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MATILDA -A ESPALHA BRASAS
Toda a gente nasce.
Mas nem todos nascem iguais.
Há os que nascem para talhantes,
padeiros ou fabricantes de velas.
Há os que apenas terãojeito
para fazercoisas fáceis.
Mas todo o serhumano é único.
para o melhorepara o pior.
A maioria dospais acha
que os filhos são maravilhosos.
- Outros são menos emotivos.
- Que perda de tempo.
- Tanto dinheiro por um sabonete?
- Precisava de tomar banho.
5 miI dóIares? Não pago! Não
nos pedem para devoIver a miúda.
- Não tem saída.
- Faz inversão de marcha.
Harry!
Harrye Zinnia Wormwood
viviam num bairro muito agradável.
Mas não eram pessoas agradáveis.
Saiam da rua, seus palermas!
Viviam centrados em simesmos.
esquecendo a existência da filha.
Se lhe tivessem dado atenção,
teriam visto que era especial.
VaIha-me Deus. MatiIda!
Vê o que fizeste!
Devias comer os espinafres!
Crianças...
Estava meIhor a criar patos.
Aos dois anos,já Matilda
aprendera a tomarconta de si.
Com o passardo tempo,
começou a fazê-lo com estilo.
Todas as manhãs. o irmão de
Matilda iapara a escola.
Opaisaíapara vender
carros usados apreços injustos.
-A mãe iajogarbingo.
-A sopa está no fogão...
Matilda ficava sozinha.
Era o que ela queria.
Aos quatro anos,já lera todas
as revistas que havia em casa.
Uma noite, pediu ao paialgo
que queria desesperadamente.
- Para que queres um Iivro?
- Para Ier.
Ler para quê,
quando tens aqui a teIevisão?
-Aprendes mais a verteIevisão.
- Sai da frente!
Matildajá sabia
que era diferente da família.
Percebeu que teria de conseguir
sozinha aquilo que queria.
Há panadinhos de peixe
no micro-ondas.
Há panadinhos de peixe
no micro-ondas.
Na manhã seguinte,
Matilda foiàprocura de um livro.
BIBLIOTECA PÚBLICA
- Onde são os Iivros infantis?
- NaqueIa saIa.
- Queres que vá buscar um?
- Obrigada, eu vou sozinha.
Daíem diante. todos os dias
Matilda ia à biblioteca.
Devorou um livro atrás do outro.
Quando acabou de lertodos os
livros infantis, procurou outros.
A Sra. Phelps, que tinha vindo
a observá-la fascinada.
deu informações a Matilda.
Podes ter um cartão da bibIioteca
e Ievar Iivros para casa.
- Podes Ievar quantos quiseres.
- Seria maraviIhoso.
O intelecto de Matilda continuou a
crescer, alimentado pelos autores
que lançaram livros ao mundo
como se lançam navios ao mar.
Os livros reconfortaram Matilda:
afinal. não estava sozinha.
Hoje chegou aIguma encomenda?
- De onde veio tudo isto?
- Da bibIioteca.
- Da bibIioteca? Só tens 4 anos!
- Seis e meio.
Entãojá devias andar na escoIa.
Devia ter começado em Setembro.
Não me deste ouvidos.
Levanta-te.
Dá-me esse Iivro!
- Quantos anos tem a MatiIda?
- Quatro.
- Tenho seis. Fiz seis em Agosto.
- És uma mentirosa.
- Quero ir para a escoIa.
- E quem recebia as encomendas?
Os embruIhos não podem ficar à
à porta. Vai verteIevisão.
-Às vezes, penso que não é normaI.
- Nem me digas.
Ó paIerma! Toma um marshmaIIow.
Toma Iá outro!
PaIerma!
Matilda ansiavaporum amigo,
bondoso como os dos livros.
Ocorreu-lhe que dragões
eprincesas que falavam
só podiam existirnos livros.
Mas iria descobrirque tinha
uma força que desconhecia.
Mas iria descobrirque tinha
uma força que desconhecia.
Sou óptimo! Sou fantástico!
MichaeI, papeI e Iápis.
-Vendemos aIgum carro hoje?
- Se vendemos!
- Posso comprar um teIevisor novo?
- Podes.
Tens de aprender a profissão
da famíIia. Toma nota.
O primeiro carro que vendi
custou $320. Vendi-o por $1 158.
O segundo custou $512.
Vendi-o por $2 269!
-Vais muito depressa.
- Escreve. O terceiro custou $68.
Vendi-o por $999.
O quarto custou $1 100.
Vendi-o por 7 839
bonitos dóIares americanos!
- QuaI foi o meu Iucro do dia?
- 10 265 dóIares.
Confirma. se não acreditas em mim.
-Viste o papeI.
-A esta distância?
Armas-te em esperta comigo?
- Se assim é, vais ser castigada.
- Castigada por ser esperta?
Quando uma pessoa é má,
tem de aprender uma Iição.
- Pessoa?
- Levanta-te!
Harrydera, inadvertidamente,
um conselho prático à filha.
Queria dizer ''criança''.
Ao invés, dissera ''pessoa''.
Assim, introduziu a ideia de que
os filhospodiam castigarospais.
Apenas quando merecessem,
claro.
ÁGUA OXIGENADA
MichaeI, anda ao meu quarto!
- Que foi?
- Hoje Ievo-te comigo para o stand.
- Não sei. O que é que achas?
-A aparência é importante.
Não compram um carro, compram-me
a mim. A aparência é importante.
CabeIo bem penteado, barba feita...
Vai ser um dia de aprendizagem.
Nasce um pacóvio a cada minuto.
Atacamo-Io em todas as frentes.
- Dá-me as boIachas.
- Toma.
Pronto, rapaz! Herdeiro do trono!
Hoje vigarizamos os cIientes.
Para onde estão a oIhar?.
- O meu pequeno-aImoço, doçura?
-Aqui tens, meu coração...
Fofinho, que fizeste ao cabeIo?
Ao cabeIo?
Dá-me isso.
Entrem para o carro.
Entra.
Negócios escuros, como comprar
peças roubadas, sabem-se sempre.
Sobretudo quando o FBl
investiga o caso.
- 09:17h. Suspeito sai de casa.
- Eu tenho 09:18h.
09:17h é a hora certa.
- Um dia. tudo isto será teu.
- Isto?
Vês esta Iata? Custou-me $100.
Tem 180 miI km.
Atransmissão deu o berro.
os pára-choques caíram...
Que vou fazer com eIe?
Vendo-o!
Devíamos soIdar os pára-choques,
mas isso Ieva tempo e dinheiro.
Por isso, usamos Super CoIa.
-Vá, coIoquem-no.
- Não vai cair?.
- Não é perigoso?
- Para mim não. Transmissão!
A serradura deixa o motor a andar
na perfeição durante um bocado.
- Isso é vigarice, Papá.
- Honestamente não se chega a rico.
Há 20 anos. baixávamos
a quiIometragem à mão.
Mas os federais gostam de testar
a arte dos vendedores americanos.
Berbequim reversíveI. Se inverteres
a rotação, a numeração baixa.
Fixe!
- És um aIdrabão, Papá.
- O quê?
- Isto é iIegaI.
- Toma. continua tu.
- Ganhas dinheiro?
-As pessoas querem carros bons.
Não pode vender carros bons?
Eu sou esperto, tu és burra.
Eu tenho razão. tu estás errada.
Não podes fazer nada.
Harry, ganhei!
Fiz bingo dupIo!
Vamos todos ao Café Le Ritz.
Mostra-me o dinheiro.
O teu cabeIo está péssimo.
Espero que te deixem entrar.
- Toma o teu chapéu, Papá.
- Entra no carro.
- Quanto?
- Isso é cá comigo.
- Nunca nos Ievas a sair.
- Levei-te ao ''GoIfinho''.
-A sopa tinha um pente dentro.
- Sim, gosto daqueIa tasca.
- Por aqui, se fazem favor.
- Harry, tira o chapéu.
- Não consigo.
- Não se usa chapéu dentro de casa.
- Não consigo tirá-Io.
- Ninguém repara no teu cabeIo.
Não consigo tirá-Io.
Vou tirar-te este chapéu.
Acho que a tua cabeça inchou.
- Estás a arrancar-me a peIe!
- És um mariquinhas.
-As fibras fundiram-se com a peIe.
- Que quer isso dizer?.
Não serei motivo de chacota.
Exijo respeito.
Continuo sem perceber como ficaste
com o chapéu coIado, Harry.
Não coIei o chapéu à cabeça.
As fibras fundiram-se ao cabeIo.
Espera um segundo, querido.
Já está a sair.
Meu Deus!
De hoje em diante, esta famíIia faz
o que eu mandar, quando eu mandar.
Toma o teu chapéu.
Agora vamosjantar
e verteIevisão.
Querganharcom o Mickey?.
Querganharcom o Mickey?.
Apaga a luz.
Para os que não sabemjogar,
eis como sejoga.
Porcada resposta correcta, dão
um passo na direcção do dinheiro.
O dinheiro que se agarrarao corpo
épara levarem para casa.
- OIá, Papá.
- Pertences a esta famíIia?
OIá. Pertences a esta famíIia?
Que porcaria é que estás a Ier?.
É muito giro. É o ''Moby ***'',
do Herman MelviIIe.
Moby quantos?
Isto é um nojo!
- É um livro da bibIioteca.
- Estou farto de tanta Ieitura!
És uma Wormwood! Porta-te
como taI. Senta-te e vê teIevisão.
Fique bastantepeganhento
e leve dinheiro para casa.
Vamos ficarpeganhentos!
- Não fui eu!
- CIaro que não, minha anormaI.
- O teIevisorfoi barato.
- Não foi barato. foi roubado!
Acende a Iuz!
Foimagia ou coincidência?
Apenas utilizamos
umapequenaporção do cérebro.
Os factos seguintes obrigaram
Matilda a descobrira sua força.
- Quero um carro. Pode servir-me?
- Bem-vinda à Wormwood Motors.
- HarryWormwood, dono e fundador.
-Agatha TrunchbuII, Reitora.
Quero um carro com garra,
porque sou uma muIher com garra.
No meu coIégio reina a discipIina.
''Use paImatória, bata na criança.''
Tem fiIhos?
- Mickey e um equívoco, a MatiIda.
- Crianças são sempre um equívoco.
- FeIizmente. nunca fui uma.
-Vou fazer-Ihe um bom preço.
Também acho.
Obrigado. Goze-o bem.
Obrigado. Goze-o bem.
Tu aí.
Vais para a escoIa.
Vais ter uma educação como deve
ser neste coIégio.
Matilda sempre quisera
irpara a escola.
Tentara imaginar
como seria a sua nova escola.
ldealizava um belo edifício.
rodeado de árvores e flores.
Havia um edifício. Ecrianças!
Apesardo aspecto da escola,
sentia-se felizporali estar.
Afinal, qualquerescola é melhor
do que não irá escola. Não é?
Tu aí... ficas sem recreio.
És muito pequena. Cresce depressa.
Cabeça direita. Ombros para trás!
- DescuIpa.
- É meIhor do que estar aIi.
-AqueIa é a minha professora?
- Não. é a reitora.
EIa gosta de estaIar o chicote
para ver quem está escondido.
- Sou a MatiIda.
- Lavender.
- Eu sou a Hortensia.
- EIa bate mesmo nas crianças?
Não. Faz pior.
Como ontem, na segunda classe.
Faz visitas semanais para mostrar
como se Iida com crianças.
- O JuIius comeu dois M&M.
- E eIa apanhou-o?
- O JuIius comeu dois M&M.
- E eIa apanhou-o?
Evidentemente!
- O JuIius ficou bem?
-Vive, se é o que queres saber.
Nas OIimpíadas, fez Iançamento
do peso, do dardo e do marteIo.
Então costuma fazer isso?
- É meIhor do que o Asfixiador.
-Asfixiador?.
Um buraco estreiro atrás da porta,
com um cano que pinga.
As paredes têm vidros e pregos
espetados para fora.
Entra, minha pústuIa infecta.
Estive Iá duas vezes.
- Não contaste aos teus pais?
-Achas que iam acreditar?.
Têm de obedecer a Miss TrunchbuII.
Não. Lá vem eIa!
Carne fresca!
-Amanda Thripp.
- Sim. Miss TrunchbuII?
Que coisas são estas...
penduradas nas tuas oreIhas?
- Os meus totós?
- É aIgum porco?
- Não. Miss TrunchbuII.
- Permito porcos na minha escoIa?
-A minha mãe gosta de me ver.
-Atua mãe é uma idiota!
- Corta-as até amanhã ou...
- Mas...
Mas?
Disseste ''mas''?
- Lançamento de marteIo.
- Sem dúvida.
Eu já te dou o ''mas''.
- BeIo arremeço!
- Excelente Iargada.
Achas que aIcança a vedação?
Vão para a saIa de auIa, antes
que as mande para o Asfixiador.
- Lavender, como é a professora?
- Corram. corram. corram!
Mais rápido! Entrem.
A professora de Matilda, Miss
Honey, era uma daquelaspessoas
que apreciava as crianças
poraquilo que eram.
-Apanhei-as para si.
- Que bonitas. Obrigada, Amanda.
Hoje temos connosco
uma nova aIuna.
Esta é a MatiIda Wormwood.
Senta-te ao pé da Lavender.
Sabem como é difíiciI o primeiro dia
de escoIa. Ajudem a MatiIda.
Podes dar-Ihe o Iivro?
Podes sentar-te.
Miss Honeyera umaprofessora
maravilhosa.
Mas a sua vida não era bela como
parecia. Tinha um segredo obscuro.
Apesarde a fazersofrer, não
influenciava a sua docência.
Chegaste num dia bom.
Vamos rever a matéria dada.
Se souberes uma resposta,
Ievantas o dedo.
Estivemos a estudar a tabuada.
Quem faz uma demonstração?
Vamos fazer em conjunto.
- 2 vezes 4?
- Oito.
- 2 vezes 6?
- Doze.
- 2 vezes 9?
- Dezoito.
Em breve. saberás todas.
seja 2 vezes 7...
- Catorze.
- Ou 13 vezes 379.
4 927.
- Perdão?
- Creio que é a resposta certa.
13 vezes 379 são 4 927.
- Pois é.
- Caramba!
- Sabes fazer muItipIicações?
- Li um Iivro de matemática.
- Gostas de Ier?.
-Adoro Ier.
- O que gostas de Ier?.
- Estou a Ier DarIs Chickens.
CharIes Dickens.
Era capaz de o Iertodos os dias.
Também eu.
Pronto. tirem os Iivros
e vamos começar com a parte 3.
VoItojá.
Acertei-te! Em cheio no pescoço.
Entre.
Ia-te apanhando.
Gosto de te ver. Jen.
É uma das nossas conversas
de coração aberto?
É sobre a minha nova aluna.
a MatiIda Wormwood.
O pai diz que é uma peste.
Um carbúncuIo. Uma verruga.
Uma chaga de maIdade.
-A MatiIda é doce e muito esperta.
- Uma criança esperta?
- MuItipIica números enormes.
- Também uma máquina de caIcuIar.
Penso que seria mais feIiz
numa cIasse mais adiantada.
Não controIas a pequena víbora
e queres Iivrar-te deIa.
- Não...
- Cobardia típica dos ociosos.
A distância que o peso aIcança
depende do nosso esforço.
Se não controIas a fedeIha.
tranco-a no Asfixiador.
- Entendeste?
- Sim. senhora reitora.
Tudo o que faço
é para o teu bem.
E para o bem daqueIas crianças
infectas!
- Mãe. estou em casa!
- Que taI correu a escoIa?
-Vou fazertrabaIho do sexto ano.
- Espera Iá.
- Não vês que estou ao teIefone?
- Perguntaste-me peIa escoIa.
- O bebé não era deIe.
- Pois bem. foi fantástica.
- Não, têm de ser impIantes.
-A reitora é chanfrada.
-Atirou uma rapariga peIo ar.
- Também devias depiIá-Ias.
Tenho uma professora maraviIhosa.
Os meus dão comigo em doida.
Seis horas na escoIa não chega.
A quem o dizes.
Um soco no estômago.
EstaIo na cara. Burns está ferido.
SaIvo peIo gongo.
- Encomendas a esta hora?
- Chega aqui.
- OIá.
- Não damos para obras de caridade.
Chamo-me Jennifer Honey.
Sou a professora da MatiIda.
O que fez eIa agora?
Tu, vai já para o teu quarto.
-Agora eIa é probIema seu.
- Não há qualquer probIema.
Então desande.
Estamos a verteIevisão.
Se um programa é mais importante
que a MatiIda, não devia ser pai.
DesIigue a teIevisão e faIe comigo.
Entre. Vamos despachar isto.
Mrs. Wormwood não vai gostar.
- Feche a porta.
- Quem é?
A professora da MatiIda.
- Para que foi isso?
- O que deseja?
- MatiIda é uma criança briIhante.
- Pois sim. Dá-me uma cerveja.
- É fabuIosa a fazer contas.
- Quer uma?
Não, obrigada. Anda a Ier Iivros
que eu só Ii na facuIdade.
FacuIdade!
Com ensino individuaI. dentro de
anos poderia estar na universidade.
Uma muIher não chega a Iado
nenhum por ser inteIigente.
OIhe para nós. Você prefere Iivros
eu prefiro a beIeza.
Tenho uma boa casa e marido.
Você ensina as crianças a Ier.
Quer que a MatiIda
vá para a universidade?
Não andei na universidade. Não
conheço ninguém que tenha andado.
Uma data de hippies
e vendedores de fossas sépticas.
Não escarneça das pessoas
instruídas.
Se adoecer. o seu médico
recebeu formação universitária.
Se for processado, o seu advogado
terá andado na universidade.
Processado por quem?
Com quem andou a faIar?.
Com ninguém.
Vejo que não vamos estar
de acordo. Pois não?
Lamento
ter vindo incomodá-Ios.
Devíamos processá-Ia
porter interrompido o programa.
- Porque está aIi no meio?
- Porque acabou.
- Obrigada.
-Até amanhã.
- Quem ganhou?
- Não sei. DesIigaste.
Toda a escola deve dirigir-se
à sala de reuniões. imediatamente!
Toda a escola deve dirigir-se
à sala de reuniões. imediatamente!
Sentados!
- Que aconteceu?
- Sei Iá.
Bruce Bogtrotter.
O pequeno Brucey pode
chegar aqui?
Mora ao pé de mim.
Este rapaz, Bruce Bogtrotter,
é um ladrão dissimuIado e mau.
- És um criminoso sem vergonha.
- De que está a faIar?.
Do boIo de chocoIate.
Entraste à socapa na cozinha
e comeste o meu Ianche!
Negas?
Confessa!
- Não me Iembro de nenhum boIo.
- Era o meu boIo.
- Era o meIhor boIo do mundo.
- O da minha mãe é meIhor.
Como podes ter a certeza
sem comeres outra fatia?
Senta-te, Bog.
Vamos a isto.
Cheira a chocoIate?
Agora come!
Não quero. Obrigado.
Come!
Não comas.
- EIa não Ihe dava boIo.
- É venenoso.
- Parece que gostaste.
- Sim. senhora reitora.
- Tens de comer mais.
- Não, obrigado.
A cozinheira vai ficar ofendida.
Fez este boIo só para ti.
Fez este boIo
com muito esforço.
Não sais deste estrado
até teres comido o boIo todo.
- O boIo todo. Vemo-nos ao aImoço.
- Obrigada, cozinheira.
Querias boIo. tens boIo.
Agora come-o!
Coitado do Brucey.
Vai vomitar.
- Não quero ver. Vai vomitar?.
- Sem dúvida.
- O Bruce está com mau aspecto.
- Desistes?
Tu és capaz, Brucey!
Sim, vais conseguir!
Força, Bruce!
SiIêncio!
SiIêncio!
CaIados! SiIêncio!
Ficam todos cinco horas
depois de acabar a escoIa.
Quem refiIar. vai directo
para o Asfixiador. Juntos!
O Código R é a maneira de dizer
que apanhámos um dos maus.
- Onde estiveste?
- Fomos obrigados a ficar.
É mentira. Esta encomenda ficou
à porta porque tu não estavas.
Recebes tudo isto dos catáIogos
e eu não recebo nada.
São peças de automóveis.
São negócios.
- Deviam ir para o escritório.
-A PoIícia anda a vigiá-Io.
A PoIícia anda a vigiar a casa.
- Estão estacionados aIi fora.
- São vendedores de Ianchas.
- São tipos simpáticos.
- São poIícias.
Lanchas?
Não temos Iagos nas redondezas.
- Há quem saia ao fim-de-semana.
- E há quem seja poIícia.
Não são poIícias!
Vai para a cama, minha mentirosa!
Com o FBla vigiaro pai
e com a Trunchbullna escola.
raros eram os momentos
em que Matildapodia brincar.
Uma rã! Uma rã! Uma rã!
- O que é, Lavender?.
- Uma rã.
- É uma saIamandra.
- É um camaIeão.
''QuaIquer das saIamandras
semi-aquáticas do género triturus.''
''AIgumas são muito coIoridas
e segregam substâncias irritantes.''
Porcaria de carro!
O Wormwood!
Vendeu-me uma Iata veIha!
Vais para o Asfixiador!
É para aprenderes.
Tu e o teu pai juIgam
que me fazem passar por parva?
- Não sou como o meu pai.
- És tirada a papeI químico.
A maçã nunca apodrece
muito Ionge da árvore.
- Miss Honey!
- Miss TrunchbuII vai dar a auIa.
Não tarda aí.
Vê se a água está fria.
Cubram os peixes.
Guardem os desenhos.
A maioria das grandes ideias
surge de umaplanificação cuidada.
Mas. às vezes.
brotam inesperadamente.
PeIa úItima vez. só faIam
se Ihes dirigir a paIavra.
- Não riam. Respirem sem baruIho.
- Não respirem de todo.
Bom dia. Miss TrunchbuII.
Sentadas.
Xô!
Não entendo porque é que as
crianças são tão detestáveis.
São como os insectos.
Devíamos livrar-nos deIas.
A escoIa perfeita é aqueIa
em que não existem crianças.
Concorda, Miss Honey?.
Tu aí! Parajunto do quadro.
Estás bem?
Quando te mandar esvaziar
os boIsos, fá-Io mais depressa.
Esta pode ser a coisa mais
interessante quejá fizeste.
Senta-te. meu monte de vomitado!
Levanta-te!
- Sabes soIetrar?.
- Sabemos soIetrar ''dificuIdade''.
- Não sabem soIetrar ''dificuIdade''.
- EIa ensinou-nos com um poema.
Que engraçado. Que poema?
Sra. D. Sra. I
Sra. F. I e C
Sra. U. Sra. L.
Sra. D. A. D. E.
Porque são muIheres casada?
Ensina ortografia, não poesia.
Porque é que as crianças
demoram tanto a crescer?.
Fazem-no de propósito,
só para me aborrecer.
Onde está a graça?
Digam Iá! Gosto tanto de piadas
como quaIquer pessoa.
É uma cobra!
É uma cobra!
Um de vocês tentou envenenar-me.
Quem foi?
A MatiIda! Eu sabia.
- Não é uma cobra. É um tritão.
- O que disseste?
- É um tritão. Miss TrunchbuII.
- Levanta-te! Foste tu.
- Não. Miss TrunchbuII.
- Tiveste cúmpIices?
- Não fui eu!
- Quiseste vingar-te de mim?
- Pois vais pagá-Ias.
- Por quê, Miss TrunchbuII?
- Por este tritão, minha peste!
- Já Ihe disse que não fui eu.
Eu sou grande e tu és pequena.
Eu estou certa e tu estás errada.
Não há nada que possas fazer.
És uma mentirosa sem vergonha.
O teu pai é um vigarista. São uns
desavergonhados corruptos.
Estou enganada?
Eu nunca me engano.
Nesta saIa de auIa. nesta escoIa.
sou Deus!
- Tu!
- Não me mexi.
- Foste tu que fizeste isto.
- EIa estava sentada aqui atrás.
Vou ficar de oIho em vocês.
Em todos vocês.
Quando virarem a esquina ou
pegarem nos casacos maI-cheirosos.
Ao saItitarem para o refeitório.
Estarei a vigiá-Ios. Atodos.
E principIamente a ti.
- Obrigada por não me denunciares.
-As meIhores amigas não o fazem.
EIa dança muito bem.
Vou Iimpar isto.
Já Iá vou ter.
- Miss Honey...
- Sim. MatiIda?
- Fui eu.
- O quê?
- Que entornei o copo.
- Não te sintas cuIpada.
- Foi um acidente.
- Fi-Io com os oIhos. Ora veja.
É maraviIhoso sentires-te tão
poderosa. Muita gente não se sente.
Vamos. Cai.
- Cai.
- Deixa estar. MatiIda.
-A sério que fui eu, Miss Honey.
-Às vezes, consegues fazer coisas.
Mas quando queremos mostrá-Ias
a aIguém, já não conseguimos.
- Ou pensamos que está partido e...
- Não foi nada disso.
Não sei.
TaIvez tenha ficado cansada.
- Queres ir a minha casa?
- Gostava muito.
Óptimo.
Óptimo.
Fixo o oIhar com toda a força
e sinto a energia.
Sinto que consigo mover
seja o que for.
-Acredita em mim. não acredita?
- Tu é que deves acreditar.
Acredita com todo o teu coração.
É aqui que mora Miss TrunchbuII.
- Porque é que tem um baIouço?
-Vivia uma menina naquela casa.
Levava uma vida boa e feliz.
Quando fez 2 anos. a mãe morreu.
Opai dela era médico. Precisava
de alguém para olharpela casa.
Pediu à meia-irmã da mulher
que fosse vivercom eles.
Mas a tia da menina era má
e tratava-a mal.
-A Trunchbull?
- Sim.
- Então o pai da menina morreu.
- Como morreu o pai?
-A Polícia diz que se matou.
- Porque faria isso?
Ninguém sabe.
O finaI é mais feIiz.
EIa encontrou uma casinha.
AIugou-a por $50 por mês
e pIantou muitas fIores siIvestres.
- E saiu de casa da tia má.
- Fez muito bem.
- Sabes porque te contei isto?
- Não.
Atua famíIia não te dá vaIor.
Um dia. tudo será diferente.
- Queres chá e boIachas?
- Sim. se faz favor.
- É a casinha da sua história.
- É.
É a menina da história!
- Nesse caso... Não!
- Sim.
A Tia TrunchbuII.
Quando saí de casa. deixei
Iá todas os meus tesouros.
- Tesouros?
- Fotografias dos meus pais.
E uma boneca Iinda dada peIa minha
mãe. Chamava-lhe Lissy.
- Leite?
- Se faz favor.
Porque não foge?
Já pensei nisso, mas não posso
abandonar as minhas crianças.
- Sem o ensino. não tenho nada.
´
- E muito corajosa.
- Não tanto como tu.
- Os aduItos também têm medo?
Todos os aduItos têm medo.
como as crianças.
De que será
que Miss TrunchbuII tem medo?
De que será
que Miss TrunchbuII tem medo?
Lá está ela!
- Peso. Lançamento do marteIo.
- Dardo.
Para trás. Para trás.
- EIa tem medo de um gato?
- De gatos pretos. É supersticiosa.
- Pobre bichano.
-Vai ficar bem.
-Vamos buscar os seus tesouros.
- Não!
EIa não está. Venha!
MatiIda!
Miss Honey!
Mexe-te. monte de sucata.
Anda, meu desgraçado...
A minha casa!
Que horror.
- Estava aIi o retrato do meu pai.
- O artista devia ser corajoso.
Muito corajoso.
Devíamos de ir...
A caixa de chocoIates do meu pai.
Depois dojantar, pegava num
chocoIate e cortava-o ao meio.
E dava-me a metade maior.
Depois de morrer,
não consegui comer mais nenhum.
EIa pegava num chocoIate e dizia:
É demasiado bom para crianças!
Coma um.
Não. EIa dava conta.
- Onde está a boneca Lissy?.
- Lá em cima.
MatiIda...
Este era o meu quarto.
-AqueIe é o meu pai.
- Como se chamava?
Magnus. Tratava-o por Rei Magnus.
E eIe tratava-me por Libelinha.
- Não creio que se tenha suicidado.
- Nem eu.
AqueIa é a boneca Lissy?.
Wormwood!
EscumaIha dos vendedores
de carros usados! Venha cá!
Sei o que é ''caveat emptor'',
mas vou processá-Io!
Pego fogo ao seu stand!
Faço-o engoIir aqueIa carroça!
Vai ficarfeito num oito!
O quê...?
Anda.
- Não devíamos esconder-nos?
- Sai peIa porta da cozinha.
Eu distraio-a.
Quem está em minha casa?
Sai e Iuta como um homem!
Vamos!
Vem.
AIi.
Hoje vão morrer umas ratazanas.
VaIha-me Deus.
Sinta o meu coração.
Não teve imenso medo?
Não devia tratar as pessoas assim.
AIguém devia dar-Ihe uma Iição.
Quando eIa sair.
vamos buscar a boneca.
- O quê?
- Estava a brincar.
Anda cá.
Promete que não voItas
a entrar naqueIa casa.
- Prometo.
- Está bem. Vamos embora.
Chegou a casa com $2000 em notas
e atirou-os ao ar.
Até parecia que estávamos naqueIe
concurso do miIhão de dóIares.
- Gosta daqueIe concurso?
-Adoro aqueIe concurso.
Agora tem dinheiro em vários
bancos. Mas dá-me um tostão?
- MatiIda. estes são Bob e BiII.
- São poIícias.
-Vendem Ianchas Ace Power.
- Estou faminto, doçura.
- OIá, Harry.
- Quem são os senhores?
Que se passa aqui?
É aIguma festa?
-Agora privas com engatatões?
- São poIícias, Papá.
- Quer comprar um ''time-share''?
- Fora daqui.
- Quer comprar um ''time-share''?
- Fora daqui.
Não me deixas conversar
com as pessoas!
Preciso de conversar com aIguém
sem ser os miúdos.
Um homem tem o direito de chegar
a casa e ter ojantar na mesa.
- Pai, grita comigo, está bem?
- CaIa-te e deixa-nos a sós.
- Grita comigo outra vez.
-Vais Ievar uns açoites!
Exijo respeito! Levas uma tareia
que não esquecerás.
A minha paIavra é a Iei.
Nenhuma criança gosta que gritem
com ela. Mas as fúrias de Harry
deram a Matilda a chave
do seupoder.
Para libertaressepoder,
bastava-lhe algumaprática.
Comporta-te como uma Wormwood!
És estúpida ou quê?
Passa-se aIguma coisa com eIa.
Se és uma Wormwood. está
na aItura de te portares como taI!
Éuma das minhaspreferidas,
dedicada a todos vocês.
Músicapara os fazersorrir...
Músicapara os fazersorrir...
- Não precisamos de um mandado?
- Não, o tipo é um patife.
Passamos a fita em tribunaI.
A caixa tem peças roubadas.
E se me deixasses
fiImar um bocado?
Sabes mexer na câmara?
Sabes funcionar com o zoom?
- E sabes ajustar o ócuIo?
- Sei trabaIhar com eIa.
É a minha vez.
-Vais deixá-Ia cair.
- Não a deixo cair.
Vão meter-se em sariIhos.
A menor do sexo feminino.
- Não devias estar na escoIa?
- Espero que tenham um mandado.
Se não têm, podem perder
o emprego ou ir para a cadeia.
O teu pai é que vai preso.
Sabes onde vais acabar?.
- Num orfanato.
- Podemos arranjar-te um simpático.
DaqueIes que têm comida...
e baratas. Que taI?
O vosso carro
vai bater num sinaI de stop.
Ganhou algum tempo para o pai.
Mas agora Matilda tinha um peixe
maiorpara fritar. Muito maior.
- Ó anormaI. Aonde vais?
- Sair.
Toma uma cenoura.
Mastiga a comida, animaI!
Mastiga a comida, animaI!
Terpodernão é tão importante
como saberusá-lo.
Eo que Matilda tinha na ideia
era algo de heróico.
Vamos!
Anda Iá, boneca Lissy!
Anda cá, porfavor.
Deixa-me em paz!
Magnus!
Miss Honey!
Não vai acreditar no que tenho aqui.
Também Ihe trouxe isto.
Comi o meu ontem à noite.
Hoje vou dar a sua auIa.
Miss Honeyestava a ficarnervosa,
mas Matilda tinha um plano.
- EIa está furiosa.
- Como Ihe chamava o seu pai?
- Beija-fIor?.
- LibeIinha.
- EIa sabe que a boneca sumiu.
- E eIe tratava-a por TrunchbuII?
- Tratava-a porAgatha.
- EIa tratava-o por Magnus.
TaIvez possa repor a boneca.
Não, não posso fazer isso.
AcaIme-se. Vai corrertudo bem.
Prometo.
- Prometeste que não voItavas Iá.
- Estava no teIhado da garagem.
- Fi-Io com os meus poderes.
- Preciso de pensar.
Poderes?
Acho quejá os domino.
Ora veja.
E acabaram-se
as simpatias.
Para dentro, depressa! Corram!
Encostem-se àqueIa parede, rápido!
Água.
E sem tritão.
Junta-te aos outros.
Mexe-te.
Estou aqui para Ihes
dar uma Iição.
Por vezes. acontecem coisas
terríveis e inexpIicáveis na vida.
Essas coisas são um ***
à nossa personaIidade.
E eu tenho personaIidade.
Formem uma fiIa ao Iongo da saIa.
Preencham este espaço.
Devem estar a pensar
de que é que estou a faIar.
Uma criança entrou em minha casa.
Não sei como, quando ou porquê.
- Posso...?
- Não, não pode.
Mas sei que uma criança Iá entrou.
Sabem que é iIegaI entrar em casa
de aIguém sem autorização?
Sim. Miss TrunchbuII.
Barriga para dentro!
Costas direitas.
AIguém reconhece isto?
Vamos fazer um jogo.
Quem trazia uma bonita fita
encarnada ontem
ejá não a tem posta hoje?
A quem pertence
esta fita nojenta?
Encarregar-me-ei pessoaImente
que o IiIiputiano demente
a quem pertence esta fita
não voIte a ver a Iuz do dia.
Estive em sua casa ontem à noite.
Já te parti o braço uma vez.
Posso voItar a fazê-Io.
Já não tenho sete anos.
Tia TrunchbuII.
Bico caIado!
Serás fechadas num Iugar
onde ninguém te encontrará.
Vejam!
O giz!
''Agatha...''
''Sou o Magnus.''
''DevoIve à minha LibeIinha.
''a casa e o dinheiro que são deIa.''
''Depois sai da cidade.
Senão, terás de te haver comigo.''
''Faço-te o mesmo que me fizeste.''
''É uma promessa.''
Porfavor. não o atire!
Lavender!
É a Trunch!
OIhem para aquiIo.
Larga-te.
- Não me sabia capaz disto.
- É muito giro.
A Trunchbull desapareceu
e nunca mais foi vista
nem voltou a incomodarninguém.
nem voltou a incomodarninguém.
Miss Honey voltoupara casa
e Matilda visitava-a assiduamente.
Sabia que o coração de um rato
bate 650 vezes por minuto?
- Onde aprendeste isso?
- Num Iivro.
Bate tão depressa,
que parece um zumbido.
Tu aí!
Vamos embora. Anda.
- Levamos estas boIachas.
- Não me importo de a Ievar a casa.
-Vamos mudar-nos para o Guam.
- Para o Guam?
- O Papá ficou sem negócio.
- Não quero ir!
- São umas férias permanentes.
- Temos de ir para o aeroporto.
Gosto de viver aqui.
Não deixe que me Ievem.
- Entra no carro. MeIinda!
- MatiIda! Quero ficar aqui.
Para que é que eIa quer
uma miúda desobediente?
EIa é maraviIhosa e adoro-a.
-Adopte-me, Miss Honey.
- Não tenho tempo para isto.
- Tenho os papéis para a adopção.
- O quê?
- Onde arranjaste isto?
- Fotocopiei da bibIioteca.
Estás a ouvir isto, Harry?.
- Só precisa de assinar.
-VoIto a serfiIho único!
Com tantas sirenes
não consigo pensar.
O que achas, docinho?
Foste a única fiIha que tive.
E nunca te compreendi.
Quem tem uma caneta?
- Tenho aqui.
- Obrigada.
Esta foiaprimeira coisa decente
que fizeram pela Matilda.
E aqui.
Vem cá. VoIta-te.
- Não quer uma pensão?
- Não. Não precisamos de nada.
Toca a andar.
Eassim Harrye Zinniapartiram.
E, pordifícil que a vida fosse,
acaboupormelhorar.
Miss Honey ficou directora
da escola.
E, com grande surpresa, Matilda
descobriu o divertido em viver.
Decidiu divertir-se ao máximo.
Afinal de contas.
era uma criança muito esperta.
Matilda e Miss Honey
conseguiram aquilo que queriam:
uma família.
EMatilda não precisou de voltar
a recorreraos seuspoderes.
Bom. raramente.
''Tratem-me por IsmaeI.''
''Há aIguns anos,
pouco importa há quantos...''
PLATONICO
efemero@clix.pt