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Ó boneca, que estàs a fazer?
Oh, olà.
Menina Golightly!
Um destes dias...um destes dias!
Menina Golightly!
Vais ao toilette
e não te vejo mais.
- Então, Harry...
- Harry era o outro.
Eu sou o Sid Arbuck.
Gostas de mim, lembras-te?
Protesto!
Ó querido, desculpe,
mas perdi a minha chave.
Hà duas semanas.
Tem de parar de tocar
à minha campainha.
lncomoda-me!
Mande fazer uma chave!
Mas eu perco-as todas.
- Então. Tu gostas de mim.
- Adoro-o, Sr. Arbuck.
- Boa noite.
- Espera! Que é isto?
Tu gostas de mim.
Sou um tipo amàvel.
Tu gostas de mim.
Paguei a conta de cinco pessoas...
TEUS amigos.
Quando pediste troco para
o toilette, dei-te 50 dólares.
lsso dà-me direitos.
Daqui a 30 segundos chamo
a polícia! Sempre barulho!
Não durmo!
Tenho de descansar! Sou artista!
Vou chamar a Brigada dos Costumes!
Não se zangue.
Não volta a acontecer.
Talvez o deixe tirar aquelas fotos.
Quando?
Um dia.
Quando quiser.
Boa noite.
Desculpe incomodar.
Não consegui abrir a porta.
Acho que me mandaram
a chave de cima.
Não consegui abrir
a porta de baixo.
Disse que acho
que me mandaram a chave de cima....
Não consegui abrir a porta
de baixo. Desculpe acordà-la.
Não faz mal.
Podia acontecer a qualquer um...
e acontece mesmo. Boa noite.
Custa-me...
Custa-me incomodà-la,
mas posso fazer um telefonema?
- Claro. Porque não?
- Obrigado.
Bem...
que belo andarzinho que aqui tem.
Também se mudou hà pouco?
Estou cà hà coisa dum ano.
O telefone està ali.
Pelo menos estava.
Oh, jà me lembro.
Enfiei-o na mala
para abafar o toque.
Desculpe.
Ele està bem?
Està. Està bom, não estàs, gato?
Pobre gato.
Pobre mandrião.
Pobre mandrião sem nome.
Não tenho o direito de lhe pôr um.
Não pertencemos um ao outro.
Apenas nos conhecemos um dia.
Recuso-me a ter pertences
até encontrar um sítio
onde eu e as coisas fiquemos bem.
Não sei onde fica, mas sei como é.
É como o Tiffany's.
Tiffany's? A joalharia?
lsso mesmo.
Adoro o Tiffany's.
Oiça. Sabe aqueles dias
em que nos dà a depressão branca?
Depressão branca?
Não quer dizer negra?
A depressão negra é quando
se é gordo, ou està a chover.
A depressão branca é horrível.
De repente fica-se com medo,
sem se saber de quê.
- Nunca sente isso?
- Claro.
Quando me sinto assim,
a única coisa a fazer
é meter-me num tàxi
e ir ao Tiffany's.
Acalma-me logo.
O silêncio e a opulência de là.
Nada de mau pode acontecer là.
Se eu encontrasse um sítio real
que me fizesse
sentir como o Tiffany's faz...
Comprava uns móveis
e punha um nome ao gato.
Desculpe.
Queria uma coisa. O telefone.
Tinha de me encontrar com alguém.
São dez da manhã de quinta-feira?
Acabei de sair dum avião
e não tenho a certeza.
Quinta-feira. Hoje é quinta-feira?
- Acho que sim.
- Não pode ser!
Que horrendo!
Que têm as quintas-feiras
de tão horrendo?
Nunca me lembro de quando são.
Ás quartas-feiras
não me costumo deitar
porque tenho
de apanhar o comboio das 1 0h45m.
São muito esquisitos
quanto às horas de visita.
Seja simpàtico
e veja debaixo da cama
se està
um par de sapatos de crocodilo.
Tenho de me arranjar.
Não posso ir a Sing Sing
com a cara verde.
Sing Sing?
É um nome ridículo para uma prisão.
Parece mais um teatro de ópera.
Pretos, de crocodilo.
As visitas tentam ir
o mais arranjadas possível.
É enternecedor, as senhoras
com a roupa mais bonita que têm.
Adoro-as por isso.
E às crianças também.
Deveria ser triste ver là crianças,
mas não é.
Têm fitas no cabelo
e os sapatos a brilhar.
Se bem entendo,
vai visitar alguém a Sing Sing.
Sabe-se que tipo de pessoa
um homem pensa que nós somos
pelos brincos que nos oferece.
Realmente, não quero nem pensar.
- lmporta-se que pergunte quem?
- Quem vou visitar?
Acho que é isso, sim.
Não sei se deva dizer.
Nunca me disseram para não dizer.
Jure pelas alminhas
que não conta a ninguém.
Vou tentar.
Deve ter lido sobre ele
nos jornais - Sally Tomato.
Não fique tão chocado.
Nem provaram
que ele pertencia à Màfia,
quanto mais que era o chefe.
Só provaram
que não pagou os impostos.
É um velhote amoroso.
Não foi meu amante.
Só o conheci
depois de ele ir para a cadeia.
Hà sete meses que o vejo
todas as quintas-feiras.
Mesmo que ele não me pagasse,
ia à mesma.
- Os sapatos.
- Só encontro um.
- Ele paga-lhe?
- É verdade. O advogado dele.
Se ele é mesmo advogado,
o que eu duvido.
Só tem um serviço
de atender chamadas
e encontramo-nos sempre
no Hamburger Heaven.
Estàs aí, malandrinho. Obrigada.
Não tem de quê.
Vestido... Vestido...
Està aqui... Mala.
E chapéu também. Pronto.
E então, sete meses depois,
o suposto advogado
perguntou se eu queria
animar um velhote
e ganhar cem dólares por semana.
Disse-lhe, ''està-me a confundir
com outra Holly Golightly.''
lsso ganho eu cada vez
que vou ao toilette.
Todo o cavalheiro chique dà 50
dólares para uma ida ao toilette.
Com o frete do tàxi, são mais 50.
Depois disse que o cliente
era o Sally Tomato.
Sally tinha-me visto não-sei-onde
e tinha-me admirado de longe.
Visità-lo seria uma boa acção.
Como podia recusar?
Era tão romântico.
Que tal estou?
Muito bem. Estou muito admirado.
Não teria conseguido
sem a sua ajuda.
- Mala...
- É só chamar.
Estou no andar de cima,
assim que me mudar.
Adeus, gato.
Ele paga-lhe cem dólares
por uma hora de conversa?
O Sr. O'Shaughnessy dà, quando
lhe dou o boletim meteorológico.
Não tenho nada com isso,
mas pode arranjar problemas.
Segure aqui.
Que quer dizer
com boletim meteorológico?
Uma mensagem que dou
ao Sr. O'Shaughnessy,
para ele saber que là fui.
Sally diz-me coisas
para lhe dizer, como...
''hà um furacão em Cuba,''
''o céu està nublado em Palermo,''
coisas assim.
Não se preocupe. Hà muito
tempo que sei cuidar de mim.
Tàxi!
- Nunca consegui fazer isso.
- É fàcil.
Paul.
Estou atrasada. Eu sei.
Ficaste fechado fora de casa?
Não recebeste a chave?
Oh, querido. Desculpa.
Recebi a chave, sim.
A menina Golightly, minha vizinha,
teve a bondade de me deixar entrar.
A menina Golightly
vai para Sing Sing.
Só de visita.
Menina Golightly,
a Sra. Falenson,
a minha...decoradora.
Como està?
Querido. Deixa-me olhar para ti.
- Jà não precisa dele?
- O voo foi horrível?
Estação Grand Central,
e pé a fundo, querido.
Foi só hà três semanas
que te deixei em Roma?
Parece que foi hà anos.
- Jà viste o andar?
- Ainda não.
Foi maldade minha,
mas não pude resistir.
Arranjei-o sem veres.
Acho que està um amor,
mas se detestares,
começamos do princípio.
Ó boneca! Onde vais?
Anda là, boneca. Abre a porta.
Sê gentil!
Estàs a estragar uma bela festa.
Và là, boneca. Abre a porta.
A banda està a dar o màximo.
Và là, boneca.
Tenho de protestar mais uma vez!
Se não parar esse gira-discos,
telefono para a esquadra
da polícia!
Sim. Assim é melhor.
Que tens, boneca?
Và là. És uma miúda estupenda.
Abre a porta.
Và là, boneca. Estou à tua espera.
- Sou só eu.
- Espere aí. Menina...
Golightly. Holly Golightly.
Moro no andar de baixo.
Conhecemo-nos hoje, lembra-se?
Lembro.
Tenha calma. Ela jà saiu.
Para decoradora, trabalha tarde.
Està um homem medonho là em baixo.
É simpàtico
quando està sóbrio, mas...
quando està com os copos,
safa, que animal.
Chateou-me tanto
que saí pela janela.
Pode-me pôr na rua se quiser,
mas està com um aspecto tão
confortàvel e a sua amiga não està,
e là fora estava frio.
E a mim que me disseram
que as pessoas de Nova lorque
nunca conhecem os vizinhos.
E Sing Sing, como foi?
Óptimo. Apanhei o comboio e tudo.
E o boletim meteorológico?
Aviso a pequenas embarcações,
de Block lsland a Hatteras...
sei là o que quer dizer.
Sabe, você é querido. É mesmo.
Faz-me lembrar um pouco
o meu irmão Fred.
- lmporta-se que lhe chame Fred?
- Não.
Trezentos. É muito generosa.
É à semana, à hora, ou quê?
Acabou a festa. Rua.
Oh, Fred. Fred querido, desculpa.
Não te quis ferir o orgulho.
Não te zangues.
Só quis dizer que compreendo.
Compreendo perfeitamente.
Podes ficar. Arranja uma bebida.
- Atira-me o roupão.
- Deixa-te estar.
Deves estar extenuado.
Quer dizer, jà é tarde,
e estavas a dormir.
Deves pensar que sou uma doida.
Não mais que outra pessoa qualquer.
Achas, sim. Toda a gente acha.
Mas é útil saber chocar as pessoas.
E tu, o que é que fazes?
- Suponho que sou escritor.
- Supões? Não sabes?
Afirmação positiva. Afirmativo.
Sou escritor.
O único escritor com quem andei
foi o Benny Shacklett.
Escreveu muito material para a TV,
mas é um rato.
Diz là, és um escritor a sério?
Alguém compra o que tu escreves?
Compraram
o que està dentro dessa caixa.
São teus?
Estes livros todos?
É só um livro, 1 2 exemplares.
''Sete Vidas,'' de Paul Varjak.
- São contos.
- Sete.
Conta-me um.
Não se podem contar.
São porcos?
Sim, acho que são porcos, também,
mas só por acaso.
São sobretudo cheios de ira,
sensíveis, intensos,
e a mais porca das palavras -
prometedores.
Foi o que disse o Times Book
Review, 1 de Outubro de 1 956.
- 1 956?
- É verdade.
É uma pergunta reles,
mas o que escreveste recentemente?
Tenho estado a escrever um romance.
- Tens, desde 1 956?
- Leva tempo.
- Quero que fique bem.
- Acabaram-se os contos, então.
Não posso desperdiçar
o meu talento com ninharias.
Estou a poupà-lo para
o grande acontecimento.
Escreves todos os dias?
Claro.
- Hoje?
- Sim, pois.
- É uma màquina de escrever linda.
- Claro.
Só escreve prosa sensível,
intensa e prometedora.
- Não tem fita.
- Não?
Não.
Disseste uma coisa de manhã
que me perturbou o dia inteiro.
O que foi?
Dão-te mesmo 50 dólares
para ir ao toilette?
Claro.
Deves ganhar muito bem.
Estou a tentar poupar dinheiro,
mas não tenho grande jeito.
Sabes, és mesmo parecido
com o meu irmão Fred.
Não o vejo desde os 1 4 anos,
quando saí de casa.
Jà media 1 ,90m.
Deve ter sido
da manteiga de amendoim.
Toda a gente achava que ele
era tontinho por comer tanta.
Mas não era tontinho,
era doce, e distraído,
e...terrivelmente lento.
Pobre Fred. Està na tropa.
É o melhor, até eu ter
dinheiro que chegue.
- E depois?
- Depois o Fred e eu...
Uma vez fui ao México.
É um local maravilhoso
para criar cavalos.
Vi um sítio là ao pé do mar...
O Fred tem muito jeito
para os cavalos.
Mas até no México
a terra custa dinheiro.
Faça o que fizer, nunca tenho
mais de 200 dólares no banco.
Não podem ser 4h30m.
Não pode ser.
lmportas-te que eu
entre para aí um bocadinho?
Não faz mal, a sério que não.
Somos só amigos.
- Somos amigos, não somos?
- Somos, pois.
Pronto, não digamos
nem mais uma palavra.
Vamos adormecer.
Onde estàs, Fred?
Està frio.
Hà neve, e...vento.
Que tens?
Porque choras?
Se vamos ser amigos,
vamos esclarecer uma coisa.
Detesto bisbilhoteiros.
QUERlDO FRED,
PERDOA-ME POR ONTEM Á NOlTE.
QUERES VlR BEBER UM COPO ÁS 6?
TUA AMlGA, HOLLY GOLlGHTLY
- Estou.
- Lucille, querida?
Tenho estado desesperada
a tentar falar-te.
O Bill acabou de chegar...
um dia antes
do previsto, monstro...
por isso vais ter de me desculpar.
Explicas às outras?
És um amor.
Talvez possamos
almoçar juntas amanhã.
- Telefono-te de manhã.
- Como quiseres.
Consegues sobreviver
sem mim hoje à noite?
Claro. Até talvez me aventure
a tentar escrever.
- Boa noite.
- Boa noite.
Ó lourinho, embalsamaram-te?
Bem feita, tagarela.
Buon giorno.
Não bebes nada?
Tens aí bolsos, não? Tens nome?
Como é o teu nome?
Como é que te chamas?
- lrving.
- Perfeito, perfeito.
É ***, lrving.
Eu volto jà, lrving, querida.
A miúda ainda està no ***.
Esperam-no?
Fui convidado.
É isso que quer dizer?
Não fiques nervoso e chateado.
Entra.
Vem muita gente que não se espera.
Pago-te uma bebida.
- Bebes?
- Bebo.
- Pago-te uma bebida.
- Està bem.
Querida, tens a saia rasgada.
- Que tomas?
- Bourbon.
- Com gelo?
- Sim... Não. Com àgua.
- Mas gelo primeiro?
- Sim. Mas pouco.
Està bem. lsso trata de ti.
- Conheces a miúda hà muito?
- Não. Vivo no andar de cima.
Olha là para isto.
É incrível. Que espelunca!
O que é que achas?
- Sobre o quê?
- Se ela é ou não é?
Um minuto. Aguenta aí.
- Harriet!
- Olà, J.B.
''J.B.''? O que é isso?
- Conheces o Gil.
- Estàs bom?
- Hà bebida?
- Na cozinha.
E... Oh, querida,
que bem que te fica.
Fred, querido, que bom teres vindo.
Trouxe-te um presente
para a estante.
Que amor.
Que bem que fica.
Dà-me um cigarro, O.J.
O O.J. é um óptimo agente.
Tem muitos números de telefone.
Tens o telefone do Jerry Wald?
Então, não digas tolices.
Telefona-lhe a dizer
que o Fred é um génio.
Não cores, Fred.
Fui eu que disse, e não tu.
Não percas tempo. Como vais
tornar o Fred rico e famoso?
Deixa que o Fred e eu
tratemos disso, sim, gatinha?
Mas lembra-te que a agente sou eu.
Jà tem uma decoradora,
a agente sou eu.
Espera aí.
Olà, meninos. Entrem..
Tudo o que precisam
està na cozinha.
Ouve là, Fred, rapaz...
- Sou o Paul, rapaz.
- Pensei que era Fred, rapaz.
- Ela é ou não é?
- O quê?
Uma falsa.
Não sei. Acho que não.
Pois estàs enganado, porque é.
Por outro lado, tens razão,
porque é uma verdadeira falsa.
Ela acredita mesmo
nestas falsidades todas.
Mas eu gosto sinceramente
da miúda. Mesmo.
Sou sensível. É por isso.
É preciso seres sensível
para gostares da miúda.
É uma característica de poeta.
Conhece-la hà muito?
Descobri-a. Sou O.J. Berman.
Hà uns dois anos...
Não passava duma miúda.
Muito estilo, muita classe...
- Muita quê?
- Classe.
Quando abria a boca,
era uma verdadeira campónia.
Sabes quanto tempo levou
a perder o sotaque?
Um ano. Sabes como?
Demos-lhe lições de francês.
Achàmos que se ela conseguia
imitar francês,
também conseguia imitar inglês.
Finalmente, consegui-lhe
uma audição.
Na noite anterior - ia dando
em doido - o telefone tocou.
Eu atendo. Ela diz,
''é a Holly. Estou em Nova lorque.''
Eu digo, ''tens uma audição amanhã.''
Eu digo, ''volta para cà!''
Ela diz, ''não quero.''
''Que queres dizer?
Que é que tu queres?''
Ela diz, ''quando souber, digo-te.''
- Fred, rapaz...
- Sou Paul, rapaz.
Pois. Não me digas
que ela não é uma falsa.
lrving!
Querida, lrving, por onde andaste?
Mike, querido,
tentei falar contigo o dia todo.
O teu serviço
de atendedor não atende.
É o problema
dos serviços de atendedor...
E depois do que ela disse...
- As horas, querida.
- Como?
As horas?
- Tens relógio?
- Não.
- Deixe cà ver. 6h45m.
- Obrigada.
Foi mesmo preciso fazer isso?
Que grande festa.
Mas esta gente quem é?
Sei là. As pessoas ouvem dizer.
Não te importas, pois não, querido?
Reforços.
Aí dentro.
Holly?
Holly, querida!
- O que é aquilo?
- A Mag Wildwood.
É modelo, imagina,
e uma chata de galochas.
Mas olha quem ela traz consigo.
Ele não està mal,
para quem gosta
de homens atraentes e ricos
com temperamentos apaixonados
e dentes a mais.
Estou a falar do outro.
- O outro?
- O Rusty Trawler.
É o nono homem mais rico
da América com menos de 50 anos.
Estàs muito bem informada.
Eu presto atenção a essas coisas.
- Desculpe. Deve-me 47...
- Segura aí, querido.
Mag, querida,
que é que estàs cà a fazer?
Estava là em cima
a trabalhar com Yunioshi...
Para o Harper's Bazaar da Pàscoa.
E estes rapazinhos simpàticos
vieram-me buscar.
Claro que foi um engano.
Fiz uma confusão qualquer.
Ambos foram muito compreensivos.
Apresento-te o José Silva Pereira.
É do Brasil.
É muito gentil da sua parte
deixar-me vir à sua festa.
lnteresso-me muito
pela cultura norte-americana.
Jà fui à Estàtua da Liberdade
e ao restaurante Automatique,
mas esta é a primeira vez
que entro numa casa
tipicamente norte-americana.
Não apetece comê-lo inteirinho?
E este é o Sr. Rusty Trawler.
Não te chateaste comigo
por trazê-los?
- Claro que não, querida.
- Ainda bem.
Quem é que me traz um bourbon?
- O.J.?
- Sim?
Arranjas uma bebida
para a Menina Wildwood?
Qual delas é a Menina Wildwood?
Sr. Berman,
ainda não fomos apresentados,
mas eu sou Mag Wildwood
de Wildwood, Arkansas.
Aquilo é terreno montanhoso.
Faça de conta que està em sua casa.
Não se incomode comigo.
Basta-me ficar a observar
os costumes do seu país.
Està bem, faça isso mesmo.
Agora, venha là, Sr. Trawler.
Vamos ver o que temos
para o entreter a si.
Não fiquei de te ir buscar.
No último minuto, tive...
Ouve, eu não fiquei
de te ir buscar.
Estou?
Estou a preveni-la!
Desta vez vou mesmo
chamar a polícia!
Boa noite!
Era importante?
Não. É o tipo là de cima
a queixar-se do barulho.
Està zangado?
Ele falou em chamar a polícia.
Oh, a polícia... A polícia?
lsso não pode ser. É melhor
encontrar a Menina Wildwood e ir.
Só de pensar que encontrei
um pretendente meu
a cheirar as saias
duma galdéria de Hollywood.
Mag, querida,
estàs a ser uma chata.
Cala-te!
Sabes o que te vai acontecer?
Levo-te para o jardim zoológico
e dou-te de comer ao iaque.
Logo que acabar esta bebida.
Madeira!
Desculpe.
- Boa noite, Ed.
- Sou Paul, rapaz.
Lembras-te da lrving?
- Este é o José.
- Prazer em conhecê-lo.
Sim.
Ladrões de jóias.
Sally ajuda-me com a contabilidade.
Eu não tenho cabeça para números.
Estou desesperadamente
a tentar poupar dinheiro.
Não consigo.
Ele obriga-me a escrever tudo.
O que ganho, o que gasto.
Tinha uma conta. Livrei-me dela.
Ele acha que é melhor trabalhar com
dinheiro, por causa dos impostos.
Um destes dias, pegue neste livro
e escreva um romance.
Està là tudo.
Só falta preencher os detalhes.
Tinha muita piada.
Eu não acho.
Este livro dava um desgosto
a quem o lesse.
''Sr. Fitzsimmons...toilette, $50.
''Menos $1 8...arranjar
vestido de cetim ***.
''Comida de gato, 27 cêntimos.''
Sally, querido, pàra -
estàs-me a fazer corar!
Mas tens razão quanto ao Jack.
É um autêntico rato.
Claro que eu só conheço ratos.
Excepto aqui o Fred, claro.
Não achas o Fred simpàtico?
Para teu bem...espero que seja.
Adeus, Tio Sally.
Até para a semana.
Adeus, Tio Sally.
Adeus, e não te esqueças
de mandar aquele livro.
Està bem.
Ah, e o boletim meteorológico?
É verdade.
Este fim-de-semana
vai haver nevões em Nova Orleães.
Este fim-de-semana
vai haver nevões em Nova Orleães?
Jà ouviste coisa parecida?
Aposto que não neva
hà séculos em Nova Orleães.
Não sei onde ele as vai buscar.
ERA UMA VEZ UMA BELA RAPARlGA,
QUE ESTAVA MUlTO ASSUSTADA.
VlVlA SÓ COM UM GATO SEM NOME.
- Que estàs a fazer?
- A escrever.
Ainda bem.
Ora viva.
- Que tens?
- Não sei.
Não deve ser nada.
Quero ver se ele ainda là està.
Quem? Que queres dizer?
Olha.
Vês? Reparei nele ontem à tarde.
Não queria
parecer neurótica, mas...
- como ainda cà està hoje...
- Quem achas que é?
Claro que pode ser qualquer pessoa,
mas o que eu pensei foi...
e se o Bill nos mandou vigiar?
Està bem, eu vou là tratar disto.
Não, não vais.
Se for isso, só faz pior.
Eu tomo cuidado. Espera aqui.
Querido, não vàs.
Acho que não deves ir.
Tem calma.
Só quero descobrir do que se trata.
Então, o que é que você quer?
Filho, preciso dum amigo.
Sou eu, essa é ela,
esse é o irmão Fred.
É pai da Holly?
Ela não se chama Holly.
Chamava-se Lula Mae Barnes.
Até se casar comigo.
Sou o seu marido Doc Golightly.
Paul Varjak.
Sou veterinàrio de cavalos...
Homem de animais.
Também sou agricultor,
perto de Tulip, no Texas.
O seu irmão Fred
vai sair da tropa em breve.
O lugar da Lula Mae é em casa
com o marido, o irmão e as filhas.
Filhas?
- São as filhas dela.
- Tem quatro filhas?
Ó filho, eu não disse
que eram filhas naturais.
A sua jóia de mãe -
jóia de mulher -
morreu a 4 de Julho de 1 955,
o ano da seca.
Quando me casei com a Lula Mae,
ia ela para os 1 4 anos.
Uma pessoa de 1 4 anos jà tem
obrigação de saber o que quer.
Mas veja là a Lula Mae.
Era uma pessoa excepcional.
Deu-nos um desgosto a todos
quando fugiu como fugiu.
Sem razão nenhuma.
As filhas faziam as lides da casa.
A Lula Mae não tinha que fazer.
A mulher até gorda ficou,
e o irmão,
esse tornou-se num gigante,
ambos diferentes
de como nos chegaram às mãos.
Pareciam uns selvagenzinhos.
Apanhei-os a roubar leite
e ovos de peru.
Tinham estado a viver
com uma gente bera, imprestàvel.
cerca de 1 60 quilómetros
a leste de Tulip.
Dessa casa teve ela razão de fugir.
Mas da minha não teve.
E o irmão? Não fugiu?
Não. O Fred ficou connosco
até a tropa o levar.
Foi por isso que vim.
Recebemos uma carta dele.
Sai em Fevereiro.
Foi por isso que a vim buscar.
A Lula Mae pertence ao lado
do marido, filhas e irmão.
O brinde das bolachas
de àgua e sal. Quer?
Nunca percebi porque
aquela mulher fugiu.
Não me digam que não era feliz.
Falava que nem uma catatua,
tinha uma opinião sobre tudo.
Sabia mais que a ràdio.
Na noite em que me declarei,
chorei como uma criança.
Ela disse, ''porque choras?
Vamo-nos casar.
''Eu nunca me casei.''
Ri-me, abracei-a e apertei-a.
''Nunca me casei.''
Oiça, filho, estou-lhe a dizer
que preciso dum amigo,
porque não a quero
surpreender ou assustar.
Diga-lhe que eu cà estou.
Faz-me isso, filho?
Claro, Doc. Se é isso que quer.
Venha là.
Jà vai.
Um momento.
Oh, querido, estou de saída.
Estou meia hora atrasada.
Tomamos um copo amanhã.
Està bem, Lula Mae...
se ainda cà estiveres amanhã.
Oh, por favor, onde està ele?
Querida, cà não te dão de comer?
Estàs tão magrinha.
- Olà, Doc.
- Meu Deus, Lula Mae...
Valha-nos Deus!
Estàs bem?
Acho que sim... Não, não estou.
Ajudas-me?
- Se puder.
- Vem à paragem das camionetas.
Ele ainda acha que eu vou voltar.
- Sozinha não consigo.
- Ele é teu marido.
- Não é nada.
- Não é?
Foi anulado hà anos.
Ele recusa-se a aceitar.
Por favor. Eu digo-lhe
que te vens despedir de nós.
Não digas nada.
Encontramo-nos à porta
dentro de uma hora. Por favor?
Espera aqui, querida.
Vou buscar a mala.
E se eu comprar umas revistas?
Por favor, Fred, não me abandones.
Atenção, por favor.
Partindo da paragem 5,
a camioneta para Dallas...
Filadélfia, Columbus,
lndianàpolis, Terre Haute,
São Luís, Tulsa, Cidade
de Oklahoma, Denison, Dallas.
Vamos, Lula Mae. É a nossa.
Doc, eu não vou contigo.
Anda. Vamos sossegados.
Vou ajudar-te a compreender.
Ajuda-me, Fred.
Agradeço a sua ajuda, mas
isto é entre a Lula Mae e eu.
Claro, Doc.
Amo-te, Lula Mae.
Eu sei, e o problema é esse.
Foi sempre o teu erro,
tentar amar coisas bravias.
Estavas sempre a trazer
animais selvagens para casa -
um falcão com uma asa partida,
um gato bravo adulto
com uma pata partida...
- Lembras-te?
- Hà uma coisa...
Não podes entregar o teu coração
às coisas bravias.
Quanto mais o fizeres,
mais fortes elas ficam,
até terem forças
para voarem para uma àrvore,
depois para àrvores mais altas,
depois para o céu.
Tenho uma coisa para te dizer.
Perdão.
Hà duas semanas,
recebi uma carta do Fred.
Do Fred? Ele està bem, não està?
Sim, està, acho eu.
Vai sair da tropa em Fevereiro.
Em Fevereiro?
São só quatro meses!
Por isso tens de voltar.
O teu lugar é connosco.
Doc, tens de compreender,
eu não posso voltar.
Tens de compreender
o que eu te digo.
Não te quero pressionar,
mas não tenho escolha.
Se não vens,
tenho de escrever ao jovem Fred,
a dizer-lhe que se inscreva
para outra temporada.
Não faças isso.
Não lhe escrevas isso.
Eu escrevo-lhe e digo-lhe
que o quero comigo.
Eu tomo conta dele.
Estàs a dizer disparates,
Lula Mae.
Doc, pàra de me chamar isso.
Jà não sou a Lula Mae.
Està bem, Lula Mae.
Tu là sabes o que fazes.
Tome conta dela, sim, filho?
Veja se ela come alguma coisa
de vez em quando.
Claro, Doc.
Tão magrinha.
Por favor, Doc. Tenta compreender.
Eu gosto de ti,
mas jà não sou a Lula Mae.
Não sou.
Sabes o pior, Fred, querido?
Ainda sou a Lula Mae.
Catorze anos, a roubar ovos de peru
e a correr pelos silvedos.
Só que agora
chamo a isso depressão branca.
Bem, ainda é muito cedo
para ir ao Tiffany's.
Só se formos tomar uma bebida.
Sim, preciso mesmo duma bebida.
- Pagas-me uma, Fred, querido?
- Claro.
Mas promete que não me levas
para casa sem estar bêbeda.
Muito bêbeda mesmo.
Achas que ela tem talento?
Talento profundo e importante?
Não. Talento divertido
e superficial, sim,
mas profundo e importante, não.
Graciosa.
Achas que é bem paga?
Oh, de certeza.
Pois deixa-me dizer-te uma coisa.
Se eu tivesse muito dinheiro,
seria mais rica que ela.
- Como é que sabes?
- Ficava com a doçaria.
O velho Sally Tomato -
ele é a minha doçaria.
Ficava sempre com o Sally.
Por isso é que seria
mais rica que ela.
É melhor irmos tomar
mais um pouco de ar.
Qualquer Zé-Ninguém...
Não. Minto.
Qualquer João-Ninguém,
o Zé era o amigo.
Qualquer João-Ninguém
pensa que se levar uma rapariga
a jantar fora,
ela se enrosca numa bolinha
fofa aos seus pés, não é?
Pois a mim levaram-me a jantar fora
26 ratos diferentes
nos dois últimos meses.
27, se contarmos
o Benny Shacklett,
que é um ratão.
- Esqueci-me da chave.
- Não faz mal. Toquei no Yunioshi.
Sabes uma coisa engraçada?
Apesar do facto destes ratos
arrotarem 50 dólares
para o toilette,
que nem patinhos...
tenho menos nove dólares na conta
do que hà seis meses.
Por isso, meu querido Fred,
tomei esta noite
uma decisão muito importante.
O que foi?
Vou parar de andar à caça.
- Parabéns.
- A caça é horrível...
tanto económica como socialmente,
e vou-me deixar dela.
Desta vez vou chamar a polícia,
os bombeiros,
e a comissão da habitação
de Nova lorque,
e, se for necessàrio,
o Ministério da Saúde!
Pouco barulho. Quer acordar
o prédio inteiro?
Como a Menina Golightly dizia
antes desta interrupção
tão malcriada,
a Menina Golightly
volta a anunciar a sua intenção
de dedicar os seus muitos talentos
à captura imediata,
para efeitos de matrimónio,
do Sr. Rutherford...
Rusty, para os amigos (e com
certeza deve ter muitos), Trawler.
- Quem?
- Rusty Trawler.
Conheceste-o na minha festa.
Veio com a Mag Wildwood.
Não era o latino bonitão,
o outro - o que parece um porco.
Lembras-te?
O nono homem mais rico da América
com menos de 50 anos?
lsso é um olhar reprovador
que vejo?
Azar, pà,
porque é assim que vai ser.
Olà, gato.
- Holly, estàs bêbeda.
- É verdade.
Completamente verdade.
Verdade, mas irrelevante.
Que estàs a fazer?
Acho que devemos brindar
à nova Sra. Rusty Trawler...eu!
Tem cuidado.
O quê, achas que não consigo?
Diz-me. lnteressa-me.
Achas que não consigo?
Ouviste o que disse o Doc.
O meu irmão sai em Fevereiro.
O Doc não o vai receber.
Tenho de ser eu.
Não sei porque não compreendes.
Preciso de dinheiro, e farei
o que for preciso para consegui-lo.
No mês que vem, por esta altura,
serei a nova Sra. Rusty Trawler.
Acho que devemos brindar a isso.
Acabou-se. Que pena.
Tens whisky là em cima?
Mas jà bebeste que chegue.
Và là. Vai buscar o whisky.
Eu pago-te.
Holly, por favor.
Não, não, tu não aprovas de mim,
e eu não aceito bebidas
de cavalheiros
que não aprovam de mim.
Eu pago o meu whisky,
e não te esqueças disso.
Holly.
Não aceito bebidas de cavalheiros
que não aprovam de mim.
Especialmente de cavalheiros
que não aprovam de mim,
e que vivem às custas de senhoras.
Por isso, aceita.
Devias estar habituado a aceitar
dinheiro de senhoras.
Se fosse a ti,
tinha mais cuidado com o dinheiro.
O Rusty Trawler é uma forma
demasiado dura de ganhà-lo.
Demora exactamente quatro segundos
a ir daqui até a porta.
Dou-te dois.
50 DÓLARES
RUSTY TRAWLER CASA PELA QUARTA VEZ
Olà. Vinha conversar
sobre a outra noite,
depois vi os jornais, e...
Bem, estou um bocado envergonhado,
mas como te diz respeito,
achei melhor vir cà.
- O quê?
- O quê?
Ah, os tampões de ouvidos.
Não consigo voltar ao princípio.
Basta dizer que vim fazer as pazes.
Além do mais, trago novas.
- Posso entrar?
- Acho que sim.
Um minuto.
Tenho uma camisa de noite vestida?
Não tenho.
Vira-te de costas um instante.
Deixa là. É uma parvoíce
dizer isto. Eu viro as costas.
Entra.
Jà...viste o jornal?
Sobre o Rusty?
Sim. Jà sei a história toda.
O tipo enganou-me bem, não foi?
Pensei que ele era um rato,
mas afinal era um ratão.
Um ratão na pele de um rato.
E ainda não sabes tu o melhor.
Não só era um ratão
como estava teso.
Teso! Sem um vintém.
A família dele tem dinheiro,
mas ele próprio està teso.
Tem uma dívida de 700.000 dólares.
Consegues imaginar o que é
ter uma dívida de 700.000 dólares?
43 dólares, talvez.
Foi por isso que ele decidiu
casar-se com a rainha
das pessoas porcinas.
Deixa-me que te diga,
Fred, querido,
eu contigo casava-me por dinheiro
num instante.
- Casavas-te comigo pelo meu?
- Num instante.
Ainda bem que não somos ricos.
Pois é.
Oh, Fred, querido,
é tão bom ver-te.
Que tens andado a fazer?
A escrever.
Vendi um conto. Soube agora.
Oh, que maravilha! É mesmo.
E a tua amiga decoradora,
o que acha disso?
Não te devias estar a poupar?
Sabes uma coisa?
Ainda não tive
oportunidade de lhe dizer.
E se fôssemos tomar um copo
ou dar um passeio para festejar?
Està bem. Hà champanhe
no frigorífico.
Porque não abres a garrafa
enquanto me visto?
Nunca bebi champanhe
antes do pequeno-almoço.
Vàrias vezes ao pequeno-almoço,
mas nunca antes, propriamente.
Tenho uma ideia maravilhosa.
Passaremos o dia
a fazer coisas que nunca fizemos.
Um de cada vez.
Primeiro tu, depois eu.
Claro que eu não consigo pensar
em nada que nunca tenha feito.
Nunca dei um passeio de manhã.
Pelo menos em Nova lorque.
Ás seis da manhã jà,
mas isso é de noite.
- Achas que conta?
- Claro. Estamos empatados.
- Não é fabuloso?
- O quê?
O Tiffany's.
Não é uma maravilha?
Nada de mau pode acontecer
num sítio destes.
Estou-me nas tintas para jóias,
exceptuando diamantes.
Como aqueles.
- Que é que achas?
- Bem...
Acho fuleiro usar diamantes
antes dos 40 anos.
Tens razão, mas entretanto
tem de se ter alguma coisa.
Eu espero.
Não. Vou dar-te um presente.
Compraste-me fita para a màquina
de escrever, e deu sorte.
Mas o Tiffany's é caro.
Tenho o meu cheque e dez dólares.
Não te deixo trocar o teu cheque,
mas aceito um presente
que custe menos de dez dólares.
Claro que não sei o que vamos
encontrar aqui por dez dólares.
Posso ajudar?
Talvez. Queremos
um presente para a senhora.
Com certeza.
Tem alguma coisa na ideia?
Bem, tínhamos pensado em diamantes.
Não leve a mal, mas a senhora acha
que diamantes são fuleiros.
Acho que ficam maravilhosamente
às mulheres mais velhas,
mas para mim não, sabe.
- Com certeza.
- Na verdade, devo mencionar
que hà também a questão financeira.
Apenas podemos gastar...
uma quantia limitada.
- Posso perguntar o limite?
- Dez dólares.
É o limite màximo, sim.
- Compreendo.
- Tem alguma coisa por esse preço?
Francamente, minha senhora,
por esse preço,
a variedade de artigos
é um pouco limitada.
Porém, parece-me que temos,
deixe ver...
Apenas uma novidade.
Para a dama e o cavalheiro
que jà têm tudo,
um discador de telefone
de prata de lei.
São 6 dólares e 75, jà com imposto.
Um discador de telefone
de prata de lei.
Sim, senhor. São 6 dólares e 75,
jà com o imposto federal.
Bem, o preço é bom,
mas eu queria uma coisa,
como hei-de dizer,
mais romântica.
- O que é que achas?
- Um discador de prata?
Là bonito é ele, mas...
o senhor compreende.
Bem, pelo menos tentàmos...
Podemos mandar gravar algo, não?
Bem, suponho que sim.
O problema é que teriam
de comprar alguma coisa antes
para ter um objecto
para mandar gravar.
Està a ver a dificuldade?
Podíamos mandar gravar isto,
não podíamos?
Acho que ficava muito bonito.
Depreendo que isto
não foi comprado no Tiffany's?
Não. Foi comprado
em simultâneo com...
Bem, veio dentro duma...
- caixa de bolachas de àgua e sal.
- Estou a ver.
As bolachas de àgua e sal
ainda trazem brinde?
- Trazem, pois.
- lsso é bom de saber.
Dà uma sensação de solidariedade,
de continuidade com o passado,
ou coisa parecida.
O Tiffany's gravava-o
mesmo para nós?
Não se achariam demasiado
importantes para fazê-lo?
Bem, é um pouco invulgar,
mas sabe, o Tiffany's
é muito compreensivo.
Se me disser as iniciais,
acho que estarà pronto
amanhã de manhã.
Não te disse
que era um sítio maravilhoso?
Mas onde é que estamos?
Não te querias sentar?
É a biblioteca pública
- Nunca cà vieste?
- Não. Jà são duas coisas.
Não vejo livros.
Estão ali.
Vês?
Cada uma destas gavetinhas
està cheia de cartões.
Cada cartão é um livro ou autor.
Que fascinante.
- V-a-r-j-a-k.
- A sério?
Olha. Não é maravilhoso?
Cà estàs tu, na biblioteca pública.
Varjak, Paul. ''Sete Vidas.''
E uma data de números.
Eles têm o livro, ao vivo?
Claro. Vem comigo.
Número 57. Cà està.
57, por favor.
''Sete Vidas,'' do Varjak, Paul.
Jà o leu? É uma maravilha.
- Não, lamento.
- Pois devia. Foi ele que escreveu.
É o Varjak, Paul, em carne e osso.
Ela não acredita.
Mostra-lhe a carta de condução
ou o cartão de crédito,
ou algo assim.
Ele é o autor. Juro pelas alminhas.
lmporta-se de falar mais baixo?
Ponha um autógrafo.
Não seria óptimo?
Dava um toque mais pessoal.
Com franqueza, Menina...
Anda. Não sejas tão convencido,
autografa-o.
Que hei-de escrever?
Uma coisa sentimental, acho.
Que està a fazer? Pare com isso!
Està a estragar
propriedade pública.
Se a senhora acha mesmo.
Anda. Vamo-nos embora.
Acho que este sítio não é
tão simpàtico como o Tiffany's.
Alguma vez roubaste alguma coisa
duma loja dos trezentos
quando eras miúdo?
Não. Sou do tipo sensível
e estudioso. E tu?
Costumava. De vez em quando ainda
o faço, para não me destreinar.
Não sejas medricas.
Nunca o fizeste, e é a tua vez.
Não vejo nada.
Olà, gato. A senhora da casa està?
Diabrura ou gostosura?
És maluco. Sabes isso, não sabes?
Mas eu amo-te assim mesmo.
- Tooley.
- Sim?
Tenho...de falar contigo.
Està bem.
Queres tomar uma bebida?
Se isto é uma conversa séria,
e estou cheia de medo que seja,
tens de tirar
essa màscara ridícula,
ou então eu terei
de pôr uma também.
Tooley, ouve, por favor.
Que é que tu tens?
Problemas de mulheres?
É isso?
Oh, jà percebo.
Bem, não é assim tão sério.
Aliàs, jà o esperava.
Não me agrada, mas jà o esperava.
Quem é?
Não tem nada que ver com ela.
lsto é entre nós.
Então é mesmo sério.
Diz là.
Tooley, és uma rapariga
muito elegante.
Não podemos terminar isto
de forma elegante?
- Terminar?
- Sim.
Não me digam
que o Andy Hardy se apaixonou.
Vejamos...uma empregada de mesa?
Ou de loja?
Não. Tem de ser rica,
não é, Paul?
Alguém que te possa ajudar.
Curiosamente...
é uma rapariga que não pode ajudar
ninguém, nem mesmo a ela própria.
Mas eu posso, e é uma sensação
agradàvel, para variar.
Està bem.
Eu percebo.
Sabes que te digo, Paul?
Sou uma rapariga muito elegante.
- Que estàs a fazer?
- A passar um cheque.
Não fiques tão admirado.
Jà me deves ter visto
passar cheques.
Á ordem de Paul Varjak,
mil dólares.
Leva-a a algum lado por uma semana.
Tens direito a umas férias pagas.
É uma simples questão de boas
relações de trabalho.
Se fosses esperto mesmo,
juntavas os rapazes
e formavas um sindicato.
Assim recebias mais subsídios:
hospitalização, plano de reforma,
e subsídio de desemprego,
para quando estiveres...
como hei-de dizer...
entre serviços?
Obrigado por me facilitares isto.
Não sejas ridículo, querido.
Aceita o cheque.
E telefona à tua garota.
Não, obrigado.
Tenho um cheque que é meu.
Quando arranjares
outro escritor para ajudares,
arranja um do meu tamanho.
Para não teres sequer
de encurtar as mangas.
- Que està a fazer?
- Desculpe.
Peço desculpa.
Parece mesmo uma rapariga
que eu conheço, que se chama Holly.
Não me diga.
Desculpe.
Olà.
O que é que tu queres?
Quero falar contigo.
Estou ocupada.
- Que estàs a fazer?
- A ler.
''América do Sul:
terra de Riqueza e Potencial?''
É muito interessante.
Vamos sair daqui.
Disse para sairmos daqui.
Quero falar contigo.
Que é que tu tens? Que aconteceu?
Fred, deixa-me em paz, por favor.
Amo-te.
- Onde vais?
- Á casa de banho.
- Que é que tu tens?
- Larga-me.
- Não.
- Fred, larga-me.
Vamos esclarecer uma coisa.
Eu não sou o Fred,
nem o Benny Shacklett.
O meu nome é Paul, Paul Varjak,
e eu amo-te.
- Larga-me.
- Que é isso da América do Sul?
Se me vou casar
com um sul-americano,
tenho de aprender sobre a terra.
- Casar? Qual sul-americano?
- O José.
- Qual José?
- José da Silva Pereira.
Quem é o José da Silva Pereira?
Tu conheceste-o -
amigo da Mag Wildwood.
O bonitão que veio com o Rusty.
Pois, não vais acreditar -
não só é bonito e rico,
como està completamente
doido por mim.
- Estàs maluca.
- Achas que te pertenço?
É isso mesmo.
É isso que toda a gente
pensa sempre, mas enganam-se.
Ouve, eu não sou toda a gente.
Ou sou?
É mesmo isso que pensas?
Que sou igual
aos teus ratos e ratões?
Espera aí.
Se é isso...
Se é isso que tu pensas mesmo...
tenho uma coisa para te dar.
O que é isso?
50 dólares para o toilette.
A casa està tão desarrumada
que não aguentava estar cà sozinha.
- Tem uma mensagem.
- Espere.
Olé.
Boa noite, Sr. Yunioshi.
- Boa noite, Paul.
- Boa noite.
Boa noite.
Por favor, tem de me ajudar.
Larga-me. Não!
Não! Não!
- O que é que lhe fez?
- Nada.
Chegou um telegrama,
e depois foi isto...
A partir tudo e portando-se
como louca. É uma vergonha.
Não pode haver escândalo público.
É uma situação delicada.
A minha posição social,
a minha família.
A polícia vai vir outra vez?
Não vejo porquê. Não hà nenhuma lei
contra destruir o próprio andar.
- Onde està o telegrama?
- Està ali.
''Recebi notícia jovem Fred morto...
''num acidente de jipe,
Fort Riley, Kansas.
''teu marido e filhas estão contigo
''nesta hora da nossa perda mútua.
''Segue carta. Beijos, Doc.''
O seu irmão Fred.
Eles eram muito amigos?
Eram.
O que é que se pode fazer?
Tentar ajudà-la.
Eu tentei. Não serviu de muito.
Tem uma quinta
ou coisa parecida no Brasil?
Tenho.
lsso é bom. Ela vai gostar disso.
Bom, é melhor ir là dentro.
- Olà.
- Olà. Recebi o teu telegrama.
Como é sabias onde encontrar-me?
Tentei de tudo -
telefonei às pessoas, perguntei,
depois lembrei-me da lista
telefónica. Ainda bem que vieste.
Estàs com bom aspecto.
Estou gorda que nem um texugo
e tenho o cabelo por arranjar,
mas estou muito feliz -
deve-se notar.
Também tens um ar muito distinto.
Tenho um emprego.
Tenho estado a escrever um pouco.
Li três das tuas histórias -
duas no New Yorker e uma
naquela revistazinha esquisita.
- Não te sentas?
- Obrigado.
- Aprendi a tricotar.
- Estou a ver.
Vai ficar muito bonito
quando estiver pronto.
Estou apreensiva.
O José trouxe o projecto
duma casa de quinta.
Acho que o troquei
pelas instruções do tricot.
Talvez esteja a tricotar
uma casa de quinta!
Mas nem te digo
que feliz que estou.
O que era aquilo?
Português -
uma língua muito complicada.
4.000 verbos irregulares.
Muito bem. Que significa?
Acho que està feita
com o homem do talho.
Holly, o que é que se passa?
Porque é que me querias ver?
O José està em Washington hoje,
por isso pensei convidar-te.
Jà me despedi
de todos os outros de quem gosto.
- Vais-te embora?
- Para o Rio, amanhã.
Tenho o bilhete de avião,
e até jà me despedi do Sally.
- O José vai contigo?
- Vamos em aviões diferentes.
Ele não acha bem viajarmos juntos.
Como a família é importante là,
ele preocupa-se com essas coisas.
Apeteceu-me exibir os meus talentos
e cozinhar para nós.
Jà te disse
que estou completamente feliz?
Jà.
Vais-te mesmo casar, então?
Bem, ele ainda não disse
exactamente essas palavrinhas.
Essas duas?
São só duas palavrinhas.
Casas comigo?
Nós vamo-nos casar, sim.
Na igreja, com a família dele là,
é por isso que ele està à espera
de chegarmos ao Rio...acho.
Achas que nos està
a tentar dizer alguma coisa?
Espero que gostes de arroz
de frango com molho de chocolate.
É um prato indiano clàssico, filho.
Hà três meses,
não sabia estrelar ovos.
Estàs bem?
Ora bolas, querido.
Queria tanto fazer brilharete.
Eu até nem gosto muito
de frango com molho.
Porque é que não vamos
jantar fora, de despedida?
Seria divertido,
desde que eu possa ir assim.
Daqui a uns anos,
muitos anos, voltarei...
com os meus nove
pirralhos brasileiros.
Claro que serão escurinhos
como o José,
mas terão lindos
olhos verdes reluzentes.
E vou trazê-los de volta,
porque eles têm de ver isto.
Oh, como amo Nova lorque.
Para que é que vais partir?
Não percebo o que ganhas com isso.
Eu sei o que pensas.
Não te culpo por isso.
Eu sempre me armei em fina,
mas excepto o Doc e tu, o José é
o meu primeiro amante não-rato.
Não que ele seja
o meu sonho de homem.
Ele é demasiado empertigado
e cauteloso para ser o meu ideal.
Se pudesse escolher de entre todos,
não escolhia o José.
O Nero, talvez,
ou o Albert Schweitzer.
Ou o Leonard Bernstein.
Mas sou louca pelo José.
Até deixava de fumar
se ele me pedisse.
Anda, querido, vamos comer.
Està a ficar tarde.
Vou partir amanhã e ainda
nem comecei a fazer as malas.
Não queria que o José pensasse
que sou daquelas que perdem chaves,
por isso mandei fazer 26.
Espera. Tenho uma ideia melhor.
Um gesto de despedida.
Deixaram-na aberta.
Espertalhão do Yunioshi.
Alvorada! Vêm aí os britânicos!
Ou seja, os brasileiros.
Exacto.
Ainda tenho de limpar o arroz.
Olha, sabes...
Foi ela! A mulher procurada! Ali!
Groenburger.
Brigada de Estupefacientes.
- Como?
- Que é que se passa?
- Pergunte ao seu patrão?
- Qual patrão?
O Sally Tomato. Pergunte-lhe, và.
Procurem narcóticos!
Eles têm cà muitos.
- Qual é o seu nome?
- Varjak.
Pouco barulho!
Paul Varjak. V-A-R-J-A-K.
Và passear!
Rua!
Sou escritor. E-S-C-R-l-T-O-R.
Não posso responder
às vossas perguntas todas.
Um de cada vez.
Um, por favor. Està bem.
Não posso responder
às vossas perguntas todas.
Um de cada vez.
Caluda!
Porque não começa você?
Levava mensagens em código?
Claro que não.
Só transmitia ao Sr. O'Shaughnessy
o boletim meteorológico.
Nem me perguntem
do que se de trata.
- Mas visitava o Tomato?
- Todas as semanas. Que se passa?
Tomato faz parte
da màfia dos narcóticos.
Ele nunca falou em narcóticos.
Aqueles malvados
é que estão sempre a massacrà-lo.
É uma pessoa muito sensível,
um velhinho querido.
- Então você està inocente.
- Claro.
Que vai fazer?
Quem é o seu advogado?
Não sei.
O Sr. O'Shaughnessy, acho eu.
Põe-te a andar!
Và, vamos! Mexe-te.
- Cala-te!
- Là para dentro!
BÓFlA COLHE TOMATO
Menina de Sociedade Presa em Rusga
- Sim?
- Sr. Paul Varjak?
Sim.
Chamada para o Sr. Berman
em Hollywood.
Queira introduzir 3 dólares
para os primeiros 3 minutos.
Estou? Estou?
Fala O.J. Berman. Quem fala?
- Fala Paul Varjak.
- Prazer em ouvir-te, rapaz.
Varjak. V-A-R-J-A-K.
Sou amigo da Holly.
Conhecemo-nos numa festa.
- Quem?
- Paul. Paul Varjak.
V-A-R...
Sr. Berman, fala o Fred.
Oh, Fred, rapaz, então?
Estàs a ligar por causa da miúda?
Està tudo em ordem.
Podes ficar descansado.
Falei com o meu advogado
em Nova lorque.
Disse-lhe para tomar conta do caso,
mas para me manter anónimo.
- O quê?
- Não me quero envolver, ouviste?
Parece que està dentro dum túnel.
É este telefone executivo
que eu tenho.
- O quê?
- Telefone executivo!
A fiança dela
são só 1 0.000 dólares.
O advogado consegue soltà-la
às dez da manhã.
Vamos fazer o seguinte.
Forças a entrada
naquela espelunca onde ela vive,
apanhas as coisas dela,
vais buscà-la, leva-la
para um hotel sob nome falso.
Afasta-a dos jornalistas.
- Fazes isso?
- Claro, Sr. Berman.
Nem sei como agradecer...
Não tens de quê.
Eu devo-lhe alguma coisa.
No fundo não lhe devo nada,
mas...ela é uma doida.
É uma falsa.
Mas é uma falsa verdadeira.
Percebes o que te digo, rapaz?
Percebo.
Obrigado, Sr. Berman.
Muito obrigado.
Està bem!
Porque é que não te comportas?
Que noite.
Assaltei-te a casa
enquanto estiveste fora.
Hotel Clayton, motorista.
Esquina da 84 com Madison.
O O.J. acha que deves
desaparecer por uns tempos.
Tenho aqui as tuas coisas,
incluindo o gato.
Espero que esteja bem.
Olà, gato...
Pobre mandrião sem nome.
Ouve, querido,
encontraste o bilhete de avião?
- Toma. Podemos trocà-lo.
- Estàs a brincar?
- Que horas são?
- Passa pouco das dez.
Aeroporto de ldlewild, condutor.
- Não ligue. Não podes fazer isso.
- Porque não?
Não compreendes.
Estàs sob acusação.
Se foges à lei,
prendem-te e deitam fora a chave.
Não digas asneiras. Vou-me casar
com o futuro Presidente do Brasil.
Terei imunidade diplomàtica,
ou coisa parecida.
Não me parece.
O que foi, querido?
Tenho uma mensagem para ti.
Ah, sim. Estou a ver.
Ele trouxe-a por mão própria,
ou meteram-na debaixo da porta?
Foi um primo.
Dà-me a minha carteira,
dàs, querido?
Uma rapariga
não lê coisas dessas...
sem o batom posto.
Lê-ma tu, querido.
Acho que não consigo...aguentar...
De certeza que queres?
''Minha querida menina,
''Amei-te, sabendo
que não eras como as demais,
''mas imagina o meu desespero
''quando descobri,
de forma tão brutal e pública,
''como és diferente
do tipo de mulher
''que um homem da minha posição
pode desejar como esposa.
''Lamento a desgraça
da tua presente situação,
''e não tenho coração
''para acrescentar
a minha condenação...
''àquela que jà tens à tua volta,
''por isso, espero que também não
me condenes a mim.
''Tenho a minha família
e nome a proteger.
''A respeito dessas instituições,
sou um cobarde.
''Esquece-me, bela criança,
''e que Deus esteja contigo.
''José.''
Bem...
Bem, pelo menos foi honesto.
É quase enternecedor.
Enternecedor!
Essa conversa conservadora.
Ele diz que é um cobarde.
Està bem! Não é um rato vulgar,
nem mesmo um ratão.
É apenas um ratinho assustado.
Mas, ora bolas... Que chatice!
Bem, là se vai a América do Sul.
Não foste feita
para ser a rainha das pampas.
- Hotel Clayton.
- ldlewild.
O quê?
O avião parte ao meio-dia.
Faço tenção de o apanhar.
- Holly, não podes.
- E porque não?
Não vou a correr atràs do José,
se é isso que pensas. Oh, não.
A meu ver, é o futuro
Presidente de Lugar Nenhum.
Mas porquê desperdiçar
um bilhete de avião?
Além disso, nunca fui ao Brasil.
Por favor, querido,
não olhes para mim dessa maneira.
Vou, e acabou-se a conversa.
Só precisam de mim
para ser testemunha contra o Sally.
Ninguém me quer acusar.
Para jà, não têm qualquer hipótese.
Esta cidade jà deu o que tinha
a dar, pelo menos por agora.
Nem sempre é bom dar nas vistas.
Ás vezes arruina a compleição.
Vão-me querer enforcar
em todos os bares da cidade.
Sabes que mais?
Quando voltares ao centro,
telefona ao New York Times,
ou a quem seja.
Envia-me a lista dos 50 homens mais
ricos do Brasil. Os 50 mais ricos!
Não te vou deixar fazer isto.
- Não vais?
- Holly, estou apaixonado por ti.
- E depois?
- E depois? Depois muita coisa!
Amo-te. Pertences-me.
Não. As pessoas
não pertencem a outras pessoas.
Claro que pertencem.
- Ninguém me vai meter numa jaula.
- Eu quero amar-te.
- É a mesma coisa.
- Não, não é! Holly!
Não me chamo Holly. Nem Lula Mae.
Não sei quem sou! Como o gato,
um pobre mandrião sem nome.
Não pertencemos a ninguém.
Nem pertencemos um ao outro.
Pare o tàxi.
Que é que achas?
lsto deve ser o lugar ideal
para um duro como tu -
latas de lixo e ratos aos montes.
Põe-te a andar! Desaparece! Rua!
Vamos.
Motorista...
Pare aí à frente.
Sabes o teu problema,
Menina Sejas-Quem-Fores?
És uma cobarde. Não tens garra.
Tens medo de dizer,
''a vida é um facto.''
As pessoas apaixonam-se.
As pessoas pertencem
umas às outras,
porque essa é a única hipótese
que temos de sermos felizes.
Achas que és um espírito livre,
um animal bravio.
Estàs aterrorizada
que te metam numa jaula.
Pois olha, querida,
jà estàs là dentro.
Foi construída por ti.
E não està em Tulip, no Texas,
ou na Somàlia.
Està onde tu estiveres.
Porque para onde quer que fujas,
sempre vais dar a ti mesma.
Toma. Hà meses
que ando com isto no bolso.
Jà não o quero.
Ó gato!
Gato!
O gato?
Não sei.
Anda cà.
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do European Captioning lnstitute