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REI ARTUR
"É aceite pelos historiadores
que a lenda do Séc. XV sobre
o Rei Artur e os seus Cavaleiros
teve origem num herói real
que viveu mil anos antes,
num período muitas vezes
chamado Idade das Trevas."
"Provas arqueológicas recentes
deram-nos a sua identidade real."
Em 300 d.C. , o Império Romano
estendia-se da Arábia à Bretanha.
Mas eles queriam mais.
Mais terra. Mais povos leais
e subservientes a Roma.
Mas nenhum povo era tão importante
como os poderosos Sármatas
do Leste.
Morreram milhares naquele campo.
Quando o fumo levantou
ao quarto dia,
os únicos soldados Sármatas
ainda com vida
eram os membros da dizimada,
mas lendária cavalaria.
Os Romanos, impressionados pela sua
valentia, pouparam-lhes a vida.
452 d.C.
Em troca, esses guerreiros foram
incorporados no exército romano.
Seria melhor terem morrido
naquele dia.
Pai,
eles chegaram.
Pois a segunda parte do acordo
penhorava-os não só a eles...
Chegou o dia.
... como também aos filhos deles,
aos filhos dos filhos deles
e por aí adiante
a servirem o Império
como cavaleiros.
Fui um desses filhos.
Há uma lenda
em que os cavaleiros tombados voltam
como grandes cavalos.
Ele já viu o que te espera.
Irá proteger-te.
Lancelot!
Lancelot!
Não tenhas medo. Voltarei.
Quanto tempo estaremos fora?
15 anos. Sem incluir os meses
necessários para chegar ao teu posto.
Lancelot!
O nosso posto era a Bretanha...
Ou, pelo menos, a metade Sul.
Pois a terra estava dividida
por uma muralha com 120 quilómetros
construída três séculos antes
para proteger o Império
dos guerreiros nativos do Norte.
Assim, tal como os nossos
antepassados tinham feito,
viajámos e apresentámo-nos
ao comandante romano na Bretanha,
apelidado segundo o seu ancestral...
Artorius.
Ou Artur.
15 ANOS MAlS TARDE
Conforme prometido,
a carruagem do Bispo.
A nossa liberdade, Bors.
Já quase a sinto.
E a tua passagem
para Roma, Artur.
Woads!
Poupa as tuas preces.
O teu deus não vive aqui.
Por que razão te enviou Merlin
para Sul da muralha?
Derrama o meu sangue
com a Excalibur
e torna este chão sagrado.
Apanha-o.
Apanha-o.
- Bors.
- Que quantidade de sangue.
Não é o Bispo.
Deus nos ajude.
O que são eles?
Demónios azuis que comem cristãos
vivos. Não és cristão, pois não?
Isto resulta mesmo?
Nada.
Talvez não esteja a fazê-lo bem.
Artur!
Artur Castus.
És a imagem do teu pai.
Não te via desde a tua infância.
Bispo Germanus,
bem-vindo à Bretanha.
Vejo que as suas capacidades
militares ainda são úteis.
O seu estratagema funcionou.
Velhos truques de um velho cão.
E estes são os grandes
cavaleiros Sármatas
de que tanto ouvimos falar em Roma.
Pensava que os Woads controlavam
a Norte da Muralha de Adriano.
Controlam, mas aventuram-se
para Sul.
A retirada antecipada de Roma
da Bretanha aumentou-lhes a ousadia.
Woads?
Rebeldes britânicos
que odeiam Roma.
Homens que querem recuperar
a nação deles.
Quem os lidera?
Chama-se Merlin.
Dizem que se dedica à magia negra.
Tristão, certifica-te
de que a estrada está livre.
Por favor, não se preocupe, Bispo.
Protegê-lo-emos.
Não duvido, comandante.
Não duvido.
Dúzias não me preocupam tanto
como milhares.
Milhares?
Agora que somos homens livres, vou
beber até não conseguir mijar a direito.
- É o que fazes todas as noites.
- Nunca consegui mijar a direito.
Tenho muito que controlar...
lá em baixo.
É um problema.
A sério, é um problema.
Parece...
... um braço de bebé
a segurar uma maçã.
Não gosto daquele romano.
Se veio dispensar-nos,
que nos dê os nossos papéis.
É essa a tua cara de felicidade?
Galahad, sabes que os romanos
nem o rabo coçam sem uma cerimónia.
Porque não o matas
e dás dispensa a ti mesmo?
Não mato por prazer...
ao contrário de alguns.
Tens de experimentar um dia.
Talvez lhe apanhes o gosto.
Faz parte de ti, do teu sangue.
Não, não, não.
A partir de amanhã, tudo isto
será apenas uma má recordação.
Já pensei no que significará
voltar a casa após tudo isto.
O que irei fazer?
Para o Galahad é diferente.
Andei nesta vida...
... mais tempo que na outra.
O lar já não me está
muito claro na memória.
Faz frio, lá.
E todos os que conheço estão mortos.
Além disso, tenho...
... julgo eu, uma dúzia de filhos.
Onze.
Quando os romanos partirem daqui,
seremos senhores deste sítio.
Serei governador da minha aldeia
e o Dagonet será o meu guarda pessoal
e lambe-botas real. Certo, Dag?
Quando voltar a casa, vou encontrar
uma bela Sármata para casar.
Uma bela Sármata? Porque julgas
que nos viemos embora?
Qual é o teu plano, Lancelot?
Se a mulher do Gawain
for tão bonita como ele diz,
pretendo passar o tempo
em casa dele.
A mulher dele vai agradecer
a companhia.
E que estarei eu a fazer?
A pensar na sorte que foi
teres filhos parecidos contigo.
Isso é antes ou depois de te dar
com o machado?
Onde estiveste? Onde?
Que vais fazer na tua adorada Roma?
Dar graças a Deus por ter
sobrevivido.
Tu e o teu deus.
Perturbas-me.
Quero paz, Lancelot.
Já tive a minha conta.
Devias visitar-me.
Roma é um sítio magnífico.
Ordeiro, civilizado, evoluído.
Local de nascimento
de tolos arrogantes.
As maiores mentes
uniram-se num sítio sagrado
para ajudar a libertar
a humanidade.
E as mulheres?
Abram os portões!
Bem-vindo de volta, Artur.
Lancelot.
Bispo, os meus aposentos
estão à sua disposição.
Sim. Tenho de repousar.
Onde estiveste?
Estive à tua espera.
Minha florzinha. Que paixão!
Onde está o meu Gilly? Gilly.
- Tens lutado? E vencido?
- Sim.
Grande rapaz. Venham,
meus pequenos bastardos.
Pelágio.
Foi bondade do Artur
ter cedido o quarto.
Mas claro... era o que se esperava.
Vim para escoltá-lo
até à muralha da fortaleza.
Quando o meu amo se encontrar
com os teus cavaleiros,
deve ser o último a sentar-se
e ficar à cabeça da mesa.
O teu amo pode sentar o sagrado
traseiro onde bem lhe apetecer.
Sua Eminência, Bispo Naius...
... Germanius!
Uma mesa redonda?
Que espécie de mal é este?
O Artur diz que, para os homens serem
homens, devem primeiro ser iguais.
Julguei que vocês fossem mais.
Éramos. Há 15 anos
que lutamos aqui.
É claro.
Artur e os seus cavaleiros
têm servido com coragem
para manter a honra
do Império de Roma
neste último posto avançado
da nossa glória.
Roma deve-vos muito,
nobres cavaleiros.
Aos vossos últimos dias
ao serviço do Império!
Dia... e não "dias".
O Papa tem um interesse
especial por vós.
Ele indaga sobre cada um de vós
e está curioso para saber se vós,
cavaleiros,
se converteram
à palavra do nosso Salvador.
Eles mantêm a religião dos
antepassados. Nunca os questionei.
É claro. São pagãos.
A lgreja considera tais crenças
inocentes, mas tu, Artur,
o teu caminho até Deus
é através de Pelágio?
- Vi a imagem dele no teu quarto.
- Ele ocupou o lugar do meu pai.
As suas palavras sobre livre arbítrio
e igualdade influenciaram-me muito.
Aguardo com ansiedade
encontrá-lo em Roma.
Roma aguarda a tua chegada
com grande expectativa. És um herói.
Acabarás os teus dias
com honra e riqueza.
Infelizmente...
Infelizmente, somos apenas jogadores
num mundo em constante mudança.
Bárbaros de todos os cantos
estão quase às portas de Roma.
Devido a isto, Roma e o Santo Padre
decidiram retirar-nos
de postos indefensáveis
como a Bretanha.
O que acontece à Bretanha
já não é preocupação nossa.
Suponho que os Saxões
irão reclamá-la.
- Os Saxões?
- Sim.
No Norte, uma imponente incursão
saxónica teve início.
Os Saxões só reclamam o que matam.
Eles só matam tudo.
Então, vão deixar a terra
aos Woads.
Arrisquei a vida a troco de nada.
Senhores,
os vossos papéis de dispensa,
com salvo-conduto no Império Romano.
Mas, primeiro,
devo falar ao vosso comandante.
- Em privado.
- Não temos segredos.
Venham. Deixemos
os assuntos romanos aos romanos.
Deixa isso, Bors.
Roma emitiu uma última ordem
para ti e para os teus homens.
Última ordem?
Devem ir ao Norte resgatar
a família de Marius Honorius
e voltar, particularmente,
com o filho de Marius, Alecto.
Alecto é o afilhado
e pupilo preferido do Papa.
É destino dele tornar-se bispo
e talvez até Papa, um dia.
É neste dia que pede isto
aos meus homens.
Neste dia.
Arriscaram a vida durante 15 anos
por uma causa que não é deles.
E agora,
no dia em que seriam libertados,
envia-os numa missão mais
perigosa que qualquer outra.
Diga-me, como digo aos meus homens
que, em vez da liberdade,
lhes ofereço a morte?
Se forem cavaleiros lendários,
talvez alguns sobrevivam,
se for vontade de Deus.
Os teus homens querem voltar
a casa.
Para tal, têm de atravessar
a extensão do Império Romano.
Os desertores seriam abatidos
como cães.
Desafiarás o Papa, Artur? Roma?
O próprio Deus?
Tudo o que fiz, foi pela lgreja
e por Roma.
Não tome um soldado leal
por um tolo.
Deixarias um rapaz indefeso, destinado
a liderar a lgreja,
às mãos de assassinos?
Cumpre esta missão, e os teus
homens serão dispensados.
Os papéis deles estarão aqui
quando regressarem.
Tens a minha palavra.
Pense bem nessa palavra, Bispo,
pois farei com que a cumpra.
Quebre-a, e não há Legião Romana,
Guarda Pontifícia, e nem mesmo
Deus, que o proteja.
Essa é a minha palavra.
- Ela pegou-me pulgas.
- É bom que sejam pulgas.
À melhor de três.
Quem quer mais um copo?
Deixa o Bors
e vem para casa comigo.
O meu homem está de olho em ti!
Não és nada parecido com ele.
És um Bors.
Tristão, como fazes isso?
Aponto ao centro.
Eles querem mais!
Toma. Trata do teu filho.
Onde tens estado?
Temos planos a fazer.
Por favor, canta.
- A última.
- Não quero cantar.
Calem-se!
A Vanora vai cantar.
- Canta.
- Canta sobre casa.
Canta.
- Canta!
- Por favor.
Terra de urso e terra de águia
Terra que nos deu vida e abençoou
Terra que nos chamou sempre à pátria
Iremos para casa pelas montanhas
Iremos para casa
Iremos para casa
Iremos para casa pelas montanhas
Iremos para casa a cantar
Iremos para casa pelas montanhas
Iremos para casa
Artur!
Ainda não és completamente romano.
Cavaleiros.
Irmãos de armas.
A vossa coragem já foi testada
para lá de todos os limites.
- Peço-vos agora uma última prova.
- A da bebida.
Temos de partir numa última
missão por Roma
antes que a nossa liberdade
possa ser-nos concedida.
Bem a Norte da muralha, uma família
romana precisa de ser resgatada.
Foram apanhados pelos Saxões.
Devemos assegurar a segurança deles.
Que os romanos cuidem
da gente deles.
Acima da muralha,
é território dos Woads.
O nosso dever para com Roma, se
alguma vez foi um dever, está cumprido.
O nosso pacto com Roma
está cumprido.
Todos os cavaleiros que aqui estão
já arriscaram a vida por ti.
Por ti.
E, em vez de liberdade,
queres mais sangue?
O nosso sangue? Dás mais valor
ao sangue romano que ao teu?
Temos ordens. Partimos à alvorada.
Quando voltarmos,
a liberdade estará à vossa espera.
Uma liberdade com honra.
Sou um homem livre!
Escolho o meu próprio destino!
Todos temos de morrer algum dia.
Se a morte à mão de um saxão
te assusta, fica em casa.
Se estás tão ansioso por morrer,
podes morrer já!
- Chega!
- Tenho uma razão para viver!
Os romanos quebraram a palavra deles.
Temos a palavra de Artur.
É o suficiente.
Vou preparar-me.
Bors.
- Vens?
- Claro que vou.
Não podes ir sozinho!
Vais morrer!
Só disse o que todos pensam.
A Vanora vai matar-me.
E tu, Gawain?
Estou contigo.
O Galahad também.
Senhor misericordioso, preciso
muito da Tua misericórdia agora.
Não para mim,
para os meus cavaleiros.
Esta é a hora em que precisam dela.
Salva-os das provas que os esperam
e recompensar-Te-ei com qualquer
sacrifício que escolhas.
E se, na Tua sabedoria, determinares
que o sacrifício é a minha vida
pela deles, para que possam voltar
a ter a liberdade
que há tanto lhes é negada,
de bom grado farei essa promessa.
A minha morte terá um propósito.
É tudo o que peço.
Porque falas com Deus
e não comigo?
Reza lá a quem rezas para não
nos cruzarmos com os saxões.
A minha fé protege-me.
Por que razão a desafias?
Um homem não deve pôr-se
de joelhos.
Nenhum homem receia ajoelhar-se
perante o Deus em que confia.
Sem fé, o que somos?
Tentar passar os Woads é loucura.
- Já os combatemos antes.
- Mas não a Norte da muralha!
Quantos saxões?
Quantos?
Diz-me, acreditas nesta missão?
Esta gente precisa da nossa ajuda.
O nosso dever...
Não quero saber da tua missão,
nem dos romanos, nem desta ilha.
Se desejas passar a eternidade
neste sítio, que assim seja.
O suicídio não pode ser
escolhido por outrem!
- Escolhes a morte para esta família?
- Não, escolho a vida.
E a liberdade para mim
e para os meus homens!
Quantas vezes roubámos a vitória
às garras da derrota?
Em inferioridade, cercados
e, no entanto, triunfámos.
Contigo a meu lado,
podemos voltar a fazê-lo.
Lancelot, somos cavaleiros.
Que propósito servimos
senão uma tal causa?
Artur, lutas por um mundo
que nunca existirá.
Nunca. Haverá sempre
um campo de batalha.
Morrerei a combater,
disso tenho a certeza.
Com sorte, numa batalha
escolhida por mim.
Mas, se for nesta,
concede-me um favor.
Não me enterres no nosso triste
cemitério. Queima-me.
Queima-me e deita as minhas
cinzas ao vento de Leste.
Não toques nas mulheres deles.
Não nos misturamos com esta gente.
Que tipo de prole iria isso gerar?
Gente fraca. Meia gente.
Não permitirei que o nosso
sangue saxão seja aguado.
As nossas leis dizem que homem
nenhum me pode negar
os despojos da conquista!
- Ele diz a verdade, pai.
Meu amo! Meu amo!
Com a graça de Deus, meu amo!
Obrigada!
Obrigada!
Matem-na.
Estavas a desafiar-me?
Se me desafiares,
fá-lo de espada na mão.
Enquanto o meu coração bater, sou
eu que mando. E tu mordes a língua.
Ou corto-ta.
Estamos a três dias
da Grande Muralha,
se acamparmos à noite.
- Não acamparemos.
Que tropas estão na muralha?
Infantaria ligeira romana
e possivelmente cavaleiros Sármatas.
- Artur Castus lidera-os.
- Artur? Quem é ele?
Dizem que nunca foi vencido.
Que é um grande guerreiro.
Por que razão devo confiar em ti?
És um traidor do teu próprio povo.
Fala-lhes da propriedade romana.
Fala!
Vive lá uma família
de elevada posição.
São de grande importância
para Roma.
Pai, o resgate deles
pode pagar a campanha.
Atacarei pelo Norte
com o exército principal.
Traz os teus homens por aqui.
Cortem-lhes a retirada pelo Sul.
Queimem todas as aldeias.
Matem toda a gente.
Não deixem homem, mulher ou criança
que possa pegar numa espada.
Saxões.
Quantos?
Milhares.
Woads. Estão a seguir-nos.
Onde?
Em todo o lado.
Recuem!
Para trás!
Por aqui!
Para trás!
Por que razão esperam?
"Inish".
Fantasmas demoníacos.
Porque não atacaram?
Merlin não nos quer mortos.
Devíamos tê-los matado, Merlin.
Talvez haja um propósito para
Artorius e os seus cavaleiros.
Não!
Ele é nosso inimigo!
E os saxões também!
Estou ansioso por sair desta ilha.
Se não está a chover, está a nevar.
Se não está a nevar, está nevoeiro.
E isso é no Verão.
A chuva é boa.
Lava o sangue.
Não tira o cheiro.
Bors, pretendes levar a Vanora
e os teus bastardos para casa?
Tenho tentado evitar essa decisão
sendo morto.
Dagonet, ela quer casar
e dar nomes às crianças.
Mulheres! As crianças
já têm nomes. Não têm?
Só o Gilly. Dava muito trabalho,
por isso demos números aos outros.
Isso é interessante.
Julguei que não sabias contar.
Nunca pensei que voltaria a casa
com vida.
Agora tenho oportunidade.
Mas não deixarei os meus filhos.
- Tens muitas saudades deles.
- Levá-los-ei comigo.
Gosto dos pequenos bastardos.
Significam algo para mim.
Especialmente o número três!
- É um bom lutador.
- Isso é por ser meu.
Vou mijar.
Quem és tu?
Sou Artur Castus, comandante
dos cavaleiros Sármatas
enviados pelos Bispo Germanius
de Roma.
Abram o portão.
Que maravilha terem vindo!
Bom Jesus!
Artur e os seus cavaleiros!
Combateste os Woads. Vis criaturas!
Devemos evacuar-vos rapidamente.
Isso é impossível.
- Qual deles é Alecto?
- Eu sou Alecto!
Alecto é meu filho.
Tudo o que temos está aqui,
na terra que nos foi dada pelo Papa.
- Está prestes a dá-la aos saxões.
- Eles estão a invadir.
- Roma enviará um exército.
- Já enviaram, nós.
- Partimos quando estiverem prontos.
- Recuso-me a partir.
Voltem ao trabalho! Todos!
- Já ouviram! Vão!
- Está bem, está bem...
Voltem ao trabalho! Todos!
Se não o levar a si e ao seu filho,
os meus homens nunca poderão
deixar esta terra.
Virá comigo, nem que tenha
de atá-lo ao meu cavalo
e arrastá-lo até à muralha.
Meu amo.
Senhora, os meus cavaleiros
têm fome.
Vai.
Vem!
Vem. Vamos.
Senhor! És famoso!
És Artur!
Sou Ganis. Sou bom lutador
e esperto. Servir-te-ia com orgulho.
- Vens de Roma?
- Do inferno.
Quem é este homem?
O ancião da aldeia.
A que se deve esta punição?
- Responde-me!
- Desafiou o nosso amo, Marius.
A maior parte da comida
que cultivamos é vendida.
Pediu para ficar
com um pouco mais.
Eu até comia erva,
de tão esfomeado!
Vens de Roma. É verdade que
Marius é um porta-voz de Deus?
Que é pecado desafiá-lo?
Digo-te já.
Marius não fala por Deus.
E tu, todos vocês,
são livres desde que nasceram!
Ajudem este homem.
Ajudem-no!
Agora, ouçam-me.
Um grande e terrível exército
dirige-se para cá.
Não pouparão ninguém.
Os que estiverem capazes, devem
reunir as suas coisas e ir para Sul
em direcção à Muralha de Adriano.
Os que estiverem incapazes
virão connosco.
Tu, serve-me. Prepara esta gente.
Já ouviste! Traz comida
e água para a viagem!
Despachem-se, ou estamos mortos!
Vamos, despachem-se!
Eles flanqueiam-nos a Leste.
Vêm do Sul para nos cortarem
o caminho. Estarão aqui ao anoitecer.
- Quantos?
- Um exército inteiro.
A nossa única fuga é pelo Sul?
Leste. Há um trilho para Leste,
pelas montanhas.
Temos de atravessar por trás
das linhas saxónicas,
devemos seguir por aí.
Artur, quem são eles?
Vêm connosco.
Então, nunca conseguiremos.
Voltem ao trabalho!
Saiam.
Saiam.
Saiam!
- O que é isto?
- Não podes entrar aí.
Ninguém entra. Este sítio
é proibido.
Que estás a fazer? Pára!
- Artur, não temos tempo.
- Ouves os tambores?
Dagonet.
- Chave.
- Está trancada. Por dentro.
Tu e tu, vão.
Mexam-se!
Gawain.
Quem são estes profanadores
do templo do Senhor?
Sai da frente.
A obra do teu Deus. É assim
que ele responde às tuas preces?
Vê se ainda há algum vivo.
Como te atreves a entrar
neste local sagrado?
- Era um homem de Deus.
- Não do meu Deus!
- Este está morto.
- Pelo cheiro, estão todos.
Tu. Se te mexeres,
vais fazer-lhe companhia.
Artur!
Não deves temer-me.
Água! Tragam-me água!
Tem o braço partido.
E a família dele?
Ela é Woad.
Sou um oficial romano.
Agora estás a salvo.
- Estás a salvo.
- Pára o que estás a fazer!
Que loucura é esta?
- São pagãos!
- Também nós.
Recusam-se a cumprir
a tarefa que Deus lhes deu!
- Devem morrer como exemplo!
- Por recusarem ser teus servos?!
Tu és romano. Compreendes!
És cristão!
Tu! Mantiveste-a viva!
Não! Não, parem!
Quando chegarmos à muralha,
serás punido por isto.
Talvez deva matar-te já
e selar o meu destino.
Estava disposto a morrer com eles
para levá-los ao seu devido lugar.
É desejo de Deus que estes
pecadores sejam sacrificados.
Só então poderão as suas almas
ser salvas.
Então, vou satisfazer o desejo d'Ele.
Voltem a emparedá-los.
Artur.
Disse para os emparedarem!
É desejo de Deus que estes
pecadores sejam sacrificados!
Soltem-me! Estes pecadores...
são pecadores!
Vamos muito devagar. A rapariga
não sobreviverá, nem o rapaz.
Podemos proteger a família, mas
estamos a perder tempo com os outros.
Não vamos deixá-los.
Se os saxões nos encontrarem,
teremos de lutar.
Guarda a tua raiva para eles.
Esta missão é a de Roma,
ou a de Artur?
- Artur...
- Como está ele?
Está a arder.
Bravo rapaz.
Tens os dedos fora do sítio.
Tenho de pô-los em ordem.
Se não o fizer,
podes nunca voltar a usá-los.
Torturaram-me.
Com máquinas.
Para me obrigarem a dizer coisas
que eu nem sequer sabia.
Depois...
ouvi a tua voz na escuridão.
Sou Guinevere.
Tu és Artur,
dos Cavaleiros da Grande Muralha.
Sou.
O famoso bretão que mata
o seu próprio povo.
Encontrei rastos vindos do Sul,
e nenhum a regressar.
Homens a cavalo, velozes e com pouca
carga. Pode ser a cavalaria romana.
Podem ser cavaleiros.
Sabem que os perseguimos.
Irão para Leste,
pelas montanhas.
O santo trabalho de Deus foi
profanado. Sou um servo de Deus!
Diz que o emparedaram num
edifício e levaram a família.
Alguém chamado Artorius.
É ele. É Artur.
Leva os teus homens para Leste.
Apanhem-nos.
Levarei o exército principal para
a muralha. Leva a família para lá.
- E os monges?
- Põe-nos onde os encontraste.
Sou um servo de Deus!
Por favor. Sou um servo de Deus!
Queimem tudo.
O meu pai contou-me
grandes histórias tuas.
A sério? E o que ouviste?
Contos de fadas.
Daqueles que falam de pessoas
tão corajosas, tão altruístas,
que não podem ser reais.
Artur e os seus cavaleiros.
Um líder ao mesmo tempo
bretão e romano.
No entanto, preferes
a tua obediência a Roma
àqueles que tiram
o que não lhes pertence.
A mesma Roma que tirou
os teus homens à pátria deles.
Senhora, não penses que sabes
algo sobre mim ou os meus homens.
- Quantos bretões já mataste?
- Todos os que tentaram matar-me.
- A nossa natureza é querer viver.
- Os animais é que vivem!
A nossa natureza é querer viver
livres no nosso próprio país.
Pertenço a esta terra.
Onde pertences tu, Artur?
Como está a tua mão?
Sobreviverei, prometo.
Nada na minha terra
te apela ao coração?
O teu próprio pai casou
com uma bretã.
Deve ter encontrado alguma coisa
que lhe agradou.
Vamos dormir aqui.
Abriguem-se naquelas árvores.
Tristão.
Queres voltar a sair?
Vai.
- Traíste-me!
- Ele não te quer mal.
É entre nós e a noite, Artur Castus.
Então, Roma está de partida.
Os saxões chegaram.
O mundo que conhecemos
e pelo qual lutámos acabou.
Temos de construir um novo.
O teu mundo, Merlin, não o meu.
Irei para Roma.
Para encontrares paz?
Os saxões chegarão lá.
Não trairei os meus
cavaleiros ao inimigo.
Roma era a minha inimiga, e não
Artur. Não há disputa entre nós.
Diz isso aos cavaleiros
que mataste perante mim,
que estão enterrados aqui.
- Todos perdemos irmãos.
- Não sabes nada do que eu perdi!
Queres que te lembre?
Um ataque a uma aldeia.
Os gritos de uma mulher inocente.
Mãe!
Artorius!
Mãe!
Mãe!
Corri até à campa do meu pai
para libertá-la.
Para te matar.
Pai, por favor solta
a tua espada.
Sinto o calor daquele fogo
na cara, ainda agora.
Não desejei a morte dela.
Ela era do nosso sangue. Como tu.
Se estás tão decidido a deixar-nos
à morte, porquê salvar tantos?
Os meus homens são fortes, mas
precisam de um verdadeiro líder.
Eles acreditam que podes fazer tudo.
Para derrotar os saxões,
precisamos de um mestre de guerra.
Porque julgas que te poupei
na floresta?
A espada que trazes é feita
com ferro desta terra,
forjada nos fogos da Bretanha.
Foi o amor pela tua mãe que libertou
essa espada, não o ódio por mim.
O amor, Artur.
Agarrem-no!
Apanhei o rapaz.
- Mata-o!
- Não! Libertem-no!
Matem-no já!
Para baixo!
As tuas mãos parecem estar melhores.
Artorius!
Há algum problema?
Têm uma alternativa.
Ajudam, ou morrem.
Larguem as armas.
- Quantos mataste?
- Quatro.
O dia não está a começar mal.
Perfura armaduras.
Estão perto. Não temos tempo.
Vai à frente.
Lamento a tua perda.
O meu pai perdeu o rumo.
Dizia que a lgreja serve para
ajudar a manter-nos no caminho.
Não ajudou aqueles
a quem ele fez sofrer.
O caminho que ele escolheu estava
para lá do alcance da lgreja.
Mas Roma não. Naquilo que o meu
pai acreditava, Roma acredita.
Que alguns nascem para ser
escravos? Isso não é verdade.
É, sim! Foi ele que mo disse.
Pelágio, um homem
que me é próximo,
está lá agora a ensinar que todos
os homens são livres, iguais.
Que todos temos o direito
de escolher o nosso destino.
A ensinar? Como?
Mataram Pelágio, há já um ano.
Os seus ensinamentos foram
condenados por Germanius e outros.
Excomungaram-no e mataram-no.
A Roma de que falas não existe,
excepto nos teus sonhos.
- Não há outro caminho?
- Não.
Temos de atravessar o gelo.
Tirem-nos das carroças. Espalhem-nos.
- Cavaleiros.
- Estou cansado de fugir.
Os saxões estão tão perto da nossa
retaguarda que já me dói o traseiro.
Nunca gostei de olhar
por cima do ombro.
Seria um prazer acabar
com este chinfrim.
E finalmente ver os malditos.
Aqui.
Agora.
Jols!
Vocês, levem os cavalos.
Ganis, tu guias as pessoas.
O exército principal está em terra.
Sigam a costa até estarem a Sul
da muralha. Estarão em segurança.
- Vocês são sete contra duzentos.
- Oito.
Faz-te falta mais um arco.
- Preferia ficar e lutar.
- Terás a tua oportunidade em breve.
Este homem é o vosso comandante.
Façam o que ele diz. Entendido?
Vão. Vão!
Vamos! Depressa!
Sou capaz. Posso lutar.
Não. Tens de testemunhar
tudo o que viste.
Se há uma coisa que deves fazer,
é voltar a Roma.
Esperem pela minha ordem.
Pareces assustada.
Há muitos homens solitários por aí.
Não te preocupes.
Não deixarei que te violem.
Arqueiro!
- Estamos fora do alcance.
- Isso vejo eu!
Creio que precisam de um convite.
- Bors. Tristão.
- Estamos longe do alcance.
Apontem aos flancos.
Obriguem-nos a juntar-se.
Mantenham a formação!
Mantenham a formação!
Mantenham a formação!
Parem, ou sou eu que vos mato!
Não vai partir.
Recuem!
Preparem-se para o combate!
Dag!
Cubram-no.
- Arqueiros, avancem!
- Avancem!
Avancem! Avancem!
Matem-no!
O gelo está a partir!
Matem-no!
Recuem!
Matem-no!
Ajudem-nos!
Fica comigo!
Dagonet, não morras!
Cristo seja louvado. Contra todos os
obstáculos que Satanás pôde levantar.
Alecto, deixa-me ver-te.
Triunfaste! Jovem Alecto,
deixa-me ver-te!
Estás aqui!
Tu!
Rapaz, pára!
Os nossos grandes cavaleiros!
Agora são livres!
Dá-me os papéis. Venham.
Os vossos papéis com salvo-conduto
no Império Romano.
Toma. Artur.
Bispo Germanius.
Amigo do meu pai.
Agora são livres.
Podem ir!
Por Dagonet.
Isto não lhe dá liberdade.
Ele já é um homem livre.
Está morto!
Uma campa sem espada.
Foi desejo do meu pai
que se morresse nesta ilha,
fosse enterrado
com os seus cavaleiros.
Ele morreu em batalha?
É uma tradição da família.
Vejo por que razão acreditas
que não te resta nada aqui.
Excepto aquilo que tu e os teus
cavaleiros fizeram, os vossos actos.
Os actos não significam nada
se não tiverem um propósito maior.
Lutámos numa guerra
por uma Roma que não existe.
Serei julgado por esse acto?
Lutaste quando não tinhas
de o fazer.
Mataste homens cruéis
quando podias ter fugido.
Fizeste-o sem motivo algum?
Este é o teu povo.
Artur! Vem à muralha!
Abram alas! Abram alas!
Cavaleiros, a minha viagem
convosco deve terminar aqui.
Que Deus vos acompanhe.
Artur, esta não é a batalha de Roma.
Não é a tua batalha!
Todos estes anos
que estivemos juntos,
as provações por que passámos,
o sangue que derramámos!
Para que foi tudo isso, senão
pela recompensa da liberdade?
Agora que estamos tão perto, quando
está finalmente ao nosso alcance...
Olha para mim!
- Não conta para nada?
- Perguntas-me isso?
Tu, que me conheces melhor
que ninguém.
Então, não faças isto!
Só a morte te espera aqui.
Artur! Peço-te,
pela nossa amizade!
Sê meu amigo agora
e não tentes dissuadir-me.
Aproveita a tua liberdade e vive-a
por ambos. Não posso seguir-te.
Sei agora que o sangue que derramei,
as vidas que ceifei,
trouxeram-me a este momento.
O que o amanhã traz...
não podemos saber.
Artorius!
Os auxiliares romanos
deixaram a muralha.
- E os cavaleiros?
- Conduzem uma caravana do forte.
Vão a fugir para Sul
com o rabo entre as pernas.
- Não haverá resistência.
- Umas dúzias de aldeões.
Vamos chacinar o teu povo.
Acho que devias ver.
A tua árvore é um bom sítio.
Ali, na colina!
Um único cavaleiro.
Disseste que tinham partido.
O que é isto? Um fantasma?
Um único homem.
Uma pequena mosca nas costas
do teu grande exército.
Quem é ele?
Artur.
Artur...
Artur...
Onde quer que vá nesta ilha maldita,
ouço o teu nome.
Sempre meio sussurrado,
como se fosses um...
... deus.
Tudo o que vejo é carne, sangue.
Tanto de deus como a criatura
em que estás sentado.
Diz o que queres, saxão.
Os romanos deixaram-te.
Por quem lutas?
Luto por uma causa para lá
da compreensão de Roma ou da tua.
Vens pedir tréguas.
Devias estar de joelhos.
Vim ver a tua cara para poder
encontrar-te no campo de batalha.
Devias fixar a minha cara, saxão.
Da próxima vez que a vires, será
a última coisa que vês na vida.
Finalmente, um homem
que vale a pena matar.
Prepara os homens para a batalha.
És livre.
Este romano tem um plano.
Envia o que te resta da infantaria.
- Queres matar os meus homens?
- São os meus homens!
Formação de combate!
Tu ficas comigo.
Cavaleiros, o dom da liberdade
é vosso por direito.
Mas o lar que buscamos
não está numa terra distante.
Está em nós! E nas nossas
acções neste dia!
Se for este o nosso destino,
que seja.
Mas que a história recorde
que, como homens livres,
escolhemos que assim seja!
Ali! Na colina!
Raewald.
O flanco esquerdo.
- Vai com ele.
- Avancem!
Artur...
Era a minha vida que devia
ter sido tirada!
Não esta.
Nunca esta!
Meus bravos cavaleiros,
falhei-vos.
Nem vos tirei desta ilha,
nem partilhei o vosso destino.
Durante 200 anos, cavaleiros
tinham lutado e morrido
por uma terra que não a deles.
Mas naquele dia, em Badon Hill,
todos os que lutaram puseram a vida
ao serviço de uma causa maior,
a liberdade.
Artur, Guinevere,
o nosso povo é só um.
Tal como vós.
Agora é que tenho mesmo
de casar com a tua mãe.
Quem disse que te aceito?
Rei Artur!
Rei Artur!
Que todos os homens, mulheres
e crianças testemunhem
que, a partir deste dia, todos os bretões
estarão unidos numa causa comum!
Artur! Artur! Artur!
Artorius!
Quanto aos cavaleiros
que deram a vida,
as mortes deles não foram motivo
para luto nem tristeza.
Pois viverão para sempre.
Os seus nomes e feitos passarão
de pai para filho, de mãe para filha,
nas lendas do Rei Artur
e dos seus Cavaleiros.
Realização
Argumento
Produção