vivi"
O Keating assinalou outras páginas.
Intervalo. Esvaziem os bolsos.
Ponham aqui.
- Na lama?
- Meeks, põe o teu casaco no chão.
O casaco do Meeks.
Não escondam nada.
Estão sempre a roubar-me cigarros.
Passas?
Alto aí!
Quem deu metade de um pão?
Estou a comer a outra metade.
Queres que a ponha lá outra vez?
Era uma noite escura e chuvosa.
Uma velhota, que adorava puzzles,
estava sozinha em casa, à mesa,
a concluir um novo puzzle.
Ao juntar as peças viu, espantada,
que a figura formada
era a da sua sala
e que, no centro do puzzle,
estava ela mesma.
Com mãos trémulas
colocou as quatro últimas peças
e olhou horrorizada
a cara de um louco à janela.
A última coisa
que a velhota ouviu
foi o som de vidro a partir-se.
Isto é verdade!
Tenho uma história ainda melhor.
Um jovem casal
ia de carro pela floresta, de noite.
Ficaram sem gasolina
e havia um louco...
Pois, aquela coisa com a mão...
- Adoro essa história!
-Já ta contei.
Não contaste nada.
Ouvi-a no 6º ano.
"Era uma vez um homem
chamado Willie Bloat
Tinha uma mulher, praga da sua vida,
que constantemente o irritava
Um dia, de madrugada,
com ela ainda deitada
O pescoço lhe cortou"
- E piora...
- Querem ouvir um poema a sério?
- Queres o livro?
- Não.
Decoraste um poema?
Um poema original de Charlie Dalton.
- Põe-te no meio.
- O momento é histórico.
Onde arranjaste isso?
"Ensinares-me a amar?
Aprende a ter juízo
Sou perito na matéria
O deus do amor, se é que existe,
Pode aprender a amar comigo"
É de tua autoria?
Abraham Cowley.
- Muito bem, quem se segue?
- Alfred Lord Tennyson.
"Venham, meus amigos
Não é tarde de mais
para procurar um mundo mais novo
Eu estou decidido
A navegar para lá do crepúsculo
E embora não tenhamos a força
que outrora movia terra e céu
Somos como somos
Idêntica têmpera
de corações heróicos
Tornados fracos pelo tempo e destino
mas fortes em determinação
Lutar, procurar, encontrar
E não capitular"
"Depois surgiu a religião
e tive uma visão
Não podia voltar as costas
num gesto de escárnio
Então vi o Congo
por entre as trevas
Atravessando a floresta
num rasto dourado"
"Então vi o Congo
por entre as trevas
Atravessando a floresta
num rasto dourado"
"Então vi o Congo
por entre as trevas
Atravessando a floresta
num rasto dourado"
Um homem não está muito cansado,
está "exausto".
E não empreguem "muito triste",
mas sim... Diga, Sr. Overstreet.
- "Taciturno"?
- Exacto. "Taciturno".
A linguagem desenvolveu-se
com que propósito?
Sr. Anderson?
É um homem ou uma ameba?
Sr. Perry?
Comunicar.
Não! Cortejar as mulheres.
Hoje vamos falar
de William Shakespeare.
Já sei, muitos gostam tanto do tema
como de ir ao dentista.
Veremos Shakespeare como alguém
que escreve coisas interessantes.
Muitos viram Shakespeare assim:
"Titus, traz teu amigo até mim."
Mas, se viram Marlon Brando, sabem
que Shakespeare pode ser diferente.
"Amigos, romanos, patrícios,
dai-me ouvidos."
Também podem imaginar
John Wayne como Macbeth.
"É um punhal
que vejo diante de mim?"
"Cachorros, senhor?
Agora, não.
Gosto de um bom cachorro
de vez em quando.
Pode-se ter três pratos
de um cachorro.
Croquete canino, como entrada.
Fido flambé como prato principal.
E, para sobremesa, gelado Pequinês.
E limpa os dentes com a patinha."
Porque estou aqui?
- Para se sentir mais alto.
- Não.
Obrigado por participar.
Estou em cima da secretária
para me lembrar
que devemos olhar constantemente
as coisas de maneira diferente.
O mundo parece
muito diferente visto daqui.
Não acreditam?
Venham ver.
Quando pensam
que sabem uma coisa,
têm de olhar para ela
de forma diferente.
Mesmo que pareça tolo ou errado,
devem tentar.
Quando lêem, não tenham apenas
em mente o que o autor pensa.
Pensem no que vocês pensam.
Esforcem-se por achar
a vossa própria voz.
Quanto mais esperarem
para começar,
menos possibilidade
têm de a encontrar.
Thoreau disse: "A maioria dos homens
vive vidas de silencioso desespero."
Não se resignem a isso.
Libertem-se!
Não caminhem à beirinha
como lemingues. Olhem em redor.
Isso mesmo, Sr. Priske. Obrigado.
Ousem avançar
e encontrar novos pontos de vista.
Além das composições,
quero que escrevam um poema,
um trabalho original.
Exacto. Têm de o ler em voz alta
na aula de segunda-feira.
Boa sorte.
Sr. Anderson...
Não pense que não sei que este
trabalho o apavora, sua toupeira.
Remem com mais força.
Conseguimos, Pittsie!
Rádio América Livre!
"Sonhamos com um novo dia
quando um novo dia não vem."
- Achei!
- O quê?
O que quero fazer,
o que está dentro de mim.
"Sonho de Uma Noite de Verão"?
O que é?
É uma peça, idiota.
Isso sei eu.
Mas que tem isto a ver contigo?
Vão levá-la à cena em Henley Hall.
Toda a gente pode fazer uma audição.
Vou representar!
Sim! Vou ser actor.
Sempre quis experimentar.
Quis tentar as companhias de Verão,
mas o meu pai não me deixou.
Pela primeira vez na vida,
sei o que quero fazer.
E vou fazê-lo,
quer o meu pai queira quer não!
Carpe diem!
Como podes entrar na peça,
se o teu pai não deixar?
Primeiro consigo o papel
e depois preocupo-me com isso.
Ele não vai dar cabo de ti
se descobrir?
Ele não precisa de saber.
- É impossível.
- Nada é impossível.
Porque não lhe telefonas?
Talvez diga que sim.
Essa é para rir...
Se não lhe pedir,
não estarei a desobedecer.
- Mas se ele...
- De que lado estás?
Ainda não consegui o papel.
Nem posso saborear a ideia
por um bocadinho?
- Esta tarde vais à reunião?
- Não sei. Talvez.
O que o Sr. Keating diz
não significa nada para ti, pois não?
- Que queres dizer?
- Fazes parte do Clube.
Devias estar entusiasmado.
Mas estás amorfo.
Queres que saia de lá?
Não. Quero-te lá.
Mas tens de fazer qualquer coisa.
Agradeço a tua preocupação,
mas eu não sou como tu.
Tu dizes coisas e as pessoas
ouvem-te. Eu não sou assim.
- Não achas que podias ser?
- Não.
Não sei.
Mas não podes fazer nada.
Por isso, desiste.
Eu sei cuidar de mim.
Está bem?
Não.
Como, "não"?
Dá cá isso!
Poesia! Estou a ser perseguido
por Walt Whitman!
Que estão a fazer?
Não sejas infantil. Dá cá isso!
Todos para a camioneta.
Os adeptos podem discutir
se um desporto ou jogo
é melhor do que outro.
Para mim, o desporto
é uma possibilidade
de outros seres humanos
nos levarem a dar o nosso melhor.
Quero que tirem um papel
e que se ponham em fila indiana.
Sr. Meeks (manso),
é altura de herdar a terra.
Sr. Pitts (cova),
eleve-se acima do seu nome.
Dê um papel a cada um.
Sabe o que tem a fazer, Pitts.
"Lutar em grande desigualdade,
enfrentar inimigos sem temor."
Parece-me cheio de temor.
Repita sem temor.
"Lutar em grande desigualdade,
enfrentar inimigos sem temor."
O seguinte.
"Ser um marinheiro do mundo,
em viagem por todos os portos."
O seguinte. Mais alto!
"Vivo para ser governador da vida,
não um escravo."
"Avançar para a boca dos canhões
com absoluta indiferença."
Meeks, ouça a música.
"Dançar, bater as palmas, exaltar,
gritar, pular, rodopiar, flutuar."
"Oh, ter a vida pela frente,
um poema de novas alegrias."
Vá, Charlie, deixe-se transportar!
"Ser realmente um deus!"
Charlie, consegui o papel!
Vou ser o Trasgo!
O quê?
- O papel principal! Consegui!
- Parabéns, Neil!
Neil, como é que vais fazer?
Preciso de uma carta do meu pai
e do Sr. Nolan autorizando-me.
- Não vais escrevê-la?
- Vou, pois.
Estás doido.
"Escrevo-lhe...
...em nome do...
...meu filho, Neil Perry."
Fantástico!
"Para a Chris."
"Vejo doçura no sorriso dela
Os seus olhos irradiam luz
A vida é perfeita
e sinto contentamento
Só por saber...
Só por saber
Que ela está viva"
Desculpe, era estúpido.
Não, não é estúpido.
Foi um bom esforço.
Focou um tema primordial, o amor.
Um tema primordial em poesia
e na vida.
"O gato sentou-se no capacho"
Felicito-o.
É o primeiro poema com nota negativa
na escala de Pritchard.
Não rimos de si, rimos consigo.
Não importa
a simplicidade do tema.
Às vezes, a poesia mais bela
é sobre coisas simples,
como um gato,
uma flor ou a chuva.
A poesia surge de qualquer coisa.
Só não torne
os seus poemas vulgares.
Quem se segue?
Sr. Anderson,
está aí sentado em agonia...
Levante-se.
Acabemos com a sua infelicidade.
Não escrevi poema nenhum.
O Sr. Anderson pensa que tudo
dentro dele é inútil e embaraçoso.
Não é, Todd? É o seu pior receio.
Engana-se. Tem algo dentro de si
com grande valor.
"Solto...
o meu bárbaro...
yawp...
sobre os telhados do mundo."
W.W. Outra vez o tio Walt.
Para os que não sabem, um yawp
é um grande grito ou berro.
Todd, quero que nos faça uma
demonstração de um bárbaro yawp.
Não pode dar um yawp sentado.
Levante-se.
Ponha-se em posição de yawp.
Um yawp?
Não só um yawp.
Um bárbaro yawp.
Mais alto.
Isso é de rato. Mais alto.
Berre como um homem!
Vê? Afinal há um bárbaro em si.
Não pense que se escapa já.
Quem é que o tio Walt lhe recorda?
Não pense, responda.
- Um louco.
- Que espécie de louco? Responda.
- Um louco varrido.
- É capaz de melhor.
Dê asas à imaginação. Diga a primeira
coisa que lhe vem à cabeça.
Um louco suado e dentado.
Afinal, há um poeta em si!
Feche os olhos.
Descreva o que vê.
Fecho os olhos.
- A imagem dele paira ao meu lado.
- Um louco suado e dentado.
Um louco suado e dentado,
com um olhar fixo
que me tortura o cérebro.
Excelente!
Leve-o a fazer qualquer coisa.
- Estende as mãos e asfixia-me.
- Muito bem.
- E vai murmurando.
- O quê?
A verdade.
A verdade é como um cobertor
que deixa sempre os pés frios.
Não lhes ligue.
Fale-me desse cobertor.
Puxa-se, estica-se,
mas nunca chega.
Nunca chegará para nos cobrir.
E, desde que nascemos, chorando,
até que partimos, morrendo,
apenas cobrirá o rosto
quando se geme, chora e grita!
Não se esqueça disto.
Isso. Aspira profundamente.
O meu pai colecciona cachimbos.
Deve ter uns trinta.
Colecciona cachimbos?
Que interessante.
Anda, Knox. Fuma também.
É a Chris.
Aqui está uma foto dela.
- Não tem piada!
- Parem com isso. Fumem.
Amigos, colegas,
homens de Welton!
Não, isto é o deus da gruta.
E se começássemos a reunião?
"Poetruísmo", de Charles Dalton.
Rindo, chorando,
caindo, resmungando
Há que fazer mais, há que ser mais
Caos gritando, caos sonhando
Há que fazer mais, há que ser mais
Sensacional!
Onde aprendeste a tocar assim?
Os meus pais fizeram-me
estudar clarinete durante anos.
- Eu adorava clarinete.
- Eu detestava.
O saxofone...
é mais... sonoro.
Não aguento mais.
Sem a Chris, mato-me.
- Acalma-te.
- Não, Charlie.
O meu problema é esse.
Tenho sido calmo a vida inteira.
- Vou fazer qualquer coisa.
- Aonde vais?
- Que vais fazer?
- Vou telefonar-lhe.
Ela vai detestar-me.
Os Danburry vão detestar-me.
Os meus pais vão matar-me!
Que se dane! Têm razão.
Carpe diem.
Mesmo que seja o meu fim.
Chris?
Fala o Knox Overstreet.
Está contente por eu ter telefonado.
Se gostava de ir a uma festa?
Claro.
Óptimo. Lá estarei, Chris.
Sexta-feira à noite,
em casa dos Danburry.
Obrigado. Adeus.
Dá para acreditar?
Ela ia telefonar-me.
Convidou-me para uma festa.
Em casa do Chet Danburry.
Não pensas que ela quer
que a acompanhes?
Claro que não, Charlie.
Mas isso não interessa.
O que é que interessa?
O que interessa...
é...
que ela estava a pensar em mim.
Só a vi uma vez
e ela pensa em mim.
Bolas, vou conseguir. Sinto-o.
Ela vai ser minha.
Não há classificações.
Dêem uma volta.
Isso mesmo...
Não sei, mas têm-me dito
Que fazer poesia é bonito
Obrigado, meus senhores.
Todos partiram com o seu passo,
a sua passada.
O Sr. Pitts, calmamente,
sabia que chegaria lá um dia.
O Sr. Cameron pensava:
"Isto está certo? É capaz de estar.
Ou talvez não, não sei."
O Sr. Overstreet,
levado por uma força superior.
Pois... Não os trouxe aqui
para os ridicularizar,
mas para mostrar a dificuldade
de manterem as vossas convicções
diante dos outros.
Vejo nos vossos olhos:
"Eu teria andado de outra maneira".
Então porque batiam palmas?
Todos precisamos de aprovação.
Mas acreditem
que as vossas convicções são únicas.
Mesmo que outros
as achem excêntricas
ou que digam "Isso é m-a-a-u".
Robert Frost escreveu:
"Duas estradas divergiam num bosque
e eu segui pela menos usada.
Isso fez toda a diferença."
Quero que encontrem
a vossa maneira de andar.
Vão para onde quiserem.
De maneira altiva, tola,
como quiserem.
Meus senhores, o pátio é vosso.
Não precisam de representar.
Façam-no para vós próprios.
Sr. Dalton, não nos acompanha?
Exerço o meu direito de não andar.
Obrigado, Sr. Dalton.
Diga-o sem rodeios.
Quer ser diferente dos outros.
- Que se passa?
- Nada.
- Faço anos hoje.
- Fazes anos?
Parabéns.
Que foi que te deram?
Os meus pais deram-me isto.
É igual ao...
Deram-me a mesma coisa
no ano passado.
Pensaram que precisavas de outro.
Talvez nem sequer tenham pensado.
O que tem piada
é que nem gostei do primeiro.
Acho que não dás o devido valor
a um conjunto de secretária.
Quem ia querer
uma bola de futebol ou de basebol...
- Ou um carro.
- Ou um carro,
podendo ter um conjunto maravilhoso
como este?
Se eu fosse comprar
um conjunto destes duas vezes,
compraria este. Das duas vezes.
Por acaso, até tem...
uma configuração aerodinâmica.
Não tem?
Sente-se.
Este conjunto quer voar.
O primeiro conjunto de secretária
não tripulado do mundo.
Não te rales.
Para o ano dão-te outro.
"Viver intensamente
e sugar todo o tutano da vida
Aniquilar tudo
o que não era vida..."
Céus...
- É aqui?
- Sim, é aqui.
Entrem, é a minha gruta.
Vejam onde põem os pés.
- Apresento-lhes a Gloria e a...?
- Tina.
São os membros mais recentes
do Clube dos Poetas Mortos.
Mexam-se! É noite de sexta-feira.
Vamos começar a reunião.
Tenho uma coisa a dizer.
Mantendo o espírito inovador
dos Poetas Mortos,
abandono o nome Charles Dalton.
Daqui em diante
tratam-me por Nuwanda.
Vieste. Óptimo!
Trouxeste companhia?
- Não.
- Não? A Ginny Danburry está cá.
Tenho de ir procurar o Chet.
Estão todos lá em baixo, vai lá ter.
Põe-te à vontade.
És irmão do Mutt Sanders?
Não o achas parecido
com o Mutt Sanders?
És irmão dele?
Não. Nunca ouvi falar nele.
Onde está a nossa educação?
Não lhe oferecemos um copo.
Bebe um uísque, amigo.
Não bebo uísque...
- À saúde do Mutt.
- À saúde do Mutt.
À saúde do Mutt.
- Como está o Mutt?
- Que é que ele tem feito?
Eu não conheço o Mutt...
À saúde do Poderoso Mutt.
À saúde do Poderoso Mutt.
Tenho de ir procurar a Patsy.
Dá saudades ao Mutt, sim?
O teu irmão Mutt é um tipo porreiro.
Fazemos a reunião ou quê?
Se não a fizerem,
como sabemos se queremos entrar?
Entrar?
"Poderei comparar-te
a um dia de Verão?
És muito mais bela e amena"
Que amoroso...
- Inventei-o agora, para ti.
- A sério?
Também tenho um para ti, Gloria.
"Ela caminha, bela como a noite..."
"Ela caminha, bela como a noite
De estrelados céus sem nuvens
E tudo o que de melhor têm
A escuridão e a luz
Nas feições e nos olhos dela
se reflecte"
É lindo.
Há mais de onde estes vieram...
Deus me valha...
Carpe diem.
Chet! Olha.
É o irmão do Mutt Sanders.
- Está a agarrar a tua garota!
- Que estás a fazer?
Que raio estás a fazer?
Eu sei o que parece...
Chet, pára com isso!
- Estás bem?
- Chris, afasta-te dele!
- Magoaste-o!
- Ainda bem!
- Desculpa.
- Não tem importância.
Da próxima vez que te vir, morres.
Vá, passa-a.
Eu e o Pitts estamos a trabalhar
em alta fidelidade.
Não deve ser difícil de montar...
Posso ir para Yale.
Mas sou capaz de não ir...
Não sentem falta de raparigas?
Para isso é que temos este clube.
Aliás, publiquei um artigo no jornal
da escola em nome dos Poetas Mortos.
O quê?
Exigindo a admissão
de raparigas em Welton
para deixarmos de nos masturbar.
Como fizeste isso?
Sou revisor.
Meti-o entre os outros artigos.
É o fim disto.
Porquê?
Ninguém sabe quem somos.
Vão calcular quem o escreveu.
Vão perguntar-te
o que é o Clube dos Poetas Mortos.
Charlie, não tinhas o direito
de fazer isso.
Nuwanda, Cameron.
Isso. Nuwanda.
Estamos a brincar
ou estamos convictos do que dizemos?
Se nos limitamos a ler poemas,
afinal fazemos o quê?
Não devias ter feito isso.
Pode causar sarilho.
E não falas em nome do Clube.
Não te preocupes
com a tua preciosa pessoa.
Se me apanharem,
direi que é uma invenção minha.
Sentem-se.
No "Welton Honor" desta semana
saiu um artigo profano e clandestino.
Em vez de perder o meu precioso tempo
à procura dos culpados,
e garanto-lhes que os encontrarei,
peço a quem está a par desse artigo
que se acuse imediatamente.
Sejam quem forem os culpados,
esta é a única hipótese
de evitarem a expulsão.
Academia Welton.
Está, sim. Um momento.
É para si, Sr. Nolan.
É Deus.
Diz para admitir raparigas em Welton.
Acabe com esse sorriso.
Não pense que é o primeiro
a procurar ser expulso.
Outros tentaram e fracassaram,
tal como vai acontecer consigo.
Ponha-se em posição.
Conte em voz alta, Sr. Dalton.
Uma.
Duas.
Três.
Quatro.
Cinco.
O que é o "Clube dos Poetas Mortos"?
Quero nomes.
- Foste expulso?
- Não.
Que aconteceu?
Se eu acusar os outros e apresentar
desculpas, tudo será perdoado.
Que vais fazer?
Charlie!
Bolas, Neil!
O meu nome é Nuwanda.
Pode vir falar comigo, Sr. Keating?
Sabia que foi aqui
que dei a minha primeira aula?
- A minha primeira secretária.
- Não sabia que tinha leccionado.
Inglês.
Muito antes do seu tempo.
Custou-me muito deixar de leccionar.
Ouço boatos sobre os seus métodos
de ensino pouco ortodoxos.
Não estou a insinuar que tenham
algo a ver com o caso Dalton,
mas escuso de lhe dizer
que os rapazes da idade dele
são muito impressionáveis.
Estou certo de que a sua reprimenda
o impressionou.
O que foi aquilo no pátio, há dias?
Os rapazes a marchar,
a bater palmas...
Era um exercício para provar
os perigos do conformismo.
Temos um currículo firmado,
com provas dadas.
Se o puser em causa,
eles poderão fazer o mesmo.
Sempre pensei que instrução
é aprender a pensar por si próprio.
Na idade deles? Nunca na vida!
Tradição, John. Disciplina.
Prepare-os para a universidade.
O resto virá por si.
Ele caminhou
para a minha esquerda.
"Ponha-se em posição, Sr. Dalton."
O que fez hoje foi muito idiota.
Concorda com o Sr. Nolan? E o carpe
diem, o sugar o tutano da vida?
Sugar o tutano não significa
sufocar com o osso.
Há alturas para se ser ousado
e alturas para se ser cauteloso.
O homem sensato compreende isso.
Pensei que o senhor gostaria.
Não. Ser expulso não revela audácia.
Revela estupidez.
- Iria perder oportunidades únicas.
- Por exemplo?
Assistir às minhas aulas.
- Fiz-me entender?
- Sim, meu comandante.
Seja sensato.
O conselho é para todos.
Telefonema de Deus...
Se fosse a pagar no destino,
isso é que seria audácia...
Continua...
Pegue na mão dela,
traga-a até à boca de cena e pare.
- O que é o jantar?
- Esparguete e almôndegas.
Guardem-me um bocadinho.
"Some-te, Fada.
Eis que chega Oberon."
Pai...
- Deixe-me explicar...
- Não te atrevas sequer.
Já é grave teres perdido o teu tempo
com esse absurdo de representar.
Mas enganares-me
deliberadamente...
Esperavas sair-te bem disto?
Responde-me.
Quem te incitou?
Foi o novo professor, o Sr. Keating?
Ninguém.
Pensei fazer-lhe uma surpresa.
Tive notas excelentes.
Pensaste que eu não descobriria?
"A minha sobrinha entra numa peça
com o seu filho", diz a Sra. Marks.
Respondo: "Deve estar enganada,
o meu filho não entra numa peça."
Fizeste-me mentir, Neil!
Amanhã,
vais dizer-lhes que desistes.
Não posso, tenho um papel principal.
O espectáculo é amanhã.
Não me interessa que o mundo acabe.
Não entras na peça.
Entendido?
Entendido?!
Sim, senhor.
Fiz muitos sacrifícios
para te ter aqui, Neil.
Não vais desiludir-me.
Não, senhor.
Está aberta.
Neil, que se passa?
- Posso falar consigo?
- Com certeza. Sente-se.
- Quer chá?
- Agradeço.
- Leite ou açúcar?
- Não, obrigado.
- Não lhe dão muito espaço.
- Faz parte do voto monástico.
As coisas mundanas
não me desviarão do ensino.
Ela é bonita.
E está em Londres.
Torna-se um pouco difícil.
- Como suporta isso?
- O quê?
Pode ir para onde quiser.
Como suporta estar aqui?
Adoro ensinar.
Não quero estar noutro sítio.
Que se passa?
Falei com o meu pai.
Obriga-me a abandonar a peça.
Representar é tudo para mim,
mas ele não sabe...
Eu compreendo-o. Não somos
uma família rica, como a do Charlie.
Ele planeia a minha vida, mas nunca
me perguntou o que eu quero.
Já disse isso ao seu pai?
Falou-lhe
da sua paixão de representar?
- Não posso.
- Porquê?
Não posso falar com ele assim.
Então também está
a representar para ele.
Faz o papel de filho submisso.
Eu sei que parece impossível,
mas tem de lhe mostrar quem é.
Sei o que ele dirá.
Dirá que é um capricho
que eu devo esquecer.
Eles contam comigo.
Devo esquecer tudo para meu bem.
Não é um escravo.
Prove-lhe que não é um capricho
com a sua convicção, a sua paixão.
Se ele ainda não acreditar,
então já terá idade para deixar
a escola e fazer o que quiser.
E a peça de amanhã?
Tem de falar com ele
antes de amanhã.
- Não há uma maneira mais fácil?
- Não.
Estou encurralado.
Não, não está.
- Onde está a Chris Noel?
- Na sala 111 .
- Que fazes aqui?
- Vim pedir-te desculpa.
Trouxe-te estas flores.
E um poema.
Se o Chet te encontra aqui, mata-te.
Não me importo!
- Amo-te, Chris.
- Estás louco.
Agi como um idiota.
Aceita-as, por favor.
Não posso. Esquece.
- Não posso acreditar.
- Por favor, escuta.
Os céus fizeram uma rapariga
chamada Chris
Com cabelo e pele dourados
Tocar-lhe
Seria o paraíso
Leste-lho?
Que foi que ela disse?
- Nada.
- Nada?
Nada. Mas li-lho.
Que foi que ela disse?
Teve de dizer alguma coisa!
Aproveitem o dia!
Falou com o seu pai?
Não gostou nada,
mas deixa-me ficar na peça.
Não pode ir vê-la,
está em Chicago...
Penso que vai deixar-me
continuar a representar.
Palavra?
Disse-lhe o que me disse?
Não ficou contente,
mas vai estar fora
pelo menos quatro dias.
Não assistirá ao espectáculo,
mas... deixa-me representar.
"Continua a ter boas notas".
Obrigado.
Com licença.
Despacha-te, Nuwanda.
O Neil vai entrar em cena.
Ele falou em ficar vermelho...
"Ficar vermelho"?
Que quer isso dizer?
Sei lá! Conheces o Charlie.
O que é isso
de "ficar vermelho", Charlie?
O que é isso?
É um símbolo índio de virilidade.
Faz-me sentir enérgico,
capaz de enlouquecer as garotas.
Anda, as garotas estão à espera.
Que fazes aqui?
Vão indo. Encontramo-nos lá.
Se te apanham aqui,
estamos metidos num sarilho.
E está certo ires à minha escola
e eu fazer figura de parva?
- Não quis fazer isso.
- Mas fizeste.
O Chet soube. Mal consegui evitar
que ele viesse dar cabo de ti.
Tens de parar com isto.
Não posso, Chris. Amo-te.
Estás sempre a dizer isso.
Nem sequer me conheces.
- Vem, Sr. Overstreet?
- Siga. Eu vou a pé.
Knox, e se eu não estiver
interessada em ti?
Nesse caso,
não virias avisar-me do Chet.
Tenho de ir.
Vou chegar tarde ao teatro.
Vais com ele?
O Chet, ver uma peça?
Estás a brincar?
Dá-me uma oportunidade.
Se depois desta noite não gostares
de mim, afasto-me para sempre.
Prometo.
Juro pelos Poetas Mortos.
Depois desta noite, se não quiseres
ver-me mais, deixo-te em paz.
E se o Chet vier a saber?
Não saberá. Ficamos atrás
e saímos assim que acabar.
E prometes
que depois me deixas em paz?
-Juro pelos Poetas Mortos.
- O que é isso?
Dou-te a minha palavra.
És tão irritante...
Ou o teu aspecto me engana
ou és o espírito esperto e galhofeiro
chamado Robin Goodfellow.
Sim, sou eu.
Sou aquele que caminha de noite
e que a Oberon distrai.
Vejo um cavalo sossegado
e bem alimentado
e dou-lhe o meu relincho
de égua amorosa.
Às vezes escondo-me na malga
da comadre.
Quando ela bebe,
vou e filo-lhe o beiço!
A cerveja escorre...
Ele é mesmo bom.
Às vezes
sou pela tripecinha tomado.
Fujo e truz,
senta-se no ar, cai de chapuz!
Desata a tossir.
E tudo doido a rir!
De tanta alegria empalidecem...
E, juro, hora mais alegre
não se pode passar.
Some-te, Fada.
Eis que chega Oberon.
E lá vem a minha senhora.
Neil, é a tua deixa.
Anda. Toma a coroa.
Se alguém ofendemos,
imaginai que, estando a dormir,
sonhastes
que um sonho durou um ai,
e que noutro ai acordastes.
E nós, com o vosso perdão,
nos redimiremos.
Palavra de Trasgo honrado:
se escapámos desta vez
aos silvos do drago irado,
o bem que hoje se não fez,
far-se-á em breve e melhorado.
Boa noite,
essas mãos todas a mim
e Robin vosso fica eternamente.
O seu pai.
Com licença.
Não posso.
Tem um dom, Neil.
Que actuação!
Deixou-me sem fala.
Vai para o carro!
Keating, afaste-se do meu filho!
Por favor, Sr. Perry!
Não piore as coisas.
Podemos regressar a pé?
Comandante?
Estamos a fazer o possível
para compreender
porque insistes em desafiar-nos.
Seja qual for o motivo,
não vamos deixar
que arruínes a tua vida.
Amanhã deixas Welton
e vais para a Escola Militar.
Vais para Harvard e vais ser médico.
Isso são mais 1 0 anos. Uma vida!
Pára! Nada de dramatismos.
Até parece uma pena de prisão.
Não compreendes. Tens oportunidades
com que eu nunca sonhei
e não vou deixar-te desperdiçá-las.
- Tenho de lhe dizer o que sinto!
O quê? Diz-me o que sentes!
O que é?
Trata-se outra vez do teatro?
Bem podes esquecer isso.
O que é?
Nada.
Nada?
Então vamos para a cama.
Eu fui bom.
Fui mesmo bom.
Vai dormir.
Não te preocupes.
Vai correr tudo bem.
O que foi isto?
- Aquele ruído.
- Que ruído?
Que foi?
Que se passa?
Que se passa?
Que aconteceu?
Vou ver lá fora.
Neil! Oh, meu Deus!
Meu filho! Meu filho!
Meu pobre filho!
Ele está bem! Ele está bem!
Cala-te. Cala-te!
Que se passa?
O Neil morreu.
É lindo.
Pronto, Todd...
Já passou, Todd.
Ele não fazia aquilo!
Foi o pai!
Ele não nos deixava.
Foi o pai. O pai é que o matou.
Deixem-no.
"CINCO SÉCULOS DE POESIA"
"Fui para os bosques
viver de livre vontade.
Para sugar todo o tutano da vida.
Para aniquilar
tudo o que não era vida
e para, quando morrer,
não descobrir que não vivi."
A morte de Neil Perry é uma tragédia.
Ele era um bom aluno,
um dos melhores alunos de Welton,
e a sua falta será sentida.
Contactámos os vossos pais
para explicar a situação.
Naturalmente, estão preocupados.
A pedido da família do Neil,
tenciono levar a cabo
um inquérito exaustivo.
Espera-se
a vossa inteira colaboração.
- Disseste-lhe da reunião?
- Duas vezes.
Pronto. Estamos feitos.
Que queres dizer?
O Cameron é bufo.
Está com o Nolan, a despejar tudo.
- Sobre quê?
- O Clube. Pensem nisso.
A direcção,
a administração, o Sr. Nolan...
Pensam que vão deixar
passar isto em claro?
Escolas encerram por coisas destas.
Precisam de um bode expiatório.
Que se passa?
Bufaste.
Não estou a perceber.
Disseste ao Nolan
tudo acerca do Clube.
Caso não saibas,
há um código de honra nesta escola.
Se um professor faz uma pergunta,
dizes a verdade ou és expulso.
Está metido nisto até ao pescoço
e denunciou-nos para se salvar.
Não lhe toques, ou és expulso.
- Sou expulso de qualquer maneira!
- Não sabes isso.
Ele tem razão, Charlie.
Se forem espertos,
fazem o que eu fiz e colaboram.
Eles não querem castigar-nos.
Nós somos as vítimas.
Nós e o Neil.
Quem é o alvo deles?
O Sr. Keating, claro!
O Comandante!
Não pensaram que ele podia
fugir às responsabilidades?
O Sr. Keating, responsável pelo Neil?
Eles dizem isso?
Quem havia de ser, idiota?
A administração? O Sr. Perry?
O Sr. Keating é que nos encorajou.
Se não fosse o Sr. Keating,
o Neil estaria agora no quarto dele,
a estudar.
Sabes que isso não é verdade!
Ele não nos encorajou a fazer coisa
alguma. O Neil adorava representar.
Acredita no que quiseres,
mas o Keating que se dane.
Porque havemos de arruinar
as nossas vidas?
Assinaste a tua expulsão, Nuwanda.
Se forem espertos,
farão o que eu fiz.
Eles já sabem de tudo.
Não podem salvar o Keating.
Mas podem salvar-se.
Knox Overstreet.
Vai-te embora. Estou a estudar.
- Que aconteceu ao Nuwanda?
- Foi expulso.
Que lhes disseste?
Nada que não soubessem já.
Todd Anderson.
Olá, filho.
Sente-se, Sr. Anderson.
Penso que já sabemos
o que se passou.
Admite ter feito parte
desse Clube dos Poetas Mortos?
Responde, Todd.
Sim, senhor.
Tenho aqui uma descrição
pormenorizada das vossas reuniões.
Diz como o Sr. Keating
os encorajou a formarem o clube,
como fonte de inspiração
de um comportamento irreverente
e indulgente.
Descreve como o Sr. Keating,
dentro e fora das aulas,
encorajava a obsessão do Neil
de representar,
quando sabia que era
contra as ordens dos pais dele.
Foi a abusiva posição
do Sr. Keating como professor
que conduziu à morte do Neil Perry.
Leia atentamente esse documento.
Muito atentamente.
Se nada tem a acrescentar
ou a alterar, assine.
O que vai acontecer
ao Sr. Keating?
Basta! Assina, Todd.
Relva é gramen ou herba.
Lápis é pedra.
O edifício é aedificium.
Sentem-se.
Vou dar esta aula até aos exames.
Procuraremos um professor de Inglês
durante as férias.
Em que ponto vão
do livro de Pritchard?
Sr. Anderson.
Não o ouço, Sr. Anderson.
Faça o favor de me dizer,
Sr. Cameron.
Demos capítulos alternados.
Demos os românticos
e alguma literatura pós-guerra civil.
E os naturalistas?
Passámos quase tudo isso.
Então voltaremos ao princípio.
O que é a poesia?
Entre.
Com licença...
Vim buscar as minhas coisas.
Quer que volte depois da aula?
Leve-as já, Sr. Keating.
Página 2 1 da introdução.
Sr. Cameron, leia em voz alta
o excelente ensaio
do Dr. Pritchard,
"Compreender a Poesia".
- Essa página foi arrancada.
- Então peça um livro emprestado.
- Todos têm essa página arrancada.
- Que quer dizer?
Não interessa.
Leia.
"Compreender a Poesia",
do Dr. J. Evans Pritchard.
"Para compreender a poesia,
temos de conhecer a métrica,
a rima e as figuras de retórica.
Depois, fazemos duas perguntas.
Como é apresentado
o objectivo do poema...
...e qual a importância
desse objectivo.
A primeira pergunta
avalia a perfeição do poema.
A segunda, a sua importância.
Uma vez respondidas estas perguntas,
torna-se simples determinar
a grandeza de um poema.
Se a perfeição de um poema for..."
Sr. Keating, eles fizeram-nos assinar.
- Por favor, acredite!
- Eu acredito, Todd.
- Saia, Sr. Keating.
- A culpa não foi dele!
Sente-se!
Outra intervenção sua ou de alguém,
e é a expulsão.
Saia, Sr. Keating.
Eu disse para sair, Sr. Keating.
Oh, Comandante, meu Comandante.
Sente-se, Sr. Anderson.
Ouviu? Sente-se!
Sente-se!
É a última vez que lhe digo,
Anderson.
Como se atreve?
Está a ouvir-me?
Oh, Comandante, meu Comandante.
Aviso-o... Sente-se!
Sentem-se!
Sentem-se todos!
Quero-os todos sentados!
Sentem-se!
Saia, Sr. Keating.
Sentem-se todos!
Quero-os sentados!
Ouvem-me?
Sentem-se!
Obrigado, rapazes.
Obrigado.
Synch for Ace release: hIman