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Finalmente, as guerras terminaram.
Artur, rei de Camelot, -
- dedicara a sua vida a construir
uma terra de paz e justiça.
Mas a paz não duraria.
Malagant, cavaleiro de Artur, -
- há muito que invejava
a glória do rei.
Começou a discutir com Artur
e deixou Camelot cheio de ódio.
Assim, a terra voltou a dividir-se
entre os seguidores de Malagant, -
- e os que se mantiveram leais
ao rei.
E depois havia Lancelot, -
- um viajante, que nunca sonhara
com paz, justiça ou ser cavaleiro.
Os tempos eram difíceis. Um homem
ganhava a vida como podia.
E Lancelot sempre fora bom
com a espada...
Muito bem.
Queres saber como se vence?
Sê o único com uma espada.
Fácil.
Palmas! Ele lutou bem!
Muito bem, John.
O prémio é do vencedor, amigos!
Mais um desafio e partirei.
Uma vez na vida, encontra-se alguém
tão destemido que ninguém o vence.
Enquanto esperais por ele,
podeis treinar comigo.
Tão certo como o sol que nasce,
há um homem superior a mim.
Ele pode estar aqui. Hoje.
Sim!
Podes ser tu.
- Parece forte. Será bom?
- Experimenta e verás!
Vamos, Mark. Mas não o magoes.
O teu nome é Mark?
Eu sou Lancelot.
- Estás pronto?
- Estou pronto.
Não precisas matar-me para vencer.
- Estás bem agarrado à espada?
- Não te preocupes com isso!
Posso dar-te um conselho?
Não deixes cair a espada.
lsto é a tua espada?
Palmas para ele!
- Muito bem, Mark!
- Como fizeste isso?
Eu seria capaz de fazê-lo?
Diz-me. Eu aprendo.
Estuda o teu adversário e saberás
o que ele fará antes que o faça.
- Eu consigo fazer isso.
- E espera pelo momento crítico.
- Eu consigo fazer isso.
- Não podes temer pela tua vida.
O PRlMElRO CAVALElRO
Depressa! Rápido!
Fechai as portas!
Onde está o papá?
Queimai isso.
Seremos queimados vivos!
Precisamos de água! Traz água!
- Não! Espera até se irem embora!
- Nessa altura já estaremos mortos!
Malagant.
Na noite passada, homens desta
aldeia mataram três homens meus.
Em represália,
destruí a vossa aldeia.
As terras limítrofes já estão
há demasiado tempo sem lei.
Ficai agora a saber, eu sou a lei!
Vamos!
Lá está ela.
Cuidado com o cão!
- Vinde, senhora minha.
- Espera.
- Senhora...
- Não me demorarei.
Houve outro ataque.
Outra aldeia fronteiriça queimada.
Anne, toma o meu lugar.
- Foi Malagant outra vez?
- Sim. Um pequeno grupo escapou.
- Estão a ser tratados?
- Querem primeiro falar-vos.
Não, não, por favor. Pobre gente,
depois de tão horrível jornada.
Não sabíamos
a quem mais nos dirigirmos, senhora.
Dizem que somos foragidos.
Que atravessámos a fronteira.
Eu sei. São mentiras.
Ele quer submeter-nos pelo medo.
- Não cedais a ele. Vamos lutar.
- Não sou pessoa para ceder.
Jacob. Leva esta gente
e dá-lhes de beber e de comer.
Depois de descansardes, rezaremos
pela vossa aldeia e por Leonesse.
- Deus vos proteja, senhora.
- E a vós. lde.
- É a terceira aldeia que queima.
- Quererá destruir-nos todos?
- Quer que assinemos o tratado.
- Julga que não o desafiaremos.
Se não consegue o que pede,
tem poder para o obter.
Oswald...
Não dizes nada.
- Sabes o que penso, filha.
- Sim, creio que sim.
- Devemos resposta a Malagant.
- Tê-la-á. Decidirei hoje.
Deixai-me só, agora.
Oswald, fica.
- Esperava ter mais tempo.
- Não sabes o que te diz o coração?
Eu sei o que quero.
Quero casar.
Quero viver e morrer em Leonesse.
Mas não posso ter tudo o que quero.
Pois não?
Perdoa-me, mas uma proposta
de casamento de Artur de Camelot...
Sim, bem sei.
Claro que tens razão.
Não falemos mais nisso. Seja.
- Aceitas a proposta?
- Casarei com Artur de Camelot.
Senti tanto orgulho em segurar-te
nos meus braços quando nasceste.
Sentirei ainda mais orgulho
em ver-te casar.
Pobre Artur. O único dote
que lhe levo é uma terra em perigo.
- Mas amá-lo-ei, Oswald.
- Assim deve ser, filha.
Seria incapaz de casar com um homem
que não amasse.
Artur usa o poder com simplicidade.
Tem tanta doçura no olhar.
Nunca conheci ninguém como ele.
Como poderia amar alguém mais?
Alto!
Pode ser uma emboscada.
Olhai para as árvores!
Protegei a carruagem!
Não destroceis!
Esperai! Esperai!
Agora!
Continuai! Continuai!
Está tudo bem.
Eles estão a afastar-se.
Esperai!
Cuidado com o flanco!
Temos de saltar!
Vamos, Elise!
Quando chegares ao chão, rola!
Petronella, vamos!
Tem de ser!
Depressa!
Ela deve ter-se escondido.
Não pode estar longe.
Além!
Não te mexas.
- Quem és tu?
- lsso que interessa?
Mata-o!
- Que se passa?
- Eram três.
Nem respires.
Tu...pousa a espada.
- Quando acabar posso ficar com ela?
- Estavas a perseguir a mulher?
Claro. Alguma vez viste
algo assim tão belo?
- lsso não sei.
- Não a queres?
A sua pele macia, os lábios doces...
o corpo jovem e firme.
- Recebi ordens.
- E quem vai saber?
- Tenho de levá-la de volta.
- Eu guardo-a para ti.
- Não me demoro.
- Não quero problemas.
- Que está ela a fazer?
- Vê por ti. Fá-la voltar-se.
Olha-lhe nos olhos.
Vê o que ela tem para te dar.
Olá, beldade.
- Diz-me ... que tens para me dar?
- Vamos.
- Vamos.
- Vamos embora.
- Porque te arriscaste por mim?
Eles podiam ter-te matado.
- Não sou fácil de matar.
- Sabes quem sou?
Guinevere. A senhora de Leonesse.
- Então? Não te agrada saber
que salvaste a vida a uma senhora?
- Bastar-me-ia salvar uma leiteira.
- Ela não poderia recompensar-te.
Se fosse tão bonita como tu,
podia.
- Que fiz eu?
- lnsultaste-me.
- Agora, insultei-te eu.
- Como te atreves a tratar-me assim?
- Deduzo que não saibas o que fazes.
- Prestaste-me um bom seriço
e eu esquecerei o assunto.
- Por onde é o caminho?
- Nunca aqui estive.
- Como sabes onde fica a estrada?
- Vou adivinhando.
Estás a ver as aves de rapina?
Procuram pequenos animais
esmagados pelas carruagens.
- Quanto à recompensa...
- O meu criado pagar-te-á.
- Não quero dinheiro.
- Vou a caminho de me casar.
- Então ainda não és casada.
És livre.
- Dei a minha palavra.
- Não quero a tua palavra.
- Quero-te a ti.
- Não estou às ordens de quem quer.
- Porque não? Se tu me queres.
- Podes impressionar as criadas...
- Sei quando uma mulher me quer.
- Vejo-o nos olhos dela.
- Nos meus olhos não.
- Estás com medo, não estás?
- Nada tenho a esconder.
- Então olha para mim.
- Se tens um pouco de dignidade,
promete-me que não voltas a fazê-lo.
- Não sei nada de dignidade.
Mas prometo ... que não volto
a beijar-te sem que me peças.
Tal nunca farei.
- Quando te casas?
- No dia de São João.
Antes da alvorada do dia de S. João
pedir-me-ás que te volte a beijar.
- lnsultas-me e depois abandonas-me?
- A estrada é ali.
E aquilo, deduzo,
é a tua brava escolta.
- Minha filha... Deus seja louvado.
- As minhas damas estão bem?
- Fostes seguida, senhora?
- Não.
Não, não está ali ninguém.
O teu novo país espera-te.
- Se acontecer alguma coisa...
- Mandarei notícias. Não temas.
Manda o Jacob. Quero saber logo
as boas ou más notícias. Promete.
Prometo.
Prometo.
Lady Guinevere de Leonesse.
Bem-vinda a Camelot.
Deus seja louvado, estais salva.
Nada voltará a fazer-vos mal.
O meu senhor honra-me
com a sua bondade.
A vossa vinda traz-me uma felicidade
que nunca ousara esperar.
Não deveis considerar-me tanto
para não sofrerdes uma desilusão.
Então aceitar-vos-ei como sois,
se fizerdes o mesmo comigo.
Em Leonesse aguardam novas vossas.
John levará a vossa mensagem.
Concedeis-me os desejos
antes que eu fale.
Diz ao meu povo que cheguei bem
ao meu novo país.
Diz-lhe que viste os meus olhos
cheios de lágrimas de alegria.
Já uma rainha.
- Agravaine, que aconteceu?
- Uma emboscada, senhor.
- Malagant?
- Tem de ser.
- Lady Guinevere correu perigo?
- Todos corremos perigos, senhor.
Havia duas forças diferentes.
- Lady Guinevere correu perigo.
- Não estáveis preparados para eles?
Caíram tantos no primeiro ataque.
Como poderíamos adivinhar
que tinham uma segunda força?
Para Malagant não importa quantos
homens perde, desde que ganhe.
- Não voltarei a falhar, senhor.
- Sabemos que ninguém é perfeito.
- Mas preciso de saber tudo.
- Meu senhor.
Vinde.
Trepei esta colina em rapaz
e vi o que iria ser a minha cidade.
Chamei-lhe Camelot.
- É tão bela que me assusta.
- Porque dizeis isso?
Fui criada
a não acreditar na beleza.
''A beleza não dura'',
dizia o meu pai.
Lembro-me da forma como vos olhava.
Lembro-me de ouvi-lo dizer, -
- ''Pensarão todos os pais
que as suas filhas são tão belas?''
- Ele nunca me disse isso.
Camelot.
Bonita menina ...
Obrigado!
Poupaste-me uma grande corrida.
Sabe Deus quando ela pararia.
- É um belo animal.
- Digno de uma rainha.
- Sou Peter, o cavalariço do rei.
- Lancelot. Que rei?
O rei. Artur de Camelot.
Esta é uma oferta para a noiva.
Juravam que ele nunca casaria,
mas eu cá sabia.
Ele estava à espera
da mulher certa. Como todos nós.
Hoje vai haver festejos!
Vem! A festa começou!
Vence o desafio e conhece o rei!
Quem tem o coração de um leão?
Sê o primeiro
a vencer o desafio, -
- e estarás ali a beber com ele
como se ele fosse teu irmão!
Vem cá acima! Veste a protecção
e vence o desafio!
E vós aí?
Dai o vosso apoio
a este jovem corajoso!
Vence o desafio
e conhece a nossa bela rainha!
Dareis um beijo ao vencedor,
minha senhora?
Que tal? Vencer o desafio e
ganhar um beijo de Lady Guinevere, -
- que em breve será a nossa rainha!
Quem será essa pessoa?
Assim não, idiota!
Vem vestir a protecção primeiro!
Abaixa-te! És louco!
Assim vais matar-te!
Vamos!
Sim!
Beijo! Beijo! Beijo!
- Espantoso! Como te chamas?
- Lancelot.
Lancelot.
Não esqueceremos esse nome.
O teu prémio ...
- Pede.
- Não.
Pede.
Nunca.
Não ouso beijar dama tão bela.
Não quero perder o coração.
Vem.
Muito bem.
- Já tinhas jogado este jogo antes?
- Não, nunca.
- Como soubeste o que fazer?
- Vendo a aproximação do perigo.
Outros acharam-no muito difícil.
És o primeiro que consegue.
Talvez o medo os tenha feito recuar,
em vez de avançar.
- E tu não sentiste medo?
- Não. Nada tenho a perder.
Nem casa...nem família?
Tens uma profissão?
- Vivo pela espada.
- Combates por dinheiro.
Neste caso, ninguém te pagou.
Eu sabia que era capaz e fui.
Pois bem, Lancelot...
és um homem invulgar.
Nunca vi uma tal exibição
de coragem, habilidade, -
- sangue-frio, graça e... estupidez.
Vem.
Aqui, todas as vidas são valiosas,
até as dos estranhos.
Se tens de morrer, morre a serir
algo mais grandioso do que tu.
Melhor ainda,
vive ... e sere.
- A Távola Redonda.
- Sim.
O conselho supremo reúne aqui.
Ninguém está acima de ninguém.
São todos iguais ... até o rei.
''Ao serirmo-nos uns aos outros
tornamo-nos livres.''
lsto é o coração de Camelot.
Não são estas pedras, madeiras,
torres, palácios.
Queimem-nos todos...
e Camelot continuará vivo.
Bom, não interessa.
- Fica em Camelot. Convido-te.
- Em breve, far-me-ei à estrada.
- Que estrada?
- Aquela aonde me levar o acaso.
Achas que o que fazemos
é uma questão de acaso?
- Sim.
- No corredor há duas portas.
- Como escolhes entre elas?
- Não interessa. É tudo acaso.
Lancelot!
Ocorreu-me um pensamento ...
Um homem que nada teme
é um homem que nada ama.
E se não amas nada,
que alegria tens na vida?
Posso estar enganado.
Peter!
Mostra como ela cavalga.
- É tua.
- É linda.
O Peter pensa
que não é digna de uma senhora.
- Eu tê-la-ia escolhido.
- Bem sei.
- Como sabes?
- Recordas quando te juntaste a nós?
- Eras corajosa.
- O meu pai achou-me ''imprudente''.
Sempre foi parco em elogios.
Vem.
- Quase podíamos estar a sós aqui.
- Tens segredos a contar-me?
Não. Nenhum segredo.
Apenas uma pergunta a fazer.
Queres casar comigo?
Não és obrigada a casar comigo
porque o teu pai o queria.
Camelot protegerá Leonesse
quer cases comigo quer não.
Obrigada.
Não sabes o que significa para mim
ouvir-te dizer isso.
Queres ser libertada
desse compromisso?
Não. Quero casar contigo.
Não com a tua coroa, o teu exército
ou a tua cidade dourada. Contigo.
- Comigo?
- Sim. Se me amares.
- Recordas-te disto?
- Magoaste-te na caçada.
Limpaste o sangue
com a manga do teu vestido.
A manga ainda tem a mancha.
Nunca pensara até então como deve
ser bom ser amado por uma mulher.
E pela primeira vez na minha vida,
quis ...
- O quê?
- O que os sábios dizem não durar.
O que não pode ser prometido nem
obrigado a ficar, como a luz do sol.
Mas não quero morrer, sem ter
sentido o seu calor no meu rosto.
Casa com o rei, Guinevere,
mas ama o homem.
Apenas sei uma forma de amar.
E é de corpo...coração...
e alma.
Beijo a ferida
que me trouxe o teu amor.
Experimenta-a.
- Quereis uma sela de senhora?
- Não é preciso.
- Ela é de uma rara beleza, senhor.
- Com efeito.
A égua também.
Que Deus nos dê a sabedoria
para descobrir o bem, -
- e a força
para o fazer durar.
Como sabeis,
em breve casar-me-ei.
- E já não é sem tempo.
- Apoiado!
Tivemos a nossa dose de guerra.
Agora, anseio por dias mais calmos.
Mas antes, façai entrar o convidado.
- Malagant...
- Malagant está aqui a meu convite.
Permiti que felicite o rei
pela proximidade do seu casamento.
Vejo que o meu lugar
ainda não foi ocupado.
- Fui o teu primeiro cavaleiro.
- Partiste de livre vontade.
Cada um de nós
tem um caminho a percorrer.
E teu caminho aonde te leva?
A Leonesse?
Leonesse é meu vizinho. Ofereci
à senhora um tratado de amizade.
- Queimar aldeias é amizade?
- Sim, minha senhora ...
A vossa terra está a ficar sem lei.
Não fostes recentemente atacados?
- Sabeis quem nos atacou.
- Achei que me competia saber.
- Foi feita justiça.
- Só conheceis a vossa lei!
''Forças armadas com acesso
a toda a Leonesse.''
''Tropas para ajudar à aplicação
da lei...em toda a Leonesse.''
- Queres assinar isto?
- Nunca o assinarei.
Ela é muito corajosa ...
agora que está para casar.
- Camelot protegerá Leonesse?
- Leonesse precisa de protecção?
Ora, Artur.
Estou aqui para resolver isto.
Sozinha Leonesse é muito fraca.
Dividamo-la pelos dois.
O menor cede ao maior.
Que terra é superior a Camelot?
A terra da justiça.
Vamos ... selemos o acordo.
Viveremos juntos como amigos.
Não te compete
fazer essa oferta.
Todos me conheceis.
Sabeis que cumpro a minha palavra.
Não façais de mim um inimigo.
- Não quero fazer mal a Camelot.
- Sabes a que lei obedecemos.
Onde está escrito que, para lá
de Camelot, vivem povos inferiores?
Povos tão fracos que não
se defendem, é deixá-los morrer?
Outros povos cumprem outras leis.
Ou a tua lei governa o mundo?
Há leis que escravizam o homem
e outras que o libertam.
Ou aquilo que consideramos justo,
bom e verdadeiro -
- é justo, bom e verdadeiro
para os homens aos olhos de Deus, -
- ou não passamos de salteadores.
As tuas palavras estão a pôr fim
à paz e a levar-te para a guerra.
Há uma paz que só se encontra
depois da guerra.
Se essa guerra for necessária,
travá-la-ei.!
- E eu!
- E eu!
O grande Artur...
e o seu grande sonho.
Nenhum sonho dura para sempre.
- Qual é a situação do exército?
- Quatro batalhões, dois de resera.
- Duplicaremos a vigilância.
- Malagant não quer a guerra.
Armai as reseras.
Ele quer guerra.
- Quer Leonesse como estado-tampão.
- Ele quer Camelot.
- Quando poderá atacar?
- Ele está a cinco dias de marcha.
Lá se acabaram os dias mais calmos.
Quem vem lá?
Trago uma mensagem
para Lady Guinevere!
Entrai.
- Minha senhora, é o Jacob.
- Onde?
- Dirige-se para o portão norte.
- Leonesse...
Jacob ...
- Cuidado com o degrau.
- Jacob, o que se passa?
Levaram Lady Guinevere!
Levaram? Levaram para onde?
Para um barco. Do portão norte
para a floresta.
Já enviei batedores e cães.
Quero um batalhão de guardas.
- Dai-me os homens.
- Não. É isso mesmo que ele quer.
- Leva uma brigada, já!
- Senhor.
Ele não lhe fará mal, senhor.
Ela é demasiado preciosa.
Eu daria a minha vida por ela.
E se ele pedir mais?
Bem-vinda ao meu palácio...senhora.
Acho que podemos libertar a senhora
da sua prisão.
Se ela assim o desejar.
O que é isto?
O vestido está rasgado. Ralph...
Ordenei que não fizésseis mal
à senhora.
O vosso vestido está todo estragado.
Vós ...
... quase ...
... uma rainha ...
Ralph. Tu fizeste isto?
- Sim, meu príncipe.
- Vês?
É isto
que Artur não compreende.
Os homens não querem fraternidade,
querem chefia.
Vamos?
Este foi em tempos
o maior castelo jamais construído.
Agora cresce era nos corredores
onde em tempos os reis festejavam, -
- e os camponeses levam as paredes
para fazerem abrigos para os porcos.
- É assim a glória.
- Que tencionais fazer comigo?
Manter-vos aqui
até que Artur seja razoável.
Ele não troca Leonesse por mim.
Eu preferia morrer e ele sabe-o.
O auto-sacrifício é muito fácil.
Mas sacrificar alguém que se ama
põe à prova as nossas convicções.
Estou certo que Artur compreenderá
o benefício de um compromisso.
lsto chama-se uma oubliette.
É como se chama em Francês
um lugar onde se esquece.
Os vossos aposentos, senhora.
Sem portões, grades ou trancas.
Apenas ar.
Podeis mostrar-vos!
Estou desarmado e sozinho!
- Quem és tu?
- Um mensageiro do rei.
- Ele veio só?
- Sim, meu príncipe.
- Que mensagem trazes?
- Lady Guinevere está bem?
Está bem. Tens a minha palavra.
- Tenho de vê-la com os meus olhos.
- A minha palavra não te basta?
Sou um homem simples.
Não tenho utilidade para palavras.
Ele traz mesmo uma mensagem.
Leva-o ao poço e trá-lo de volta.
- Já a viste. Vamos embora.
- Não.
- Ainda não entreguei a mensagem.
- Está bem. Levamos-te à força.
Salta! Salta!
Vamos! Salta!
Se a água consegue sair,
nós também conseguimos. Vamos.
Não! Espera!
Dispara!
Porque parámos?
- Estou cansado.
- Não acredito.
Combates enquanto sonhas.
- Que estás a fazer?
- Verás.
Vamos, bebe.
Outra vez.
- Onde aprendeste isso?
- Vivi quase sempre ao ar livre.
Não tens casa?
Não, não tenho casa.
Há já muito tempo.
- Deve ser difícil.
- Porquê?
Sou senhor de mim próprio.
Vou para onde quero.
Para quê construir uma casa
para os opressores a queimarem?
Foi isso que aconteceu?
Que Deus te defenda de um tal dia.
Que idade tinhas?
Mãe!
Pai!
Foi há muito tempo.
- Que Deus nos defenda de tal dia.
- A mim não me defendeu.
- Claro que defendeu.
- Para quê?
Fez de ti quem tu és.
Um homem que não teme nada.
Podes usar esse dom.
Senão, mais valia teres morrido.
Não sabes quantas vezes desejei
que isso tivesse acontecido.
Mas não morreste. Ficaste vivo.
- Diz-me o que devo fazer.
- A vida é tua.
Dou-ta.
Esqueces que estou noiva.
Se pudesses escolher livremente,
casarias com Artur?
- Eu sou livre. Tão livre como tu.
- Prova-o.
- Como?
- Esquece quem és.
Deixa o mundo e os que nele vivem...
desaparecerem, excepto nós.
Faz o que queres fazer.
Aqui. Agora.
Ali está ela!
Obrigado, Senhor.
Obrigado.
Obrigado. Podes ir.
Deves ter outras coisas para fazer.
Tu devolveste-me a vida.
Deixa que te devolva a camisa.
- Diz-me o que queres e será teu.
- Fiz o que qualquer um faria.
Arriscaste a vida por outro.
Não há maior amor que esse.
Enganaste-me.
Mas agora ... sei a verdade.
Não queres nada para ti.
Nem bens, nem casa, nem fito, -
- apenas o espírito apaixonado
que te impele.
Deus sere-se de pessoas como tu.
Porque tens um coração aberto,
dás-te todo.
Se me conhecêsseis melhor,
não diríeis tais coisas.
Eu aceito o bom e o mau.
Só sei amar por inteiro.
Agora, acabaram os protestos.
Deixa-me agradecer-te como sei.
Estão a dar-te as boas-vindas.
Devemos a vida de Lady Guinevere
a um homem.
Lancelot.
Acredito que vem a Camelot
com um propósito, -
- embora
ele próprio não o saiba.
O que estou prestes a oferecer
a este homem já lhe pertence
Há um lugar vazio.
- Fá-lo-íeis cavaleiro, senhor?
- Não ofereço uma vida de regalias.
É uma vida de seriço.
Se quiseres, é tua.
- Nada sabemos sobre ele.
- Talvez devêssemos discutir...
Basta! Que tens a dizer?
Queres juntar-te a nós?
Meu senhor, posso falar?
Devo a este homem
mais do que qualquer um de vós.
Ele merece todas as honras
que possais dar-lhe.
Mas o lugar dele não é em Camelot.
Ele é um homem solitário.
É nessa liberdade e solidão
que está a sua força.
Se quereis honrá-lo,
tal como eu, de todo o coração, -
- honremo-lo tal como ele é.
Deixai-o partir, só e livre ...
e com o nosso amor.
Então ... Lancelot?
Lady Guinevere entende-me bem.
Mas aqui, entre vós, -
- encontrei algo que desejo
mais do que a liberdade.
Seria doloroso para mim
deixar-vos.
Bravo! Juntas-te então a nós?
- Sim.
- Bem-vindo.
lsto é apenas o começo.
Passa esta noite a rezar, -
- pois amanhã renascerás
para uma nova vida.
- Porquê?
- Sabes bem porquê.
- Por favor, deixa Camelot.
- Quero estar onde estiveres.
Não deves dizer-me essas coisas.
Não digas nada.
Deixarei Camelot já,
se vieres comigo.
- Não.
- Diz então que não me amas.
Não te amo.
Erguei-vos, Sir Lancelot.
lrmão para irmão,
vosso na vida e na morte.
lrmão para irmão,
vosso na vida e na morte.
lrmão para irmão,
vosso na vida e na morte ...
Juro amar e serir Guinevere,
a minha verdadeira e legítima rainha.
Juro amar e serir Guinevere,
e proteger a sua honra.
Jacob ...
Perdoai-me, senhora.
O *** Malagant tomou Leonesse.
Leonesse ...
Os portões estão abertos.
- Vamos passar aqui a noite.
- Onde, senhor?
Além.
É demasiado exposto, senhor.
Nunca o poderíamos defender.
Senhor.
Eles não estão aqui.
Não há aqui ninguém!
Preparar!
Disparar!
À carga!
Atacar!
- Arqueiros em posição.
- Manter a posição.
- A ala esquerda está a recuar.
- Segundo batalhão à esquerda!
O centro está a resistir?
À carga!
- Eles estão a dividir-se.
- Não os persigais.
- O primeiro batalhão está pronto.
- Soai a avançar.
- Estão a fugir. Perseguimo-los?
- Não. Deixai-os ir.
Para Leonesse!
Muito bem.
A vossa espada ... Sir Lancelot.
Não!
Não!
- Saí.
- Eles estão vivos.
Estás a salvo. Não tenhas medo.
Estamos felizes por estardes salvo.
Há aqui um degrau. Cuidado.
Deus vos abençoe, senhor.
Estou tão velho ...
Posso ir para casa agora?
Posso ir para casa agora?
Podes.
Sim, podes ir para casa.
Deus vos abençoe, senhora.
Elise ...
Vim despedir-me
e desejar-te sorte.
A noite foi longa.
Não dormiste nada.
- Para onde vais?
- Para onde me levar a estrada.
Quando voltaremos a ver-te?
Não creio que volte aqui.
Nunca?
Nunca.
Sei o que tenho a fazer agora.
Dantes, não acreditava em nada.
Mas acredito em Camelot.
E seri-lo-ei melhor se partir.
Diz ao rei que nunca esquecerei
que ele viu o que tenho de melhor.
E que digo a mim própria?
Houve uma vez um homem
que te amou de mais para te mudar.
Não o esquecerei.
Abriguei-me com ele uma vez
debaixo de uma árore ... à chuva.
Lancelot ...
- Minha rainha.
- Devo-te um beijo.
Estou a pedir-te.
Porquê?
Porquê?
O rei pergunta por vós, senhora.
Peço-te que não me mintas,
embora penses que vais magoar-me.
- Entregaste-te ele?
- Não, meu senhor.
Ama-lo?
Sim.
- Onde foi que te decepcionei?
- Nunca me decepcionaste, senhor.
Vi a tua expressão quando o beijaste.
O amor tem muitas faces. Olho-te
doutro modo, mas com igual amor.
Uma mulher que ama dois homens,
tem de escolher entre eles.
- Eu escolho-te a ti.
- A tua vontade escolhe-me.
- O teu coração escolhe-o a ele.
- A vontade sobrepõe-se ao coração.
Pensas que valorizo tanto
os meus sentimentos? Eles passam.
A vontade é que me mantém
no curso da vida.
Tal como a minha, todavia,
basta-me olhar para ti, -
- e tudo aquilo em que acredito
desfaz-se em nada.
- Tudo o que quero é o teu amor.
- Ele é teu.
É? Então olha para mim
como olhaste para ele.
Eu dei um momento a Lancelot.
Sim, estás inocente.
Mas ama-lo!
Mais um pouco dessa inocência
e enlouquecerei.
- Farei o que me mandares fazer.
- Não sei o que pensar.
Já não vejo a estrada diante de mim.
Só os incautos sonham
com aquilo que não podem ter.
Perdoa-me.
Que há a perdoar?
Sonhei o sonho que eras tu.
Foi um sonho bom ...
... enquanto durou.
- Destranca a porta.
- Senhor.
- Meu senhor?
- Quem faz as perguntas sou eu.
Vieste a Camelot
para me traíres?
- Não, senhor.
- Desejaste-a. Perseguiste-a.
- A rainha está inocente.
- lnocente?
Eu vi-a nos teus braços.
Confiei em ti, e tu traíste-me.
- Nunca quis magoar-vos.
- Não me deixas nada! Nada!
Serás acusado de traição.
Defende-te em tribunal.
A lei julgar-te-á!
Que Deus nos dê sabedoria
para descobrir a justiça, -
- e força
para a fazer perdurar.
Ámen.
Estava enganado quanto a Lancelot.
Como homem, posso perdoar...
Como rei, quero que se faça justiça.
Amanhã, haverá um julgamento
na praça grande.
- Na praça grande?
- Resolvamos o assunto em privado.
Pensais que a honra de Camelot
é um assunto privado?
Terei de esconder-me em cantos
escuros como se tivesse vergonha?
Abri os portões.
Quero toda a gente lá.
Que todos os cidadãos vejam
que a lei governa em Camelot.
Guinevere, senhora de Leonesse,
rainha de Camelot, -
Guinevere, senhora de Leonesse,
rainha de Camelot, -
- e Lancelot,
cavaleiro do conselho supremo, -
- são acusados nas suas pessoas
e em conivência, -
- de desonra ao reino
e violação dos direitos do rei.
Estes crimes constituem
um acto de traição contra Camelot, -
- e o castigo, segundo a lei,
é a morte.
- Sir Lancelot pode falar.
- Só falarei com o rei.
Senhor.
A rainha está inocente.
Mas se a minha vida, ou morte, -
- sere Camelot, aceitai-a.
Fazei o que quiserdes de mim.
lrmão para irmão,
vosso na vida e na morte.
É desejo do rei
que a rainha seja interrogada?
Que Deus me perdoe.
É desejo do rei
que a rainha seja interrogada?
- Quem vem lá?
- Quem vem lá?
Guardas!
Fechai os portões!
Ninguém se mexe ou Artur morre!
Eu controlo os portões da cidade.
Em cada telhado,
tenho homens com tochas acesas!
Basta-me levantar o braço
e a tua cidade dourada fica a arder.
A lei agora sou eu! Obedecei-me
como obedecestes a Artur.
Eles estão desarmados, Malagant.
Se é a mim que queres,
aqui estou.
Olhai para ele! Olhai
para o grande Artur de Camelot.
É um homem a acordar dum sonho.
Os fortes governam os fracos!
Assim fez o teu Deus o mundo.
Ele dá-nos força durante um tempo,
para nos ajudarmos uns aos outros.
O meu Deus dá-me força
para eu viver a minha vida!
Artur diz, ''Seri-vos uns aos outros.''
Quando vivereis as vossas vidas?
Esta é a liberdade que vos trago!
Liberdade deste sonho tirânico!
Liberdade desta lei tirânica!
Liberdade deste Deus tirânico!
Quero que o teu povo
te veja ajoelhar perante mim.
Ajoelha-te perante mim, ou morres.
Demasiado orgulhoso, Artur? Pensas
que morto seres melhor o teu povo?
Já não me resta qualquer orgulho.
O que faço agora,
faço pelo meu povo e por Camelot.
E que ele me perdoe.
Este é o meu último acto como rei.
Não tenhais medo.
Tudo muda.
Eu sou Artur de Camelot.
Ordeno-vos agora, a todos ...
... que combatais! Combatais!
Como nunca combatestes!
Não!
- Camelot vive!
- Queimai tudo!
Não! Cuidado!
Vamos!
Espada!
Camelot não cederá
à tirania de Malagant!
- Não podemos fazer mais nada?
- Lamento.
- Lancelot ...
- Sim, meu senhor?
- Onde está a minha espada?
- Aqui.
O mais fiel... o primeiro cavaleiro.
Camelot é agora a tua casa.
Tu és o futuro ...
O futuro de Camelot.
Cuida dela por mim.
Cuida dela.
Sinto-o agora, meu amor.
A luz do sol.
Está no teu olhar.