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Diz-se que algo tão insignificante como
o bater de asas de uma borboleta,
pode ser a causa de um tufão noutro
lado do mundo. - Teoria do Caos -
Se alguém encontrar isto...
... significa que o meu plano...
não funcionou...
... e eu já estou... morto.
Mas, se eu puder de alguma maneira
voltar ao início de tudo isto,
talvez consiga salvá-la.
EFEITO BORBOLETA
TREZE ANOS ANTES
Vamos atrasar-nos outra vez.
Estás certo acerca de quereres
chegar à escola a tempo?
Hoje vamos afixar os desenhos
sobre os nossos pais.
Não te preocupes,
vais ter muito tempo.
O pai vai?
- Tu sabes a resposta.
- Ele não pode vir nem por um dia?
Já conversámos sobre isso cem vezes,
é muito perigoso para ele.
Mas o Lenny disse que o pai dele vai.
- O pai da Kayleigh e do Tommy...
- Está bem, já percebi.
- Eu não sou assim tão má, sou?
- Não.
Chegámos. Tem um bom dia,
amo-te. Venho-te buscar mais tarde.
Adeus.
Adeus.
Sra. Treborn, preciso de falar consigo.
Pode esperar até à noite?
Estou atrasada para o trabalho...
Penso que você precisa
mesmo de ver isto.
Tommy, deixa o Lenny em paz.
Não me obrigues a mandar-te para
o escritório do Sr. Voitex.
Eu ia mostrar isto ao director, mas
achei melhor falar consigo antes.
O que é?
Ontem as crianças desenharam o
que queriam ser quando crescessem.
A maioria desenhou o que os pais fazem,
mas isto...
Não percebo...
o Evan desenhou isto?
- Posso guardar este desenho?
- Claro.
Mas há mais uma coisa Sra. Treborn e
sinto-me mal por ter que falar nisso.
O quê?
Quando lhe perguntei sobre o desenho,
ele não se lembrava de o ter feito.
Eu não quero ir.
Não gosto deste lugar, mãe.
É arrepiante.
Prometo que não faço mais
desenhos maus...
Vai correr bem.
Ele só quer fazer alguns ***.
Vais gostar dele.
Estás a portar-te muito bem.
Diga-me que ele não herdou
a doença do pai.
Tenho certeza que o resultado
dos *** vai ser negativo.
Mas há uma coisa que pode fazer
para ajudar a memória dele.
- Qualquer coisa...
- Um diário.
- Faça-o escrever tudo o que fizer.
- E em que é que isso vai ajudar?
Pode ajudar a melhorar a memória dele.
Veja se ele se lembra
das coisas do dia anterior.
O resultado do exame demora
alguns dias, depois veremos.
Hoje a mãe vai-me levar para
brincar com a Kayleigh e com o Tommy.
Vou conhecer o pai deles e
verei como é um pai de verdade.
Óptimo, vejo-o em breve.
Evan? Evan?
O que estás a fazer com essa faca?
O que aconteceu?
Querido,
o que estavas a fazer com a faca?
Não me lembro.
- Olá, Andrea.
- George.
Olá, homenzinho.
- Obrigada, George.
- Não há problema.
Aqui está o meu telefone do hospital.
Se houver algum problema...
Por favor, fique de olho nele,
porque...
Estás a brincar?
Vamo-nos divertir muito hoje, não vamos?
Certo, porta-te bem.
Amo-te.
- Adeus.
- Adeus, George.
Vem, entra.
Vamos para o quintal.
Evan, Evan, adivinha!
O pai comprou uma nova câmara
e vamos todos ficar num filme.
É verdade, Evan.
E tu... vais ser a estrela.
- Pensei que eu era a estrela.
- Ei, o que é que eu te disse?
Mas, Evan, tens que prometer,
prometer a pés juntos,
que este vai ser o nosso
pequeno segredo.
Podes fazer isso?
Onde estou?
- Para onde fomos?
- Acalma-te, miúdo. Fica quieto.
Eu estava noutro lugar.
Como cheguei aqui?
Pára de agir como um retardado,
ou eu ligo para a tua mãe e digo-lhe
o chato de merda que tens sido.
Kayleigh? Kayleigh?
O que aconteceu?
As boas notícias são que
os resultados são negativos.
Não encontrei evidência de lesões,
derrames, tumores...
Deve haver algo em que possa
continuar a trabalhar.
Se fosse para dar um palpite, diria que
o problema está relacionado com o stress.
Ele só tem sete anos.
Que tipo de stress pode ter?
Muitos. Talvez um problema
de adaptação por não ter um pai.
Você disse que a última vez
que ele teve uma branca
estava na casa de um amigo do pai.
Bem, ele tem-me pressionado para
visitar o pai, mas eu tenho adiado.
Vale a pena tentar, Andrea.
Podemos arranjar uma visita controlada.
Uma dose de sedativo ao Jason,
alguma segurança,
o Evan entra para uma visita rápida,
e com alguma sorte,
não existirá mais o complexo
da falta do pai.
15 de Abril.
Hoje vou conhecer o meu pai.
O nome dele é Jason e ele é maluco.
Espero que ele goste
que lhe chame pai.
Hospital Psiquiátrico
O meu pai mora aqui?
Não nesta ala.
Na verdade, não.
Se ele parecer meio ensonado
é por causa do remédio, percebes?
Certo.
É só um momento.
Está tudo bem, eu não mordo.
Viste fotos minhas, não viste?
A mãe disse que eu tenho o seu sorriso,
e o seu cabelo...
Ele tem que morrer!
É a única maneira!
Jason!
Não!
Vai ficar tudo bem.
... a esperança na ressurreição
para a vida eterna.
Entregamos ao Todo Poderoso
o nosso irmão Jason.
Que Deus o abençoe, o guarde,
e deixe a sua face iluminá-lo.
E lhe conceda a sua graça dando-lhe paz.
Ámen.
SEIS ANOS DEPOIS
Vamos, onde está?
Sei que está por aqui.
De que porcaria tens andado
à procura toda a noite?
Sim, do que é que estás à procura?
Cala a boca, espertinho.
E tu, aguenta os cavalos.
Está aqui em algum lado.
Devíamos ir embora.
Se o pai nos apanha a fumar aqui,
estamos mortos.
Então vamos.
Eu sabia que o pai
tinha um explosivo cá em baixo.
Vamos fazer explodir alguma coisa
com esta merda.
Aqui tens, amigo.
Nem penses.
Não vou tocar nisso.
O tanas é que não vais.
Ou vamos achar que és um medricas.
Isso é certo.
Isso não vai funcionar desta vez,
amigo.
O rastilho é muito curto, vou morrer.
Não necessariamente.
Aqui está. Isto vai-te dar mais
uns dois minutos pelo menos.
Muito obrigado,
"amigo".
Pelo amor de Deus, Lenny,
seu atrasado, faz lá isso.
Obrigado.
Tens tomates, meu.
Levaste bastante tempo.
Que diabo... vamos!
Evan, ajuda-me a levantá-lo.
Evan, volta aqui
e ajuda-me a levantá-lo.
- O que aconteceu. Onde estamos?
- Meu Deus, vê o que fizeste.
Evan, vá lá! Ajuda-me!
Meu Deus, como pudeste!
Anda, vamos!
Tommy, o que se passou contigo?
Ele está bem, vai ficar bem,
tudo ficará bem.
O que aconteceu?
Estávamos na floresta a construir um forte,
e o Lenny passou-se.
Num minuto estava bem e de repente
caiu. Não foi, pessoal?
O que aconteceu, Evan?
A verdade.
Não me lembro.
Alguma coisa deve ter acontecido.
Alguma coisa o fez ficar assim.
Eu apaguei-me.
Não tentes usar os teus apagões
para escapar disto.
Não estás a inventar?
Inspira e expira. E relaxa.
Estás num sono profundo.
Relaxado...
Quero que me leves para o momento em
que estavas na floresta com o Lenny.
Pensa nisso como um filme.
Podes parar, adiantar ou abrandar
qualquer detalhe que quiseres.
Percebeste?
Sim.
Onde estás agora?
Estou ao lado da Kayleigh.
- Estou-lhe a tapar os ouvidos.
- Estás a magoá-la?
Não, estou a protegê-la.
Está bem, então vamos avançar
no tempo. O que é que vês?
Vejo um carro...
Sim, Evan.
Fala-me acerca do carro.
Continua.
Nada te pode magoar.
Lembra-te que é apenas um filme,
estás totalmente a salvo.
Não consigo...
O carro desapareceu de repente.
Estou no chão da floresta.
O carro não desapareceu, Evan.
O filme na tua cabeça
está fragmentado, só isso.
- Agora, conta-me...
- Não consigo!
Está a vir!
Encontra-o, Evan. Rápido. Está a vir.
- Meu Deus!
- Quando eu contar até dez, vais acordar.
Estarás relaxado e não recordarás
nada do que falámos...
O que lhe está a fazer?
Faça-o parar!
Um, sentes-te acordado.
Dois, os teus olhos já não estão
tão pesados.
Cinco, seis, vá lá, Evan, acorda.
Nove, dez!
O que aconteceu?
Resultou?
Obrigado, mãe. Até logo.
Tira essa cara de cu triste, ainda
fazes com que sejamos apanhados.
Viste a forma como a mãe do Evan
olhou para ti?
Desculpa.
Está bem, alguém me pode dizer que
raio aconteceu com a caixa de correio?
Nunca mais fales nisso.
Nunca.
Vamos.
Estás bem?
Porra!
Olhem para aquela porcaria gorda!
Tem mamas maiores
do que as da mãe do Lenny.
Cala a boca, larilas.
Desculpa, Kayleigh.
Isto foi uma péssima ideia.
A sério que não te lembras
de nada do que aconteceu?
Tens muita sorte.
Olha, tudo vai ficar bem.
O Lenny vai ficar bem, vais ver.
- Sinto muito.
- Não é culpa tua.
A Sra. Kegan ligou para o meu pai
e culpou-nos do que aconteceu ao Lenny.
O teu pai fez-te isso?
- Eu merecia muito pior.
- O que é que estás a dizer?
O que mereces é
um pai e um irmão melhores.
Eles só te fazem sentir
que és uma merda.
Tu não fazes ideia de como és bonita,
pois não?
Que merda estás a fazer?
A comprar pipocas.
Que merda estás tu a fazer?
Não acredito que tenha caído nesta.
Ele é um parvalhão.
Pára com isso! Pára com isso!
Qual é o teu problema?
Olha o que lhe fizeste!
Pronto, já chega, miúdo.
Estás na rua.
Agora outra história...
A pacata cidade de Ryerville
foi assolada esta tarde
por um horrível acto de vandalismo.
A polícia do estado de Nova Iorque
acredita
que foi um simples
acto de delinquência,
mas a tragédia claramente
abalou a comunidade.
Esta foi a reacção a uma forte explosão
causada por uma quantidade
desconhecida de dinamite.
A polícia não tem pistas, suspeitos,
nem o motivo...
Boa noite.
Vamos mudar-nos.
Não acredito que o Tommy
esteja tão chateado comigo.
Ele sabe que me vou mudar,
certo?
Ele tem estado estranho, ultimamente.
Já nem sequer me olha nos olhos.
Baixa-te. Aí vêm eles.
A tua mãe disse-te se o Lenny
estava bem?
Deve estar. Quer dizer,
deixaram-no sair, certo?
Bem-vindo a casa.
Pensámos que talvez gostasses
de apanhar ar fresco, para variar.
O Tommy está com vocês?
Não. Está tudo bem.
Então, o que fizeste lá?
Foi horrível. Não conseguia dormir
porque as pessoas gritavam a noite toda.
Nunca mais quero voltar para lá.
- Estás a ver aquilo?
- Sim, parece fumo.
Cricket!
O que estás a fazer ao meu cão?
- Olha o que me obrigaste a fazer.
- Qual é o teu problema?
Kayleigh, meu Deus.
Por favor, acorda.
Acorda, por favor. Acorda.
Por que não a beijas,
príncipe encantado?
Por quanto tempo estive
apagado?
Kayleigh, o que foi?
EU VOLTAREI POR TI
Sinto muito.
SETE ANOS DEPOIS
Acabou o tempo.
Poisem as canetas e ponham os cadernos
na minha secretária antes de saírem..
Você também, Sr. Nelson.
Estamos todos no mesmo fuso horário.
Como correu?
Não sei. Vou arranjar mais
histórias na próxima vez.
Foi o Pavlov que disse que
a condição psicológica era treta?
És obcecado pela psique.
E como vai o teu projecto?
Ainda procuras mudar a maneira
como nós humildes cientistas,
vêem a assimilação de memória?
Não tenho escolha.
Cheguei na hora errada.
Este é o meu colega de quarto, Evan.
Graças a ele,
lixei-me na prova de antropologia.
- Até mais, Thumper.
- Adeus.
- Bela linguagem.
- Não é problema teu.
Porra!
Veste-te, vais-me levar a sair.
Vamos comemorar a tua passagem de ano?
Não.
Melhor do que isso.
Sete anos sem apagões.
Boa, irmão! Vamos nessa!
Sê gentil comigo. Sê gentil.
Estou a sufocar!
Boa.
Olhem para aquele gajo.
Desaparece do meu bar.
Qual de vocês cria vermezinhos?
Minhocas, rapariga.
Isso é nojento.
Ele tem um fetiche.
Cuidado. Estou num projecto que estuda
a perda de memória.
Como pode isso ajudar a meter as bolas?
Deve usar a cabeça para limpar o chão.
Entender como a memória funciona
deve ser o suficiente para saber
onde devo metê-la.
Muito simples.
Qual é a tua, anormal?
Bem, que jogo.
Cheira a sexo aqui dentro.
Pois é, o Thumper tem andado ocupado.
Estás a brincar? Ele é tão grande.
Acho que o carisma é tanto como
o tamanho dele.
Queres uma cerveja?
Tens algum incenso, velas de cheiro,
ou algo assim?
Ah, não.
Não é costume guardar cadernos
debaixo da cama. Tens algum complexo?
São diários que faço desde
os sete anos de idade.
Lê-me qualquer coisa.
Acho que queres tirar
qualquer coisa disto.
É como se a minha mente se recusasse
a acreditar no que estou a ver.
Ouvindo o Cricket a fazer
aqueles gritos horríveis.
Só de escrever sobre isso dá-me arrepios.
Vá lá... continua.
Parecia que o Tommy estava possuído,
ou algo assim.
Havia um ódio nos seus olhos que...
Estás bem?
Onde estou?
Que diabo está a acontecer?
Não consigo abri-lo.
Larga isso ou corto a garganta da
tua mãe quando estiveres a dormir.
Eu agarrei-o. Salva o Cricket.
Ouve-me, Evan. Ouve-me bem.
Há milhões de outras irmãs no mundo,
porque é que tens que andar com a minha?
Está tudo bem. Foi só um sonho.
Não parecia um sonho.
Nunca parecem.
Então,
desmaias em todos os teus encontros?
Lenny? Tenho uma surpresa para ti.
Não adivinhas quem está aqui.
Ei, sou eu.
Evan.
Estás a montar um modelo?
Vejo que estás ocupado,
por isso tentarei ser breve.
Lembras-te daquele dia no ferro-velho?
Quando éramos miúdos?
Esperava que me pudesses
ajudar a lembrar.
Qualquer detalhe.
Não consegui cortar a corda.
É bom. Mais alguma coisa?
Corto a garganta da tua mãe
quando estiveres a dormir.
Jesus Cristo.
Aconteceu a sério.
Dá um pio e eu juro que é o último,
filho da mãe.
Estava a pôr as minhas mãos
nos ouvidos da Kayleigh.
Eu estava com mais atenção nas
nossas mãos do que na caixa de correio.
Não explodiu. Vamos ver?
Sim. Faz isso, Lenny.
Dá um pio e eu juro que é o último,
filho da mãe.
Como está a minha menina?
Como está a minha menina?
Queres abrir? Queres abrir?
Merda! Corram!
Porra, Lenny, anda!
Lenny, anda!
Anda, Lenny, vamos!
O que foi, meu?
- Estou?
- Estou, quem é?
Sra. Kegan, é Evan... Treborn.
Espero que saiba
o quanto aborreceu o Lenny.
Pois... sinto muito por isso... eu...
Levei uma hora para limpar
aquela confusão.
Posso falar com o Lenny?
Não ligue para cá.
Mãe...
Não consigo evitar,
estou tão orgulhosa de ti.
Come o jantar.
O pá...
O Jason tirava boas notas?
Ele só tirava nota A,
sem nunca tocar num livro.
Era a única área em que
a sua memória nunca falhou.
Ele alguma vez falou sobre...
ter encontrado uma forma de
chamar as memórias perdidas
anos depois de as ter
perdido?
Por que perguntas?
Pensei que, sendo ele tão inteligente,
poderíamos pensar que ele descobriu
uma maneira de se lembrar
das coisas que tinha esquecido.
Bem, quando ele tinha a tua idade,
quase exactamente a tua idade,
agora que penso nisso,
ele disse ter arranjado uma forma
de se lembrar do seu passado.
Eu não sabia dizer se eram memórias
reais ou apenas imaginação.
Então, pouco antes de piorar e...
ter de ser internado,
ele disse que podia...
O quê?
O que podia ele fazer?
Esquece. Não era nada.
Ele já estava muito doente.
Eu nem queria entrar no filme,
de qualquer maneira.
Eu estava com frio, por isso perguntei
onde estavam as minhas roupas.
- O Sr. Miller tirou-me a camisa.
- O que estás a fazer?
Preciso de silêncio para fazer isto.
És estúpido ou quê, meu?
Talvez haja uma razão para teres
reprimido as tuas lembranças.
Eu cá pensava duas vezes
sobre o que estás a fazer.
Podes acordar mais lixado
do que já estás.
Mais lixado do que já estou? Achas que
me conheces? Eu não me conheço.
- Foi culpa minha.
- Não passa um dia sem partires nada?
Evan.
Meu Deus, passou tanto tempo.
Como tens passado?
- Como sempre, sabes...
- Não sei, conta-me.
Estou na faculdade, está a correr bem.
A minha mãe está bem... é isso.
- Queres um cigarro?
- Não.
- Eu parei de fumar.
- Eu já parei umas cem vezes.
Vais a pé para casa?
Posso-te acompanhar?
Claro.
- Meu Deus...
- Então...
... como está o Tommy?
Mantiveram-no preso por
alguns anos, mas...
... agora tem trabalhado no duro
e parece ter melhorado.
É bom.
Ainda moras com o teu pai?
Não, emancipei-me aos quinze anos.
Deve ter sido precisa muita coragem.
Não quando se vive com o meu pai.
Não podias ter ido morar com a tua mãe?
Ela tinha uma família nova,
não havia espaço suficiente.
- Ou outra coisa qualquer.
- Olha...
A razão porque voltei à cidade
tem a ver contigo.
Comigo? Por quê?
Lembras-te de quando éramos
miúdos e eu tinha aqueles desmaios?
Sim, claro.
Algumas dessas memórias estão a voltar,
e gostava de falar contigo sobre
uma em particular.
Tentarei lembrar-me.
Quando éramos crianças,
o teu pai estava a fazer um filme
sobre Robin Hood,
ou algo assim...
O que queres saber, Evan?
Ele...
o que aconteceu lá na cave?
Foi há muito tempo atrás.
Eu sei.
Foi por isso que voltaste cá?
Para fazer perguntas estúpidas
sobre Robin Hood?
Não.
Só penso que algo de muito mau
pode ter acontecido.
Há alguma finalidade nisto?
O que quer que tenha
acontecido não foi culpa nossa.
Éramos crianças, não podíamos
ter feito nada para merecer...
Cala-te, Evan!
Estás a perder tempo.
Não te podes odiar a ti própria porque
o teu pai é um louco pervertido.
A quem estás a tentar convencer, Evan?
Vieste até aqui remexer no meu passado
só porque não tens boa memória?
Queres que eu chore no teu ombro
e diga que está tudo bem agora?
Vai-te lixar, Evan.
Nada está melhor.
Nada nunca melhora.
Se eu era tão maravilhosa, Evan,
porque é que não me ligaste?
Porque me deixaste aqui?
"Quando ele tinha a tua idade,
quase exactamente a tua idade,
agora que penso nisso,
ele disse ter arranjado uma forma
de se lembrar do seu passado."
- Um tipo deixou uma mensagem para ti.
- Devias fumar isso na casa de banho.
Olá, Evan, é o professor Carter.
Perguntava-me porque não entregaste
o teu ensaio esta tarde, estava preocupado.
Liga-me para marcarmos
outra data.
O que é que disseste à minha irmã,
filho da puta?
A noite passada chorou
durante uma hora ao telefone.
Ela disse que vieste vê-la ontem à noite.
Ela...
Ela matou-se esta noite.
Ela está morta.
E tu também estás.
EU VOLTAREI POR TI
Se esta cicatriz na minha barriga
não tiver aparecido do nada,
talvez o meu pai não fosse tão louco
como pensavam.
Se eu posso fazer cicatrizes,
tenho o poder de curá-las?
E as cicatrizes da Kayleigh?
Estava frio,
por isso queria ficar vestido.
Mas o Sr. Miller,
tirou a minha camisa...
Tive uma ideia. Vamos para a cave.
Parece uma masmorra.
Um pouco de luz aqui...
O que é que eu te disse sobre
manter a porta fechada?
Mas eu quero ver.
Vais ver a minha mão em dois
segundos se não obedeceres.
Nesta parte da história, Robin Hood acabou
de se casar com a donzela Marian.
E eles têm que se beijar e fazer
coisas como os adultos fazem.
Por isso, tira a roupa, Kayleigh.
Vá lá, num minuto voltarão
a vesti-la.
Não é nada de mais.
Tu também, Evan.
Vá lá, vamos,
estamos a fazer um filme aqui.
Tapa os teus ouvidos.
Que horas são?
É hora de tu fazeres aquilo
que eu te digo para fazeres.
Resposta errada, saco de merda.
É a hora de tomares a decisão
mais importante da tua vida.
Nos próximos trinta segundos
abrirás uma de duas portas.
A primeira porta irá traumatizar
para sempre a tua própria filha.
O que está a acontecer?
Como é que estás a fazer isso?
Transformará a tua filha,
de uma criança linda, numa casca oca,
cuja única noção de confiança,
é o de ser traída pelo seu próprio
doentio e depravado pai.
Em último caso,
vais levá-la ao suicídio.
- Bom trabalho, paizinho.
- Quem és tu?
Digamos que estás a ser
observado de perto.
A tua outra opção é tratá-la como...
... como um pai carinhoso
trata a sua filha.
Estou a chegar a ti,
paizinho?
- Sim.
- Presta atenção, saco de merda.
Tornas a fazer porcaria,
e eu volto para te castrar.
O que precisas de fazer
é disciplinar o teu filho Tommy,
porque o miúdo é um malandro sádico.
Uma última coisa.
Nunca mais me toque.
Não tocarei.
Querido, estás bem?
Meu Deus, Evan! Estás a sangrar.
Kayleigh, tu...
é... incrível.
Obrigada.
Vai-te limpar e volta para a cama.
- Onde estão as minhas roupas?
- Essas são as tuas roupas, tolo.
Casa de banho.
Despacha-te, quero uma rapidinha
antes de ir para a escola.
Inacreditável.
Quem me dera ter isso
quando vou dormir.
Desculpe, não vi...
Você é aquela rapariga
que me chamou cretino...
- O quê?
- E o teu nome é Gwen.
- Eu conheço-te.
- A sério, Evan, tu tens um problema.
Não te passes com
o que te vou perguntar, mas...
Lembras-te de quando o teu pai
comprou aquela câmara de vídeo?
Sim, acho que a usou no primeiro dia e
depois deu-a a alguém ou algo assim.
Porque havia de me passar?
Sei lá.
- Foi estranho.
- Tu és um brincalhão.
Então, vejo-te à noite.
Andrea e Evan. Não estamos em casa agora,
sabe o que fazer!
Olá, mãe. Sou eu.
Só liguei para dizer olá. Liga-me.
Thumper, sabes que horas são?
Que foi, perdeste o rolex?
Vai-te lixar, betinho.
Lembrem-se,
só têm mais duas semanas
para acabarem os vossos projectos
sobre a mente.
Sobre o ensaio que não entreguei,
posso entregá-lo na semana que vem?
Você é?
Evan...
... Treborn.
A resposta é não, Sr. Treborn. Por favor,
sente-se que o *** vai começar.
Preparem-se todos, o ***
vai começar dentro de um minuto.
Solta-me, parvalhão.
- Pára com essa merda.
- Evan, és muito engraçado.
Estudaste para o ***?
Vamos descobrir.
Pois vamos.
- Grande merda! São as respostas?
- Porra, Evan. Fala baixo.
Quero fazer algo especial
para a Kayleigh, amanhã à noite.
Por isso, se dissesse que precisava
da ajuda dos meus irmãos...?
É importante para ti?
O que planeias fazer?
Está bem, esquece.
Podem começar agora.
Foi tão bom. Meu Deus!
Onde aprendeste estes truques novos?
Não foi... esquisito, foi?
Sim, se lhe chamares orgasmos múltiplos,
esquisito.
Estou?
Que se lixem.
O que achas que nós temos
que nos faz tão perfeitos?
Porque me vieste visitar
às escondidas quando me mudei?
Porque tive saudades tuas.
Achas que o meu pai
me vai impedir de te ver?
O que vais fazer?
Meu Deus, os meus dedos dos pés
estão adormecidos.
Achas que ficaremos juntos para sempre?
É esse o plano, não é?
Ou não é?
Sim.
Sim, estava só a perguntar.
Sim, é esse o plano.
Bom.
Sabem o que têm que fazer.
Servos. Somos servos, senhor.
Irmão Evan, eu sirvo.
Estás a brincar?
O quê? O que é que disseste?
Diz-me o alfabeto grego. Diz já!
É assim que é!
Não olhes para mim, olha para o chão.
Certo.
Vocês sabem o que devem fazer.
Vão tomar um banho
e se alguém os chatear
digam-lhes que eu disse
que está tudo bem.
O quê?
Cala a boca, puta.
Não estou a perceber. Onde me levas?
Não vou dizer.
Meu Deus!
É lindo!
Senta-te.
Obrigada.
Porque é que estás a fazer isto
por mim?
Quando acordei hoje, vi o teu sorriso.
Esse sorriso.
E soube que queria passar
o resto da minha vida contigo.
Procurei-te por toda a parte.
Alguém destruiu o teu carro.
Mas o que...
Quem fez isto?
- Quem foi?
- Provavelmente aqueles parvalhões.
Como é que alguém consegue fazer isto
mesmo em frente da casa da irmandade?
É uma coleira de cão?
Tommy...
Não.
Ele pode estar a ver.
É culpa minha.
Devia ter-te dito que ele foi solto
há algumas semanas.
Teria sido bom.
Isto não vai adiantar.
Acho que um dos tipos da irmandade
tem uma arma.
Evan, nem a brincar!
Ele não te quer magoar,
só te quer afastar de mim.
- Ele matou o meu cão, lembras-te?
- Evan, a culpa não é dele.
Sabes como foi difícil para ele
quando éramos crianças.
Não me venhas com essa treta
da infância difícil.
- Tu saíste bem.
- O meu pai nunca me tocou.
Parece que aquele tarado
guardou tudo para o Tommy.
Fiquei assustado demais
para lidar com isto.
Sabes, acho que devia dormir sozinha.
Não. Não vais ficar sozinha.
Eu fico contigo.
Evan, eu só não quero que o Tommy
nos veja juntos, nesta altura.
Não. Já te perdi uma vez,
não vou perder outra vez.
Que queres dizer com isso?
Nunca me perdeste. Estás a falar de quê?
Deus, estás a agir de forma
tão esquisita ultimamente.
O meu carro acabou de ser destruído,
estou meio passado.
Eu sei, mas, a tua ***úncia mudou,
nem sequer o teu andar é o mesmo.
- Tenho um andar diferente?
- O jantar foi maravilhoso, fantástico,
mas não eras...
tu.
Nunca faço nada agradável para ti...?
Espera...
Não é o teu blusão?
Tommy!
Fica longe de nós, seu tarado.
Deixa-te disso. Nunca pus a mão
na minha própria irmã.
Tu estás a portar-te muito bem,
para falares assim.
Tens uma vida porreira,
tens bons amigos,
para não mencionar que andas
a comer a minha irmã,
que é bastante jeitosa,
se o posso dizer.
- Cala a boca, Tommy!
- Qual é? É um elogio.
O que estás a fazer, meu?
Não bastava teres o mundo
todo a teus pés.
Tinhas que roubar a única pessoa
que não me considerava uma merda?
Tommy, sabes que eu te amo.
Ninguém acha que és um merdas,
Tommy.
Não? O que foi que disseste?
Acho que foi "seu tarado"?
Tommy, não! Meu Deus, pára!
Pára! Pára!
Meu Deus!
Pára, vais matá-lo!
É um maníaco!
Arruinaste a vida do Lenny.
Mataste o Cricket.
Mataste aquela mulher e o bebé.
Agora estás a tentar matar-me.
Estou farto de ti!
- Primeira vez?
- Sim.
É melhor fazeres cara de mau, meu.
Ou vais acabar
por ser a mulher de alguém.
Podes-me proteger?
Nem Jesus me faria enfrentar
os meus irmãos.
Olha, meu...
quando vierem, vai
para outro lugar na tua cabeça.
Põe-te noutro lugar.
Falei com o teu advogado...
e...
ele disse que tem a certeza que te pode
libertar alegando legítima defesa,
por isso, sê paciente.
- Ficarei aqui por quanto tempo?
- Não sei.
Estas coisas demoram.
E os meus diários,
trouxeste os que eu pedi?
Achei estes dois.
Os outros ainda estão guardados.
Mãe!
Preciso de todos. Todos eles.
E eu vou trazê-los. Mas agora
precisas de te concentrar no caso.
Por favor.
Está bem.
Tens razão.
E a Kayleigh? Ela está bem?
Tenta dizer-lhe que sinto muito.
O tempo acabou.
Não te vou perder.
Promete-me que vais aguentar.
Faz-me um carinho na pila,
ou enfio-te a minha faca.
Sai daqui.
O espectáculo acabou, senhoras.
Põe esse verme outra vez na cela.
Vemo-nos mais tarde,
de noite, irmãzinha.
És religioso, Carlos? Acreditas que
Deus trabalha de forma misteriosa?
Acredito piamente, meu.
Então acho que Jesus me
pôs na tua cela por um motivo.
Para que me ajudes.
Merda! Sei que és maluco, meu.
Não é treta.
Jesus fala comigo nos meus sonhos.
Porreiro.
Ainda bem.
Tenho sinais que o podem provar.
Agora, é preciso que olhes
para mim com atenção.
Precisas de ir ver
o psiquiatra da prisão, meu.
Procura qualquer coisa esquisita.
Mais esquisito do que isto?
Podem ser marcas, podem ser cicatrizes,
qualquer coisa... não sei.
Na quarta-feira meti-me em sarilhos
por causa de um desenho que eu não fiz.
A minha mãe não me quer mostrar...
Evan, nada de brincadeira,
senta-te e acaba o teu desenho.
É óptimo, pessoal. É só imaginarem
o que querem ser. Não há limites.
Sra. Boswell?
Jesus! É um milagre!
- É um milagre, meu.
- Vamos ver.
Estas marcas saíram do nada.
Eu achei que eras doido, meu.
Agora acreditas em mim?
Acredito piamente, meu.
Quero fazer um acordo.
Ouve, sou novo aqui mas acho
que sei como as coisas funcionam.
Se não te juntares a um bando,
estás morto.
E de certeza que não me vou juntar
a uns desprezíveis negros.
E não quero morrer, portanto...
... o que vamos fazer?
Sou um novato e tenho que
conquistar o meu espaço, portanto...
... devo chupar a tua pila agora?
Ou...
O teu sangue é... puro?
Bem, não sou arraçado,
se é isso que estás a perguntar.
Bem, então vamos ver o que
tens para dar, querido.
Cuidado com os dentes,
se os queres manter.
Sim, senhor.
Vem ao papá.
Fomos pela floresta até ao ferro-velho.
Aguenta! Segura-os!
Malditos animais.
Esperem, antes de...
Precisamos de algo para abrir um saco.
Segura nisto, Lenny.
Hoje é o dia do Tommy.
Sei que se sente culpado por causa
daquela mulher e do bebé.
- Evan, pára. Não é a altura...
- Agora é a única altura!
Hoje é a tua chance de te redimires
de tudo o que aconteceu.
- Do que é que estás a falar?
- Evan, estás a agir como um doido.
Por favor, se nunca confiaste
em mim antes, confia agora.
Corta a corda.
Venham!
- ... serviu para quê, Evan?
- Faço o que quiseres.
Se não queres que veja mais a Kayleigh
está bem, apenas solta o Cricket.
Para além disso, se o matares
vais acabar por ser internado,
e eu sei que nunca deixarias
a tua irmã sozinha com o teu pai.
Lenny, não!
Deus...
Deus, Lenny.
Era só para cortar a corda.
Está tudo ao contrário.
Alguém ligue para o 112.
Evan, vamos.
Olá, doutor. Qual foi o estrago?
- Além de mim mesmo.
- Deixa-te de brincadeiras, Evan.
É um bocado complicado. Nunca
vi lesões como estas antes.
Nem no meu pai?
Na verdade não existiam
estes exames há vinte anos atrás.
Então o que encontrou?
Descobrimos que a maioria dos danos vêm
daqui, da parte externa do córtex cerebral.
- É onde ficam as memórias.
- Obrigada, Evan.
Nunca vi nada assim.
Comparámos estes
com os do ano passado
e encontrámos uma massiva
reconstrução neural.
E o que é que isso significa?
O que ele quer dizer é que acumulei
quarenta anos de memórias
desde o ano passado.
Eu posso reprogramar o meu cérebro
completamente a qualquer momento.
Vou esperar no carro,
o ar condicionado irrita-me os olhos.
Foi bom revê-lo, doutor.
Foi muito... muito...
informativa, mas tenho pessoas para ver,
coisas para ler...
Certo, com licença.
Sou eu, Evan.
Posso-te trazer alguma coisa?
Que tal alguns daqueles modelos de
aviões de que tu gostas?
Posso-te trazer um monte deles.
Lenny?
Sempre soubeste, não foi?
Quando puseste aquela coisa afiada
nas minhas mãos,
sabias que algo grande ia acontecer.
Não sabias?
Sim, eu sabia.
Então tu devias estar onde eu estou.
Tu devias estar onde eu estou.
Hoje vou conhecer o meu pai.
O nome dele é Jason e ele é maluco.
Espero que ele goste
que eu lhe chame pai.
Estás bem? Parece que estiveste
noutro lugar por um segundo.
Escute, Jason. Preciso de respostas
rápidas para resolver o que eu fiz.
Eu tenho rezado para que esta
maldição ficasse comigo.
Sim, mas não ficou!
E agora preciso de informações
para pôr as coisas bem, outra vez.
E você é o único que mas pode dar.
Não há como o fazer.
Não podes mudar o que as pessoas são,
sem destruir o que eram antes.
Quem diz que não se pode
melhorar as coisas?
Não podes fazer de Deus, filho.
Tem que acabar comigo. Só por estares
aqui podes estar a matar a tua mãe.
Isso são tretas.
Mando-lhe um cartão postal quando
tudo estiver perfeito outra vez.
Não! Não!
Acabou de ser solto, não foi?
É que quando o meu irmão era
solto da prisão, comia assim.
Não sou criminoso.
Bem, não quis ofender.
Não me ofendi.
A Kayleigh ainda trabalha aqui?
Desculpe, nunca ouvi falar dela.
Que raio, um homem não pode
ter paz na sua própria casa?
Acho que não está aqui
para vender biscoitos.
Adivinhaste, saco de merda.
Lembras-te da boa conversa que
tivemos quando eu tinha sete anos?
Tenho uma pergunta para ti.
Onde posso encontrar a tua filha?
Pensei que fosse outra pessoa.
Tem que ser rápido porque
estou à espera de uma pessoa.
Olá, é bom ver-te.
Posso entrar?
Se soubesse que vinhas
tinha limpado as manchas do lençol.
O que é que queres?
Só vim ver uma cara conhecida.
Bem, tempo é dinheiro, Evan.
Dinheiro.
Acho que posso dispensar
10 minutos a um velho amigo, certo?
E então, o que é que preferes?
Desculpa, hábito do trabalho.
Já percebi.
Já podes parar com isso.
Desculpa, a minha linha de trabalho
embaraça-te, precioso?
Não é isso, é que sentes que tens
que o usar para me magoar.
Estive onde tu estiveste.
Onde é isso?
Não ias acreditar se eu te contasse.
Sei que as pessoas dizem sempre isso,
que não ias acreditar,
mas neste caso nem vale a pena tentar.
Tens razão, não acredito em ti.
Não pensei que acreditarias.
É por isso que nunca contei
e nunca contarei a ninguém.
Sou a única pessoa a quem contaste?
Essa é boa.
Tenho cara de parva?
Achaste que ia acreditar nessa treta?
Estou pouco ralado
se acreditas ou não em mim.
Francamente,
estou cansado demais para to provar.
Existem provas agora, é?
Como poderia saber que tu tens uma
marca de nascença na virilha?
Qualquer um com 50 dólares
te contaria isso.
Esquece esta. E o facto de não
gostares do cheiro de flores?
E odeias salsa, pois por
um motivo que desconheces,
faz-te lembrar a tua irmã adoptiva.
E todas as vezes que tens um orgasmo
os teus dedos dos pés adormecem.
Tenho a certeza que todos os teus
clientes sabem desses detalhes.
Sabes, só achei que devias saber.
Saber o quê?
Que já foste feliz uma vez.
Comigo.
Há um furo muito grande na tua história.
Nunca na vida,
neste planeta ou noutro,
faria parte de uma merda
de uma irmandade.
- Tu eras feliz lá.
- Estás a chorar?
De certeza que tens dinheiro
na carteira?
Não preciso de dinheiro para onde vou.
Vais mudar a vida de toda a gente
outra vez?
Talvez na próxima apareças numa mansão ou
em Tijuana em cima de um burro.
Estou farto disto. Sempre que tento
ajudar alguém sai tudo uma merda.
Estás a falar de agora.
Já fizeste tanto por mim,
por que não voltas no tempo
e salvas a Sra. Halpern e o seu bebé?
Talvez assim, o Lenny não se tivesse
passado e arruinado a minha família.
Não. Volta para quando eu tinha sete anos
e come-me para o meu pai filmar.
Tenta pôr-me na linha.
Estás na minha cama.
Sai daí.
Pensei que não havia problema,
tu estavas doente...
Não vou repetir.
A última coisa de que me lembro,
antes de me apagar,
era de ter as minhas mãos
a tapar os ouvidos da Kayleigh.
Estava mais concentrado nas
nossas mãos do que na caixa de correio...
Senhora, afaste-se.
Não se aproxime da caixa de correio.
Idiota.
- A sério, chegue-se para trás.
- Eu vou salvá-la, senhora.
Maldição!
Pensei que vos tinha dito para saírem.
Desculpa, acordámos-te?
Não, tudo bem.
Mesmo bem.
Que merda é esta?
Evan! Pega numa toalha!
Já reparaste no sorriso da Kayleigh?
O Lenny é demais!
Estamos apaixonados.
- O que estão a fazer?
- A levar-te para o hospital, Evan.
- Não, levem-me de volta.
- Não posso, a tua mãe matava-me.
Leva-me de volta, Lenny.
Deves-me isso.
Para onde estão a olhar? Deve ser
óptimo serem tão perfeitos, não é?
Otários de merda.
Lenny, ajuda-me!
Ei, Bryan. Como está a tua cabeça,
parceiro?
Eu vi a miúda que levaste para casa.
Ela trouxe-te uma Gillete, esta manhã?
É o Tommy. Ei, Tommy!
Tudo bem, pessoal?
Fiz o que disseste.
Vamos organizar um baile para
angariar fundos para caridade.
Fantástico.
Talvez possa girar na minha cadeira
de rodas e diverti-los até vomitar.
É melhor irmos para a aula.
Não faz sentido ir à aula. Amanhã posso
acordar a plantar erva em Bangladesh.
Vamos dar uma volta.
Adeus, querida.
Adeus, irmãzinha.
O Tommy está mesmo nessa de Jesus,
não está?
Sabes como ele ficou religioso depois
de ter salvo a Sra. Halpern e o bebé.
Ele salvou a Sra. Halpern?
Maluco filho da mãe.
Vamos parar aqui.
Queres um nougat?
Tenho que arranjar isto.
Kayleigh, alguma vez pensas em nós?
Quero dizer, já te perguntaste se as coisas
poderiam ter sido diferentes entre nós?
Claro, Evan.
Tu foste a primeira pessoa com
quem eu realmente me importei.
- Fui?
- Sim.
É por isso que quando era pequena,
nunca quis ir viver com a minha mãe.
Não percebo.
Quando os meus pais se separaram,
deram-nos a opção de escolhermos
com quem queríamos viver.
Eu não suportava o meu pai,
mas sabia que se fosse viver com
a minha mãe, não te veria mais.
Eu não sabia disso.
E então,
ainda pensas em nós dois, juntos?
Bem, vem-me à cabeça,
de tempos a tempos.
E...
Muitas coisas passam pela minha cabeça.
Posso fazer um filme inteiro das
nossas vidas em um segundo.
Apaixonamo-nos, casamos, temos filhos...
Os nossos filhos envelhecem, tal como nós,
já fiz o roteiro todo na minha cabeça.
A minha imaginação é muito fértil.
Como costumava ser.
- Achas que podia ter resultado?
- Sim.
Mas as coisas não aconteceram assim.
Estou com o Lenny.
O Lenny é teu amigo e...
é assim que acaba.
Faria diferença
se eu te dissesse que...
... ninguém pode amar alguém
tanto quanto eu te amo a ti?
Não estou a dizer que... eu só... é que...
estou a dizê-lo tipo...
... se fosses uma rapariga,
era algo que gostarias de ouvir.
Espera um pouco, o Lenny está a chamar.
Já volto, está bem?
Ele está um pouco triste...
Deus... esqueceste-te de pôr
a torradeira na borda da banheira.
Sorte era teres chegado tarde.
Vocês estão todos melhor, agora.
Sei que é difícil,
mas não podes desistir.
- Nem sequer me consigo matar.
- Não fales assim.
Tenho que te tirar daqui, a hora
da visita está quase a acabar.
Vou ser transferido?
Do que é que estás a falar?
Ela sempre esteve aqui.
Olá, filho. Bom rapaz.
Cancro do pulmão.
Começaste a fumar quando eu
fui apanhado pela explosão.
Ele tem agido de forma estranha,
ultimamente.
Mãe, vais ficar bem.
Eu posso mudar isso.
Eu vou descer para a capela.
Estás a agir como o teu pai.
Eu vou tirar-te daqui, está bem?
Não.
Não sentirás mais dor.
Eu vou arranjar isso.
- Tens a certeza que os embalaste?
- A minha mãe embalou-os.
Pedi-lhe que os mandasse
para a nova casa.
É isto?
Para que os queres?
Não te estou a entender, ultimamente.
Vais entender.
- Bem, vou-te pedir um último favor.
- O quê?
Preciso que estejas calado,
pois tenho que me concentrar,
se quero controlar a explosão.
O quê? A explosão?
Se eu não tivesse perdido
os meus braços na explosão,
a minha mãe
não teria começado a fumar.
Deixa lá, abre-o.
Onde?
Aí.
Hoje a minha mãe vai-me levar
para brincar com a Kayleigh e o Tommy.
Conhecerei o pai deles e verei
como é um pai de verdade.
Como evito a explosão?
Evan,
o que estás a fazer com essa faca?
Não resultou. Vamos.
Vira a página.
- Estou a virar.
- Aí.
De qualquer forma
eu não queria estar no filme.
Nesta parte da história Robin Hood
acabou de se casar com a donzela Marian.
Eles têm que se beijar e fazer coisas
como os adultos fazem.
Espere, preciso do meu cinto.
Não te incomodes
por causa de um cinto.
Afasta-te, saco de merda.
Incrível, como este insulto nunca falha
para te impressionar.
Já chega, Evan. Não te portes mal, ou digo
à tua mãe o chato de merda que tens sido.
E eu contarei aos serviços sociais
sobre os filmes *** com crianças.
Mais um passo
e enfio isto no teu traseiro.
Isso é perigoso.
Pode explodir nas tuas mãos.
Já passei por isso, já o fiz.
Faíscas!
Kayleigh, não!
Não! Kayleigh, não!
Onde estão os meus cadernos?
Evan? Só era suposto
encontrarmo-nos daqui a uma hora.
Onde estão os meus malditos cadernos?
- Cadernos?
- Os meus diários.
Eu preciso deles.
Por isso, se mos entregasse,
ajudava-me imenso.
Custa-me ter que passar
por isto outra vez.
Não existem diários.
Nunca existiram.
É parte do mundo de fantasia
que a tua mente criou
para aliviar a culpa
pela morte da Kayleigh Miller.
Pensa, Evan, pensa!
Criaste uma doença que não existe.
Universos alternativos
com colégios e prisões e...
Quero os meus diários e quero-os agora.
E sei que os tens e vais devolvê-los.
Gostes ou não, não me interessa,
eu quero-os!
Lembras-me o teu pai.
Sempre a gritar por um álbum de fotos,
embora nunca tivesse tido nenhum.
Álbum de fotos?
- Fotos.
- Evan.
Os danos são irreparáveis.
Francamente, estou surpreendido por
ainda conseguir usar as funções motoras.
Mãe...
Lembras-te de trazer os vídeos
caseiros que costumávamos fazer?
Sim, estão aqui.
Bom, pois gostava muito de os ver.
Isso é bom.
Acho melhor transferi-lo
para o hospital amanhã de manhã.
Se alguém encontrar isto...
... significa que o meu plano...
não funcionou...
... e eu já estou... morto.
Ele não está no quarto.
Procurem nos andares.
Se eu puder de alguma maneira,
voltar ao início de tudo isto,
talvez consiga salvá-la.
Aqui!
- Qual é o teu nome? Este é o Evan.
- Kayleigh.
Eu odeio-te e se voltares a
aproximar-te de mim outra vez,
mato-te, e mato
a tua maldita família.
O que aconteceu, querida,
que se passa?
Adeus.
Senti saudades tuas...
Estás bem?
- Onde está a Kayleigh?
- Quem é a Kayleigh?
Quem é a Kayleigh?
Quem é a Kayleigh?
- Queres que te leve ao médico?
- Não.
Acho que tudo vai ficar bem desta vez.
Tens a certeza que queres fazer isto?
Eu sei quem sou,
não preciso de um monte
de coisas para lembrar-me.
OITO ANOS DEPOIS
Estou um pouco atrasado.
Sim, tive que atender um paciente.
Como uma sopa,
ou algo assim.
Adeus.
Amo-te, mãe.