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São horas de acordar, pá.
- Acho que vou fazer uma lista.
- Para quê?
- Para as prendas dos teus anos?
- Sim.
Bom, sabes que só vais receber
uma ou duas prendas, não sabes?
Sim, eu sei. É só para eu ver, estudar
e poder escolher melhor.
Muito bem, é inteligente.
Faz lá uma lista, então.
Sabes escrever
tudo aquilo em que estás a pensar?
- Acho que sim.
- Pronto, isso é bom.
- Como vai isso, pá?
- Vai bem.
Hoje podemos ir ao parque?
Mais tarde?
Não, tenho de ir a Oakland.
Talvez... logo se vê.
Dá cá um beijo.
Falamos mais tarde.
Perdão.
Perdão,
quando é que alguém vai limpar isto?
E o "Y"? Já falámos sobre isto.
"Felicidade" é com "l". "Felicidade"
não tem "Y" nenhum, é com "l".
Chamo-me Chris Gardner.
Conheci o meu pai pela primeira vez
quando eu já tinha 28 anos.
E decidi, em miúdo,
que quando eu tivesse filhos,
eles iriam saber quem era o pai.
Isto é parte da história da minha vida.
Esta parte chama-se
"Andar de Autocarro".
São Francisco, 1981
O que é isso?
É uma máquina do tempo, não é?
Parece uma máquina do tempo.
Levas-me contigo?
Esta máquina...
... esta máquina que tenho ao colo?
Este tipo tem uma máquina do tempo.
Viaja pelo passado com
a máquina dele.
Não é uma máquina do tempo.
É um medidor portátil
de densidade óssea.
Um aparelho clínico
que eu vendo para ganhar a vida.
Agradeço a oportunidade que me deu.
- Muito obrigado.
- Não precisamos dessa máquina, Chris.
É desnecessária e dispendiosa.
- Bom, fica para o próximo tri...
- Obrigado.
Dava uma imagem ligeiramente mais
densa que o raio-X
pelo dobro do preço.
- Viva.
- Olá, querida.
- O que houve?
- Nada, nada.
Ouve, hoje não posso
ir buscar o Christopher.
Não, nem penses, Chris.
Tenho de voltar ao trabalho às sete.
Eu sei. Tenho de ir a Oakland.
Então tenho de pôr o Christopher
em casa, dar-lhe jantar, banho,
metê-lo na cama
e estar cá às sete da noite?
- Sim.
- E recebemos hoje o IRS para pagar.
- Que pensas fazer quanto a isso?
- Ouve, o que temos de fazer é isto.
Vêem este carro?
O que tem o "sapato" amarelo?
É o meu.
Não se pode estacionar
junto aos hospitais.
Mas é isto que acontece
quando andamos sempre à pressa.
De qualquer modo, obrigado.
- Talvez no próximo trimestre.
- É possível.
Precisava de vender
pelo menos dois aparelhos
por mês para pagar a renda
e o colégio do Chris.
Teria de vender mais um
para pagar todas aquelas
multas no meu pára-brisas.
O problema é que...
... há já algum tempo
que não vendia nenhum.
Desde quando deixaste de gostar
de macarrão com queijo?
Desde... sempre.
O que é isto?
- O que é isto?
- É uma prenda para o Christopher.
- Quem a deu?
- A Cynthia, lá do trabalho.
É para adultos.
O Chris não lhe pega. Ela não sabia.
O que se faz com isto?
É para pôr todas as faces
da mesma cor.
Pagaste o IRS?
Não, vou ter de pedir um adiamento.
- Já pediste um adiamento.
- Pois tenho de pedir outro.
São 650 dólares.
No próximo mês já os tenho.
Referes-te aos juros, não é?
- E mais uma coima.
- Sim, mas é pequena.
Deixa que eu resolvo.
Tem calma. Pode ser?
- Acalma-te.
- Tenho de voltar para o trabalho.
Vamos lá preparar para ir dormir.
Põe o teu prato no lavatório.
Há poucos dias, deram-me um relatório
que eu tinha pedido
uma auditoria completa, se quiserem,
sobre a nossa situação económica.
Não vão gostar de saber.
Eu também não gostei,
mas há que enfrentar a verdade
e trabalhar para dar a volta às coisas.
E podem ter a certeza
de que podemos dar-lhes a volta.
O orçamento federal
está descontrolado.
Enfrentamos défices cada vez maiores
de quase 80 biliões de dólares
para o orçamento deste ano
que termina a 30 de Setembro.
Esse défice é maior
que todo o orçamento federal de 1957,
bem como os quase
80 biliões de dólares
que vamos pagar de juros este ano
por causa da dívida pública.
Há 20 anos, em 1960,
a balança de pagamentos
do governo federal
era inferior
a 13 biliões de dólares.
Hoje em dia, é de 75 biliões.
Durante esses 20 anos,
a nossa população apenas cresceu
23,3 por cento. O orçamento
federal aumentou 52 por cento...
Ena pá!
Tenho duas perguntas para lhe fazer.
O que faz e como é que o faz?
Sou corretor da bolsa.
Teve de andar na faculdade
para ser corretor da bolsa, não foi?
Não é preciso. Há que ser bom
com os números e com as pessoas.
- Só isso.
- Fique bem.
Empresto-lhe o carro
no fim-de-semana,
- mas preciso dele na segunda.
- Meta moeda no parquímetro!
Ainda recordo aquele momento.
Todos me pareciam tão felizes.
Porque não podia eu ser assim?
Vou tentar estar em casa às seis.
Vou passar por uma firma
de corretagem depois do trabalho.
- Para quê?
- Vou lá procurar emprego.
Sim? Que emprego?
Sabes,
em miúdo eu lia um livro
de matemática numa semana,
por isso vou lá saber
se me arranjam um lugar.
Que lugar?
Corretor.
- Corretor?
- Sim.
Não queres antes ser astronauta?
Não fales assim comigo, Linda.
Vou lá tratar disto
e tem de ser durante o dia.
Era melhor dedicares-te às vendas.
Não me digas o que tenho
de fazer, Linda.
Já tenho 3 visitas marcadas
ainda antes dos escritórios abrirem.
Recordas-te que tens de pagar a renda
para a semana?
Se calhar não.
Já estamos 2 meses atrasados.
Na próxima semana são 3 meses!
Tenho andado a fazer turnos duplos
desde há 4 meses, Chris.
Vende o que tens no teu contrato
para acabares com esse problema.
Linda, é isso que estou a tentar fazer.
É o que estou a tentar fazer
pela minha família,
por ti e pelo Christopher.
O que é que te deu?
Linda.
Linda!
DEPARTAMENTO
DE RECURSOS HUMANOS
ACEITAM-SE CANDIDATURAS
Esta parte da minha vida chama-se
"Ser Estúpido".
Posso pedir um favor?
Posso deixar isto aqui consigo?
Aí uns cinco minutos?
Tenho uma reunião
e não quero levar isto,
fico mal visto.
Aqui tem um dólar.
Dou-lhe mais quando sair, certo?
Não tem grande valor. Não consegue
vendê-lo em lado nenhum.
Nem eu consigo, e é o meu trabalho.
Pode ser? Pode?
- Chris? Tim Brophy, Rec. Humanos.
- Como está?
- Venha comigo.
- Sim, senhor.
Vejamos se encontro um formulário
para um estágio.
Receio que seja tudo o que possamos
fazer por si. Isto é uma sucursal.
O Jay Twistle é que está na sede,
o director
de Recursos Humanos da Witter.
Eu só dirijo este escritório.
Como vê, temos aqui montes
de candidaturas, por isso...
Costumo ter impressos para
currículos, mas não encontro nenhum.
- Nós...
- Muito obrigado.
Tenho de ir embora.
Depois trago isto.
- Muito obrigado.
- Muito bem.
Confiar o meu aparelho a uma
hippie. Porque fiz eu aquilo?
Como já disse, esta parte da
minha vida chama-se "Ser Estúpido".
Não se mexa! Não se mexa! Fique...
Não! Não!
Não saia daí! Pare o comboio!
Pare! Pare!
O curso só aceitava 20 pessoas
de seis em seis meses.
Apenas uma conseguia emprego.
Havia 3 linhas em branco a seguir a
"Secundário" para outras habilitações.
Eu não precisava de tantas linhas.
Tenta dormir. Já é tarde.
É um quebra-cabeças quadrado
com apenas 7,5 cm de lado,
constituído por múltiplas cores
que rodam entre si
para tentar alinhar apenas uma cor
em cada face.
O pequeno cubo é a prenda sensação
de 1981.
Não esperem resolvê-lo facilmente,
embora tenhamos encontrado
um professor de Matemática da USF
que o resolveu em apenas 30 minutos.
No meu, só consegui chegar até aqui.
Como vêem, ainda me falta bastante.
John Finnerty, KSF, em Richmond.
Acorda.
Come.
- Adeus, mamã.
- Adeus.
- Volta sem isso, por favor.
- Claro, é o que farei.
Podes dizer-lhe adeus
porque voltarei mesmo sem ele.
Adeus e vai pela sombra.
Essa de "ir pela sombra" está a mais.
Adeus, mamã.
Adeus.
Está escrito com "Y",
mas devia ser com "l".
- É um adjectivo?
- Não. Na verdade é um substantivo,
mas não está bem escrito.
- "Porra" está bem escrito?
- Está bem escrito, sim,
mas não faz parte do mote.
Não devias aprendê-la.
É uma palavra de adultos
para mostrar ira e outras coisas.
- Mas não a uses, está bem?
- Está.
O que está escrito na parte de trás
da tua mala?
A minha alcunha.
Nós escolhemos alcunhas.
- Sim, o que diz aí?
- "Grande Bomba".
- Tu tinhas alguma alcunha?
- Tinha.
- Qual?
- "Cabeçudo".
- Que quer dizer isso?
- Eu cresci em Indiana, perto do Texas.
Todos usam chapéus à vaqueiro
e um grande chapéu.
Naquela época eu era esperto,
por isso chamavam-me "cabeçudo".
- O Hoss usa um chapéu desses.
- Hoss?
O Hoss Cartwright da Bonanza.
- Como é que tu conheces a Bonanza?
- Vemo-la em casa da Mrs. Chu.
- Vês a Bonanza no infantário?
- Vejo.
Quando? Quando a vês?
- Depois do almoço? Depois da sesta?
- Depois do Barco do Amor.
Já fiz a lista para os meus anos.
- O que escreveste?
- Uma bola de basquetebol.
Ou uma colónia de formigas.
- Ele diz que tem visto televisão.
- Um pouco de televisão
por causa da História.
- O Barco do Amor?
- História da marinha.
Isso não é a marinha.
E ele podia ver televisão em casa.
Estamos a pagar-lhe 150 dólares
por mês. Se ele fica a ver
televisão todo o dia,
vamos tirá-lo daqui.
Vá pagar mais a outra ama
se não gosta da televisão da marinha.
Mesmo assim não me paga a horas.
E ainda reclama. Eu também reclamo.
Ao menos pode meter o cão lá em cima
ou assim?
Adeus.
Eu estava a contar com o director
da Witter, Jay Twistle,
cujo nome soava tão bem
que até parecia
que ia dar-me um emprego
e um abraço.
Só tinha de lhe mostrar que era bom
com números e com pessoas.
- Bom dia, Mr. Twistle.
- Bom dia, Jane.
Mr. Twistle. Chris Gardner.
Queria entregar-lhe isto
e conhecê-lo pessoalmente.
Achei que o apanhava à entrada.
Gostaria de ter a hipótese
de conversar consigo
sobre o que parecem ser
debilidades na minha candidatura.
Muito bem, comecemos por isto, e
ligamos-lhe se tivermos de conversar.
- Sim, senhor. Bom dia para si.
- Igualmente.
Como está?
Daqui é Chris Gardner.
Queria falar com o Dr. Delsey.
Oiça, estou um pouco atrasado
para visitar um cliente.
Será que... Sim, Osteo National.
Certo, ainda podemos... Meia hora?
Sim. Óptimo, óptimo. Muito obrigado.
Esta parte da minha vida...
- Esperem!
... esta parte aqui...
... chama-se "Corrida".
Esperem!
Esperem!
Aquele era o meu aparelho roubado,
a não ser que o tipo também
os vendesse,
o que era improvável,
pois eu era o único
a vendê-los na zona da Baía.
Gastei todas as nossas poupanças
naquelas coisas.
Era mesmo
um aparelho revolucionário.
- Estás a sentir, querida?
- Claro.
Puseste-me a fazer o trabalho todo.
O que eu não sabia era
que os médicos e os hospitais
considerá-los-iam
luxos desnecessários.
Até pedi ao senhorio
para tirar uma fotografia.
Assim, se perdesse um, era como
se perdesse um mês de mercearia.
Espere! Espere!
Vá para a fila!
Eh pá, eu, eu...
- Esqueceste-te?
- De quê?
Já não devias ter nenhum.
- Sim, eu sei.
- Agora tens dois.
Olá, mamã.
Um, dois, três.
- É uma bola de basquetebol!
- Como assim?
Sabes lá se é uma bola ou não.
Pode ser uma colónia de formigas.
Pode até ser um microscópio ou assim.
- Não é nada.
- Pronto.
Vá lá, abre. Abre.
- O papel é forte, não?
- É, mas eu cá me arranjo.
Devias ter-me visto hoje.
Roubaram-me um aparelho.
Tive de ir atrás dele.
Tanto me dá...
- O que foi?
- Tanto me dá, Chris.
Por que raio estás assim?
- "Tanto me dá" o quê?
- Todos os dias vens com histórias.
Roy, Roy!
Podes sacudir o tapete
quando ninguém estiver cá fora?
Isto está tudo sujo e cheio de poeira.
- Estou a tentar limpar a casa, Chris.
- Espera.
Linda... tem calma.
Nós vamos sair disto.
Vai correr tudo bem, certo?
Estás farto de dizer isso. Quando
engravidei, "vai correr tudo bem".
- Já não confias em mim?
- Tanto me dá. Estou-me nas tintas!
- Táxi!
- Mr. Twistle!
- Ora viva.
- Chris Gardner.
Sim, o que deseja?
Apresentei uma candidatura
para o estágio há um mês
e gostaria de ter uma pequena
conversa consigo sobre...
Oiça, vou para Noe Valley, Chris.
- Boa sorte.
- Mr. Twistle...
por acaso também vou
para Noe Valley,
podemos partilhar o táxi?
Muito bem. Entre.
Na Marinha, trabalhei com um médico
que adorava jogar Golfe,
horas e horas seguidas, todos os dias,
e até praticava certos actos médicos
quando ele me deixava no consultório,
por isso, estou habituado a lugares
onde há que tomar decisões e...
Mr. Twistle, oiça,
isto é muito importante...
Desculpe. Desculpe. Isto é impossível.
- Eu consigo.
- Não, não consegue.
- Ninguém consegue. É uma treta.
- Não, de certeza que consigo.
- Não, não consegue.
- Deixe-me ver.
Dê cá.
Ena pá, confundiu isto tudo.
Lamento.
Parece que giram à volta de um eixo,
por isso os do centro nunca se mexem.
Se for amarelo no centro,
esse será o lado amarelo.
Se for vermelho no centro,
será esse o lado vermelho.
Pode ir mais devagar.
Oiça, podíamos andar às voltas
o dia todo, que você não conseguia.
- Consigo, sim.
- Não, não consegue.
- Consigo, sim.
- Não, não consegue.
Já lhe disse, ninguém consegue.
Já lhe disse.
Vê? Só consigo ir até aí.
Quase tem o lado todo.
C'um caneco!
- Quase que fez esse.
- Vou conseguir.
Olhem para isto...
Dois já estão. Está quase.
- São 17 dólares e 10.
- Eu fico aqui.
Bom trabalho.
- Adeus.
- Vemo-nos em breve.
Para onde vai, cavalheiro?
Perdão, cavalheiro.
Para onde vai, por favor?
Uns dois quarteirões a seguir.
- Dê a volta.
- Muito bem.
Que está a fazer? Venha cá!
- Seu cretino!
- Não! Não, não!
- Dê-me o meu dinheiro!
- Por favor, pare.
Filho da mãe!
Por favor! Ele é que devia ter pago!
Lamento muito!
- Venha cá!
- Lamento muito!
Dou-lhe uma tareia!
- Lamento!
- Idiota!
Vou matá-lo!
Pare, seu filho da mãe!
Detenham-no!
Detenham-no!
As portas vão fechar.
Por favor, desimpeçam as portas.
Não! Não! Não!
Não!
Está lá?
Desculpa não ter estado
em casa a horas.
- Chris, faltei ao meu turno.
- Eu sei. Desculpa.
Estou neste momento a caminho.
Podes ficar com o Christopher?
Vou embora, Chris. Vou embora.
- O quê?
- Ouviste o que eu disse?
Já arrumei as minhas coisas,
vou pegar no nosso filho
e vamos embora neste momento.
Agora vou desligar.
- Linda, espera...
- Vou embora. Nós vamos embora.
Foi naquela altura que comecei
a pensar em Thomas Jefferson,
na Declaração de Independência
e na parte sobre o direito à vida,
liberdade e à busca da felicidade.
E lembro-me de ter pensado...
Como é que ele foi meter ali
a parte da "busca"?
Talvez a felicidade seja algo
que apenas possamos buscar
e que se calhar podemos
nunca vir a atingir,
façamos nós o que fizermos...
como é que ele percebeu isso?
Linda! Linda!
- Está lá?
- Chris?
- Quem fala?
- Jay Twistle.
Da Dean Witter.
Sim, claro. Como está?
Óptimo. Oiça, ainda quer cá vir
para conversar comigo?
Sim, senhor. Sem dúvida.
Muito bem, então é assim, venha
depois de amanhã, de manhã.
Vamos fazer entrevistas para
a formação. Tem papel e caneta?
Tenho, sim, senhor.
Um momento.
Está lá?
- Chris?
- Pode dizer. Já aqui tenho.
Anote o número da minha secretária,
a Janice,
e ela dar-lhe-á todos os pormenores.
Muito bem, 415...
... 864...
... 0256.
Isso. Extensão 4796.
- Pronto. Ligue-lhe amanhã.
- Sim, senhor. 415-864-0256.
Então adeus.
- Muito obrigado.
- Até breve.
864-0256
4796. Janice...
Chris.
Viste a Linda e o Christopher?
Não. Viste o jogo dos Nuggets
ontem à noite?
Não viste? 118...
Perdão, a Linda e o Christopher
vieram cá?
- Não. Não os vi.
- 119-120. Duplo prolongamento.
O Moons marcou um de 3 pontos
a 17 segundos do fim.
Wayne, Wayne!
Neste momento
não posso falar de números.
Qual o teu problema com os números?
E deves-me dinheiro.
Deves-me 14 dólares.
Eu pago-tos.
Preciso do dinheiro. Preciso dele.
O 14 é um número.
Nunca mais me tires o meu filho.
- Ouviste bem?
- Deixa-me em paz.
Nunca mais me tires o meu filho.
Entendeste o que te disse?
Não vires as costas quando falo
contigo. Estás a ouvir?
Queres ir embora?
Sim, quero ir embora!
Então fora daqui, Linda.
Fora daqui!
O Christopher fica comigo!
Tu é que nos fizeste chegar a isto,
estás a ouvir?!
- És tão fraca!
- Não, já não sou é feliz!
- Não sou feliz e pronto!
- Então vai ser feliz, Linda!
Vai lá ser feliz!
Mas o Christopher fica a viver comigo!
Ouviste o que eu disse?
O Christopher fica a viver comigo!
Vá, vamos embora.
Como está, Mrs. Chu?
- A mamã?
- Vai buscar as tuas coisas.
Mas ela disse que hoje
vinha buscar-me.
Sim, eu sei.
Eu falei antes com a mamã.
Está tudo bem, certo?
Onde vou dormir esta noite?
Deixa-me perguntar-te uma coisa.
És feliz?
- Sou.
- É que eu sou feliz.
Se tu és feliz e eu também,
isso é muito bom, não é?
- É.
- Muito bem.
Dormes comigo.
Ficas em casa que é o teu lugar, certo?
Christopher...
Oiça, preciso que me pague a renda.
Não posso esperar mais.
Eu vou pagar, Charlie.
Vou arranjar o dinheiro, é só...
Porque não vai para o albergue
Mission Inn, dois quarteirões adiante?
Paga metade do que paga aqui.
Chris, quero que saia amanhã.
Como é que eu vou poder sair amanhã?
Vêm pintar o apartamento.
Oiça, preciso de mais algum tempo,
Charlie.
Eu próprio pinto o apartamento.
Só preciso de mais algum tempo...
tenho o meu filho comigo.
Está bem. Uma semana.
E a pintura é consigo.
"Caro Chris, não vales nada"
Chris Gardner?
Sim. O que houve?
À ordem da
Câmara Municipal de São Francisco.
Tem de ser o montante total?
Tem de pagar todas as multas,
senão fica detido.
É tudo o que tenho.
Veremos se tem provisão
amanhã de manhã.
- O quê?
- Sim, tem de ficar cá
até isto estar esclarecido.
Não.
Não, não posso passar cá a noite.
- Tenho de ir buscar o meu filho.
- Veremos se tem cobertura
- às 9 e meia da manhã.
- Senhor agente, tenho uma entrevista
para um emprego amanhã às 10 e 15.
- Não posso ficar aqui.
- Amanhã, às 9 e meia, veremos.
Que faço com o meu filho?
Que vou fazer com o meu filho?
Não há mais ninguém
que possa tomar conta dele?
- Sou eu quem toma conta dele!
- A Assistência Social pode ir buscá-lo.
Muito bem. Posso fazer a tal chamada
a que tenho direito?
Está lá?
O que queres tu?
Tens de ir buscar o Christopher à ama.
Eu não posso...
Fica com ele só esta noite e eu...
É só por esta noite.
O que aconteceu?
Amanhã vou eu buscá-lo à ama.
Agora tenho... tenho de ir...
Podes deixá-lo lá que eu vou buscá-lo.
- Não.
- Vá lá, Linda.
- Porque estás a fazer isso?
- Não. Quero levá-lo ao parque...
...ao Golden Gate amanhã depois
da ama.
- Como está ele?
- Está óptimo.
Está bem, pronto...
Leva-o lá ao parque...
...e trá-lo de volta está bem?
Traz o meu filho de volta.
Certo?
Linda?
Levo-o por volta das seis.
Está bem, certo.
Obrigado.
Adeus.
Está tudo bem?
Com licença, com licença.
Mr. Gardner?
Por aqui.
Ele já vem ter consigo.
Walt, qual é a do tal tipo?
Chris Gardner.
Chris Gardner.
Como está? Bom dia.
Chris Gardner. Chris Gardner.
Prazer em vê-lo de novo.
Chris Gardner. Muito prazer.
Estive sentado lá fora meia hora
a tentar inventar uma história
que justificasse
o facto de eu estar aqui assim vestido.
E queria ter arranjado uma história
que demonstrasse qualidades
que decerto todos admiram aqui,
como por exemplo seriedade, atenção,
jogo de equipa, qualquer coisa.
E não consegui arranjar nada.
A verdade é que
fui detido por não ter
pago multas de estacionamento...
Multas de estacionamento? O quê?
...e vim a correr
desde a esquadra de Polk.
Que estava a fazer antes de ser detido?
Estava a pintar o meu apartamento.
A tinta já está seca?
Espero bem que sim.
Jay disse
que você era muito determinado.
Está à porta do prédio
há um mês
com uma geringonça de 20 kg.
- Ele disse que era esperto.
- Gosto de acreditar que sim.
- E quer aprender este negócio.
- Sim, senhor. Quero mesmo
- aprender este negócio.
- Já começou a aprender sozinho?
Sem dúvida.
- Jay.
- Sim, senhor.
Quantas vezes viu o Chris?
Não sei. Vezes demais, ao que parece.
- Alguma vez estava assim vestido?
- Não.
Não. Fato e gravata.
Primeiro da sua classe?
- No liceu?
- Sim, senhor.
- Quantos alunos eram?
- 12.
Era uma cidade pequena.
- Pode crer.
- Mas também fui o primeiro
da Marinha nas aulas de radar
e aí já eram 20 alunos.
Posso dizer uma coisa?
Sou uma pessoa que,
se não souber
a resposta a uma pergunta
que me fazem, diz logo que não sabe.
Mas aposto que
sou capaz de encontrar a resposta
e garanto que vou encontrá-la.
Parece-vos justo?
Chris.
Que diria se um tipo aparecesse
para uma entrevista
sem camisa,
e eu o contratasse... o que diria?
Devia ter umas calças bem giras.
Chris... Não sei como conseguiu
vestido à homem do lixo,
- mas conseguiu.
- Muito obrigado, Mr. Twistle.
Agora pode tratar-me por Jay.
Pronto, falaremos em breve.
Certo, depois digo-lhe, Jay.
"Digo-lhe, Jay"? Como assim?
Sim, ligo-lhe amanhã
a qualquer hora e...
Que está a dizer?!
Perseguiu-me por causa disto.
- Ficou aqui...
- Oiça, não tem ordenado.
Eu não sabia disso.
As circunstâncias da minha vida
alteraram-se
e preciso de ter a certeza
de que posso sus...
Esta noite.
Juro que preencho o seu lugar,
garanto-lhe.
Sabe qual será a minha figura
se desistir? A minha figura
- perante os meus colegas?
- Sim. A de um imbecil.
Sim. Um imbecil. Completo.
Você é cá uma peça.
Esta noite.
Não havia ordenado,
nem sequer
uma razoável promessa de emprego.
No final do curso, apenas um formando
era contratado entre 20.
E se não fosse eu,
nem sequer podia candidatar-me
a outra corretora.
O único meio de sustento que teria
durante 6 meses
seriam os 6 aparelhos,
os quais poderia tentar vender.
Se os vendesse todos,
talvez pudéssemos sobreviver.
- Eu levo-o.
- Ele está a dormir.
Pronto, querido.
Vou para Nova Iorque.
O namorado da minha irmã
abriu um restaurante e talvez me dêem
lá emprego, por isso...
vou para Nova Iorque, Chris.
O Christopher fica comigo.
Sou mãe dele, lembras-te?
Ele devia ficar com a mãe.
Devia ficar com ele, certo?
Sabes que não podes tomar conta dele.
Onde vais arranjar o dinheiro?
Tive uma entrevista para um curso
na Dean Witter...
...e consegui entrar.
Por isso, vou ser o melhor do curso.
De vendedor a formando
é andar para trás.
Não, não é.
Tenho de ir.
Diz-lhe que o adoro, sim?
Sei que vais tomar bem conta dele,
Chris.
Tenho a certeza.
- Dean Witter.
- Ora viva.
Quero deixar um recado
para o Mr. Jay Twistle.
- O seu nome?
- Chamo-me Chris Gardner.
O recado é:
"Muito obrigado por me ter
convidado para a formação.
Fico muito agradecido e terei
muito prazer em aceitar o seu convite."
É tudo?
Sim, é tudo.
- Muito bem.
- Obrigado.
- Cuidado com isso.
- O quê?
- Já chegámos?
- Já.
- Sabes que dia é hoje?
- Sei.
- Que dia é?
- Sábado.
- E sabes o que há no sábado, não?
- Sei.
- O quê?
- Basquetebol.
- Queres ir jogar basquetebol?
- Está bem.
Depois vamos vender
um aparelho, que me dizes?
- Queres ir fazer isso?
- Não.
Papá, vou ser profissional.
Vou ser profissional!
Está bem.
Não sei,
se calhar vais ser tão bom
quanto eu era.
As coisas são assim mesmo, sabes,
e eu estava abaixo da média.
Por isso... És capaz de ficar
também, estás a ver...
A sério, vais ser óptimo
em muitas coisas, mas não nisto.
Por isso, não te quero aqui a atirar
a bola de manhã à noite,
- certo?
- Está bem.
Vá, força.
Não deixes que ninguém te diga
que não podes fazer qualquer coisa.
Nem mesmo eu.
- Está bem?
- Está bem.
Se tiveres um sonho,
há que protegê-lo.
Quando as pessoas não são capazes
de algo,
dizem-te que também não és.
Se queres alguma coisa, vai atrás dela.
Ponto final.
Vamos.
Papá, porque nos mudámos
para um motel?
Já te disse, porque vou ter
um emprego melhor.
- Tens de confiar em mim, sim?
- Eu confio em ti.
Pronto, toma. Vá lá, vá lá.
Não fiques para trás.
Papá, quando volta a mamã?
Papá, quando volta a mamã?
Não sei, Christopher.
Papá, ouve isto.
Um dia, um homem estava a afogar-se.
Veio um barco e disse-lhe:
"Quer ajuda?"
E ele respondeu:
"Não, obrigado, Deus salvar-me-á."
Depois veio outro barco e disse:
"Quer ajuda?"
E ele respondeu: " Não, obrigado,
Deus salvar-me-á."
Depois afogou-se e foi para o Céu.
E perguntou:
"Deus, porque não me salvaste?"
E Deus disse: " Mandei-te dois
grandes barcos, meu parvalhão."
Gostaste?
Sim. É muito gira, pá. Dá-me a mão.
- Muito obrigado.
- Sim, senhor.
Aqui tem o recibo
com toda a informação que precisa.
Obrigado pela sua compra.
Obrigado eu.
100, 200, 20, 40, 45, 46,
7, 8, 9, 10.
Obrigado.
- Queres um?
- Não, obrigado.
Vá lá, podes levar um. Qual queres?
- Gostas desse? Quanto é?
- 25 cêntimos.
Esta parte da minha vida
chama-se "Formação".
O número 1220 é o edifício
da Medley Industrial e da Sanco Oil.
O edifício do outro lado da rua
é o da Lee-Ray Shipping.
Dentro de duas semanas
recebem folhas com os telefones
dos empregados de todas as empresas
da Fortune 500 no distrito financeiro.
Vão ter acesso a 60 dessas empresas.
Vão sobretudo ligar sem aviso
para potenciais clientes.
Mas se tiverem de almoçar com eles,
ou tomar o pequeno-almoço,
nem que tenham
de lhes tomar conta dos filhos
farão tudo o que for preciso
para os familiarizar
com os nossos pacotes.
Têm de adequar
as necessidades e objectivos deles
a um dos nossos variados
planos financeiros.
Em suma, vocês "pescam-nos"
e nós "cozinhamo-los".
Alguns de vós estão aqui
por terem conhecimentos.
Alguns estão cá por pensarem
que são alguém,
mas há aqui uma pessoa
que vai ser alguém.
Essa pessoa será quem
conseguir transformar isto... nisto.
800 mil dólares de comissões.
Você e você,
ajudem-me a entregar isto.
Esta será a vossa bíblia.
Comem com ela,
- bebem com ela, dormem com ela.
- Era simples.
X número de chamadas
igual a X número de perspectivas
X número de perspectivas
igual a X número de clientes.
X número de clientes
igual a X número de dólares
- no bolso da empresa.
- O vosso exame.
O ano passado um formando teve 96,4%
de aproveitamento no exame escrito.
Não foi escolhido. Não é um
simples *** de passar ou chumbar.
É uma ferramenta de avaliação
para separar os candidatos.
Joguem pelo seguro, tenham 100%.
Façamos um intervalo.
Voltamos daqui a 10 minutos.
- Mr. Frohm.
- Chris.
- Chris, como está?
- Bem. E você?
- Óptimo, obrigado por perguntar.
- É o meu primeiro dia aqui.
- É emocionante.
- Não vai desistir já, pois não?
Não, senhor. 10 minutos de intervalo.
Se calhar vou comer qualquer coisa
antes da preparação para o exame.
Ena pá, ainda me lembro do meu.
E o nosso era de 1 hora,
não era de 3 horas como o seu.
Não tínhamos mercados mundiais.
Não nos preocupávamos com impostos
e, mesmo assim, era uma seca.
É engraçado do que nos lembramos.
Havia uma miúda linda nessa aula.
Não recordo o nome dela,
mas a cara era...
Mr. Frohm, vi ali um velho amigo.
Dá-me licença?
- Não. Fique à vontade.
- Muito bem. Prazer em vê-lo.
Ó imbecil. Está bem, cretino?
Sente-se bem?
Estava a pensar em quê?
Podia tê-lo morto.
Eu ia a atravessar a rua!
- Está bem?
- Estou, estou.
O meu sapato?
- Fez-me ficar sem sapato!
- Não sei do seu sapato!
- Onde está o raio do sapato?
- Não sei!
- Viu-o? Perdi o sapato.
- Não, lamento.
Aonde vai?
- É melhor esperar pela Polícia.
- Tenho de ir trabalhar.
Foi atropelado, vá para o hospital!
Estou numa formação competitiva
na Dean Witter.
Pá, falta-lhe um sapato.
Sim, obrigado. Obrigado.
Papá...
- Falta-te um sapato.
- Sim, eu sei.
- Queres saber o que aconteceu?
- Quero.
Fui atropelado por um carro.
- Foste atropelado?
- Fui.
- Onde?
- Perto do escritório.
- Não. Onde te acertou?
- Na parte de trás das pernas.
Adeus, Mrs. Chu.
- Estavas na rua?
- Estava a correr pela rua.
Não faças isso. Podes magoar-te.
Pois, obrigado.
Da próxima recordar-me-ei disso.
E cá estava eu de novo.
- Vim cedo.
- Escolham gente com capacidade.
Gente com capacidade está interessada
em investir e tem dinheiro para isso.
- Chris.
- Sim, senhor.
Pode ir buscar-me um café, por favor?
Favores para Frakesh, o nosso chefe.
Todo o dia.
Fala Chris Gardner. Queria falar
com o Mr. Michael Anderson.
Sim, senhor. De facto temos
um almoço marcado para esta quinta.
Muito bem, fica para a próxima.
Espero que cumpra a promessa.
Pronto. Obrigado.
Quem quer ir buscar-me um donut?
- Chris?
- Sim, senhor.
Sentia-me subestimado, menosprezado.
Viva, Mr. Ronald Fryer.
Bom dia para si. Fala Chris Gardner
e estou a ligar da Dean Witter.
Sim, tenho informação importante
sobre impostos...
Muito bem, obrigado.
Depois apanhar o autocarro às 4
para onde desconhecem
a palavra "felicidade".
Depois apanhar o comboio...
...e o 22 para casa.
- Chris!
- Olá, Ralph.
- Estou à espera.
- Certo, eu arranjo o dinheiro, Ralph.
Vou arranjá-lo.
Quem conseguisse arranjar
mais dinheiro
em 6 meses,
geralmente era contratado.
Está lá? Fala Chris Gardner.
Queria falar com Mr. Walter Hauge.
Todos estávamos a tentar angariar
clientes da nossa lista.
De cima até abaixo,
do administrador ao porteiro.
Eles ficavam até às 19h,
mas eu tinha o Chris.
Eu tinha de fazer em 6 horas
o que eles faziam em 9.
Boa tarde.
Fala Chris Gardner da Dean Witter.
Para não perder tempo,
não desligava
o telefone entre chamadas.
Muito bem, obrigado.
Percebi que, não pousando
o auscultador,
ganhava mais 8 minutos por dia.
Bom dia. Chamo-me Chris Gardner.
Também não bebia água,
por isso não perdia
tempo no quarto de banho
Gostaria de ter a oportunidade...
Muito bem, não há crise.
Muito obrigado.
Mas, mesmo fazendo tudo isto,
ao fim de 2 meses ainda não tinha
conseguido subir de escala na lista.
FUNDO DE PENSÕES
Administrador Walter Ribbon
Fala Chris Gardner.
Queria falar com Mr. Walter Ribbon.
Qual é o assunto?
Estou a ligar da Dean Witter.
Um momento.
- Está lá?
- Mr. Ribbon,
ora viva.
Fala Chris Gardner da Dean Witter.
- Sim, Chris?
- Mr. Ribbon,
adorava ter a oportunidade de lhe
dar a conhecer os nossos produtos.
E estou certo
de que poderia ser-lhe útil.
Pode estar aqui dentro de 20 minutos?
- Sim, 20 minutos, sem dúvida.
- Desmarquei uma reunião.
Venha já
e dou-lhe uns minutos antes do jogo.
- À segunda é noite de futebol, amigo.
- Sim, senhor. Muito obrigado.
- Até já.
- Adeusinho.
Perdão. " Mr. Ribbon,
obrigado pela oportunidade..."
- Chris, o que se passa?
- Viva, Mr. Frakesh.
Tem cinco minutos?
De facto tenho uma reunião
com Walter Ribbon...
É que eu não tenho tempo,
vou mostrar produtos ao Bromer.
Pode ir buscar o meu carro?
Era uma grande ajuda.
Está na Sansome,
é um Caprice prateado.
Mude-o para o outro lado da rua.
Estão a lavar a rua. Há lugares.
Guarde isto.
Tenho outras na minha secretária.
E tem de fazer força.
- Fazer força onde?
- Tem de forçar a chave.
E as outras portas não abrem.
Tem de ser à força.
Vá lá. Estou a forçar.
Não!
- Eis a pasta, Mr. Ribbon.
- Obrigado, Rachel.
- Muito obrigado.
- Claro. Obrigado pela óptima ideia.
Não, não, não!
Rachel, ligue-me ao Ristuccia,
por favor.
Olá. Sou Chris Gardner. Tenho
uma reunião com o Mr. W. Ribbon.
Acabou de sair.
Obrigado.
- O que é isso?
- Estou a preencher um cheque.
Para pagar umas contas.
Tive uma multa de estacionamento.
Já não temos carro.
Sim, eu sei.
Tenho de te levar comigo
este fim-de-semana
a uns consultórios, percebes?
- Tenho umas visitas marcadas, certo?
- Está bem.
Depois talvez possamos ir ao futebol.
- A sério?
- Possivelmente.
Está bem?
Vá lá, acaba isso.
- Tens a certeza?
- Possivelmente.
A sério?
- Vais levá-lo ao jogo?
- Vou, não quero deixá-lo em casa.
E "possivelmente" vamos ao jogo.
- Aonde vamos agora?
- Falar com uma pessoa
por causa do meu emprego.
Não compreendo.
- Não compreendes o quê?
- Vamos ao jogo?
Eu disse que possivelmente.
Sabes o que quer dizer
"possivelmente"?
- Tipo "provavelmente"?
- Não. Provavelmente quer dizer
que há uma boa hipótese de irmos.
"Possivelmente" quer dizer
que talvez vamos, talvez não.
- Que quer dizer "provavelmente"?
- Quer dizer que há uma boa hipótese.
E "possivelmente"?
- Eu sei o que quer dizer.
- O que quer dizer?
Quer dizer que não vamos ao jogo.
- Como é que ficaste tão esperto?
- Por tu seres esperto.
- Já chegámos?
- Já.
- Mr. Ribbon.
- Sim.
Como está? Chris Gardner.
Da Dean Witter.
- Sim, viva.
- Este é o meu filho Christopher.
Olá, Christopher.
- O que faz aqui?
- Vim pedir desculpa por ter faltado
- à nossa reunião no outro dia.
- Não precisava ter vindo aqui.
Na verdade, estávamos perto
a visitar um grande amigo nosso.
E queria aproveitar a oportunidade
para lhe agradecer.
- Deve ter ficado à minha espera.
- Um bocadinho.
Quero que saiba que não contei
com o ovo no dito da galinha.
Não. Ora essa. O que é isso?
É um medidor de densidade óssea
da Osteo National.
Uma empresa em que investi
antes de estar na Dean Witter.
- Tenho uma reunião após o jogo.
- Vão ver o jogo?
- Claro.
- Possivelmente.
- Possivelmente.
- Nós também.
Vou com o meu filho Tim,
de 12 anos.
Estávamos de saída. Tim!
Oiça, não queremos atrapalhá-lo.
Mais uma vez obrigado.
E lamento pelo outro dia.
Oxalá possamos marcar outra reunião.
- Pode crer.
- Muito obrigado.
Boa sorte. Vá lá.
- Diz adeus, Chris.
- Adeus.
Adeus, Christopher.
Não querem vir connosco?
- Para Candlestick?
- Nós vamos agora. Venham connosco.
- Onde são os vossos lugares?
- Estamos lá para cima.
Nós temos um camarote. Vá lá.
- Queres vir para um camarote?
- Não.
Não é bem um camarote.
É um sector privado.
É mais confortável. Queres ir?
- Está bem.
- Pronto, meninos lá para trás!
Deixe isso no carro.
- Sim, claro, claro.
- Nós não temos carro.
- Meu D...
- O que foi?
Acho que fui picado por uma abelha.
- Está bem?
- Estou. Meu Deus. Estou óptimo.
- Não é alérgico nem nada?
- Não, não.
- Onde o picou?
- Na parte de trás da cabeça.
- Estás bem?
- Sim, estou óptimo, Christopher.
- Dói?
- Christopher, estou óptimo.
- Deixa ver.
- Christopher, senta-te. Senta-te.
Thomas Jefferson refere algumas
vezes a felicidade
na Declaração de Independência.
Pode parecer uma palavra estranha
para constar em tal documento,
mas ele era... um artista.
Chamava aos Ingleses
"perturbadores da nossa harmonia".
E recordo-me de, naquele dia,
pensar nos que perturbavam a minha.
Interrogava-me se tudo isto seria bom.
Se conseguiria ser bem sucedido.
E Walter Ribbon e todo o fundo
de pensões da Pacific Bell,
que eram milhões.
Era um caminho para outro lugar.
É assim
que se deve ver um jogo de futebol.
- Muito obrigado, a sério.
- É um prazer, Chris.
E, Mr. Ribbon, também lhe agradeço
a oportunidade
de lhe falar sobre as capacidades
de gestão de fundos da Dean Witter,
que pensamos ser bem superior
ao seu acordo com a Morgan Stanley.
Sinceramente,
acho que vai ficar espantado.
Sem rodeios, a Dean Witter pretende
gerir todo o seu portfolio de pensões.
Sabe, Chris, não fazia ideia
que era novo lá na empresa
e até simpatizo consigo, mas de modo
nenhum vai ficar com o nosso fundo.
Não vai acontecer
num futuro próximo, amigo,
por isso acalme-se e desfrute do jogo.
- Aqui tem.
- Muito bem,
já tenho algumas ideias,
sem dúvida.
- Chris, falamos mais tarde.
- Muito obrigado. Sim, senhor.
Muito prazer, Chris.
Ligue um dia destes, sim?
Sim, sem dúvida. Obrigado.
Adeus.
Passados 4 meses,
tínhamos vendido todos os aparelhos.
Parecia que estávamos a conseguir.
Qual o
- animal mais veloz do mundo?
- A lebre.
Parecia que estávamos a ir bem...
... até um certo dia.
Aquele dia.
Aquela carta fez-me novamente
descer à terra.
Esta parte da minha vida chama-se
"Pagar Impostos".
Se não pagássemos,
o governo
podia ir-nos à conta bancária
e tirar-nos o dinheiro todo.
Papá!
Sem aviso, nem nada.
Não pode ser demasiado tarde.
O dinheiro é meu.
Como podem tirar o que é meu?
Oiça, é tudo o que tenho.
Não pode ir-me à conta bancária... não.
Era dia 25 de Setembro.
Recordo-me desse dia,
pois foi nesse dia que descobri
que só tinha 21 dólares e 33 cêntimos
na minha conta bancária.
Estava falido.
- Já te vestiste?
- Não.
Chris! Chris! Não me enfie petas!
Está bem, Chris?
Não estou a enfiar petas, Ralph.
Eu arranjo o dinheiro.
Preciso do dinheiro agora!
Não é depois!
Quando o arranjar dou-lho, Ralph.
Agora!
Que se passa, pá?
Wayne, preciso de te pedir
aqueles 14 dólares.
Pensei que já não tos devia.
- Como? Porquê?
- Porquê o quê?
Porque havias de pensar
que já não mos devias?
Ajudei-te na mudança.
Foram dois quarteirões, Wayne.
São 200 metros.
Já lá vão 4 meses, Wayne.
Preciso do dinheiro.
Preciso do dinheiro agora.
- Chris, não os tenho. Lamento, pá.
- Wayne, vai arranjar o meu dinheiro.
São só 14 dólares.
Os meus 14 dólares!
Vai buscar o meu dinheiro!
- Não grites comigo por 14 dólares!
- Vai buscar o dinheiro, Wayne!
Papá, olha para mim!
Papá!
- Desço?
- Claro. Porque não?
- Fica aqui, Christopher.
- Papá, olha!
Ouviste o que eu disse?
- Papá, aonde vais?
- O que disse eu?
Papá!
Papá, espera! Papá!
- Papá!
- Tenho de ir,
tenho de voltar aos anos 60,
pá. É o que quero fazer
quando era mais novo.
Quero ver o Jimi Hendrix
a pôr aquela guitarra ao rubro.
Devolve a minha máquina do tempo!
Devolve-me a minha máquina
do tempo!
- Papá, aonde vamos?
- Fica quieto.
Vai buscar as tuas coisas. Vai.
Chris?
O Dr. Telm não pode voltar
para a reunião consigo. Lamento.
Aonde vamos agora?
Temos de ir,
temos de ir falar com outra pessoa.
Estou cansado.
Eu sei.
Parece que não está a funcionar
de momento.
- Tenho de ir, Chris.
- Não,
dê-me um segundo.
De certeza que consigo arranjá-lo.
Chris, volte quando estiver
a funcionar, certo?
Não. Tenho de arranjá-lo agora.
Oiça, continuo a querer investir
em equipamento. Está bem?
Tenho mesmo de ir, Chris.
Obrigado. Obrigado.
Agradeço pelo seu tempo.
Agradeço muito.
Até breve.
Porque estão aqui as nossas coisas?
Papá?
- Vamos. Anda.
- Para onde?
- Vamos embora daqui.
- Porquê?
- Não podemos ficar aqui esta noite.
- Podemos, sim! Abre a porta!
- Ouviste o que eu disse? Anda.
- Abre a porta!
Ouviste o que eu disse? Pára com isso.
Pára!
Vamos. Anda.
Anda.
Wayne!
Wayne!
Wayne!
Levanta-te... Vá lá.
Para onde vamos?
- Papá, aonde vamos?
- Não sei.
Não é uma máquina do tempo.
Papá!
Não é uma máquina do tempo.
O tipo disse que era uma máquina
do tempo. Não é. Estava enganado.
- Que tipo?
- O que estava no parque.
Disse que era uma máquina do tempo.
É, sim.
Não é nada.
- É.
- Não é nada.
Só temos de carregar
aqui neste botão ***.
Queres carregar nele?
Está bem.
Vá lá.
Vá lá, pá.
Aqui mesmo.
Espera lá. Aonde queres ir?
Não sei. Um sítio qualquer do passado.
Tens de fechar os olhos.
Fecha tu, eu quero ver.
Pronto, vá lá,
vamos carregar juntos no botão.
Tens de fechar os olhos.
Fecha os olhos.
Leva uns segundos.
Meu Deus.
Abre, abre, abre!
- O que foi?
- Dinossauros.
- Onde?
- Não vês estes dinossauros todos?
Olha à tua volta.
Olha só tantos dinossauros.
- Estás a vê-los?
- Estou.
Pronto, vá lá.
- Espera, cuidado!
- O que foi?
Não tropeces na fogueira.
Somos homens das cavernas
e precisamos desta fogueira
pois não há electricidade
e aqui faz frio.
- Cuidado! Cuidado!
- Minha Nossa... um T-Rex.
Pega nas tuas coisas. As tuas coisas.
Vá lá. Temos...
- Temos de encontrar um lugar seguro.
- Por exemplo?
Precisamos de uma caverna.
Uma caverna?
Temos de encontrar uma caverna.
Anda.
Espera, olha para trás. Cuidado.
Cá está. Eis a caverna, vamos.
Aqui mesmo. Vai, vai.
Entra.
Depressa, depressa.
- Estamos seguros?
- Sim, acho que sim.
- Como está, Jay?
- Bem, obrigado.
Como tem passado?
- Bem. Tudo bem.
- Tem passado bem?
- E você, tem passado bem?
- Estou optimamente.
Aonde vai?
A Sacramento, porque...
estou a tentar aliciar uns tipos de...
Estão todos na Pac Bell
e estou a tentar trazê-los...
...trazê-los para nós
e convidaram-me
para ir lá jogar Golfe.
Fantástico.
Deixe-os ganhar uma vez.
Deborah, estão à sua procura.
- Onde?
- Está lá fora. Por favor, venha comigo.
Viva.
- Posso fazer uma pergunta?
- Claro.
Precisamos de um quarto.
Só até eu arranjar isto
e poder vendê-lo.
- O vidro tem de ser substituído...
- Vou ter de interrompê-lo.
- Gostaria de ajudá-lo, mas...
- Este é o meu filho Christopher.
- Tem cinco anos.
- Olá, querido.
- Precisamos de um sítio para ficar.
- Gostava de ajudá-lo,
mas só aceitamos mulheres e crianças.
Ele pode ficar,
mas você terá de arranjar outro sítio.
Temos de ficar juntos.
Nós...
- Muito bem, pronto. Oiça.
- Deve ter algum sítio.
Tente o Glide Memorial.
Os alojamentos são entregues às 5.
Despache-se e vá lá, pois há uma fila.
- Onde é? Onde?
- No cruzamento da Ellis e da Jones.
Ouçam todos!
Só temos quatro lugares e nada mais.
Vá lá, pá.
Vá lá o quê?
- Esse lugar é meu.
- Para trás.
Vá lá, não me faça isso. Não...
Papá! Papá!
Separem-se, separem-se.
Parem!
Fora da fila. Ambos!
Saiam ambos da fila.
Eu cheguei aqui primeiro.
Disseram para estar aqui a horas.
Cheguei a horas e fui para a fila.
Vim do trabalho com o meu filho.
Cheguei a horas!
Nós chegámos a horas!
Ele meteu-se à minha frente na fila.
- Quem?
- Ele.
Vá lá. Vá lá, Rodney. Vamos.
Sai da fila.
Pronto. Mais ninguém.
- Qual é a tua cor preferida?
- Verde.
Verde?
- De que gostas que seja verde?
- Árvores.
Que mais?
Azevinho.
- Azevinho. O que é azevinho?
- Aquelas coisas do Natal.
As coisas do Natal.
O que foi isto?
Devem estar a mandar-nos dormir.
Temos de fazer com que
o Capitão América fique quentinho.
Ele consegue respirar?
Ele fica bem.
- Tenho de ir tratar do aparelho.
- Não vás.
Não, fico ali junto à porta.
Sim? Fico mesmo ali.
Deixo a porta entreaberta.
Assim oiço-te se me chamares.
Quero ir para casa.
É por isso que tenho de arranjar
o aparelho.
Está bem?
Vou lá fora.
Vou deixar a porta aberta
e estou mesmo ao cimo das escadas.
Assim oiço-te se me chamares.
Está bem?
Tens de confiar em mim, certo?
Tens de confiar em mim.
Papá, eu... confio em ti.
Confio em ti.
Eu confio em ti.
- Não oiço.
- Confio em ti.
Dá cá um beijo.
Não demoro nada, sim?
- Estou mesmo aqui.
- Está bem.
- Ainda me ouves?
- Oiço.
- Ainda me ouves?
- Oiço.
- Confias em mim?
- Confio.
Assim.
- Isso. E aqui em baixo.
- Depois faz-se assim.
- Está bem?
- Não sei, o que te parece?
Está bom.
Vai buscar as tuas coisas.
- Papá, porque não as deixas cá?
- Não podemos.
Mais tarde dão-nos outro quarto.
Vamos.
Viva, Chris.
- Bom dia, Mr. Frakesh.
- O que há?
Viagem de negócios.
A sua esposa Martha também trabalha
na Pac Bell, não é?
- Sim, trabalha.
- E vocês querem reformar-se
ao mesmo tempo?
Queríamos reformar-nos
e manter o mesmo estilo de vida
sem pagarmos muitos impostos.
Basicamente,
não quer que lhe vão ao bolso.
Conhece os títulos municipais
isentos de impostos?
Aprendi a terminar o meu trabalho
rapidamente.
Tinha de acabar rapidamente
para estar na fila do abrigo às cinco.
Anda lá!
Anda lá!
Pare o autocarro! Alto!
O meu Capitão América!
Papá! Papá, espera! Papá!
Alto! Cala-te, cala-te!
Porque não deixa entrar a senhora?
- Isso não é fixe, pá.
- Afaste-se!
Vamos.
Papá, temos de ir buscá-lo!
O importante sobre o comboio
da liberdade
é que é capaz de subir montanhas.
E todos temos de lidar com montanhas.
Montanhas muito altas...
...e abismos muito fundos.
Sim, sabemos que essas montanhas
estão aqui no abrigo.
Cantamos sobre elas.
Senhor, não movas essa montanha
Dá-me forças para escalá-la
Por favor não retires esse obstáculo
Mas, Senhor, guia-me para lá dele
Os meus fardos são tão pesados
Que parecem impossíveis de aguentar
Mas não vou desistir, não, não
Pois Tu prometeste-me
Que precisavas de mim
No altar da oração
- Senhor, não movas essa montanha
- Por favor, não movas essa montanha
Dá-me forças para escalá-la
Quando é o teu ***?
É amanhã.
Estás preparado?
Claro que estou.
Obrigado.
Tudo bem?
Já acabaste tudo,
ou tens de ir algures?
Tenho de ir algures.
- Mas já acabei tudo, sim.
- Óptimo.
- E tu?
- Também.
- Como... o que achaste dos gráficos?
- Fáceis.
Eu vi-me aflito com o ensaio
do verso. O que escreveste?
- O ensaio?
- Sim, no verso do exame.
Chris!
Jeff, não é? O jogo dos "49ers".
Sim, você ficou de me ligar.
Acabei por não ficar
com o seu número.
Eis o meu número. Ligue-me, sim?
Sim, senhor. Sem dúvida.
Muito obrigado.
Chris! Tem cinco dólares?
Deixei a carteira lá em cima.
Eu vou lá acima buscá-la
num instante, Mr. Frohm.
Não, tenho de estar no Cal Bank
às quatro e já estou atrasado.
- Depois pago-lhe, a sério.
- Cinco chegam?
Cinco está óptimo.
Obrigado, Chris. Obrigado!
Pronto!
Os alojamentos estão todos atribuídos.
Já não há mais espaço.
Têm de ir embora.
Por hoje é tudo. Voltem amanhã.
Os alojamentos estão todos cheios.
Está totalmente esgotado
Acabou-se. Continuem a sair.
Voltem amanhã e tentem de novo.
Gostas?
20... 1, 2, 3, 4.
Pronto, eis a lâmpada. E aqui tem
o seu indutor com núcleo de ferrito.
- Quanto é?
- Oito dólares.
- O que é isso?
- É para arranjar a luz.
Posso ver?
Sim, claro, mas não partas.
A não ser que queiras dormir comigo
num quarto o resto da vida.
Não me importo.
Importas-te, sim.
Quero que durmas um pouco, sim?
Está bem.
- Estás quentinho?
- Estou.
Muito bem.
A mamã foi embora por minha causa?
- O quê?
- Se a mamã se foi embora...
...por minha causa?
Nem sequer penses
numa coisa dessas.
A mamã foi embora
por causa dela mesmo
e não tiveste nada a ver com isso,
certo?
Está bem.
És um bom papá.
Pronto, agora dorme.
- Adoro-te.
- Eu também te adoro.
Até agora tudo bem, Chris.
- Funciona.
- Muito obrigado.
2.500 dólares.
Mais 4 semanas de oxigénio.
100, 20, 40, 60, 80, 200...
20, 30, 40, 50.
- Mais alguma coisa?
- Não, tudo bem.
Muito obrigado.
- Estás pronto?
- Estou.
- Muito bem.
- Vamos para aquele sítio da igreja?
- Não.
- Para onde vamos então?
- Vamos ficar num hotel.
- Num hotel?
Mas só esta noite.
Podemos voltar à caverna, se quiseres.
Não, obrigado.
- Nunca mais?
- Bom, espero que não.
Porquê?
Porque há coisas que são giras
quando as fazemos uma vez,
mas na seguinte já não é bem assim.
- Como o autocarro?
- Sim, como o autocarro.
Peço desculpa. Acho que não devia
rir-me, pois não?
Está escrito na Bíblia.
O Pai diz que um dia a encontraremos.
Apesar de não saber onde ela está.
Nunca desejaste ter a tua própria casa
como as outras pessoas?
Claro.
Vemos casas com luz e gente.
Às vezes ouvimo-las rir...
No dia seguinte, depois do trabalho,
fomos até à praia.
Longe de tudo
e de todos,
só o Christopher e eu.
Viste-me?
Longe dos autocarros e do barulho,
da minha constante desilusão
"cabeçuda"...
...e de mim próprio.
- Chris, muito obrigado.
- Não, eu é que agradeço, Dean.
- Até breve, Chris.
- Tomaste as decisões acertadas.
Obrigado, Chris.
É que, quando eu era novo
e tinha
a melhor nota a História, ou assim,
ficava com uma óptima sensação
sobre tudo o que eu podia vir a ser
e depois não conseguia atingir
nenhuma delas.
Viva, Chris.
- Como está, Jay?
- Estou óptimo.
Diz-se que conseguiu 31 novos clientes
da Pacific Bell.
Sim,
conheci uns tipos num jogo de futebol
e fiquei com uns contactos.
Depois trabalhei neles.
Pelos vistos.
Então, mais um dia.
Está nervoso?
Não, estou bem.
Oiça, aconteça o que acontecer,
fez um trabalho fantástico, Chris.
A sério.
Cuide de si.
Sim, Mr. Johnson.
Chris Gardner da Dean Witter.
Queria agradecer
o seu apoio
no seminário do mês passado.
Sim, senhor. Sem dúvida.
Sim, senhor.
Não, senhor, é tudo.
Muito obrigado. Adeusinho.
Chris. Venha.
- Olá, Chris.
- Mr. Frohm, prazer em vê-lo.
- Bela camisa.
- Obrigado.
Olá, Jay.
Chris, sente-se, por favor.
Achei melhor hoje vir de camisa
por causa de ser o último dia e tudo.
Obrigado. Estamos sensibilizados.
Mas...
amanhã venha de camisa, sim?
Porque amanhã será o seu primeiro dia
se quiser trabalhar aqui como corretor.
Gostava disso, Chris?
Sim, senhor.
Óptimo.
Não podíamos ficar mais satisfeitos.
Então, seja bem-vindo.
- Foi tão fácil como pareceu?
- Não, senhor. Não... não foi.
- Boa sorte, Chris.
- Obrigado.
Chris...
Já me esquecia...
Obrigado.
Esta parte da minha vida...
... esta pequena parte...
... chama-se "Felicidade".
Christopher...
Após ter começado a sua carreira
na Dean Witter,
Chris Gardner fundou em 1987
a sua própria
firma de investimentos,
a Gardner Rich.
Então... quantos
planetas há?
- Sete.
- Sete?
Nove.
Quem é o rei da selva?
- O gorila.
- O gorila?
O gorila?
Não! O leão.
Claro. O leão, o leão.
Papá, ouve isto. Truz, truz...
- Quem é?
- Shelby.
Shelby quê?
Ela virá à volta da montanha
Quando quiser
- Truz, truz.
- Quem é?
- Ninguém.
- Ninguém quê?
Ninguém quê?
Essa é gira. Gostei dessa.
Em 2006, Chris Gardner vendeu
uma participação minoritária
num negócio que rendeu
vários milhões de dólares.
Tradução:
Carlos Valentim