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CONTROLO ANIMAL DO
CONDADO DE SHELBY
Ao ver esta imagem,
sei que talvez esteja a pensar:
"Parece mesmo um lugar solitário para se
estar, bem lá em cima."
Se foi esse o caso, só me resta discordar.
O certo é que, quando deixamos de ponderar
isso, não existem de facto lugares solitários,
apenas gente solitária. É o que eu penso.
Pode-se estar só em qualquer lugar:
num telhado, numa festa de família,
num estádio de futebol,
com 60.000 pessoas à volta,
ou até numa cidadezinha,
como Shelbyville, em Indiana.
Não digo que daí venha mal ao mundo.
A solidão é, aliás, o que garante
a multiplicação da nossa espécie.
Por isso a maioria das pessoas se casa.
Porque estão sós,
atesoados ou sem dinheiro.
Mas sobretudo por que estão mesmo sós.
Claro, isso é uma desculpa deslavada
para a união de uma pessoa
para o resto da sua vida.
Mas as pessoas fazem-no todos os dias.
Elas entregam-se à sua solidão.
E quando se dão conta,
são apanhadas na armadilha.
Talvez esteja a ser muito exigente.
Falei uma vez com um psicoterapeuta.
Ele disse-me que
por ter crescido num orfanato
isso fez-me ter receio do abandono,
e daí temer o compromisso.
Podem ver pelo meu tom que
não concordo lá muito com a opinião dele.
Estou pronto a comprometer-me,
assim que encontre a mulher da minha vida.
Essa mulher que me dê arrepios.
Recuso ficar-me por menos,
como a maioria das pessoas.
Como o meu chefe, o Larry.
Faz-me esse favor?
Faltei ao jantar de anos da Ruthie
e ela está a dar-me cabo do juízo.
É mais fácil se tu lá estiveres.
Anda lá, Gilly. Faz-me esse favor.
- Leva o cachorro. Ela vai gostar.
- Que raio é isto?
É um pomeraniano russo.
Não, não quero que os cães
americanos fiquem sem trabalho.
Vá lá, Gilly.
Sê amigo. Vem lájantar.
- Não sei. A última vez eu...
- Obrigado, companheiro.
Uma pitada de vida familiar e comida
caseira faz bem. Traz umas sangrias.
Fazemos uma festa.
Esta é comida da boa, Sra. P.
Fui buscar lá fora, Gilly.
Ao Pizza Hut.
- O Larry detesta a minha comida.
- É mentira, Ruthie. Sabes eu...
- Por isso nunca vens jantar.
- Porque me mato a trabalhar.
Se assim é, como é que o teu rabo
está do tamanho de um pufe?
Se fosses mais oferecida,
talvez eu não me desforrasse na comida.
Chamem-me de antiquada,
mas não acho que os filhos devam
estar a par da vida *** dos pais.
- Não vos falo da minha vida ***.
- Não andas a ter sexo.
- Andas a ter sexo?
- Cher, diz ao pai que estás a gozar.
Ela está a gozar.
Ela nem tem namorado.
Não preciso dum para ter sexo.
Um rapaz não precisa de ser amigo
para me mordiscar o pacote.
- O quê? Estás a...
- Acho que ela está a dizer que é puta, pai.
- Buddy.
- Tarado. Eu não sou.
Sou só popular.
Como aqui o Gilly.
Ele não tem namorada,
mas aposto que ele anda a ter sexo.
De vez em quando, claro, mas...
Ainda creio que se deve
esperar até ao casamento antes de...
Porque é que não tens namorada? O pai
diz que não estás certo da tua sexualidade.
- Não, nunca disse isso.
- O termo usado foi "***-agnóstico".
- Certo. ***-agnóstico.
- Larry.
- Já chega. Para o quarto, os dois.
- O quê? Porquê?
Ela só está a repetir o que disseste.
Ficas sempre do lado dela.
Deixaste-a furar as orelhas.
- Impossível impedi-la.
- Fiz isso porque gosto.
E fiz este piercing porque te odeio!
Eras tu na Internet.
Estou farto de ser tratado como lixo.
Ando atrás de cães todos os dias para
ela andar de carro novo. Cheio de extras.
O costume.
Isto dá vontade dum homem dar
porrada na família e embebedar-se.
Isso é muito sério, Larry. Talvez devesses
falar sobre isso com um profissional.
Um assassino?
Não. Isso é fácil de ser apanhado.
- A não ser que tu o fizesses.
- Eu falava dum psiquiatra, Larry.
Ora essa. Isso é para malucos.
- Fatelas.
- Stewart.
Que te aconteceu ao cabelo?
Gostas?
Acabou de ser cortado,
pela mais bela mulher da Terra.
- Tem um aspecto esquisito.
- Sim, obrigado.
Ela chamou-lhe corte à europeu.
Desvia a atenção das minhas orelhas.
Que é que ela usou? Um cinzel?
Que importa?
Ela vale bem o preço de um chapéu.
Ela é nova, lá no Mega Kutz.
Não confio na opinião dalguém que vive
de remover animais mortos da estrada.
Podes confiar no que te digo.
Ela tem a cara dum anjo.
Faz-te arrepiar a pele, sabias?
Gosta? Quem é a seguir?
- Eu.
- Venha.
Então, como quer?
Sabe, assim...
Assim como está, só que não tão comprido.
Quer mais curto, então?
Sim. O curto está na moda.
Você corta muito cabelo?
Sim. Já aqui trabalho há um mês,
desde que me mudei.
Não é de... De onde é?
De cá. Vivi algum tempo no Oregon.
Beaver, Oregon.
Mas depois voltei para ajudar o meu pai.
Ele teve uma segunda trombose
e está paralisado.
É uma pena. É mesmo.
A culpa é dele. Andava sempre tão tenso.
É como se tivesse formigas
a andar pelas veias.
Oh, desculpe.
Como está...
Desculpe. Como disse que se chamava?
Não disse.
Chamo-me Gilly.
Gilly. Eu chamo-me Jo.
Pode segurar nisto?
- Como está de comprimento?
- Lindo.
Então tem um gato.
Tinha. Fugiu há duas semanas.
- Nunca mais soube nada dele.
- Ele volta. Sabe como são os gatos.
Tive-o desde pequenino.
Não sei o que faria sem o meu Ringo.
Esse hoje deve ser
um nome bem popular para gatos.
É mesmo?
Eu trabalho no abrigo para animais
e ontem apanhei um chamado Ringo.
Este Ringo não tem cauda.
Esse é o meu gato!
- Cuidado com a esquina.
- Sim. Ela disse, Urgência 4.
Está bem? Eles voltaram a cosê-la?
Não, mas dizem que sou o primeiro
na lista para um doador de orelhas.
Seu mentiroso.
Ouça. Que faz hoje à noite?
Curar-me, basicamente..
Porque não vem a minha casa?
Eu faço o jantar e pode trazer o Ringo.
Jo. Não quero que julgue que
me deve o jantar por ter achado o gato
- e me cortou a orelha.
- Eu devo-lhe o jantar.
Diga que sim, ou corto-lhe a outra.
- Está bem. 18.30?
- Sim, 18.30.
Não se preocupe.
Sou melhor cozinheira que cabeleireira.
- Não sei porque estás a fazer isto.
- A fazer o quê?
O jantar para este sujeito.
Devias fazer o jantar para o Jack.
O homem que quer casar contigo e não
um apanha-cães que ganha 18 mil por ano
e vem para casa a cheirar a mijo de gato.
- Promete que vais ser educada.
- Claro que vou.
Claro que vou ser educada. Caramba.
O Jack voltou a ligar hoje.
Falei com ele durante muito tempo.
Perguntou-me porque o deixaste.
Se pudesses contar-lhe, por que para mim
isto não faz sentido.
Estás a ouvir?
- Espera.
- Larga isso.
Agora escuta-me.
Neste mundo os bons homens são raros.
Quando encontrares o teu homem,
como encontrei ali o teu pai,
agarra-o e trata-o da forma como
ele quer ser tratado.
- Valdine.
- Que é?
- Que é, paralítico?
- Quero uma cerveja, com o caraças.
Olha. Tem tento nessa língua
ou devolvo este aparelho ao Wal-Mart.
Está a ouvir-me?
Diacho.
Que diabo...
- Estava a ver isso.
- Sim, aposto que sim.
Acabaste de ter um ataque.
Queres ter outro?
- Acalma-te.
- Traz-me o raio da cerveja.
Gilly. Ringo.
Todos os cães no abrigo deram alguma coisa
para a prenda de despedida dele.
Agradece-lhes por mim e obrigado.
- Estou a fazer o meu trabalho.
- Como está a orelha?
Bem. Drenei o pus todo.
Fechem o raio da porta.
Tens um robot?
Pai, este é o Gilly Noble.
Prazer em conhecê-lo, Sr. Wingfield.
Ele é tímido com estranhos.
- Vou dar leite ao Ringo.
- Está bem.
Então...
Golfe, hã? Parece que sempre que jogo
fico com o síndroma de Tourette.
Está a ver. Atenção.
Merda, porra, porcaria.
Atenção. Merda, porra, porcaria.
Palerma.
Ligue para o Canal 7, imbecil.
Consegue dizer "imbecil" com isso.
***.
Vá, coma mais. Se calhar não pode
comer assim com o seu salário.
- Mamã, deixa-o em paz.
- Não faz mal, Jo.
Eu arranjo espaço.
Então, Willy, quanto lhe pagam
para gasear animais abandonados?
- Não, eu não os gaseio.
- Que lhes faz? Dá-lhes com um pau?
Não, não sou eu quem os põe a dormir.
Não conseguia fazer isso.
Quanto ao salário, não é muito,
mas ajuda no meu objectivo de carreira.
- Que é?
- Quero ser veterinário.
Darias um bom veterinário.
Doutor Noble.
Obrigado, mas não vai ser fácil.
Mais quatro anos na faculdade e formo-me.
E depois transfiro-me para o Estado
e com uma licenciatura em estudos genéricos
devo conseguir entrar em qualquer
escola veterinária no México.
Parece infalível.
Se o Gilly diz que vai ser veterinário,
eu acredito que vai consegui-lo.
Com licença.
Quer provar a minha tarte?
Não, obrigado. Estou cheio.
Como queira. Vou comer uma fatia.
Atenção aos calos, Dr. Dolittle.
O Senhor,
o Nosso Senhor,
abençoou-me com os dons divinos
da busca, da descoberta e da recuperação.
Vá lá, Vic. Diga-me o que conseguiu.
Eu digo.
E, tenho 90% de certezas nisto.
Mas acredito que a sua mãe
ainda está viva e mora algures aqui perto.
E ela chama-se...
Suki Yamaguchi.
Isso soa-me um bocado...
japonês.
O detective Vic Vetter anda à procura da
minha família. Mas até agora, sem sorte.
E se descobrires que és filho do
inventor da graxa? Serias rico.
Não me importava se ele fosse
apenas engraxador.
Não ter família deixou em mim
um grande vazio.
- É mesmo importante encontrá-los.
- Hás-de encontrar.
É a primeira vez que aqui venho com alguém.
- Não gostas disto aqui, pois não?
- Não, é óptimo.
Dá-me más recordações.
Tinha sete anos e tive de
mandar matar o nosso cão Humpy.
Ainda não me recompus disso.
- É ridículo, eu sei.
- Não, de todo.
Todas as sextas-feiras matam aqui animais
e quem me dera poder levá-los comigo,
mas não posso.
E sempre que um morre,
sinto que parte de mim também morre.
Há cerca de um ano, escrevi um poema que
recito a todos os cães antes de morrerem.
Ajuda-me a mim e gosto de pensar que
também os ajuda a eles.
Gostava de o ouvir.
Não, não é grande coisa.
Não importa.
Está bem.
Ó nobre criatura
Chegou a hora
De partirmos os dois
E para tu partires para um lugar melhor
Um lugar bem no fundo do meu coração
Um lugar onde possas correr
Atrás de um carro ou de uma bola
Vai, nobre criatura
Por essa porta de cães
E apanha o pau atirado por Deus
E abana a tua cauda para sempre
Enquanto uma voz amiga repete:
"Um bom cão, muito bem."
É tudo. E depois de o ler,
disparo uma salva de um tiro
com uma pistola que temos aqui no abrigo.
Parece coisa de malucos, mas...
Não parece nada.
Socorro.
Muito engraçado.
Passei um belo dia. Foi boa ideia.
- Bebemos champanhe?
- Não.
Esperemos até mais tarde.
O dia em que te cortei a orelha,
Nem sonhava que íamos passar
seis meses juntos.
Sim, é engraçado.
Tenho estado tão bem contigo,
por aí a divertirmo-nos. Sem compromisso.
A maioria dos rapazes são possessivos.
Falam de casamento
ainda antes de passar o primeiro ano.
Houve um palerma, que até arranjou
um avião com uma mensagem.
Inacreditável. Falando em pressão.
AMO-TEJO - CASA COMIGO
- Adorava, Gilly.
- Adoravas o quê?
Adorava casar contigo.
Aquele é o avião do meu tio Joe.
O Joseph Wingfield é teu tio.
É daí que vem o meu nome.
Já me devia ter ocorrido isso.
Não desistes, pois não?
É aí. Mesmo aí.
Não faças isso.
Guarda algum para a lua-de-mel.
Que estás a dizer, Gilly?
Nada. Estava só a brincar com o Ringo.
Jo.
Quem é o Jack?
- Que Jack?
- Tu sabes.
O Jack no teu rabo.
O meu ex-namorado de Oregon.
Fazia tenção de o tirar.
Não estás com ciúmes, pois não?
Tu tens a Suzanne Somers semi-nua
à cabeceira.
Não fales mal da Suzanne.
Ela ajudou-me a passar
a minha difícil adolescência.
- Masturbavas-te a pensar nela?
- Sem me gabar, ia até às cinco por dia.
Uau.
Queres tentar bater esse recorde?
Fala o Gilly. Deixe mensagem.
Noble. É o Vic.
Sei que é cedo, mas está aí?
- Atenda. Tenho uma encomenda.
- Amo-te, Jo.
- Surpresa. Encontrei a sua mãe.
- Amo-te, Gilly.
Verifiquei todas as fontes.
Tenho 110% de certeza.
Ela chama-se Valdine Wingfield.
Tens de compreender.
Tinha acabado de ter a Jo
e estávamos mal de finanças
e depois descobri que
estava outra vez grávida, de ti.
Aqui o velho R2-D2
não o conseguia manter dentro das calças
e agora nem sequer pode limpar o rabo.
eu não sabia como ia dar de comer
a todos e tu eras um esfomeado.
Calculei que o melhor era dar-te.
A alguém que não te sentisse
como um fardo.
Um de vós tinha de ir
e a Jo já não precisava de fraldas.
Isto é irreal.
Sei que isto deve ser difícil para ti.
Mas pensa na tua sorte por teres
descoberto antes que fosse tarde,
antes de casares
e consumares esta relação proibida.
Meu Deus. Montaste a tua irmã.
Oh, meu Deus.
16 MESES DEPOIS
Fatela. Que fazes aqui?
- Nada.
- Que tens aí?
Eu diria um Puma. Que achas, Wingfield?
É um coiote, Stewart.
Não há pumas em Indiana.
Estou a falar do carro.
Parece o trilho de um Puma.
- Trabalhei numa loja de pneus.
- Sim?
- Eu, num abrigo para animais.
- Gilly, sabes que não tive escolha.
Sabes como é quando os jornais te
chamam chefe de um fode-manas?
Toda a cidade pensa que
dirijo uma fornicaria de manas.
Podias ter-me apoiado, Larry.
Isso acabava por acalmar.
Ora, Gilly. Quem pensas que enganas?
Não que te culpe a ti.
Se eu tivesse uma irmã assim...
Pumba-pumba, obrigado mana!
Tens razão.
Para mim, irmã ou não,
gostava de lhe dar uma.
Isto é, se ela voltar.
- Ela ainda está no Oregon?
- Tanto quanto sei.
Bom, fatelas. Ao trabalho.
Querido Gilly, desculpa
ter partido sem me despedir.
Não te podia enfrentar
depois de tudo o que aconteceu.
Os sentimentos que
outrora pareciam certos tornaram-se errados.
Embora me doa dizê-lo,
não nos podemos ver outra vez.
Se bem que não devamos esquecer
o amor que partilhámos,
devemos, como nobres criaturas,
avançar para outra.
BATEDOR DE MANAS
Valdine?
- Que é? Estou ocupada.
- Põe muito sal nessa sanduíche.
- Queres muito sal?
- Sim.
- Toma. Bela e salgadinha.
- Obrigado.
Gilly.
Como correu o teu dia no trabalho?
Não sei. Foi monótono.
Quase só cobras.
O jantar está quase pronto.
Fiz aquele prato de galinha que gostas.
- Pai.
- Pensei que ias cortar o cabelo.
Walter, caluda.
- O Gilly passou por muito.
- Incluindo a própria irmã.
É melhor eu atender.
Estou?
Olá, querida. Como estás?
Como está o Jack?
Óptimo, óptimo.
Oh, ele está bem.
Tem passado por muito, mas está a superar.
Sei que tens saudades dele.
Mas sabes que mais?
Ele recuperou dos dois braços.
Os dois. Mexe-os em todas as direcções.
Muito bem.
Está bem, o que é?
Vais casar-te?
Oh, Jo-Jo, isso é maravilhoso.
É Jo-Jo. Ela e o Jack vão casar-se.
Oh, meu Deus. Não é maravilhoso?
Querida, estou mesmo feliz por ti. A sério.
Está bem.
Amanhã falamos. Adeus.
Sim!
Jesus me valha. Chegaram os Wingfields.
Estou rica, estou rica.
Falo contigo, mamã! Oh, sim!
- Tarado!
- Gilly, como está a tua irmã?
A Jo sabia que ias compreender
porque não te podia convidar.
- Eu sei.
- Devias estar feliz pela tua irmã.
Oh, uma ova. Depois do que ela passou,
é incrível como não largou a salsicha
e não deu em vaginatariana.
Oh, meu Deus.
Gilly, ouve. As coisas estão
a melhorar para o lado dela.
Ela tem um salão de beleza
e um tipo que está doido por ela
e, para ser sincera,
um grande multimilionário.
Pára de o mimar, Valdine.
Ele fornicou a irmã, por amor de Deus.
Que queres? Dar-lhe uma medalha?
Escuta. Isto pode ser um novo começo
para todos, por isso cabeça erguida.
Sabes o que diz a Bíblia
quanto a foderes a própria irmã?
- Não o faças.
- Cala-te.
É meu filho, a minha dádiva de Deus.
Eu abro. Fiz bolos de gengibre.
Estão a arrefecer no forno.
- Que deseja?
- Desculpe incomodar, Sra. Wingfield.
- Chamo-me Leon Pitofsky.
- Oh, meu Deus.
- Vim em má altura?
- Não.
É que se parece incrivelmente
com o meu marido quando erajovem.
Há razão para isso.
CERTIDÃO DE NASCIMENTO
Veja isto.
Está tudo aí. Análises ao sangue,
fichas do hospital, ADN.
Olhe. A sua assinatura,
cedendo-me os seus direitos.
Oh, minha nossa.
Então é verdade. És meu filho.
Finalmente encontro-te, mamã!
Se ele é o teu filho,
então quem é este monte de merda?
Eu digo-te quem é. É um aldrabão.
Que está há um ano nesta casa
a viver à nossa custa.
- Oh, espera. Mãe...
- Eu sabia.
Fora da minha casa, seu hippie.
- Calma aí.
- Walter, tira esse impostor daqui.
- Pai, calma.
- Meu, ouviste a minha mãe.
Fora daqui já.
Tira as mãos do meu pai, sacana!
- Walter. Está a dar-lhe outro ataque.
- Pai, que se passa?
Liga ao 112. Meu Deus. Tu. Não podes...
Chama a polícia! Manda-o prender!
- Polícia.
- Leon, chama uma ambulância.
ESTÁ AGORA A SAIR DE INDIANA
FORNICADOR DE MANAS
BEM-VINDO AO COLORADO
BEM-VINDO AO WYOMING
Oh, meu Deus.
Oh, merda.
Ó Pitosga!
Deste-me cabo das pernas.
Nem olhaste para a estrada?
Desculpe. Nunca tinha atropelado ninguém.
Feliz por ser o teu primeiro.
Espero ter sido delicado.
Serias útil se me fosses buscar as gâmbias.
- As quê? Que é que...
- As minhas pernas, capitão.
Oh, merda.
Menos fezes e mais trabalho.
Vai buscá-las, rapaz.
Tenho de endireitar isto.
Está tudo torto.
Cuidado.
Isso é coisa que se diga.
Bem, a verdade é que,
estavas no meio da estrada.
Como é que te ia fazer sinal?
Estava ali desesperado.
Mais 20 minutos e as melgas sugavam-me.
- Há quanto tempo estás aqui?
- Cerca de duas horas.
O meu avião ficou sem gasolina.
Tive de aterrar numa clareira.
- És piloto?
- Claro que sou.
O meu cartão.
- "O Grande Dig"?
- Exactamente.
Dig McCaffrey. Ganho muita ***
a fazer trabalhos que ninguém aceita.
Levar desportistas à floresta, publicitar
supermercados, pulverizar colheitas.
Levo-te onde quiseres se pagares bem.
Esta é boa. Achas que ponha isso no cartão?
- Então onde queres que te leve?
- O mais perto de Beaver que puderes.
E um homem tão sexy e fértil como eu,
gosta de ficar perto do bicho.
- Essa é boa.
- É para onde vou.
Parece que vais aí a arrastar-te, chefe.
Porque não me deixas conduzir?
- Não é preciso.
- Estou cheio de energia.
Nada como levar com um pára-choques
para ficar desperto.
Onde é a tua rampa de lançamento?
- A minha quê?
- De onde é que tu és?
- De Indiana.
- Lembras-me um tipo que conheci
em El Paso,
nos meus dias de importação e exportação.
Nunca lá fui.
Então, quem é o rabo de saias?
- Como sabias que eu...
- O Dig sabe muitas coisas.
E tu és do tipo de andares
de anel de noivado no mindinho.
Oh, sim. Há um ano atrás,
ela era o amor da minha vida.
Depois descobri que era minha irmã.
E, há cerca de três dias...
Dig!
Passei só pelas brasas.
O Dig precisa dum pouco de música.
Rock and roll.
Gostava de ver alguém
a dormir ao som disto. Ted Nugent.
Dig.
Estás doido?
Estou com a energia dum microondas!
Antes de partirmos,
quero que saibas duas coisas, El Paso.
Primeira:
tenho um oitavo de sangue Chippewa.
E quando se salva a vida a um Chippewa,
temos de retribuir dez vezes mais.
- Fico-te a dever uma.
- Não é preciso, mas agradeço.
Não. Muito grande. Muito grande.
Agradeço tudo o fizeste por mim.
Qual era a outra coisa?
Disseste que eu devia saber duas coisas.
Não, nada disso. Eu disse...
Oh, sim.
Quando encontrares a tua irmã,
sai depressa desta cidade.
- Há por cá uns tipos perigosos.
- Que género?
Aqueles com dinheiro e poder.
Parece que a Jo está noiva de um.
Boa sorte se conseguires mudar isso.
Até logo, El Paso.
Dig. Obrigado por não me processares.
Um prazer ser atropelado
por alguém do teu calibre.
- Polícia de Beaver.
- Chamo-me Valdine Wingfield.
Estou a ligar de Shelbyville, Indiana,
para denunciar um predador ***.
Chama-se Gilbert Noble.
Ele atacou a própria irmã.
É muito perigoso e está
agora mesmo a caminho de Beaver.
A sua própria irmã, hã?
Não sabia que a Jo Wingfield
tinha irmãos. Não é encantador?
- Tem a descrição do tarado?
- Melhor que isso.
Tenho uma foto do ano passado quando foi
preso numa manifestação pelos animais.
Isto cheira a esturro.
Óptimo. Porque não nos manda isso por fax?
Ouça. Preferia que isto não chegasse à Jo.
Ela e o Jack têm tanto em que pensar,
com o grande casamento.
Gostava que fossem discretos.
A senhora pode estar segura.
A Polícia de Beaver é discreta.
AVISO - DELINQUENTE ***
- Está confortável, Sra. Hartunian?
- Sim.
- Como está? E a família?
- Óptima.
Quer depilação para biquíni?
Não. Vou ao Havai com o meu marido.
É melhor depilar tudo.
Sente saudades do cabeleireiro, Jo?
Não, nem por isso. Não gostava tanto daquilo
como gosto de depilação vaginal.
Pode-se dizer que
uns são cortadores outros arrancadores.
E eu nasci para arrancar.
Gilly?
Mamã, porque não me disseste
que ele vinha para cá?
Desculpa. Eu sei que devia.
Rezava para que ele caísse em si
e ultrapassasse tudo.
Coitado, tipo tão doido.
Doido? Como assim, doido?
Detesto ter de te dizer isto.
O teu irmão Gilly tem um
amigo imaginário. O Leon.
Anda por toda a cidade a dizer
a todos que não é ele o teu irmão,
mas sim esse Leon.
- Coitado do Gilly.
- Não te preocupes com ele.
A tua mamã tem amor e compaixão
suficientes por esse pássaro ferido.
Devo preocupar-me
é como vou contar isto ao Jack.
Não podes dizer ao Jack.
Isso partia o coração ao pobre coitado.
Rich. Rich, acorda.
Olá, Jack.
Quero que vás para o hotel.
Diz ao Chaney que fui eu que mandei.
Ele põe na minha conta.
- Não aceito o teu dinheiro.
- Eu digo-te uma coisa.
Herdei o negócio
e a maior parte do dinheiro do meu pai.
- Tenho de vos retribuir dalguma maneira.
- Não, eu fico bem, Jack.
- Só preciso de mais dez minutos.
- Não. Faz o que te digo, sim?
Toma um banho. Vem ter comigo pela manhã
e falamos do emprego.
- Obrigado, Jack.
- Dá-me isso.
Continua a andar. O meu irmão Jimmy
fala contigo depois, está bem?
- Jack.
- Como estás, Gina?
Óptima.
Estava a pensar se
podíamos ir ao restaurante tomar um café.
- Estás a ver, como antigamente.
- Oh, Gina, adorava.
Mas, como sabes, caso-me esta semana.
Não queria dar problemas à futura noiva.
Bem, aliás a tua futura noiva
ia ser o assunto da conversa.
Tinha esta foto na parede da minha cela.
Era a minha esperança para o futuro.
Todos tinham fotos
das mulheres e namoradas.
Esta era a minha razão para sair de lá.
Tinhas a foto dum carro na parede?
Diabo, Jimmy. E batias umas a pensar nisso?
Claro que não.
Vinha-me a pensar naquela bomba ali.
Este é o único carro no mundo
que me faz flectir o músculo do amor.
- O Jimmy adora-te.
- Jimmy, sai de cima do carro.
Estava só a dar-lhe uma esfrega.
- Tenta não te vires em cima dele.
- Vir-se em cima dele?
Calem-se.
Ouve, Jimmy. Tenho um problema de
segurança que quero que resolvas.
Chama-se Gilbert. É irmão da Jo.
Não sabia que ela tinha um irmão.
Algumas famílias têm irmãos
dos quais não gostam de falar.
- Fá-lo desaparecer, está bem?
- Considera isso feito.
Jimmy, maltrata-o um pouco.
Desculpe.
Olá.
Uma amiga minha tem um salão na cidade.
Ela chama-se Jo Wingfield.
- Por acaso...
- Sim. Ela trabalha no Beaver Cuts.
Vire à esquerda na Main,
fica uns três quarteirões à direita.
Aliás, passei por lá à hora do almoço
e vi a Jo à janela.
Óptimo. Muito obrigado.
- Claro. Sim. Cumprimentos à Jo.
- Serão dados.
Amigo. Onde é que se pode
beber uma cerveja por aqui?
Desculpe. Não sou de cá.
Com certeza que não é de cá.
Anda, Freddy, vamos!
- Tens alguma coisa para me dizer, Jo?
- Estás preocupado com alguma coisa?
Eu sei tudo acerca...
de ti e do teu irmão.
Oh, meu Deus.
Diabo!
Desculpa.
Eu é que devia pedir desculpa, Jo.
Coitada. A culpa não é tua.
Era impossível saberes
que ele era teu irmão.
É como numa tragédia grega.
Penso nisso e parte-me o coração.
E deve ter sido devastador para ti.
Para vocês dois.
Pobre sujeito. Desculpa, Jo.
Posso comer os seus amendoins?
Queiram endireitar as cadeiras
para a aterragem em Puerto Vallarta.
DOIS DIAS DEPOIS
Não percebo. Porque não fico
convosco em casa do Jack?
Não percebes? Como assim,
a tua mãe adoptiva deixou-te cair em bebé?
Só podes ser visto após o casamento.
Até lá, tens de encontrar o Gilly Noble
e mantê-lo afastado.
Adeus, pai.
- Valdine, devagar.
- Cala-te, Walter.
- Raios.
- Divirtam-se.
- Olha o meu trabalhador.
- Que fazes em casa?
Fechei a loja mais cedo
para tratar das coisas do casamento.
Óptimo.
Despe esse lindo vestido e vem para aqui.
Não, tenho de ir fazer umas coisas.
Olha. Uma vez que vais sair,
escolhe algo bonito para a tua mãe.
És muito amável, Jack.
Vai depressa antes que te puxe para aqui.
Leva o tempo que quiseres, porque não?
Vem cá.
Jack. O meu futuro genro.
- Olha para ti.
- Oh. Há quanto tempo.
Estou tão entusiasmada com o casamento.
Cuidado, idiota.
Eu vingo-me. Vingo-me de vocês dois.
Desculpa, Walter. Oh, meu, deve ter doído.
- Está bem?
- Vou dar-te um chuto no cu.
Que é isso, Walter?
Queres lamber-me o cu?
Tudo fixe, Jack. Está sob controlo.
Pena teres essa coleira metida.
Até podias ser puxado.
Hei-de vingar-me.
Levem-no para o quarto de hóspedes.
Lá em cima.
Agora encontre a sua irmã.
E dê-lhe uma por mim!
Ela não é minha irmã.
Ela não é minha irmã.
- Viva.
- Que quer, americano?
- Tenho uma marcação com a Jo Wingfield.
- A Jo não está.
Podia dar-lhe um recado?
- Acho que sim.
- Óptimo.
Empresta-me a caneta?
- Obrigado.
- De nada.
Você.
Você é o doente.
- Tarado!
- Não. Espere. Não, eu...
Vou ligar ao 1-12! Vou chamar!
Oh, gaita.
Todas as patrulhas,
suspeito visto atrás do Beaver Cuts.
- Agora percebe a minha táctica, não?
- Dig.
Que é? Calma, Bandito Frito.
Não vês que estou ajogar quino?
- Dig, sou eu, Gilly.
- Não conheço nenhum Gilly.
O El Paso.
El Paso. Senta-te.
Parece que cresceste, rapaz.
Isto é um disfarce, Dig.
Parece que há gente nesta cidade
que não gosta de mim.
Preciso de ajuda.
Tenho de achar o meu camião.
- Camião. Sim, temos problema.
- Qual é o problema?
Bem, o Jack Mitchelson, certo?
Organizou ontem uma festa de caridade.
Um dólar por cada pancada no camião
com uma marreta. Foi divertido.
- Pagaram-te para me estragares o camião?
- Custou-me uns dez dólares.
Acho que desloquei o ombro
com os painéis laterais.
Bati uma, duas vezes, depois rachou.
Aquele filho da mãe. Não acredito
que a Jo se case com o Mitchelson.
O Mitchelson?
- Ela vai casar-se com o Jack Mitchelson?
- Sim, daqui a dois dias, Dig.
Tenho de o impedir e preciso da tua ajuda.
Devagar, Speedy Gonzales.
Não podes contar com o Dig para levantar a
jiga ao Jack. Ele é um bom homem. Certo?
- É um bom amigo meu.
- Sim, o melhor.
As pessoas daqui gostam dele.
Olha.
Porque não deixas tudo como está?
Deixa-a casar com o Jack.
Ficar com ele
é como ganhar o Super Loto dos maridos.
Ouve.
Se amas a rapariga tanto como dizes,
despede-te dela e deseja-lhe boa sorte.
Mas não sei se posso viver sem ela.
- Zahf. Como estão as coisas...
- Foi o tarado, Jo.
- O quê?
- Ele esteve aqui, na loja.
- Quando?
- Ele estava vestido à cowboy.
Oh, meu Deus.
O raio das abelhas.
Saiam daqui.
- Bom dia, mamã. Bom dia, papá.
- Bom dia, Jo.
- Onde vais?
- Tenho uma coisa a tratar.
Espera. Eu vou contigo.
- Não, tenho de fazer isto sozinha.
- Podia ir contigo, acompanhar-te.
- São só recados. Uma chatice.
- Para mim não, querida.
Até logo.
Socorro.
- Abelhas.
- Oh, meu Deus. Fica completamente quieto.
Vou buscar a máquina fotográfica.
As palavras não descrevem isto.
Obrigado pela boleia.
Estava farto de caminhar.
Andei à tua procura por todo o lado.
A mamã contou-me isso de andares por aí
a falar do teu amigo imaginário, o Leon.
- Foi o que ela te disse?
- Tens de aceitar os factos.
Não podemos ficarjuntos, nunca mais.
Ainda bem que disseste isso por que...
Se amas mesmo a rapariga tanto como dizes,
despede-te dela e deseja-lhe boa sorte.
Tens razão.
Então que fazes aqui em Beaver?
Eu apenas queria...
Apenas queria despedir-me...
e... desejar-te boa sorte.
Quero que sejas feliz, Jo.
De verdade.
E prometo,
a partir de hoje nunca mais te incomodo.
Não dramatizes tanto.
Ainda nos podemos ver em...
funerais da família e assim.
Adeus, Jo.
Amo-te.
Eu também te amo.
- Dig! Que...
- Calma, El Paso.
Toma, Benjy.
Não te esqueças,
prometeste não fumar até fazeres 12 anos.
Muito bem. Fixe.
- Queres dizer-me o que se passa?
- Ele é mau. Mesmo mau.
Quem é?
- O Mitchelson.
- O Jack?
Ele é o tipo mais cruel
jamais visto nesta cidade.
- Mas disseste que ele...
- Isso era para inglês ver.
Tem-se de dizer o que o povo quer ouvir.
Esta cidade tem orelhas de elefante.
É uma pena.
Já não se pode confiar em ninguém.
Anda, El Paso. Vem a minha casa.
El Paso, tens aí um caso bicudo.
O Jack Mitchelson herdou do pai milhões.
É o que chamamos um multimilionário.
E, para mim, as mulheres preferem
presidentes mortos a namorados tesos.
Não há romance sem dinheiro.
A Jo não é dessas.
Merda.
O amor pode ser cego,
mas continua a conseguir cheirar o dinheiro.
Já para não falar que...
ganha-se muito a vender erva.
- Que quer isso dizer?
- Sherlock.
O Jack Mitchelson é o maior produtor
de marijuana no Noroeste do Pacífico.
Não deves confundir a floresta
com a erva, meu.
O tipo produz marijuana,
vende charros, é um passador.
Por isso o Jack mantém Beaver tão limpa:
para as autoridades não interferirem.
- Como é que ele consegue isso?
- Metade da cidade trabalha para ele.
Os outros têm medo dele que se pelam.
Meu.
Temos de arranjar forma de tirar de cá a Jo.
Concordo com essa.
O que precisamos é dum plano.
Vou sentar-me aqui e pensar nisso.
- Que cão bonito.
- Bom cão de guarda. Nada lhe escapa.
Viva, minhas senhoras.
Querem dançar?
- Sejam meigos para ele, malta.
- Vá, coisa doce.
Esperem aí.
Se tentaram meter-me medo,
fizeram um bom trabalho.
Malta, isto é desnecessário.
Isto é injusto.
Eu só quero dez minutos com a Jo.
Quem não quer?
Vá, Jimmy. Vamos ao serviço.
Toma, seu porco tarado. Mesmo na cabeça.
- Porque bateste no Streak?
- O quê?
Talvez fosse melhor pores os óculos.
Sim, mas fico com cara de parvo.
Tarado à solta. Apanho-o, Freddy.
Afastem-se de mim.
Não podem impedir-me de falar com a Jo.
Vou casar com ela, vão ver!
És doente, meu!
- Ele quer casar com a irmã.
- É melhor ele não regressar.
Isso, ou atamos-te a uma árvore e vamos-te
ao cu enquanto te batemos uma punheta!
Mostramos o que fazemos
aos tarados por aqui!
- Seu tarado!
- Continua a correr!
Oh, gaita.
Dig!
El Paso! Aqui em cima!
- Dig, que fazes aí?
- Como assim, que faço aqui?
Já tentaste saltar dum telhado
sem pernas? Dói!
- Que queres fazer com isto?
- Eu tenho uma perna para cada estação.
"Jo. Eu não sou...
o teu irmão."
"Casa comigo."
Dig, isto é ***. Obrigado.
Finalmente vou ser capaz de
pôr tudo em pratos limpos.
- De certeza que "casamento" tem dois a's?
- Sim, definitivamente.
Já serve.
Ouve, Dig. De certeza que
consegues voar com isso?
Chamo-me Dig McCaffrey.
Até fazia voar uma lata de conserva.
- Como é que perdeste as pernas?
- Acidente de avião.
Anda, vamos pôr isto a andar.
- Estamos prontos. Estás pronto?
- Estou.
Vamos, Dig.
Eles podem protestar como quiserem.
É o governo que me preocupa.
Em breve não se pode
limpar o cu sem autorização.
Barman. Menos paleio e mais ***.
Sim, senhora.
Gina?
- Queres uma bebida enquanto estou aqui?
- Sim, uma bem forte.
Jack, estás em boa forma.
Como é que fazes?
El Paso, tenho aqui uma coisa
que lhes vai chamar a atenção.
É o meu Wagner. É bom, hã?
Voamos baixo em direcção ao oeste.
- Olha, El Paso.
- Olá, Jo!
Lê a minha mensagem!
Amo-te! Tive saudades tuas!
- Eu sou a pessoa certa, Jo!
- Oh, meu Deus.
JO. SOU O TEU IRMÃO.
A mensagem diz tudo!
CASA COMIGO
O Jack não serve para ti, Jo!
Eu sou a pessoa certa!
Jo! Amo-te!
Ele é mesmo doido.
Sabia que ele era uma preocupação
logo que lhe pus os olhos em cima.
Bill, temos um transgressor.
Mobilizem todas as patrulhas.
- Correu bem, hã, Gilly?
- Oh, sim, Dig.
Caramba! São os chuis de Beaver!
- Que se passa, Dig?
- Que se passa? Começa a engolir!
Gilbert Noble, saia do avião
com as mãos atrás da cabeça.
Bem, vou parar com o cu à choldra!
Eles querem o rapaz branco.
Que me querem a mim?
Eu não fiz nada.
Não sei.
Adeus, estranho.
Mãos no ar.
- Que se passa?
- Muito bem, rapazes, agarrem-no.
Calma!
Que se passa?
- Isto não é justo.
- Nem perseguir a tua irmã.
Bill. Direito para o hospício.
O Jack Mitchelson paga o tratamento.
HOSPÍCIO ESTATAL DE BEAVER
Bom dia, meus senhores.
Hoje discutimos porque é que é errado
ter sexo com pessoas da vossa família.
A minha mulher é da minha família.
Tive sexo com ela.
Não é a mesma coisa, Sr. Murphy.
Fazíamos uma vez por semana,
até à morte dela.
Depois três a quatro vezes por semana.
Já conhecemos bem o seu caso, Sr. Murphy.
- Podemos comer panquecas amanhã?
- Comemos ontem, Sr. Campisi.
Hoje queria falar sobre como é que
o Sr. Noble pode ultrapassar
a sua atracção contra-natura pela irmã.
Ele podia matá-la.
Sr. Chin.
Podemos comer panquecas amanhã?
Olá. Eu conheço-o.
Do passado.
Bateu-me com um tubo de chumbo.
Eu não lhe bati.
- Está a chamar mentiroso ao Jimmy?
- Sim.
Não quero meter-me em problemas, OK?
Tem fotos da sua irmã nua?
Claro que não.
Quer comprar algumas?
Dez dólares cada uma.
- Onde é que as arranjou?
- O Jimmy trouxe-mas.
Para me fazer companhia.
Nada más, hã?
Também me trouxe estas.
As cuecas da Jo. Usadas.
- Dê-me essas.
- Dez dólares cada.
Nem pensar. Não são suas.
Estamos a falar da minha futura mulher!
Deve-me muito dinheiro por essas.
Está bem, tome os dez dólares.
É tudo o que tenho. Deixe-me em paz.
Panquecas!
Gilly!
És tu?
Não te preocupes. Chegou a cavalaria.
Anda. Está na hora de fugires.
Já está.
Dig, que fazes aqui?
Eu disse,
um Cherokee paga sempre as suas dívidas.
- Pensei que eras um oitavo Chippewa.
- Sim, e um oitavo Cherokee.
O Dig é um gajo complicado.
Você é o homem das panquecas?
- Que é que ele faz aqui?
- Antes fui à sala errada.
Anda, vamos tirar-te daqui.
Como te sentes ao sair dali?
Estás fora! És livre!
É uma boa sensação, Dig! Obrigado!
Eu tinha-te libertado mais cedo,
mas depois de engolir aquela erva,
levei dois dias a livrar-me dos caules!
Leon?
Caramba! Dig, segue aquele carro!
Ali está ele. Encosta!
Ah, sim. O Eager Beaver.
Já lá rodaram filmes pornográficos.
Fui a uma audição. Nunca me disseram nada.
Aquele é o Leon. É ele, Dig.
O verdadeiro irmão da Jo.
Ele é a minha prova. Agora é só
chamá-la aqui e mostrar-lhe.
Macacos me mordam. Despacha-te.
Segundo o jornal, o casamento
é daqui a menos de três horas.
- Leva o meu cavalinho.
- Não, Dig. Não ia fazer isso.
Leva. Os haveres não valem nada para
um Navajo. Vai buscar a tua mulher.
Eu certifico-me
que ele não sai de onde está.
E embora daqui, Campisi.
Depressa! Hoje se possível!
Está bem, Dig, obrigado.
Volto logo que puder.
Boa viagem.
Ora bem, Campisi. Temos uma missão.
Que raio é isto?
Vá. Mexam-se.
Saiam daí. Andem.
Vá. Saiam do caminho.
Já chega.
Estou farto de ser simpático.
Saiam da estrada.
Tirem esse cu malcheiroso da estrada!
Eu disse fora...
Vamos.
Está bem, calma.
Espera aí.
- Onde julgas que vais, Leon?
- Quem é você?
O teu guarda até o meu amigo Gilly voltar.
- Gilly?
- Sim. Foi o que eu disse.
Nem penses... estou-te a avisar.
Filho da mãe!
Sai daqui...
Diabo!
Essas são as minhas pernas! Ladrão!
Olhem ali. O fura vacas.
Examina a próstata enquanto podes.
Estás a excitar a manada.
Que foi? A tua irmã deu-te uma nega?
O quê? Não.
Aquela vaca esqueceu-se de se limpar.
Anda. Vamos.
Tarado.
Porque não lhe ofereces um jantar primeiro?
Essa tem muita piada.
Porque não se metem na vossa vida.
- É um teatro de fantoches.
- Agarra-te às tetas.
Gilly, que estás a fazer?
Nada. E tu que estás a fazer?
- Pensei que te ias casar.
- E vou, daqui a uma hora.
O Zahf estava a maquilhar-me.
Devias estar num hospital, a tratar-te.
Jo, escuta. Tenho boas notícias.
Encontrei o Leon.
Encontrei-o e apanhei-o em flagrante.
Óptimo, Gilly.
Porque não tiras o braço do rabo do Leon
e depois levamos-te ao hospital?
Não, Jo, esta não é o Leon.
É apenas uma vaca
na qual... fiquei com a mão presa.
Jo, o Leon está no Eager Beaver.
Se vieres comigo, eu provo-te.
Gilly, pára com isso, por favor.
Não podes fazer isto. Tens problemas.
Mas, Jo...
Lembras-te quando me levaste
ao telhado do abrigo para animais?
E como era importante para ti
teres uma família?
- Claro.
- Também é importante para mim.
E por isso o Jack e eu decidimos
formar uma família.
- Sim. Mas, Jo, escuta.
- Gilly, deixa-me ter a minha família.
Essas são as cuecas que me faltam?
Jo, eu explico isto.
Não as roubei. Comprei-as ao canalha
que me vendeu fotos de ti nua.
No meu país, por se violar uma besta
sagrada, é-se espancado até à morte.
Você está tão doente da cabeça! Tarado!
Oh, meu Deus. O anel.
Foi uma viagem desagradável.
Aqui temos, papá.
O dia com que todas as mulheres sonham.
Vocês vão gostar de viver aqui.
Vão ter os melhores cuidados médicos
e a mamã não terá de trabalhar muito.
É isto que queres?
Que queres dizer?
Quero dizer...
estás feliz?
Porque não havia de estar?
Isto é bom, para todos nós.
Está na hora, Sr. Wingfield.
- Ó tarado.
- Olá, Streak.
- Que está a fazer?
- Não é um hospício que me ia deter.
- Espere aí. Essa é o meu camião.
- Mãos no ar.
Era.
Agora é meu.
Tem bom aspecto.
Vai ser agora a minha casa.
Logo tecnicamente
estás a pisar o meu relvado.
Tira os pés da minha propriedade
e vai para a mata.
Está bem, Streak. Calma.
Não me devias ter enganado com aquelas
cuecas. Devolve-mas.
Está bem. Calma. Tudo bem.
As fotos, cuecas e tudo. Vê?
- Fico também com isso.
- Esse é o meu anel.
Agora é meu. Porque é que não te voltas?
Vamos ver a natureza.
Streak. Dei-te tudo o que querias.
E a senhora, Josephine Wingfield, aceita
este homem como seu legítimo marido?
Sim.
E o senhor, Jack Mitchelson, aceita
esta mulher como sua legítima esposa?
Sim.
Se alguém entre os presentes se opõe
a que este casal
se una em matrimónio sagrado,
que fale agora ou se cale para sempre.
- Assim, com o poder concedido...
- Pare.
Desculpe. É a máquina.
Funciona mal com a pilha fraca.
Pode continuar.
Ela... está apaixonada... por...
Já está. Problema resolvido.
Vá. Continue. Eu vos declaro agora...
Muito bem.
Declaro-vos marido e mulher.
Pode beijar a noiva.
Que temos aqui? O Gilly Noble.
Olha o toque de beleza.
Não vais estragar
o casamento da minha irmã, seu tarado.
Eis a minha prenda de casamento, mamã!
PARABÉNS
JO & JACK
- O pai está bem?
- Está. É tudo devido à excitação.
Gostava de vir, mas não se sente bem.
Um, dois,
três...
Queria propor um brinde.
À minha filhinha, a pequena Jo,
que finalmente encontrou o homem
dos seus sonhos, um homem que não só...
A polícia?
Adeus.
Que se passa?
Desculpe incomodá-lo, Jack.
Sra. Mitchelson, temos más notícias.
O seu irmão, o Gilly. Houve um acidente.
O camião dele... explodiu.
O corpo estava irreconhecível.
Quando lá chegámos,
os coiotes já tinham desfeito partes do corpo.
- Até comeram a...
- Gina!
Acho que chega de detalhes do morto.
- Está bem.
- Têm a certeza?
Têm a certeza que era o Gilly?
Achámos este anel no osso do dedo dele,
com os vossos nomes gravados.
Apanhei o que podia, sobretudo cinzas.
Pu-las no meu termo.
Pensei que as quisesse guardar
como recordação.
Ele suicidou-se. Eu sei.
- É tudo culpa minha.
- Não, não é verdade.
O seu irmão está nesse termo
por causa dum tipo que tenho preso.
Muito bem. Tragam-no.
- Disseste "Leon"?
- Mamã!
Eu seguia-o! Foi um acidente!
Não queria bater no carro dele,
e depois ele explodiu.
Ele é o teu irmão, Jo.
- Walter.
- O verdadeiro irmão.
- Pai?
- Escondemos-te a verdade
por que a Valdine queria
dar um rombo no dinheiro do Jack
e, o Senhor me perdoe, também eu.
Então o Gilly nunca foi meu irmão?
Como puderam fazer-me isso?
Fizemo-lo para teu bem.
Ele era um apanha-cães.
Vocês são doidos! E varridos.
- Desculpa, Jack.
- Não.
- Estou muito confusa.
- Não, não lhe peças desculpa.
- Ele tramou tudo.
- Isso é mentira.
Pergunta-lhe se o nome Vic Vetter
lhe diz alguma coisa.
- Cala-te, Walter.
- O Jack deu informações falsas sobre o Gilly.
- Diz-lhe, Valdine. Diz-lhe a verdade.
- Que estás aí a dizer?
És atrasado mental?
Espero que formem uma família feliz.
Mas não me incluam a mim.
- Walter, seu idiota. Olhe para si.
- Ela merece uma vida melhor.
- Atreves-te a estragar-me o casamento?
- Faz-me um broche.
A culpa é tua! Eu mato-te!
Filho da mãe! Eu mato-te!
Mamã!
Mamã?
Gina, chama a ambulância.
Uma emergência na quinta do Mitchelson.
Mandem já uma ambulância.
Parece ser um problema das coronárias,
ou um ataque...
Caramba!
- É o fantasma do El Paso.
- Olá, Dig.
"Olá, Dig" uma ova.
Pensei que tinhas ficado grelhado.
TARADO TEVE FIM MERECIDO
- Todos pensam que estou morto.
- Eu próprio pensei. O Campisi também.
Talvez seja melhor assim.
Agora a Jo pode seguir a vida dela.
Não faço ideia como vou voltar a casa.
Dig McCaffrey, ao teu serviço.
SERVIÇOS AÉREOS GRANDE "DIG"
"Levo-o onde quiser se pagar bem."
Não acredito que escreveste isto.
É bom, hã?
- Falas a sério?
- É o mínimo que posso fazer
depois de estragar o teu camião
com uma marreta.
Oh, merda. Anda, El Paso.
O avião está pronto e atestado.
Que vais fazer?
- Vamos pôr esse fogareiro a andar.
- Com certeza.
Ó nobre criatura
Chegou a hora
De partirmos os dois
E para tu partires para um lugar melhor
Um lugar bem no fundo do meu coração...
- No fundo, acreditei sempre em ti.
- Eu sei, Larry, e fico grato.
Se não te importas,
esgueira-te pela porta de trás.
Jo? Aquela é a Jo?
Oh, meu Deus. Jo!
E apanha o pau atirado por Deus
Não!
Oh, meu Deus.
Jo, pensei que te tinhas suicidado.
Era só uma salva de um tiro.
Não acredito que estejas vivo.
Valdine, não estejas triste.
Não perdes uma filha. Ganhas um filho.
Vai-te lixar, Walter.
Gilly. Jo.
Parabéns pelas vossas núpcias.
- Quero desejar-lhes felicidades.
- Obrigado, Vic, temos convidados.
Eu sei, mas tenho boas novas.
Encontrei a sua mãe.
Desta vez a sua mãe verdadeira.
Gratuitamente. Tenho assinaturas,
documentos, provas de ADN.
- Não sei, Vic.
- Ouça, Gilly.
Ela veio da Califórnia
para se encontrar consigo.
Meu filho.
A minha preciosa dádiva de Deus.
A Suzanne Somers é a minha mãe?
Gilly, não costumavas...