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"POSSESSÃO"
"Dizem que as mulheres mudam
É fato
Porém tu és sempre constante
em tuas mudanças
Como a corrente calma
da queda de um rio
Desde tua fonte
até a piscina calma
Sempre renovada
e sempre indo adiante
Do começo ao fim...
Do começo ao fim
uma miríade de gotas d'água
E tu... eu te amo por isso
És a força que
move e molda a forma"
Senhoras e senhores,
acabaram de ouvir um trecho...
de uma das duas únicas cópias
desse poema...
escrito pelo Sr. Randolph Henry Ash,
poeta laureado pela rainha Vitória.
Essa linda ode dedicada
à sua felicidade conjugal...
escrita de próprio punho, dá início
aos nossos lances de hoje.
Começaremos os lances
com £ 40.000.
- É uma monstruosidade.
- Sim... mas importante.
- É de Randolph Ash.
- É? Com quem você trabalha mesmo?
- Sou Roland Michell.
- Quem?
Assistente de pesquisas
do Prof. Blackadder.
- Não era o Dr. Wolfe?
- Fergus agora leciona em St. John.
- Em meu lugar.
- Claro, foi isso.
Dr. Wolfe falou sobre você.
É o americano que está aqui.
Tenho certeza que há outros, afinal,
essa é a nossa colônia favorita.
£ 10.000, alguma oferta?
£ 10.000. £ 11.000.
Quando vão mostrar
suas bugigangas? Olhe!
- Maud, é Mortimer Cropper.
- Sim, alguém que deveria conhecer.
- Você o conhece?
- Sua história. E algumas palestras.
É mesmo? Ouvi dizer que
ele é um colecionador voraz.
Sua sede de conquista é bastante
conhecida. Qualidade masculina.
- É vulgar, mas vou me apresentar.
- Está bem.
Droga!
Com licença.
Perdão. Obrigado.
Prof. Cropper? Fergus Wolfe.
Já conversamos uma vez em Trinity.
- Creio que não se recorda.
- Sinto muito, mas não.
- Bonito casaco.
- Obrigado.
- Você trabalha com...?
- James Blackadder.
Você é um dos garotos de
Blackadder, no Museu Britânico.
Como vai? Hildebrand Ash.
Homem de lazer.
Como vai?
Não sei por que Blackadder vem
a esses lugares. Não tem dinheiro.
Bem, ele é irlandês.
Adora se sentir perseguido.
"Querida madame...
desde a nossa agradável conversa,
não penso em outra coisa.
Escrevo por sentir
necessidade de continuá-la.
Querida madame, sei que
só foi à festa de Robinson...
porque ele prestou assistência
ao seu falecido pai."
Com licença, senhor.
A refeição está servida.
Obrigado.
- Ora. Olá.
- Olá.
- Meu inquilino. Seu sherry noturno.
- Obrigado.
- Candy, Roland. Roland, Candy.
- Olá, de novo.
- Seja um amor, e vá ver o pato.
- Certo.
Então? Não vai entrar?
- Como sempre sabe que sou eu?
- Sou advogado. Eu sei tudo.
- Candy, é?
- Não, não. Candy é apenas uma amiga.
Por quê? Está interessado?
- Não dou em cima das mulheres.
- Pode ficar por cima das mulheres.
- Por que nos sentamos no corredor?
- Porque é o melhor lugar da casa.
Eu comprei essa casa
por causa do corredor.
Encontrei uma coisa incrível hoje.
Na Biblioteca de Londres.
- Um lugar para sentar?
- Não.
Encontrei algo pertencente ao Ash.
Conhece Randolph Ash?
Ash? Não está acontecendo
algum tipo de celebração...?
- É o centenário de seus poemas.
- São muito piegas.
Tem algo a ver com a sua morte,
não é? A mesa está posta, querida?
- Quanto custa a hora?
- Não. Candy é realmente uma amiga.
Não ela, você! Quanto cobra
por hora? Aproximadamente?
- Não sei... 500.
- Libras?
- Por isso que seu corredor é bonito.
- Obrigado.
Quero comprar sete minutos de
serviços advocatícios, agora.
Entre em meu escritório.
- Ash escreveu estes.
- Não são originais, são?
Meu Deus. Quanto tempo ainda tem?
Tenho que pensar em sua defesa.
- São praticamente cartas de amor.
- Um pouco ousadas.
Ash, supostamente, nunca olhou para
outra mulher durante seu casamento.
Imagine o que aconteceria caso seja
provado que o Sr. Marido Perfeito...
tinha um lado shakespeariano obscuro
em relação às damas.
Querido, o pato está pronto.
Pode ser um amor e preparar o molho?
Sim.
- Pato, é?
- De Pequim. Na verdade, da esquina.
Mas isso é incrível.
Seria reescrever a História.
É, seria.
POEMAS DE AMOR
CENTENÁRIO 1900-2000
CELEBRAÇÃO DA POESIA
DE RANDOLPH HENRY ASH
MUSEU BRITÂNICO
APENAS PESSOAL AUTORIZADO
- Bom dia.
- Bom dia.
- Roland.
- Professor.
- Acho que fiz uma descoberta.
- Do que já foi descoberto 20 vezes.
- Não penso assim.
- Surpreenda-me.
Dentro do livro de Vico, de Ash,
na biblioteca, há vários bilhetes.
- Útéis?
- Muito.
Melhor dar uma olhada,
antes que Cropper assine um cheque.
Ele estava brincando ontem no leilão!
£ 1.900 por um palito!
- Fergus! Onde está Fergus?
- Supostamente lecionando.
- Eu irei com o senhor.
- Não é necessário.
Novatos cometem gafes,
os sábios investigam as descobertas.
Continue trabalhando nos malditos
pedidos sobre as coisas de Helen.
De lá, vou direto para a minha aula.
Obrigado, Roland, pela grande
descoberta. É magicamente delicioso.
- Ele é malvado.
- Palavra suave para o que ele é.
Os "malditos pedidos", por favor.
Quantos potes de geléia de groselha
a esposa de Ash fez em 1850?
Isso não é serviço para um adulto.
Groselha.
Culinária.
Geléia de groselha.
Culinária. 142.
Que tal uma festa pequena
e informal? 1859.
"Minha dor de cabeça ontem
à noite não me permitiu...
acompanhar Randolph ao jantar
do querido Crabb-Robinson...
para a poetisa Christabel LaMotte.
Estava relutante em ir sem mim...
mas fui persistente e consegui
persuadi-lo a ir."
- Ash, conhece o Prof. Spear?
- Muito prazer. Boa noite.
- Esta é a Sra. Jameson.
- Encantada.
- Srta. Glover.
- Srta. Glover.
E Srta. LaMotte.
Srta. LaMotte.
É um imenso prazer.
"Randolph disse que
a festa foi de fato muito boa.
A discussão em torno de
poesia foi animada...
com a Srta. LaMotte falando com
mais energia do que esperavam."
Surpreende-me que uma dama que
vive tão reclusa quanto a senhorita...
tenha conhecimento de
meu modesto sucesso.
Eu o conheço bem, já que o jornal
o exalta semanalmente.
- Porém, o senhor me surpreende.
- E por quê?
A julgar pelo seu trabalho,
surpreende-me que saiba quem sou...
ou qualquer outra mulher, pelo pouco
respeito por nós em suas páginas.
A senhora me fere, madame.
Sinto muito. Quis apenas arranhar.
Fergus!
Olá, Roland. Como vocês camaradas
perguntam? "O que manda?"
Geralmente dizemos apenas "oi",
a menos que você seja gay.
Ouça. Deixe-me perguntar-lhe algo.
Conhece uma Dra. Maud Baily?
Maud? Eu a conheço bem. Leciona
Estudos de Gêneros, em Lincoln.
Ela poderia me ajudar? Estou
pesquisando Christabel LaMotte...
uma poetisa que escreveu
em torno de 1859.
- Sim, mas por que o interesse nela?
- Nada. Estou trabalhando...
nos papéis de Helen Ash, e o nome
de LaMotte apareceu, então...
Puxa, trabalhar nos papéis de Helen,
isso é fim de carreira.
Mas preciso manter minha carreira,
então vou fazer o trabalho.
Publique ou pereça, é o que dizem.
No seu caso, pereça ou pereça.
- Então conhece essa tal de Maud?
- Sim, mas eu tomaria cuidado.
- Por quê? Como ela é?
- Arrancaria sangue dos homens.
- Que ótimo.
- Ou, como dizem os americanos...
ela é um "pé-no-saco".
Sr. Michell?
O quê? Sinto muito.
- Roland Michell?
- Sou eu.
- Você é Maud?
- Baily. Dra. Baily, sim.
Não há nada em meu índice.
Nenhuma menção ao Ash.
- Ash e LaMotte se conheceram.
- É mesmo? Quando?
Junho, 1859. No jantar oferecido por
Crabb-Robinson. Está em seu diário.
E você concluiu, a partir disso,
que se correspondiam?
Encontrei um rascunho
não terminado de uma carta...
- Endereçado a LaMotte?
- Não. Apenas "Querida madame".
Havia três mulheres no jantar.
Das três, LaMotte é a mais provável.
Talvez haja algo
nas cartas de LaMotte.
Não há muito do período de Richmond.
No qual está interessado.
Sou descendente de Christabel.
Sou sua sobrinha em terceiro grau.
- Três graus.
- É o que "terceiro" significa.
- Talvez eu não devesse ter vindo.
- Parece de fato inútil.
Já que está aqui,
pode ver o diário de Blanche.
- Quem é Blanche?
- Blanche Glover.
A companheira de Christabel.
Sua amante. Parece surpreso.
- Eu não sabia...
- Não sabia que ela era lésbica.
Não, mas não me entenda mal.
Eu gosto de lésbicas.
Mas infelizmente não havia câmeras
de vídeo naquela época. Azar.
Agora entendo por que
acha que é improvável.
Não desse ponto de vista. Afinal,
ela poderia ter sido bissexual.
Não há nenhuma evidência... você
não leu nada antes de vir para cá?
- Isso é uma chamada oral?
- Sim. Não sabe nada sobre ela...
...e ainda faz ligações.
- Foi você quem a chamou de lésbica.
Cartas, cartas, cartas
Não para mim
Cartas não foram feitas
para eu conhecer ou ver
Obrigada, Jane.
- Não precisa escondê-las de mim.
- Não as estou escondendo.
Diz que não está escondendo,
mas está.
Escondidas como se fossem
do próprio cupido.
- O que ele quer?
- Ser meu amigo.
Amigo.
Sempre dão um nome decente
ao que querem.
Blanche, não.
Blanche, ouça.
O que temos é nosso.
Ninguém pode mudar isso.
Já mudou.
- Encontrou alguma coisa?
- Talvez.
Então o que são esses marcadores?
Blanche fala sobre cartas...
que Christabel escreveu e recebeu.
Quase enlouqueceram Blanche.
- Onde estão?
- Perdidas. Destruídas. Quem sabe?
Há muitas coisas que não temos.
Nenhuma pintura de Blanche apareceu.
- Quem acha que as escreveu?
- Nunca foi possível verificar.
Mas Ash não é um dos candidatos.
Você não tem nada.
Foi só um pensamento. Um de muitos
hoje, e você repudiou a todos.
Sim. A mim parece uma caça aos
gansos selvagens.
- Gostaria de fazer mais leituras.
- Então pensa em passar a noite aqui.
Não posso pagar, a menos que queira
que eu fique à sua porta de entrada.
Suponho que posso hospedá-lo
por uma noite, não posso?
- Sem dúvida conhece Fergus Wolfe.
- Estamos no mesmo departamento.
Ele deve ter-lhe dito que...
ficamos juntos, ocasionalmente.
- Não, não disse.
- O que ele...?
Disse alguma coisa... sobre mim?
Não.
Vou usar o banheiro primeiro
e sair do seu caminho.
Por favor. Sou do tipo que só
escova os dentes e dá a descarga.
Esqueça que eu disse isso.
Maud. Posso mostrar-lhe algo?
- Estes são...?
- Originais.
- Como...?
- Eu os peguei.
- Pegou-os?
- Eu os roubei.
- De onde?
- Da Biblioteca de Londres.
- Como pôde fazer isso?
- Foi um impulso.
Impulso?
- Vi essa atitude de pegue e leve...
- Em outros americanos.
O que vocês têm contra
os americanos?
Sei que não deveria ter feito isso,
sei disso. Mas, Maud!
Quero descobrir o que aconteceu.
Ele enviou a carta, ou não?
Pode não concordar comigo,
mas o diário de Blanche dá indícios.
- Não deveria ter sido descoberto?
- É o que torna isso tão grande.
- Potencialmente grande.
- Bem, ninguém jamais descobriu.
Provavelmente porque esses
nunca foram enviados.
Está fazendo a lição de casa?
Não. Estou apenas escrevendo coisas.
Coisas para mim. Não é nada.
- É um poeta enrustido.
- De araque, na verdade.
- Só estou brincando.
- É isso que quer ser quando crescer?
Não. Quero estar seguro
e lecionar como todo mundo.
Além do mais,
não há mais poetas.
Bem, poeta.
Quer conhecer a casa de Christabel,
antes de ir?
Michell está atrasado novamente.
Roland pediu mais um dia de folga,
Fergus.
- E para onde ele foi?
- Não perguntei, e ele não disse.
Ele é americano, afinal de contas.
Deve estar por aí traficando drogas.
- Suas descobertas significaram algo?
- O "Vico" de Ash? Está sonhando?
Vico? Não, tem a ver com
Christabel LaMotte.
Ele foi ver a Dra. Baily, em Lincoln.
Uma mulher.
LaMotte.
- Não.
- Não deve significar nada.
- Exatamente.
- Ou ele teria lhe dito.
Não teria?
- A casa fica lá.
- Quanto tempo viveu em Seal Court?
Muito tempo.
Mais de vinte anos.
- Perdão.
- Desculpe.
"À prateleira empoeirada aspiramos."
Vamos passar em Seal Court
antes de você pegar o trem.
O que faz em Londres, Sr. Michell?
É professorm, também?
Na verdade, ainda não.
Eu tenho uma bolsa de estudos.
- Significa o que, exatamente?
- Desempregado.
- A minha área é poesia vitoriana.
- Já houve uma poetisa nesta casa.
Coisas terrivelmente sentimentais,
como Deus, morte, orvalho e fadas.
Por que não mostra o quarto de
Christabel ao jovem, Maud?
E por que não passam a noite aqui?
Não são obrigados a ficar. Joan é
assim mesmo. Sente falta da filha.
- É um longo caminho de volta.
- Não, estamos bem.
Se é assim...
Mal subimos aqui.
A cadeira de rodas, claro.
Nos alojamos no térreo.
Não subo aqui desde que
era criança.
- Não é a mesma foto em sua casa?
- Sim, é a sobrinha de Christabel...
May. É a minha trisavó.
Christabel escreveu dezenas de
poemas sobre este lugar.
Quem são os que assombram
nossos sonhos
E enfraquecem nossos desejos
e nos viram a face
E em noites de inverno
dormem com os olhos abertos
Bonequinha guarda um segredo
mais seguro do que um amigo
A simpatia silenciosa da bonequinha
perdura eternamente
Sem pressa nenhuma
é assim que eu faço
Para viver uma vida longa
em um quarto escuro
Maud.
É incrível, não é?
Fergus, sou eu.
Estou fora da cidade, a negócios.
Encontrei uma conexão entre
Christabel e Randolph Ash.
Tenho algumas perguntas para lhe
fazer. Ligue para O15-2263-2416.
Roland.
Roland.
Roland.
- Não.
- Roland, sou eu. Maud.
- O que é?
- Ouça...
"Bonequinha guarda um segredo
mais seguro do que um amigo
A simpatia silenciosa da bonequinha
perdura eternamente"
Deus.
Eu tinha tanta certeza.
Simpatia... Simpatia...
Significa o quê?
Afeição mútua ou compreensão.
Favor, pena ou concessão.
Mas não é isso, é?
Não é nada disso.
Ela utiliza a simpatia silenciosa
em um contexto mais clássico.
Como estrutura ou suporte. Ocultado,
não por dentro, mas debaixo de algo.
Há uma porta. Há uma porta.
Não acredito.
- Tenha cuidado. São preciosas.
- Terei muito cuidado.
- Eu não devia estar fazendo isso.
- Então por que me arrastou até aqui?
- O que está fazendo?
- Como assim? Vou lê-las.
- Tem que pedir aos Baily.
- Peça, e, quando as vir novamente...
...estarão expostas em Novo México.
- Pare, pare. Tudo bem.
Podemos fazer a coisa certa? Vou
descer e pegar blocos, canetas...
Está bem. Vá, vá. Depressa.
Veja. Temos aqui as cartas de
Ash e Christabel. Venha ver.
O quê?
"Querida Srta. LaMotte. Foi um prazer
conversar com a senhorita...
na festa do caro Sr. Crabb-Robinson.
Espero que também tenha apreciado
a nossa conversa.
Poderei ter o prazer de visitá-la?"
Ela diz que não.
"Mas o senhor poderá escrever.
Não prefere uma carta imperfeita...
a um sanduíche de pepino,
por mais delicioso que seja?
Sabe que sim e eu também sei."
"Fiquei encantado e tocado por
sua breve descrição de seu pai."
"Escrevo bobagens.
Mas, se responder...
terá um sóbrio relato
do que quiser saber.
Sua para sempre, em certos aspectos,
Christabel LaMotte."
"Onde nasci, era um lugar pequeno
também, não aberto como este.
Um brilhante e empoeirado
ninho de mistérios.
Um gabinete de curiosidades.
Com o que os meus olhos
se iluminam?"
"Sou a criatura de minha caneta,
ela é a melhor parte de mim.
- Envio-lhe dois novos poemas."
- "Li seus contos míticos de Maia...
e os achei charmosos,
mas também tristes.
Os versos são ricos, porém
a metáfora é ainda mais rica."
"Querido Sr. Ash, vivo de forma
circunscrita e auto-suficiente.
É melhor assim. Não como
uma princesa em seu quarto...
ou uma aranha em sua teia...
inclinada a acabar com
visitantes ou intrusos...
não os distinguindo
até que seja tarde demais.
- Não é sensato visitar-me."
- "Sei que vive discretamente...
mas serei discreto. Quero apenas
conversar sobre Dante e Shakespeare.
Wordsworth. Coleridge. Goethe.
Não esquecendo da Srta. LaMotte.
E seu ambicioso projeto
sobre fadas."
"Ó senhor, coisas tremulam e mudam...
cintilam, brilham e piscam.
Passei a tarde inteira
sentada perto da lareira...
cedendo ao braseiro de carvão
que está se apagando...
para o qual estou me conduzindo.
Ao pó sem vida, senhor."
"Minha querida amiga... posso
considerar-me um amigo, não?
Falo como falaria com qualquer um
que conhecesse meus pensamentos.
Pois meus pensamentos passaram
mais tempo com você...
do que com qualquer outra pessoa,
nestas últimas semanas.
Onde estão meus pensamentos,
lá estarei eu em verdade."
"Querido amigo...
sinto que há perigo em
continuarmos nossas conversas...
O mundo não veria com bons olhos
a troca de cartas entre uma mulher...
solitária como eu
e um homem...
mesmo esse homem sendo
um grande poeta.
Vivendo assim, é imperativo
parecermos respeitáveis...
perante os olhos deste mundo
e os de sua esposa.
É um pacto selado. Uma escolha
de vida com a qual vivo feliz...
e não estou só neste sentimento.
Fiz minha escolha e
preciso mantê-la, caro amigo.
Seja paciente, generoso e perdoe.
Peço-lhe que
devolva minhas cartas...
assim, ao menos as nossas cartas
permanecerão juntas.
Eu conheci a chama,
mas não poderei senti-la mais.
Esta vai via correio. Perdoe-lhe
e perdoe a mim. Christabel."
"Querida Christabel, sua carta foi
um choque para mim, devo confessar.
No início, não fiquei chocado, porém
bravo, por você escrever tais coisas.
Entretanto, como perguntou
sobre minha esposa, eu direi.
Eu amo Helen,
mas não como amo você.
Existem razões que explicam por que
o meu amor por você não a magoaria."
Não sou uma esposa apropriada.
Sem filhos, sem contato físico...
Bobagem, Helen. Bobagem.
Há muitos tipos de amores.
Muitos.
E o nosso é bom.
Tem sido muito profundo.
"Devo dizer o que penso. Chamei-a
de minha musa, e de fato você é.
Poderia verdadeiramente
chamá-la de meu amor."
O quê?
- O que foi? Não faça isso?
- Ele envia-lhe sua resposta...
envia-lhe mais cartas,
e ela não responde. Ignora-o.
Típico.
Não. Ela escolheu sua vida
com Blanche. Não é típico.
É notável.
"Desejo que esta carta seja o pombo
que voltará com o ramo de oliveira.
Minhas cartas parecem os corvos
de Noé que se espalharam...
cruzaram o Tâmisa,
e ainda não voltaram.
Envio esta nota em mãos,
esperando que a receba."
Onde estão as cartas?
Sumiram.
Rasguei-as. Queimei-as.
- E as que estavam em minha mesa?
- A mesma coisa.
Imploro que voltemos
ao que éramos.
Querida, por favor.
"Esta casa era tão alegre...
e agora só há choro,
lamentações e dor.
Penso em quem poderia me apoiar
e penso em você, meu amigo...
que é a causa involuntária
de toda essa dor."
"Não me esqueço do primeiro
vislumbre de sua pessoa.
Iluminada por feixes da luz do sol.
Sonho à noite com o seu rosto.
Caminho pela vida ao ritmo da sua
escrita, soando em meus ouvidos."
"Jamais esquecerei o progresso,
tão brilhante, que houve entre nós.
Jamais havia tomado tamanha
consciência de todo o meu ser.
Não posso permitir que me queime,
tampouco posso resistir-lhe.
Nenhum ser humano pode ficar
no fogo sem ser consumido."
Vamos ler a última parte
mais uma vez.
"Não posso permitir que me queime,
tampouco posso resistir-lhe.
Nenhum ser humano pode ficar
no fogo sem ser consumido."
- Isso?
- É.
Obrigado. E...?
"E tomei a sua mão.
A minha repousou na sua,
com confiança e alívio."
Arrepende-se?
Deveria arrepender-me de ter ido
ao jantar de Crabb-Robinson.
Deveria, mas não me arrependo.
Nem mesmo no canto mais
sensível do meu coração.
O que faremos?
"Não quero prejudicá-la. Porém,
estarei na igreja amanhã às 12:00.
Rezarei com todo o fervor...
para que me acompanhe
em uma viagem a Yorkshire.
Uma viagem fora do tempo, além
de nossas vidas, aqui na Terra."
- Isto é incrível.
- Esta foi a última.
- Está brincando.
- Não.
Ela foi com ele ou não?
Mãos ao alto!
Vocês dois?
O que é isso, então?
- Nenhum mal foi feito, George.
- Como saber se não houve?
Acho que foi muito esperto da parte
de Maud encontrar o seu tesouro.
Sim...
mas preciso me aconselhar.
Quanto tempo acha que Sir George
levará para se aconselhar?
Algum tempo, mas não muito.
O diário de Blanche não diz
nada sobre aquela época.
Que tal Helen Ash? Ela mantinha
algum tipo de diário?
Sim, em Londres. Mas, no geral,
só coisas chatas, de donas de casa.
Pode ter ouro nessas coisas.
Devemos checar.
- Aqui é Baily.
- Baily.
- É o Dr. Heath?
- Não. Sou amigo de Maud Baily.
- Ela está aí?
- Não, não está.
Desocupe a linha, por favor. Estou
aguardando uma ligação do doutor.
- Tem visto Randolph Michell?
- Não desde hoje de manhã.
- Então o seu trabalho foi bem?
- A poeta de fadas? Não tenho idéia.
- Fala sobre Christabel LaMotte?
- Desocupe a linha.
Eu olhei o diário de Helen,
não há nada.
Mas isto deverá alegrá-la.
Faz parte da correspondência dela.
- Não vou perguntar se são originais.
- Eu não perguntaria.
"Querida Sra. Ash. No momento,
sou-lhe completamente estranha...
mas tenho algo para comunicar,
que diz respeito a nós duas...
e, no que se refere a mim,
é um caso de vida ou morte.
Posso tomar um pouco
de seu tempo para vê-la?
Errará ao manter estas evidências,
as quais agora lhe envio.
Não são minhas, nem suas.
O que digo é verdade e urgente,
como poderá constatar.
Sua, Blanche Glover."
Sra. Ash...
Talvez Blanche tenha guardado
as cartas e mostrado para Helen.
Tudo se encaixa perfeitamente.
Talvez os nossos departamentos
deveriam trabalhar nisso juntos.
- É o que quer?
- Não sei. Não quer?
Não. Quero ir atrás disso.
Quero saber o que aconteceu.
Quero ir a Yorkshire e seguir
as pistas. Preciso saber.
Achei que era louco quando veio
para cá com sua carta roubada.
Sinto-me exatamente do mesmo jeito.
Ainda não o agradeci realmente...
quero dizer, ainda não o agradeci
apropriadamente por tudo isso.
Tenho problemas com elogios
e coisas assim.
- Em dar ou receber elogios?
- Ambos, na verdade.
Então não vou lhe dizer
que tem uma aparência incrível.
- Deve estar cansada de ouvir isso.
- Obrigada. É...
O último a dizer tudo isso
foi Fergus, e coisa e tal.
- O que "coisa e tal" significa?
- Nada. Apenas um problema que tenho.
Social.
Toma alguma coisa para isso?
Não é esse tipo de problema.
É que relacionamentos
não são para mim.
- De qualquer forma...
- Sim.
- De qualquer forma, obrigada.
- Não há de quê.
- Obrigado por vir me ver, professor.
- Bem, deixou-me curioso.
- Bebida, senhor?
- Scotch com pouca soda.
- Senhor?
- O mesmo.
- Obrigado.
- Obrigado.
Gostaria de saber sobre a ligação
entre Ash e Christabel LaMotte.
- Entre LaMotte e Ash não houve nada.
- Roland Michell descobriu algo...
...com uma colega, Maud Baily.
- Desculpe. Quem é Roland Michell?
O assistente de pesquisas
de Blackadder. Americano.
Aloirado. Ele parece conhecê-lo.
E acha tratar-se de algo importante.
- Blackadder concorda com isso?
- Não creio que ele saiba de nada.
Deseja instalar-se separadamente?
- Respeitavelmente longe de mim?
- Quero estar com você.
Entendo que foi isso
que havíamos decidido.
Estas quatro semanas
serão nossas.
E somente nossas.
Eu...
- Espero que aceite este anel.
- Eu trouxe um também.
Vê?
Prova de minha resolução.
Você tira o meu fôlego.
Ainda não.
Não. Ainda não.
Devemos sair e explorar o local?
Ali está o banheiro.
Guarda-roupas.
Uma vista linda.
E, claro, a cama.
- Quer procurar um outro hotel?
- Mas foi aqui que Ash hospedou-se.
- Teremos que compartilhar um quarto.
- Mandarei subir uma cama dobrável.
Se é isso o que os preocupa.
Nós trabalhamos juntos,
na verdade. Não é o que...
- Não esperávamos...
- Certo.
Tenho certeza de que deve ser
mais complicado do que imagino.
JOALHERIA
É um lindo broche
que está usando, senhorita.
Pode ter sido desenhado
por Isaac Greenburg.
Vou pegar o livro
para ver se descubro.
- Onde conseguiu isso?
- Eu o tenho há muito tempo.
Estava no baú da família.
Não percebe? Ash comprou
o broche para Helen.
As mãos apertadas aqui.
Nós sabíamos disso.
- E isto para Christabel.
- Certo. E quando ele comprou isso...
disse: "Levarei o abraço eterno
para minha esposa".
Não, ele não diria nada.
Teria apenas comprado o broche.
Christabel teria visto.
Era aceitável entre eles.
Está escrevendo ficção, agora?
Talvez.
Mas estou me divertindo.
E você?
Sim, acho que estou.
Então não faça caretas ao dizê-lo,
para parecer mais convincente.
Posso parecer um pouco
empírica, às vezes.
Só um pouco.
Quer dar um passeio?
Quero dizer, depois disso?
Certamente é anterior à época
da morte do príncipe Albert.
- Fins de 1850. 1860, talvez.
- 1859?
Mais ou menos?
Acho que estamos nos aproximando
de Thomason Foss.
- Cropper menciona...
- Mortimer Cropper?
Sim, o biógrafo de Ash.
Um imbecil de primeira.
Ele trilhou toda a vida de Ash.
Fica feliz em contar isso.
- Mais do que feliz, creio eu.
- Então você o conhece.
Aquilo é lindo.
Maud? O quê?
Acho que Christabel
realmente veio aqui.
Ouça.
"Três elementos combinados
para criar o quarto
Acima da água e da luz
Juntos criados
Um halo na caverna escura."
Esse poema é datado
de 1859. Julho.
Se houver uma caverna ali atrás,
será a prova da qual precisamos.
Eu sei que é uma pergunta
terrivelmente inglesa, mas...
...que diabos está fazendo?
- Só há uma maneira de descobrir.
Claro que poderíamos
ter perguntado a alguém.
Maud! Maud!
Eu a encontrei!
JOALHERIA
BROCHES ORNAMENTAIS
Suas mãos estão tremendo.
Está com medo?
Não.
Um pouco.
"Estes estão e estavam lá
O jardim e a árvore
A serpente na raíz
A fruta de ouro
A mulher à sombra dos ramos
A água corrente
E o espaço gramado
Estão
E estavam lá"
Isso não me incomoda.
Viu? Pode vir a gostar de Ash.
Sim. Ele era um tipo de
misógino de araque.
Por que sempre prende
os seus cabelos assim?
Tem muito a ver com Fergus Wolfe.
Fergus? Como assim,
tem a ver com Fergus?
Quando nos conhecemos,
me deixava louca ao citar Yeats...
"Quem poderia amá-la somente,
e não aos seus cabelos dourados?"
Fui acusada, em uma conferência,
por uma feminista...
...de tingi-los para atrair homens.
- É mesmo?
Sim.
E então raspei o cabelo.
Todo ele.
- E ele?
- Ele o quê?
- Amou-a mesmo sem todo seu cabelo?
- Não.
Brigamos.
Enlouquecemos um ao outro.
Nem gosto dele, mas não consigo...
Freud. "Do outro lado
da atração, está a repulsa."
Ou foi Calvin Klein
quem disse isso?
Acredita mesmo nisso?
Não sei. Não me permitiria fazê-lo.
- Paixão, como a de Ash e Christabel.
- Permitir?
Não. Ciúmes. Obsessão.
Tudo isso. Nunca mais.
Tem sorte, então.
Tudo torna-se um "rolo".
É um rolo que a maioria quer.
Mas não eu.
Minhas besteiras fizeram
muitas pessoas infelizes.
Uma delas,
horrivelmente, infeliz.
Quanto a mim...
quando sinto algo por alguém...
...sinto-me fria...
- O que a faz ficar assim?
Medo, suponho.
Medo de ser consumida
pelo amor.
- Olhe só o que estamos falando.
- Sim. Não somos modernos?
Maud, deveria deixar os seus cabelos
soltos. Deixe-os respirar.
E esqueça o gelo comigo.
Não há nada a temer.
Christabel disse:
"Tema todos os homens".
Christabel não me conhecia.
Não quero tomar nada de você.
Então estamos ambos
perfeitamente seguros.
Isso.
Como poderemos suportar isso?
A cada dia teremos menos.
- Preferia não ter tido nada?
- Não.
Pedi a Deus que, se houvesse
um dragão, que fosse você.
Espere. Espere.
Não, eu só estava tentando
sair de baixo das cobertas...
Não. Isso... não deveríamos
estar fazendo isso. É perigoso.
- Eu realmente...
- Eu gosto de você, Maud.
Gosto muito e
não quero estragar tudo...
- Honestamente, não importa.
- Como assim, não importa?
Sinto muito.
Provavelmente foi apenas...
Este quarto foi um erro.
Maud. Maud.
Eu não quis dizer isso.
Não insista.
Aconteceu, passou.
Somos adultos.
Fale por si mesma.
Não consigo imaginar como você
seria após dormir com alguém.
Maud, eu acho que você é muito...
Sabe?
Não, não sei.
Voltamos a ser amigos, é isso?
Sim, é o bastante.
- Sim, está ótimo.
- É. Perfeito.
Enfim, deixemos isso.
Viemos investigá-los. Não nós.
- O que aconteceu com Blanche?
- Blanche afogou-se.
- Onde estava Christabel?
- Não sabemos onde ela estava.
Há um espaço em branco,
no ano anterior.
Não sabem onde ela esteve
durante um ano inteiro?
Dizem que ela estava na França.
Mas não há nada que sustente isso.
Está bem, então...
Christabel vem para cá com Ash
e desaparece. Ao menos no papel.
Sim.
E Blanche comete suicídio.
Jesus.
- O que está fazendo?
- Um poema que fiz enquanto o olhava.
Não está feliz com ele.
Ao contrário. Expressa a felicidade
que senti enquanto estive com você.
- Por que fez isso?
- Quero que estes sentimentos vivam.
Eu sei que nunca poderei
declarar todo esse... amor.
Pronto. Eu disse. Sei que não
poderá ser declarado ao mundo.
O que poderei fazer é jogar
estas palavras do trem...
e esperar que, de alguma
forma, criem raízes.
Florescerão. Eu juro.
Então? O que vem em seguida?
Quero dizer, para você.
Acho que vou checar os arquivos
para ver se há alguma pista...
sobre onde Christabel
esteve naquele ano.
Bom.
Vou procurar...
porcarias nas microfichas.
Sofrer por você.
Adeus.
Até mais.
PARTICULAR, FORA AMBULANTES!
NEGOCIANTES, ENTRADA À DIREITA
Perderam-se no caminho?
Não aceitamos turistas aqui.
- Sir George Baily?
- Quem quer saber?
Professor Mortimer Cropper.
Curador da Coleção Stant...
Universidade Robert Owen,
Novo México.
- E este é o Dr. Wolfe.
- Bom dia.
Sou um homem ocupado.
Minha esposa está doente.
Compreendo, senhor.
Há fontes que me garantem que...
o senhor tem em mãos documentos
sobre Randolph Henry Ash.
- Não atire, por favor.
- Saiam das minhas terras.
Tem idéia do que estamos falando
aqui? Tem? Sabe o quanto valem...
tais escritos, se existirem.
Sabe o quanto valeriam?
Valeriam?
Pode passar na universidade?
Tenho assuntos não resolvidos.
Srta. Baily, presumo.
A cúmplice.
A própria.
- Bom Deus. Parecem Bonnie e Clyde.
- Precisei da foto dela.
Nunca o vi desse jeito.
Vá. Pegue o Porsche e vá.
Fergus, o quê?
Se Fergus foi buscar comida indiana,
vou me sentir bem idiota.
Não, não foi. Índia não seria longe
o suficiente para ele, na verdade.
- Entre. Vou explicar.
- Tem certeza?
- Quero dizer, sobre eu entrar.
- Sim, muita.
Deixei uma mensagem
para Fergus, de Seal Court...
o que, aparentemente,
o colocou em nosso encalço.
Ele veio até aqui à procura
de respostas. Ele e Cropper.
Então era o carro de Cropper
que estava lá fora.
Acho que Fergus encontrou alguma
coisa. Vive assombrando o museu.
Enviando vários fac-símiles.
Eu não faria isso tão depressa.
O Museu Britânico. Folha de fax.
Para a Universidade de Nantes...
de Fergus Wolfe. Assunto:
Christabel LaMotte.
Informação sobre
a genealogia de LaMotte.
Pedido do diário
de Sabine de Kercoz.
Infelizmente para Fergus, temos
que registrar os nossos fac-símiles.
Você não tem vergonha.
O que vamos fazer agora?
Vamos chegar antes à França?
Ou vamos ficar nos olhando?
É uma boa pergunta, não é?
- Eu tenho uma outra para você.
- E qual é?
O que realmente está fazendo aqui?
Bem, eu...
Eu precisava ver o seu rosto.
Saiba que o que houve em Whitby...
que infelizmente não foi muito...
não foi porque você tivesse
feito alguma coisa.
Não foi mesmo.
Eu apenas não queria
me precipitar.
Quero dizer, queria.
E quero.
Muito.
Eu apenas não queria
estragar as coisas.
E queria ver...
queria ver se há
um "nós" em você e eu.
Gostaria disso?
Vou aceitar isso como um "sim".
Ela não virá por alguns dias, mas
o doutor Wolf está atendendo.
Claro, desculpe. Somos colegas.
Bem, estou de férias...
Quando ela voltará?
Pode checar para nós?
FERGUS WOLFE
MUSEU BRITÂNICO
- Ela retornará na quinta-feira.
- Certo.
- Adeus.
- Obrigada.
Você e os seus furtos, hein?
Não posso levá-la a lugar nenhum.
"Caro professor Wolfe, desde
a última vez em que escrevi...
fiz outra descoberta. Entre os papéis
de Sabine, estava o seu diário...
que fala da visita de LaMotte
a Brittany em 1859.
E a subsequente chegada
de um visitante misterioso."
...Deus onipotente, à bem-aventurada
Maria sempre virgem...
ao bem-aventurado Miguel Arcanjo...
ao bem-aventurado João Batista...
aos santos apóstolos
Pedro e Paulo...
Eu sei como as coisas são.
Desejo ajudá-la.
Sabe como as coisas são, não é?
Diga, prima Sabine...
como acha que
as coisas são comigo?
Eu sou uma mulher adulta, você é
uma menina. Não desejo sua ajuda.
"As condições de Christabel
ficaram piores...
quando recebeu notícias de Londres,
de que sua amiga havia falecido."
Ela deixou Londres porque estava
grávida, e Blanche cometeu suicídio.
- O que aconteceu com o bebê?
- Natimorto, ou morreu depois.
Pode ter sido levado por freiras,
ou uma família local.
E criado aqui?
Gostaria de pensar assim.
Mas será?
- Será o quê?
- Não sei. É que...
Ela vem para cá sozinha.
Blanche se mata.
Está grávida e desesperada.
Jesus!
- Sei que não tenho evidências.
- Pode imaginar o que ela sentiu?
Sim, eu posso.
Quando é que ouviremos falar
de Christabel, novamente?
Em 1860, em referência às "Luzes
Virgens", um grupo de mulheres...
que costumavam encontrar-se
com médiuns, frequentemente.
Mesmo? Ash odiava
abertamente os espíritas.
Acha que essa é a conexão
que estamos procurando?
Não sei.
Por favor. Façam um círculo
com suas mãos.
Fechem os olhos.
Casa branca. Vale.
Queda d'água.
Criança. Amor.
Duas pessoas.
Fingimento.
Cartas. Duas pessoas.
Palavras. Morte.
O que você fez?
Um campo.
Onde está a criança?
O que você fez com a criança?
Você fez de mim uma assassina.
"Soube na época que o Sr. Ash
procurava contato...
com o espírito de uma criança morta
que lhe pertencia.
Ouvi dizer que não podia ser, uma
vez que o Sr. Ash não tem filhos."
Havia menção de Hella Lees
em seus relatórios?
Não sei. E não me importo.
Olhe, preciso voltar.
- O que está acontecendo?
- Nada, estou cansada. Só isso.
Vamos.
O que há, realmente?
Apenas não quero descobrir
mais nada sobre eles.
Sabe?
Estou descobrindo coisas que
são horríveis, se pensarmos.
Sabe, homens e mulheres juntos.
Ela abriu mão de sua vida.
Uma vida perfeitamente decente...
que eu sempre admirei.
Para quê? Para nada.
- Não. Não para nada.
- Para que, então?
Uma criança que morreu, uma amante
que se afogou, e para que fim?
Ela e Ash, meus pais, e todos os
relacionamentos que eu já tive.
Estão condenados. Parece que não
conseguimos nada além de nos magoar.
E quanto a nós? Não nos incluiu.
O que acha disso?
Olhe, eu...
Não consigo pensar
em nada agora.
Então essa é a parte
da gelada que você dá?
- O quê?
- Chega perto, se distancia...
- Esse é o padrão, não é mesmo?
- Do que está falando?
Do seu mantra de Yorkshire:
"Tema os homens". Falo disso.
Tudo bem, eu entendo. Se é assim
que joga, é assim que joga.
Você sinceramente pensa assim?
É isso o que pensa que
isso é para mim? Um jogo? É?
Tudo bem. Toda a conversa sobre
"nós" não significa nada, certo?
Sim, acho que está certa.
Não é nada.
"Caro Prof. Blackadder, tentei
falar de minha descoberta antes...
mas descobri que não podia.
Por favor, leia estas duas cartas...
e começará a entender.
Sinto porenganá-lo.
Sinceramente, Roland Michell."
Foi documentado que Helen Ash
pôs uma caixa no caixão de Ash.
Um container selado. Sempre pensamos
que fossem objetos de estimação.
Mas, à luz da descoberta de Michell,
quem sabe que tesouros estarão lá?
A caixa é minha, não é?
É minha propriedade.
Sim, quando for de Lorde Ash,
será absolutamente sua.
Até lá, manteremos segredo.
Encontre-a entre
as coisas de Ash e...
eu a comprarei de você.
Tudo limpo,
ninguém fica sabendo.
- Cropper, tem certeza absoluta disso?
- Claro.
Cadê? Deixo esta mensagem nas mãos
dele, e se alguém a desenterrar...
talvez então a justiça será feita,
quando eu não estiver aqui para ver.
"Querida madame, envelhecemos
agora, e o meu fogo já se extinguiu.
Sei que conhece bem
o meu nome...
porém, creio que deva vê-lo
impresso uma última vez.
Fiquei sabendo que seu marido
está à beira da morte.
Então escrevi algumas coisas
que são apenas para os olhos deles.
Penso que não devo dizer
quais coisas, e a carta foi selada.
Se deseja lê-la,
está em suas mãos...
embora eu prefira que ele a veja
primeiro e depois decida.
Causei muita dor, embora nenhuma
intencionalmente para a senhora.
Cuidarei para que elas voltem
para os seus lugares, sem perguntas.
Vejo que você é mais empreendedor
do que eu havia imaginado.
- Isso foi um elogio?
- Sim, provavelmente.
Não acredito que Fergus Wolfe
está conivente com Cropper.
- Achei que sabia julgar os homens.
- Foi aí que errou.
Deu crédito a ele
por ser um homem.
- Por aqui.
- Obrigada.
- Obrigado por vir.
- Sim.
Creio que possa ser ela.
- Sinto muito. Fiquei muito confuso.
- Não, honestamente, não foi você.
Por que não falamos de estratégia?
- Venha. Deixe-me apresentar você.
- Está bem.
Prof. Blackadder, Paola,
esta é a Dra. Baily.
- Maud.
- Maud.
Como vai?
Então, acreditam de fato que Cropper
seria capaz de roubar de um túmulo?
- Abrir um túmulo é horripilante.
- Apenas continue.
Jesus.
"A coruja entristecida
reclama para a lua".
Está pronto?
Segure a lanterna em cima.
Fergus! Fergus!
- É ela?
- É. Tem que ser.
Encontrei, Fergus. Encontrei!
Meu Deus.
- Eu encontrei, Fergus.
- Ótimo.
Ei, Cropper!
Cropper!
Isso não tem nada a ver
com vocês.
Saia de cima de mim. Saia!
Não vai, não.
Seu traidor!
Seu maldito cúmplice!
O que está fazendo?
- Deveríamos estar fazendo isso?
- Eu disse que daríamos uma olhada...
antes de devolvê-la ao museu.
Pode segurar isso?
Maud, dê uma olhada.
É a letra dela.
"Meu doce querido,
disseram-me que você estava doente.
Talvez seja errado perturbá-lo
com lembranças de outrora.
Mas penso que há algo
que eu deva contar-lhe.
Isso deveria ter sido contado
há 20 anos, mas não pude nem quis.
Você tem uma filha...
que está bem e casada,
é mãe de um lindo menino.
Envio-lhe sua fotografia.
Verá que ela tem
os traços dos pais...
os quais ela não sabe
serem os seus pais.
Quando disse naquela reunião que
havia feito de mim uma assassina...
eu falava da pobre Blanche,
cujo fim me atormenta até hoje.
Preferi deixá-lo crer no que
quisesse, se me conhecia tão pouco.
Eu tinha um medo secreto.
Receava que a tomassem,
você e sua esposa, para criarem-na.
Mas não pude deixá-la ir.
Então escondi-a de você.
E você, dela.
Ela ama muito
os seus pais adotivos.
A mim, ela não ama.
Sou punida, vivendo com eles
em Seal Court, vendo-a crescer.
Passei tanto tempo
zangada com todos nós.
E agora, próxima do fim,
penso em ti com claro amor.
Não foi?
Não foi você que ateou fogo,
e eu ardi em chamas?
O amor que tivemos não valeu
a tempestade que nos trouxe?
Eu sinto que foi,
eu sei que foi.
Se for possível, mande um sinal
de que leu esta mensagem.
Não me atrevo
a perguntar se me perdoará.
Christabel LaMotte."
Ash nunca leu isso.
Nunca soube que tinha uma filha.
Você descende de ambos,
Christabel e Ash.
Meu Deus!
Todas estas pistas...
são para você.
Para nós.
Você é...
tão linda.
"Há coisas que acontecem
que não são ditas nem escritas
Em um dia de verão
um poeta saiu para caminhar
procurando o perdão
de um amor há muito perdido
Ao invés disso
encontrou algo diferente
Foi assim..."
Bom dia.
- Bom dia.
- Qual é o seu nome?
May Baily, mas eu tenho outro
nome do qual eu não gosto.
É mesmo?
E qual é?
Maia Thomason Baily.
Bem...
Maia foi...
a mãe de Hermes.
- Há uma cascata chamada Thomason.
- Uma cascata? De verdade?
Sim, em Yorkshire.
Com uma bela caverna
escondida atrás dela.
- Onde você mora?
- Eu moro em uma casa ali...
minha mãe mora lá, e o meu pai
e os meus dois irmãos.
Ah, e minha tia Christabel.
Sim, eu conheço a sua mãe.
E você se parece muito com ela.
Ninguém fala isso. Acho que
pareço com o meu pai.
Parece-se com
o seu pai também.
- Sabe fazer uma coroa de margaridas?
- Sim.
Sim, eu farei uma coroa
para você...
Mas, você me daria uma mecha
do seu cabelo?
Como em um conto de fadas?
Exatamente.
Agora, você levaria esta
mensagem até a sua tia?
Diga que você viu um poeta
que vinha encontrá-la...
...mas que encontrou você primeiro.
- Tentarei me lembrar.
Obrigado.
"POSSESSÃO"
Ripped by BraveDOG®