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Sefaradi: Judeus cujos ancestrais viveram
na Espanha na Idade Média.
Sefaradi: Judeus cujos ancestrais viveram
na Espanha na Idade Média.
Após sua expulsão da Espanha (1492)
Eles se instalaram em torno da Bacia
do Mediterrâneo e em Jerusalém, Palestina.
Em todos os lugares preservaram
seus costumes, seus rituais religiosos
e o idioma Ladino,
uma forma de espanhol medieval.
É DIFÍCIL DIZER ADEUS
JERUSALÉM, SETEMBRO DE 1942
Acordou cedo.
- Mais pesadelos?
- Não. Foi a droga dos sinos da igreja.
Espero que não tenha ido ao banheiro.
Preciso de uma amostra matinal.
Na verdade, é bom que esteja acordado.
Tem uma manhã ocupada
com exames pela frente.
Mas, se tudo estiver bem,
acho que vamos deixá-lo sair hoje.
- Está brincando.
- Não fale.
E não sorria.
Você está se recuperando bem
e precisamos da cama.
O líder do esquadrão cuidará
da hospedagem e transporte.
Peter. Bom.
Está mesmo ansioso
para voltar à guerra, não está?
Não. Não à guerra.
Mas quero testar essa perna...
que vocês consertaram.
Ter certeza de que ela pode fazer
tudo o que fazia.
Você sabe...
eu esperaria um pouco
para o sapateado, David.
Acho que pode estar certa, Ginger.
PENSÃO ADA
O colchão é bem novo.
E um quarto com banheiro é um luxo...
em Jerusalém nos dias de hoje.
- Aqui.
- Muito bom.
- Não há água.
- Está racionada, amigo.
Metade da cidade tem nos dias pares
e a outra metade nos ímpares.
Bem, incluído no preço você terá dois ovos
toda manhã.
Só eles me custam um shilling.
Tenho que comprá-los no mercado ***.
Bem, David, o que diz?
Bem, estive morando em pensões
nos últimos 10 dias.
Isso é o paraíso. Onde assino?
Que bom. Sabe quanto tempo vai ficar?
Podemos ser mandados
para qualquer lugar a qualquer hora.
Como essa guerra é horrível.
Que Hitler queime no inferno.
OK. Se esse lugar é tão bom...
por que está abrindo mão dele?
Qual é o truque?
Não há truque, seu ingrato.
- Quer um?
- Não.
Aquilo era verdade?
Ou só para conhecimento público
sobre não sabermos...
quanto tempo ficaremos aqui?
É absoluta verdade.
Toda a maldita guerra está presa no deserto.
Rommel está imobilizado,
mas está mantendo sua posição até agora.
Empurrá-lo de volta
não vai ser nada divertido.
E é por isso que estão nos mantendo
na reserva.
Deus sabe.
Os rumores não param.
Até ouvi mencionarem Burma.
Por falar nisso,
veio um adido militar americano...
perguntar se gostaria de mudar
de uniforme...
já que os ianques estão aqui oficialmente.
Diga que não estou interessado.
Claro que é um piloto horrível,
mas estou acostumado.
Ainda não contou
por que está saindo daqui.
- Bem, conheci essa garota que...
- Ah, não.
Não me diga que as garotas
não são permitidas aqui.
Não, não.
Contanto que seja discreto.
Pensei que seria mais cômodo
em um apartamento.
Por causa dessa garota?
- Que garota?
- A garota que você quase me contou.
Por que está sendo tão cauteloso?
Vou contar tudo, mas depois.
Nesse meio tempo, se quiser se lavar hoje...
Bem, pensei que não tinha água.
Sim, mas somente deste lado da cidade.
Quer dizer mercado *** de banhos?
Victoria, você sabe que sou sua amiga.
Mas você é sempre dramática demais.
Não desta vez.
Sarah, eles se revezam me espionando.
Você precisa me ajudar.
Oh, Deus, meu pai chegou. Ria, Sarah.
Ele não deve suspeitar de nada.
Vamos. Pelo menos sorria.
Isso é bobagem.
Meu primo Nessim já suspeita.
Quem se importa com seu primo?
Salvo se tiver medo de ser vista comigo.
Claro que não.
Eu disse a Nessim
que iria ao cinema com ele.
Preciso ver Peter. Ele está me esperando.
Sarah, por favor! Só você pode me ajudar!
Tudo bem.
Vá e seja gentil com seu pai.
Vou pensar em algo.
Tenho entradas para o filme da Carmem
Miranda com os Ritz Brothers.
Prefiro os Irmãos Marx.
Nessim, querido, não seja difícil.
- Victoria precisa falar comigo.
- E eu? Não preciso de você?
- Para ir ao cinema?
- O que devo dizer a seus pais?
Eu deveria tomar conta de você.
- Não seja ridículo.
- Você sabe que eu a amo.
Eu sei.
- Mas você não liga.
- Eu ligo.
Mas Victoria está esperando.
David, vou me casar na próxima segunda.
Quero que seja meu padrinho.
- Você será?
- Sim, claro. Claro.
- Bom. Obrigado.
- Está maluco?
Não é isso que pessoas apaixonadas fazem?
Coisas loucas como casar?
Você pode fazer amor com uma mulher...
sem se casar com ela
e sem ser um canalha por isso.
- Olhe, David, estou louco por essa garota.
- Mas casar? Peter, por Deus!
Não há nem um único aspecto
de nossas vidas sob nosso controle agora.
- A guerra não pode durar para sempre.
- Então espere.
Pode ser uma longa espera.
Lembra da Guerra dos Cem Anos?
Não pessoalmente. Não.
Essa não precisa durar tanto
para acabarmos todos mortos.
Pensou nisso?
Tudo o que quero fazer é ter um pouco
de vida normal antes de morrer.
- O que há de errado nisso?
- É justo com ela?
Ela quer um pouco de vida normal
antes de eu morrer também.
- Poderia funcionar muito bem.
- Então vivam juntos.
Não posso pedir isso a ela.
Ela é de uma respeitável família judia.
Já estão chocados por ela
sair com um não-judeu.
Bem, isso é ótimo.
Você sabe mesmo escolher, Peter.
Espere, ela está vindo.
- Qual o nome dela?
- Victoria.
Bem, o pessoal de casa vai gostar.
Peter.
Quase não consegui.
Ah, essa é Sarah. Ela é meu álibi.
- E um perfeito anjo.
- Sarah, Victoria, esse é o David.
Ah, você é o americano.
Peter me contou como foi corajoso
quando foi atingido.
Mas claro que foi corajoso de sua parte
ir até a Inglaterra...
para se alistar sem precisar.
Bem, foi no Canadá, na verdade.
Peter, querido, por favor, me conte agora.
Mesmo se as notícias forem más.
O que acha de uma semana
após segunda para o dia do casamento?
Peter e eu vamos nos casar.
Estávamos só esperando
uma autorização para ele.
Sarah, fique feliz por mim, por favor.
Ficar feliz? Quando perdeu a cabeça?
Tenho 21 anos! Posso fazer o que quero!
Tenho direito a ser feliz.
Não tem o direito de me usar assim!
Nenhum direito.
Sarah, pedi champanhe para comemorar.
- Espero que se junte a nós.
- Por favor.
David concordou
em ser nosso padrinho, querida.
Espero que venha, Sarah.
Significará muito para Victoria.
Sim, é verdade.
Querido, temos tão pouco tempo.
- Não podemos dançar?
- Sim.
Sarah e David vão entender.
Eles ficam bem juntos. Tenho de admitir.
- Essa é uma boa razão para casar?
- Não.
Mas acho que eles diriam algo
sobre estarem apaixonados.
Sim.
As pessoas parecem falar muito sobre isso.
Mas você é cética a respeito do amor,
não é?
Não.
Mas não é algo que eu conheça muito.
Em que língua você
e Vitória estavam falando?
- Espanhol.
- Espanhol, sim.
Por que vocês falam Espanhol?
É o que falamos em casa.
- Sua família veio da Espanha?
- Sim.
- Recentemente?
- Cerca de 400 anos atrás.
Entendo.
- Eles devem ter uma memória ótima.
- Sim.
Por que está me encarando?
Eu estou encarando?
Sim, estou. Desculpe. Sim, eu estava.
É só porque você tem os olhos
mais extraordinários.
Gostaria de dançar, jovem?
Se não tiver objeções, cavalheiro.
A jovem decide.
Desculpe, não percebi que estava
tão bêbado.
Se sabia que ele tinha bebido,
por que não disse nada?
Ele deve estar só de licença
e está na divisão de tanques agora.
Qualquer um que pense em ir
para aqueles fornos de metal...
tem o direito de tomar alguns drinques...
e dançar com uma garota bonita.
Acha que deveria deixar um bêbado
me maltratar para mostrar gratidão?
Não, não quis dizer isso.
Olhe, eu a teria convidado, mas não posso...
por causa da minha perna.
Sinto muito se foi desagradável para você.
Não importa.
Preciso ir para casa.
Pode explicar a eles?
Sarah, não vá embora zangada.
Nem vá embora.
Por favor, sente-se. Venha.
Eu preciso. De verdade.
Para onde vai, amor? Só um beijo.
- Me deixe em paz!
- Um beijo.
- Ei, deixe-a em paz!
- Me deixe em paz.
- Me deixe em paz.
- Um beijinho.
Meu Deus. Você o matou.
Não, acho que não.
Nessim.
- Conhece esse homem?
- Não, só estava passando.
- Como você está aqui?
- Sabe, eu só...
- Você me seguiu, não é?
- Não, não.
- Estava me espionando.
- Não.
- Como se atreve? Como pôde?
- Sarah, por favor, me escute.
Não, não quero ouvir.
E não quero vê-lo de novo.
- Não enquanto eu viver.
- Por quê? Sarah, por favor, por quê?
Peço desculpas por Sarah.
- Tenho certeza que queria agradecer.
- Tudo bem.
Preciso lhe pagar um drinque
para agradecer.
- Não, não, tudo certo.
- Sim, sim. Eu preciso.
- Tubo bem.
- Preciso lhe comprar outra bengala.
Não é importante, realmente.
Sarah chegou aqui com outra garota.
Fala sério sobre aquele drinque?
- Sim, sim, conheço o lugar certo. Venha.
- Bom.
- Muito obrigado.
- Tudo bem, tudo bem.
Sabe quantas vezes tentei me alistar?
Sempre dizem que estou abaixo do peso.
- Não é falta de apetite.
- Não, eu como o tempo todo.
Sou um poço sem fundo.
Para onde vai tudo, você pensa, hein?
O médico diz que eu queimo tudo.
Talvez me preocupe demais.
Diga-me, David.
Posso chamá-lo David, Tenente?
- Sim, sim. Claro.
- Bom. Deve me chamar de Nessim.
- Nessim.
- Nessim. Nessim.
David, o que devo fazer?
Se não vir minha prima,
é como não ver o sol.
- Sua prima?
- Sarah.
A garota que salvou do australiano.
Ela é minha prima.
Eu a conheço praticamente a vida toda.
Pelo menos toda a vida dela.
Ela só tem 18, e eu 28.
David, eu a amei a primeira vez que a vi.
Ela só tinha um dia.
Sou o homem certo para ela, David.
Ninguém pode amá-la mais do que eu.
Você não acha
que sou muito velho para ela?
- A Sarah, o que ela pensa?
- Gostaria de saber.
Todos pensam que ela será minha mulher.
Pensava assim, também.
Agora, não sei.
Ela estava tão zangada.
Você acha que falava sério?
Sobre não me ver mais?
Se for assim, eu morro.
Bem, antes de morrer,
tenho certeza de que irá perdoá-lo.
Oh, não. Ela pode ser muito teimosa.
E muito rancorosa.
Bem, você está certo.
Onde há vida, há esperança.
- Me diga, David, você é judeu?
- Não.
Tão estranho. O nome, David.
E sei que há muitos judeus na América.
Sim, mas não em Missoula, Montana, não lá.
Eu estava rindo porque meu pai
é um pastor cristão.
Bem, não importa.
Pode vir para o jantar de Shabat.
- É muito gentil, mas não acho que deva.
- Não, não. Deve vir.
Deve dar a Sarah uma chance
de lhe agradecer direito.
Não aceito um não como resposta.
Então vamos dizer
que um desses sábados...
Sexta. O jantar de Shabat é toda sexta.
Sexta.
Está satisfeito, David?
Oh, por Deus, sim. Estava tudo maravilhoso.
Mama, o oficial a cumprimentou.
Muito obrigada. Fico contente que gostou.
Quando o jantar de Shabat não é delicioso?
Não, não, "gostei" não é a palavra.
Normalmente não como tanto.
O que ele está dizendo?
Está envergonhado porque comeu muito.
Para sua boa saúde.
Nunca se come demais em um Shabat.
Diga a ele que agrada a Deus.
Ouviu isso? Não precisa se envergonhar.
Deus está satisfeito.
Diga-me, acha que Rommel chegará aqui?
Só se deixarmos.
Bem, ele pode vir.
Estamos prontos para ele.
- Certo, vamos mostrar uns truques a Hitler.
- Sim.
Mas os britânicos não vão, quero dizer,
não vão deixar Rommel passar.
- Não há razão para se preocupar?
- Elie é um cara duro.
Logo que sente o cheiro de perigo...
leva coragem aos dois pés e corre pela vida.
Estou sentindo um vento.
Só você.
Todas as portas e janelas estão fechadas.
- O calor está nos matando.
- Albert é um boxeador.
Estamos muito orgulhosos dele.
Vai enfrentar o "Ogre de Aleppo"
semana que vem na ACM.
- Você deve ir.
- Diga-me, como é o Sr. Winston Churchill?
O tenente é americano, Papai.
O que importa? Quero dizer, ele usa
um uniforme britânico, não é?
- Tem algo contra os britânicos?
- Não, não. Ao contrário.
- Amamos tudo o que é britânico, certo?
- Com certeza. Desjejum inglês.
Geléia Crosse and Blackwell.
Biscoitos Huntley and Palmer.
- O rei, a rainha.
- Peixe e batatas fritas.
É um longo caminho até Tipperary
Futebol.
- Cigarros Craven "A".
- Habeas corpus.
Mas não gostamos das leis britânicas.
E um dia expulsaremos as tropas britânicas
da Palestina.
Você é de algum lugar perto de Chicago?
Não. Cresci em Montana.
É perto de Seattle, talvez?
Mais perto do que Chicago, sim.
Então temos parentes que deve conhecer.
A loja de sapatos Peres.
- É de dois irmãos, meus primos.
- Bem, é um país muito grande.
A loja Peres é bem conhecida, acho.
Uma loja muito grande.
- E temos outros primos, também.
- Peres, sim, acho que ouvi falar.
O pai dele é um padre, certo?
Como um padre pode ter um filho?
Papai, eu te amo.
Ele é protestante.
Seus padres podem ter esposas.
Quantas?
Papai estava perguntando sobre seu pai.
Ele vai ser padre também?
Papai, todas essas perguntas.
David não se importa.
Se importa?
Tio Raphael quer saber se vai ser padre
como seu pai.
- Não.
- Não.
Vovó Rosa sabe tudo sobre você agora.
Verdade? Ela pode dizer meu futuro?
Ele quer saber sua sorte.
Ele não precisa se preocupar.
Nada mau vai acontecer a ele.
Ele é um bom homem.
Ela diz que vai viver até os 120,
será rico e famoso...
e as mais lindas garotas ficarão a seus pés.
- Nessim.
- O quê?
O que ela disse de verdade?
Que você é um bom homem.
E nada mau vai acontecer a você.
Quero agradecer.
Por quê?
Ah, por quebrar minha bengala
na cabeça de um australiano bêbado.
Isso também.
Por não contar a Nessim
como nos conhecemos ou sobre Victoria.
É assim todas as sextas? Toda essa gente?
E nos grandes feriados, ainda mais.
Os avós do outro lado e...
as tias e tios e os sobrinhos
e as sobrinhas...
e os irmãos e as irmãs.
Somos realmente uma tribo.
Como é ser parte de uma tribo?
Há pontos bons e pontos ruins,
como tudo o mais.
- Você gostou deles?
- Sim. Bem, são um pouco...
impressionantes de início, mas...
No café, quando foi embora...
estava lhe seguindo porque queria
perguntar se estaria interessada...
em sair comigo um dia.
Se o australiano não estivesse lá,
o que teria dito?
Não.
- E se eu perguntasse agora?
- Não, ainda.
Bem, por que não?
Disseram que sou um homem muito bom
com um futuro promissor.
É Nessim?
Sei que ele acha que um dia desses
você e ele vão...
O que Nessim acha não tem nada
a ver comigo.
OK.
Devo pedir primeiro permissão a seus pais,
é isso?
Não faça isso.
Oh, aí estão vocês.
Está mantendo o hóspede de honra
só para você, Sarah?
Não, não estou.
Ela me perdoou, como eu disse que faria.
Linda noite, não é?
- Tenente.
- Olá.
Espero não estar atrapalhando.
Trouxe isso como forma de agradecimento...
pelo jantar de sexta-feira.
Muito obrigada.
Ele pensa que precisamos de caridade?
Nos traga café.
E essas são para sua avó.
Poderia também explicar à sua mãe...
que estou aqui para pedir permissão
para sair com Sarah qualquer dia.
Sarah pode fazer o que quiser.
Então gostaria de sair um dia
desta semana?
Não, Sarah está ocupada esta semana.
- Talvez semana que vem, então?
- Também estou ocupada.
- Parece que cometi um erro.
- Acho que sim.
Agradeça a sua mãe
pela hospitalidade. Adeus.
Aquele rapaz está apaixonado por você.
Isso é ridículo.
Só uma vez, escute sua mãe.
Eu a proíbo de vê-lo de novo.
Nunca pretendi vê-lo de novo.
Mas não me dê ordens!
Quem quer café?
...recebo você, Peter Ross...
- Como meu marido perante a lei.
...como meu marido perante a lei.
Pelos poderes a mim investidos
sob a Lei de Matrimônio no Estrangeiro...
eu agora os declaro marido e mulher.
Obrigado.
- Pode beijar a noiva.
- Obrigado.
Sim. Você está casado. Parabéns.
- Bem, como se sente?
- Ótimo.
OK, agora, faça um pedido.
Quem quer um pedaço de bolo?
Aqui, aqui. Maravilha! Para mim, não.
Obrigado por ter vindo.
Um casamento sem os pais.
Parece estranho.
Talvez seja melhor assim.
Ninguém perdendo uma filha
ou ganhando um filho.
Acha que Victoria não está perdendo nada?
Você deve se embriagar em um casamento.
Não é de seu feitio beber assim.
- Como sabe?
- Eu sei.
Não me importaria de sair daqui
e você está extremamente deslocada.
Gostaria de andar um pouco?
Sim.
Aquela ali é a tumba do Rei David...
é o que dizem.
- Gostaria de vê-la?
- É preciso?
- Não.
- Bom.
O que sua família achou
de você entrar para a Força Aérea Britânica?
Minha mãe morreu muito antes disso.
Meu irmão e minha irmã não tinham opinião.
Meu pai ficou desapontado.
Ele é um pacifista.
Estava fadado a desapontar meu pai.
Me alistar tornou isso fácil e rápido.
- Isso é muito bonito.
- Sim, é.
Quando disse que estava ocupada
para me ver...
foi por causa da sua mãe,
ou falava por você mesma?
Por mim mesma.
Então por que não disse
aquela noite depois do jantar...
que não estava interessada?
Eu disse.
Não, você deixou parecer
que era por causa da sua família.
E foi por isso que me fiz de bobo...
- indo pedir permissão.
- Disse para não ir.
Tudo o que precisava dizer era que você,
Sarah, não queria me ver de novo.
Então, por que veio ao casamento hoje?
Por Victoria.
Acha que vim por você?
- Você é muito convencido, não é?
- Não. Eu não sou.
Olhe, acha que não sinto?
Estava louco esperando que viesse hoje.
Mas estava esperando que não viesse...
porque sabia que se a visse novamente,
ia querer continuar a vê-la.
Mais e mais. E mais e mais.
Não é possível. E você sabe que não é.
OK, posso pensar em algumas razões.
Mas gostaria de ouvir as suas.
Por quanto tempo ficará em Jerusalém?
Não muito tempo, acho.
Por que deveria querer
me envolver com você?
E há sua família.
Por que eu iria querer me envolver
em algo tão complicado?
Bem, é isso.
Acho que devíamos sair do caminho
um do outro.
Eu acho.
Bem, vamos.
Levo-a para casa de táxi.
Não. Não é uma boa idéia.
Então acho que é adeus.
Adeus, Sarah.
Adeus.
- O que há, Sarah? O que a perturba?
- Nada.
Não pode me enganar.
A todos, sim, mas não a mim.
Alguma coisa a deprime.
Sabe que a amo.
O que é engraçado?
Você. Eu sei que me ama. Me diz todo dia.
E não tem sentimentos por mim?
Eu amo você. Como a um irmão.
Isso irá mudar quando nos casarmos.
E se eu conhecer outra pessoa?
Alguém a quem não ame como a um irmão?
- E se já tiver conhecido?
- Não pode.
Teria me contado. Com quem mais
pode falar sobre essas coisas?
Oh, Nessim, você é tão bobo.
A primeira noite foi boa. Adorável, de fato.
Tudo começou na manhã seguinte.
Primeiro algumas lágrimas e depois
uma torrente sem fim.
Levei horas para saber o que era.
- O que era?
- A família dela.
Ela não agüenta pensar
que não irá vê-los novamente.
Engraçado. Não pensei que a Victoria
se importasse com a família.
Sim, ela parecia indiferente sobre isso,
não é?
Ao diabo com ela.
Agora vamos, Peter,
Victoria é maluca por você!
Que seja.
Agora parece considerar nosso casamento...
como uma forma suave de danação eterna.
Cristo, gostaria de deixá-la livre.
Talvez uma anulação.
Mas o inferno disso tudo é
que não fará nenhum bem...
porque a família dela ainda assim
a consideraria uma pária.
- Que família.
- Bem, a minha é igual, David.
Eles suspeitam de judeus
como a dela suspeita de não-judeus.
Por isso torná-lo legal era tão importante.
Se eu morresse, eles teriam
de aceitar minha viúva.
Gostando ou não.
É irônico, não é?
- Que inferno.
- Sim, não é mesmo?
Bem, vamos.
Sem mau humor.
Está na hora de atividades construtivas.
Não preciso de uma luva para agarrar
uma bola, David.
Precisará para esta.
Deus! O que há dentro dela?
- Agarre.
- Não, vamos, gire o braço, assim!
Certo. Prepare-se.
- Que diabos é isso, David?
- Isso é girar o braço.
Pura poesia é o que é.
Não se preocupe, Sarah.
Ele ainda vai matá-lo. Espere e verá.
- Aonde está indo?
- Para casa.
Espere, espere!
Levante! Levante e lute! Vamos!
Não olhe para mim desse jeito.
Faz eu me sentir tonta.
Sinto que poderia olhá-la para sempre.
- Não me diga que precisa ir para casa.
- Mas preciso.
Sarah, sempre que nos encontramos,
é só para dizer adeus.
Se eu chegar muito tarde, farão perguntas.
Tudo bem, mas desta vez, vou levar você.
É o mais longe que podemos ir juntos.
Quando posso vê-la de novo?
Preciso vê-la de novo.
Que tal o fim de semana?
Não posso sair de casa no Shabat.
- Que Shabat?
- Meu Shabat. Sábado.
Domingo, então. Perfeito.
Nunca marcam operações para domingo.
- Que operações?
- Ah, nada.
Levantamos com os aviões
para ver se ainda voam.
Acho que posso conseguir um carro.
- David...
- Não, domingo.
Em frente ao café. Estarei lá às 9:00.
Chegue quando puder.
Vou esperar você.
O que há, pombinha?
Nada. Eu te amo, é tudo.
Levante agora.
Está muito velha para sentar no meu colo.
Você voltou.
Onde esteve?
Em lugar nenhum.
Onde fica lugar nenhum?
Nessim estava te procurando.
Ele disse que você saiu da luta
antes de terminar.
Estava horrorosa!
Não pude agüentar. Quem ganhou?
Seu irmão. Quem mais?
Essas lutas vão ser a minha morte.
Viu o olho dele? Está todo preto e inchado.
Onde está todo mundo?
Foram celebrar.
- E você?
- Estou celebrando aqui com a vovó.
Coma alguma coisa.
Aposto que está com fome.
Não. Não estou.
Vou para a cama. Boa noite.
Sua filha precisa de um marido.
O que está dizendo, coração?
Ela só tem 18 anos.
Já tinha um filho teu na barriga
na idade dela.
Se não tomarmos cuidado...
chegará um dia em casa grávida.
É você, passarinho?
Não consegui dormir, vovó.
Está muito calor.
Você senta aqui horas sem fim.
Em que pensa?
Nada. As coisas só rodam na minha cabeça.
É tudo.
- O que há, querida?
- Nada.
Não. Não é nada. Sabe que não é.
Dá para ver?
Quem é ele? O americano?
Tinha medo disso.
O que devo fazer?
O que há para fazer?
Ele vai embora logo.
Seria errado vê-lo novamente?
Não me pergunte o que é certo
e o que é errado.
Nunca soube.
E não espere que alguém entenda.
Mas você entende.
Não é, vovó?
Entendo tudo bem demais.
Meu coração dói por você, querida.
Por que a vida é tão difícil?
Por que me sinto feliz, mesmo assim?
Isso é lindo. E frio.
- Sim, é muito frio.
- Sim, é. É muito, muito frio.
Aonde está me levando?
- Você verá.
- Aonde?
Vê, está frio. Desculpe. Eu lhe disse.
Está frio.
Oh, está molhada.
É muito estranho estar tão longe de casa?
Não. Me sentia um estranho lá, também.
Como se vivesse em um país
com só um cidadão.
A partir de agora, com dois cidadãos.
Bem, estou honrada.
- Este lugar tem nome?
- En-Gedi. É bíblico.
Tudo aqui é bíblico.
En-Gedi, isso é Saul e David.
- Nós, presbiterianos, conhecemos a bíblia.
- Especialmente o filho de um padre.
- Esqueci disso.
- Sim. Nós os chamamos de pastores.
Ou párocos, ou reverendos.
O reverendo. O reverendo Thomas Bradley.
- Conte-me sobre o seu pai.
- Meu pai?
Ele é um homem admirável.
Ele é muito íntegro.
Não acho que saiba o que é
o Movimento das Granjas.
Sabe? Não, claro que não.
Ele é um socialista.
- Você sabe o que é isso, certo?
- Verdade?
Todo judeu russo e polonês na Palestina
é um socialista.
- Sim, bem, não sua família.
- Por Deus, não.
Dividir tudo e ser pobre junto,
isso é loucura.
Por que estava fadado a desapontá-lo?
Bem, ele...
Porque meu pai acredita
que Deus é justo e misericordioso.
E que o mundo pode ser moldado
à Sua imagem.
E você não?
Acho que Deus tem muito a responder.
E não acho que se pode mudar o mundo.
Não muito, pelo menos.
Bem, este é o lugar.
Tem certeza que está tudo bem?
Bem, foi você que disse que não poderia
ir para casa desse jeito.
O banheiro é completamente privado.
Ninguém vai lhe perturbar. Nem mesmo eu.
Se precisar de alguma coisa, é só gritar.
Não fique zangado. Por favor.
- Mas preciso.
- Eu sei. Eu sei.
Precisa voltar para casa.
- Está zangado.
- Não, não estou zangado.
- Amanhã?
- Sim.
Quando?
Depois do trabalho.
Aqui?
Sim.
- Não!
- Espere. Ei.
Não!
Não!
O que é isso? O que está fazendo?
Pare! Pare!
Vândalos! Criminosos!
Oh, meu Deus! Tenente.
É verdade, criança? Conte ao papai.
Fale!
O que estava fazendo no quarto dele?
Há quanto tempo isso vem acontecendo?
Oh, Deus! Por que fez isso comigo?
O que ele fez com você?
Me responda, cadela!
Me segure, ou, por Deus, vou matá-la!
Onde está o porco?
Vou arrancar os olhos dele!
- Onde está o assassino?
- Sarah, eu lhe imploro.
Diga a eles que não é verdade!
O filho de um padre também.
Maldito seja ele.
Vou dar um jeito nele! Espere só!
Não é verdade! Não acredito! É impossível!
Isso é um engano!
Diga a eles que é um engano.
Um americano em um uniforme britânico.
O que se pode esperar?
Até onde você foi?
Olhe para mim!
Você ainda é pura?
Dormiu com ele?
Por favor, Mama, eu o amo!
Ouviu isso?
Ela está perdida. Está desonrada!
Minha própria filha, uma prostituta!
Ela não tem vergonha!
Pare, mulher!
Vou te matar! Vou rasgar seu coração
com as minhas mãos!
Chega, mulher!
Chama isso de amor?
Perdeu o senso de decência!
Vou arrancar esse "amor"...
do seu corpo...
com um ferro em brasa!
Vou te ensinar a se comportar...
como uma prostituta!
Você não é mais minha filha! Está morta!
Nunca vou te perdoar!
Você arruinou minha vida!
Vocês todos ficaram malucos?
Por que a estão torturando?
E daí se ela ama um americano?
Por que não aproveita e atira pedras nela?
Cale a boca, idiota! Você não compreende.
Eu compreendo que você é um delator.
Agora chega!
Vão para os quartos, todos vocês!
Você, mulher, leve sua mãe para a cama!
Não fiz nada errado, papai.
- Não acredita em mim?
- Sim, acredito.
- Eu o amo.
- Você já disse isso.
É a verdade. Não posso evitar.
O amor verdadeiro é o casamento.
Poderia ser esposa dele?
Ele se casaria com você?
Não sei.
Um homem é feito só para uma mulher...
e para ser o pai de seus filhos.
Você nem o conhece direito.
Eu o conheço com o coração.
Tenho certeza que é um bom homem.
Ele é bonito, também.
Um amante sempre é mais bonito
do que um marido.
Pobre Nessim.
Como posso me casar com Nessim?
Ele é como um irmão para mim.
"Oh, se pelo menos você fosse
meu verdadeiro irmão...
então eu o beijaria...
e nenhum homem me desprezaria."
O Livro de Salomão.
Está vendo, minha pombinha...
amor verdadeiro significa voltar para casa...
para encontrá-lo esperando por você.
Ele pega sua mão, fala com você...
lhe dá forças.
Mulheres jovens são forçadas a crer...
que o amor é uma fonte de águas claras...
e o casamento um cano de esgoto.
Papai, estou tão cansada.
Não consigo pensar em mais nada.
Tudo o que quero é dormir.
O que eles farão com ela?
Esses caras fizeram um trabalho
de profissional em você.
Quase não se vê a marca.
- Não acha que deveria ir a um médico?
- Não!
Victoria, já perguntei três vezes.
O que vão fazer com ela?
Já lhe disse. Vão gritar um bocado.
- Talvez bater nela um pouco.
- Bater nela?
David, você não entende essas coisas.
Eles vão ficar muito zangados.
Talvez lhe dêem alguns tapas.
Mas não vão machucá-la.
Eles a amam muito.
Notei isso pelo modo
como a arrastaram para fora da sala.
O que os irmãos pensam está errado.
- Se eu pudesse explicar a eles...
- David, não seja tão burro.
Só vai piorar as coisas.
David, não pense em fazer nada
por uma semana.
- Talvez duas.
- Ele não tem uma semana.
Por que não tem uma semana?
Porque estamos saindo de Jerusalém
depois de amanhã.
- Para onde?
- Egito.
- Por favor, Peter, deixe-me ir com vocês.
- Querida, é impossível.
Irei para a Inglaterra, ficar com sua família.
- Tem uma guerra na Inglaterra também.
- Não me importo.
Não posso ficar aqui sozinha sem família.
Eu disse à sua maldita família que voltaria.
Cristo, estou disposto
a me tornar judeu amanhã.
Peter...
deixe-me ir para o Egito.
Ou me mande para a Inglaterra.
Ou dê-me o divórcio!
Acho melhor a Inglaterra,
se conseguir o transporte.
David, imagina o tipo de recepção
que ela terá da minha família?
Que diabos planejavam fazer
depois da guerra?
Planejava ficar lá com ela.
Ouça, por que não fica aqui esta noite...
no caso dos irmãos decidirem
fazer outra visita.
Claro.
Obrigado.
- Onde estão minhas roupas?
- Você não precisa de roupas.
Você não vai a lugar nenhum.
Quem foi que disse?
Eu estou dizendo. Seus irmãos também.
Não posso acreditar!
Talvez queira sair sem roupa.
Não que isso me surpreendesse.
Quem pode ser?
Vá ver, Clara.
Olá, Clara.
- Quem é?
- É ele, mamãe.
O americano! Ele está na porta.
Apenas abra a porta!
Eu quero falar com o Sr. Perrera.
Ele não está em casa.
Vá embora! Vá embora!
Não sente vergonha?
Arruína minha filha e vem bater
na nossa porta. Vá embora!
Sra. Perrera, não é o que pensa.
Por favor, deixe-me falar com Sarah.
- Vá embora antes que eu chame a polícia.
- Espere, espere.
Poderia dar isso a ela? Por favor?
Não, não pode ver Sarah.
Meus filhos estão por perto.
Vá embora ou eles o matarão!
Vá logo! Vá chamar seus irmãos.
- Ela está lá em cima?
- Por favor, vá embora.
Chame-os e meu marido.
Ele é maluco!
Sarah, me escuta.
Tenho de partir pela manhã.
Mas voltarei. Eu prometo...
e então vamos ajeitar essa confusão toda.
David!
Dê-me a chave!
Volte logo para o seu quarto!
David!
Ele já foi.
Quem é?
Mamãe, abra a porta.
O que está acontecendo?
Nada.
O que faz aqui?
Nada.
Vá para a cozinha.
A comida está na mesa.
- Rápido, minhas roupas.
- Não pude pegá-las.
Consegui umas roupas da minha namorada.
Ela tem o seu tamanho.
Amo você, meu irmão!
Ah, tenente!
Espero ter feito a coisa certa.
Tenente...
tomei a liberdade de deixar a jovem
entrar no seu quarto.
Não podia deixá-la no salão.
Estava sem sapatos.
Quase que eu não volto aqui.
- Eu quase saí para me embebedar.
- Mas não o fez.
Eles levaram minhas roupas.
- Você andou assim?
- Tinha de vê-lo pela última vez.
- Devo estar parecendo...
- Adorável.
Ora, por que não pode ficar feia?
Estive andando pelas ruas...
tentando me convencer que não te amo.
E quando volto aqui
você está descalça e adorável.
Hoje foi o pior dia que passei.
Pensei que não ia vê-la nunca mais.
Sarah, eu te amo.
Queria dizer ontem à noite,
quando ainda estava aqui.
Eles estão mesmo lhe mandando
de volta para a guerra?
Egito.
Mas não é tão longe.
Volto sempre que puder.
Escrevo todos os dias.
- Vou sonhar com você...
- Não, não vai.
O quê? Qual o problema?
- Prometa-me.
- O quê? Qualquer coisa!
Prometa que não voltará aqui.
- Do que está falando?
- Disse "qualquer coisa".
Sarah, eu disse que te amo.
- Não posso ficar...
- Quer me deixar louco?
Por favor, prometa!
Se é o que quer, eu prometo.
Não se sinta tão miserável.
Estou aqui e posso ficar toda a noite.
Se soubesse o quanto te amo.
Sarah...
Não, não diga isso.
- Mas, como você sabe?
- Eu sei.
Somente um cartão postal.
Quando a guerra acabar.
Assim saberá que estou vivo.
Tenho certeza de que estará.
Não preciso de um cartão postal.
Mas, depois que a guerra acabar.
Até lá, não se lembrará de mim.
Você é maluca, sabia?
Você é completamente maluca!
- Mas me ama mesmo assim.
- Sim.
Então me diga.
Eu te amo.
E eu te amo.
- Agora vá dormir.
- Não.
- Sim.
- Não.
- Acho que está com sono.
- Tenho medo.
- Tenho medo que você fuja.
- Não sem dizer adeus.
Eu prometo.
Agora vá dormir.
Sarah?
Bom dia, titio.
O que faz aqui tão cedo?
Aconteceu alguma coisa, Deus nos livre.
O que foi, Saltiel?
Nada! É Sarah.
Que Sarah?
Deus do céu!
Por favor, titia, titio,
desculpe tê-los acordado.
- Gostaria de ver Nessim.
- Assim tão cedo?
O que aconteceu com seus sapatos?
Raphael está tão pobre...
que não pode lhe comprar
um par de sapatos?
E que disfarce é esse? Acha que é Purim?
Não vê que a pobre menina está perturbada?
Sarah?
- O que aconteceu?
- Preciso falar com você.
Já não lhe causou problemas demais?
Quieta, mulher!
Faça um pouco de café.
Vamos deixá-los sozinhos.
Vá, vá.
Precisei ver para crer.
Em que o mundo está se transformando?
O que foi, Sarah? Foi sua mãe? Ela...
Não.
Sente-se.
Quero que me responda sem pensar.
Se casaria comigo?
Casar com você?
- Quer que eu case com você?
- Sim.
- Eu morreria por você, Sarah, você sabe.
- Não estou pedindo que morra.
Sim.
Sim, eu me casaria com você.
- Mesmo depois do que aconteceu?
- Nada aconteceu, Sarah.
Algo aconteceu e você sabe.
Tudo o que sei é que a amo.
E se eu não o amasse?
Não me ama?
Nem um pouquinho?
Se não me amar? Não é o fim do mundo.
O que é o amor, afinal?
Serei um bom marido, Sarah.
Tenho certeza de que será uma boa esposa.
Tenho amor bastante para nós dois.
Talvez você possa, um dia.
Quem sabe?
Sarah?
Sarah?
Sarah?
- Está bem, senhor?
- Sim. Baxter morreu.
- Ejetado?
- Queimado.
Peter, o que acha?
Acho que está doido.
Você vai passar dois dias viajando...
para passar um dia em Jerusalém.
Por que não passamos três dias na praia
em Alexandria?
Porque você tem uma esposa em Jerusalém.
Na verdade, acho que não tenho.
Não por muito tempo, pelo menos.
Vicky e eu vamos nos separar, David.
O pai dela arranjou
um tipo de anulação falsa...
ela vai voltar para a família
e eu vou ser solteiro novamente.
Vai ficar sentando e esperar acontecer?
Estou surpreso
em ouvir isso de você, David.
Você disse que casamento
era algo maluco e egoísta.
Está aceitando isso
horrivelmente bem, Peter.
Acredite-me, nada entre Victoria e eu...
tem ido bem, David.
Acho que sente mais
do que deixa transparecer.
Eu realmente quero ver Sarah.
E se vamos para Burma
como estão dizendo...
pode ser a última chance
que terei em um longo tempo.
Está absolutamente certo
de que Sarah quer vê-lo?
Por que está dizendo isso?
Pode ser a última chance
que teremos para nos divertir, David.
Se não está certo
então por que perder tempo?
Peter, vou voltar para Jerusalém.
E se ordenasse que não fosse, porque...
três dias não são o bastante para ir e voltar?
Eu provavelmente
o mandaria para o inferno.
O que há com você, Peter?
Sarah vai se casar, David.
Victoria me escreveu.
Ela não deu muitos detalhes.
Nem mesmo o nome do homem.
Pode ler a carta se quiser.
Não é lindo?
Magnífico.
Estou tão feliz por você.
- Onde está o véu?
- Está pronto.
Vamos dar uma olhada.
Você está adorável, menina.
Que dia é hoje?
Apenas terça-feira.
Por que não é quinta?
Está com pressa?
Tem alguma dúvida?
Por que deveria ter alguma dúvida?
Não sou eu que devo falar.
Já tomei minha decisão.
Se acha que está cometendo um erro...
é melhor admitir agora
do que arruinar o resto de sua vida.
Não estou cometendo um erro.
Estou apenas me afogando.
Espere, por favor.
Espere um minuto, por favor.
- Deixe como está. Não pode, David?
- Não, não posso.
Acha que fará alguma diferença
se for vê-la ou não?
Não sei mais o que pensar.
Só sei que não se casará com Nessim...
por vontade própria!
Está errado, David.
A família faria tudo para impedir
o casamento com um não-judeu.
Mas nunca a forçariam
a casar com quem não quisesse!
Não! Você está errada. Não é possível.
Ela não pode casar com Nessim!
- Ela não ama o Nessim!
- E daí?
O amor é tão maravilhoso?
Faz feliz a você, a mim ou ao Peter?
Ela vai se casar com o Nessim.
Não pode mudar isso.
Não estou aqui para mudar isso.
Mas quero falar com ela.
Quero que explique.
Por Deus, ela me deve isso!
Isso não é problema seu, Victoria. É meu.
David, espere.
Ele só quer falar com você.
- Não, não posso.
- Por quê?
Ele prometeu que iria embora
e jamais voltaria!
Não compreendo.
- Isso não importa.
- Ele a ama.
Não, não quero ouvir.
Ele está em um café nessa rua.
Podemos fingir um passeio.
Não.
- Sarah, ele só quer entender.
- Não importa o que ele quer! Eu o odeio!
Pode dizer isso a ele!
Não, não diga.
Diga a ele que não há nada para entender.
Diga para me esquecer
como ele esqueceu a promessa.
Se ela mudar de idéia,
saberá onde encontrá-lo.
Meu Deus, o que estou fazendo aqui?
Devia ter ficado em Alexandria.
Devia ter ido à praia. E me afogado.
Sabe, estive pensando.
Talvez Sarah não seja tão especial.
Talvez seja apenas diferente. O que acha?
Se isso o ajuda a esquecer,
então pense assim.
Você não disse nada sobre o Peter.
- Você não perguntou.
- Como ele está?
- Está como você, eu acho.
- Que bom. Não gosto de sofrer sozinha.
Bem, D. H. Lawrence disse que
todo amor tem que ter sofrimento.
Não falemos de nada triste, David.
Claro que não. Vamos beber mais.
- Ela sabe que vou partir às 6:00?
- Sabe.
Ela não virá.
Mesmo quando criança...
você sempre sabia a coisa certa a fazer.
Eu tinha orgulho de você.
Agora não estou tão certo.
Vi o americano com Victoria.
Se encontrou com ele?
Não, juro que não.
Ele é a razão da pressa
em se casar com o Nessim?
Não estou com pressa.
Sim, está.
Ninguém a está forçando.
Por que não me conta tudo?
Eu não diria nada
sobre o que quer que tenha acontecido.
Só que não devo ver o David nunca mais.
Sim, eu teria insistido nisso.
Mas não a teria forçado
a se casar com o Nessim.
Nessim me ama.
Ele é um homem muito bom.
Papai, me ajude.
Me sinto como se estivesse me afogando.
Sofrimento não adianta.
Não adianta nada.
Tem que entender uma coisa.
Se escolher o americano...
não posso ajudá-la.
Estará sozinha...
fora das leis...
fora da família.
Não será mais minha filha.
Não, isso precisa ser dito...
e precisa ser entendido!
Diga-me que entende.
Sim, eu entendo.
- Onde está ele?
- Ele foi embora.
- Para onde?
- Aeroporto Atarot.
Disse que tinha de viajar
de volta para Alexandria.
- Mas disse que ele estaria aqui de manhã.
- Deve ter saído mais cedo.
O avião dele só sai às 6:00.
David!
Olha, eu me dei conta
que não quero uma explicação.
Não tenho nenhuma explicação.
Bem, isso é bom.
Isso é bom.
Muito bom.
Gostaria de ficar e conversar,
mas tenho de pegar um avião.
Não pode se casar com mais ninguém.
Está ouvindo? Não pode!
Não, não posso.
Não diga isso a menos que seja sério!
Estarei aqui esperando por você.
Volto assim que puder
de qualquer lugar que me mandarem.
Burma, Austrália, Antártida!
Gostaria de dizer quando.
Não importa quando.
Se levar cem anos, estarei aqui.
Eu sei. Você tem de ir.
- Vou escrever todos os dias.
- Eu também. Para onde?
Não sei. Te direi na primeira carta.
E você? Onde vai morar?
Precisa de dinheiro?
Pare de se preocupar comigo. Estarei bem.
Tome conta de você.
Não se preocupe. Nada mau vai acontecer.
Sua avó prometeu.
- Eu preciso...
- Vá...
- Vem comigo até o campo?
- Sim.
Venha! Venha!