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Vou começar por muito antes de ter nascido.
Quando chegou a altura para
a minha pobre mãe nascer...
a minha avó Anna Bronski...
que ainda era jovem
e incauta...
estava sentada com as suas quatro saias
no bordo de um campo de batatas.
Isso aconteceu em 1899...
no coração da Kashubia.
Por favor!
Ele desapareceu.
Alguém vem por aqui?
Chamado Koljaiczek?
- Um incendiário
- Baixo com ombros largos.
Eu vi-o! A fugir como um morcego
do Inferno!
Em que direcção?
Não acredito.
- Não interessa. Foi-se embora.
- Deve estar em Bissau.
Se ele não está aqui,
tem de ser aquele ou outro.
Não há mais lugar nenhum.
além disso, está a chover.
Muito bem, Koljaiczek.
O meu nome é Joseph.
Joseph e Anna esconderam-se
junto com os barqueiros...
Durante quase um ano.
Foi quanto demorou
à polícia para dar...
com o meu avô.
não disparem!
- não disparem!
- Abrir fogo!
depois desse mergulho...
Koljaiczek nunca mais foi visto.
Há quem diga que se afogou...
outros que ele...
fugiu para a América...
para Chicago,
sob o nome de Joe Colchic...
onde se tornou milionário.
dizem que fez a fortuna em madeiras...
em fósforos...
e em seguros de incêndio.
Quanto à minha avó...
Ficou sentada ano após ano
nas suas quatro saias...
vendendo os seus produtos no mercado.
Gansos!
Nem muito gordos nem muito magros!
E envelheceu.
Veio a Primeira Guerra Mundial...
e em vez de gansos...
só tinha
nabos para vender.
Nabos!
A minha pobre mãe também envelheceu.
Andava preocupada
com o meu primo Jan.
Jan tinha sido chamado para o serviço militar.
- Nome!
- Bronski, Jan.
- Ano?.
- 1898.
Tosse.
Rejeitado!
Recusaram-me por
mais um ano!
Pela primeira vez, a minha mãe...
abraçou o meu primo Jan...
e duvido que...
se tenham abraçado tão
felizes alguma vez.
Irmã Agnes, tem demasiada paprika?
ou precisa de mais cravinho?
Que disse ela?
Diz que você é uma cozinheiro nato,
Sr. Matzerath.
Sabe como tornar sentimentos
em sopa.
A guerra tinha-se acabado.
Danzig foi declarado um Estado Livre.
Os polacos tinham...
o seu próprio posto de correio...
Para onde Jan Bronski foi trabalhar.
Alfred Matzerath também
permaneceu em Danzig.
Nós os Kashubians
sempre vivemos aqui.
Muito antes dos polacos...
e naturalmente
muito antes dos Alemães.
Coisas de antigamente, Jan.
Agora estamos em paz!
Alemães, Polacos, Kashubians--
todos vivemos juntos em paz.
Não sei.
Pois vais ver.
Os dois homens, tão diferentes
apesar de sentimentos semelhantes pela Mamã...
gostavam um do outro...
e nessa trindade,
trouxeram-me a mim, Oskar...
ao mundo.
O sol estava no signo de Virgem.
Neptuno moveu-se
para a casa da meia idade...
colocando Oskar
entre a fé e a desilusão.
empurra, empurra!
Empurra, Agnes, empurra!
Empurra com força!
Está a sair! Está a sair!
Vi pela primeira vez a luz deste mundo...
na forma de uma lâmpada de 60-watts.
Alfred, é um rapaz!
Eu sabia que ia ser um rapaz...
apesar de às vezes ter dito
que seria uma rapariga.
Vamos ver quanto pesa.
Quando for grande,
vai tomar conta da loja.
Agora sabemos
pelo que nos escravizamos.
Quando o pequeno Oskar
tiver três anos...
vai ter um tambor.
Só a expectativa
de um tambor me impediu de...
exprimir mais
fortemente o meu desejo...
de voltar ao útero.
Além do mais, o meu cordão umbilical
tinha sido cortado.
não havia mais
nada a fazer.
Assim sendo, mal podia esperar
pelo meu terceiro aniversário.
Que é isto?
Oh, é o pequeno Oskar!
queres mais um bocado de bolo?
Tens a boca suja.
Respeitem o corpo humano. Isso--
E com os pães a 3 pfennings--
O fundamental é uma moeda estável.
E muito que beber!
Brindemos ao marco estável
e o pão de 3 pfenning!
À juventude!
E à beleza!
Não seremos tão jovens
quando nos encontrarmos de novo!
Amor, oh o amor
é um poder divino!
12 de Setembro...
de 1927.
Para o ano, vais ser deste tamanho!
E depois, assim! E assim.
E depois tão grande quanto eu!
Abram passagem!
Directamente da cave!
- Joga, Sr. Scheffler?.
- Credo, não!
Joguem vocês. eu assisto.
Além disso, está na minha hora de deitar.
- Está sempre cansado.
- Não devias ter casado com um padeiro.
Já há muito tempo que a Avó
não pegava em ninguém nas suas saias.
Vamos jogar uma pequena partida!
Hei, primo, já não tens ouros!
Não discutas! joga!
Eu próprio tenho dois ouros .
Como vou eu saber?
Nesse dia...
pensando sobre
o mundo dos adultos...
e sobre o meu próprio futuro...
decidi parar...
parar de crescer ali mesmo...
e permanecer uma criança de três anos...
um gnomo, para sempre.
Um, dois, três.
Meu Deus! Aí está ele!
Que aconteceu?
Caiu abaixo das escadas!
Façam alguma coisa!
Porque estava o alçapão aberto?
Ele está a sangrar!
Alfred, é culpa tua.
Deixaste a porta aberta!
Fui só buscar cerveja
para toda a gente.
Corre e traz um médico!
- Está feio.
- Tu! Tu! É tudo culpa tua.
Deixaste o alçapão aberto!
Parem! Parem!
Acalmem-se!
O que está feito está feito!
Duas semanas de cama
e o Oskar fica que nem novo.
Foi só um pequeno traumatismo.
Muitas compressas frias.
A minha queda foi um sucesso completo.
A história que contou a família foi:
No seu terceiro aniversário...
o nosso pequeno Oskar
caiu abaixo das escadas da cave.
Não partiu um osso,
mas depois disso, não cresceu--
nem um só centímetro.
Outra vez esse tambor!
Tão alto!
Então aí está o nosso pequeno Oskar,
todo bem de novo.
Em casa não, disse eu!
Além disso, está partido.
Vais-te magoar.
- Fica? Há cogumelos.
- Desculpa. Hora de correios.
Deixa aqui o tambor.
Se te magoares,
vai ser de novo minha culpa.
Estás a ver? Eu bem te disse.
Dá-me esse tambor
e eu dou-te um rebuçado.
Deixa-os lá.
Eu dou-te um novo.
Não! Oskar não quer!
Isso vamos ver.
Alfred, Porque tens...
sempre de usar a força?
O meu tambor!
E assim descobri que a minha voz
era capaz de um grito...
tão agudo...
que ninguém se
atrevia a tirar-me o tambor...
Os cacos dão sorte!
porque quando me tiravam o
meu tambor, Eu gritava...
e quando eu gritava,
artigos valiosos transformavam-se em cacos.
Onde está a bruxa, preta como uma gruta?
Aqui está a bruxa, bruxa malvada!
Vai haver mudanças!
Escumalha! Rua!
Eu vou aí!
Oh chamada gloriosa do Sol!
Eu fico com esta.
se não se importam,
esta extraordinária batata:
esta protuberante, polpa luxuriante,
para sempre...
concebendo para sempre novas formas...
e no entanto tão pura.
Adoro uma batata...
porque fala comigo.
As batatas estão
maiores este ano que no ano passado.
Que fazes?
O Oskar aprendeu a escrever.
Pára com isso.
Nunca irás aprender a escrever...
e ler os grandes clássicos,
as verdades eternas:
" Morre para a vida "
Quietos.
Agora apanhei-vos a todos.
Um pouco mais para a direita, Alex.
Para ti, para o teu primeiro dia de escola.
Os olhos para aqui, por favor.
O meu nome é Spollenhauer,
e sou o vosso professor.
Sentem-se.
E agora, queridas crianças
algum de vocês conhece uma canção?
Tu deves ser o pequeno Oskar.
Ouvimos dizer tanto sobre ti!
Como tocas bem!
O nosso Oskar não toca bem o tambor?.
Mas agora vamos guardar o tambor.
Deve dormir.
Depois das aulas,
podes tê-lo de volta.
És um Oskar maroto.
Agora vou ler-vos o programa.
Segunda: Escrita,
Aritmética, Leitura...
Religião.
Todos juntos: Escrita!
Arit-mé-ti-ca!
Oskar, pára com isso!
Religião.
Vai-te embora!
Estranho!
Muito estranho!
Que idade tem ele, disse você?
Seis, Sr. Doutor.
Inge, por favor dispa o pequeno Oskar.
Há quanto tempo ele
caiu das escadas?
Três anos em 12 de Setembro.
É melhor examinar
a coluna de novo.
Porta-te bem.
Eu dou-te já de volta.
Oskar, dá-me o teu
tambor. Eu seguro.
Estás a ver, não consegues
tirar a camisa.
Oskar, se não te portares bem,
o Sr. doutor não te cura.
Vamos, pequeno.
Dá-me o teu tambor!
Incrível! Incrível!
Vou escrever um artigo...
sobre isto numa
das nossas publicações médicas...
se não se importar.
A força destrutiva
deste fenómeno local...
...é tal que sugere...
uma formação anómala
da laringe inferior...
do pequeno Oskar Matzerath.
Não é de excluir
a hipótese...
de um desenvolvimento consequente
das cordas vocais.
Ouviste isso?
Numa publicação médica!
O médico não diz
porque é que ele não cresce?
Vais ter de lhe perguntar isso a ele.
Porque não cresce.
Pára com isso!
Ele é meu tanto como teu.
Se não for mais.
Quem deixou o alçapão aberto,
tu ou eu?
Tio Hailandt,
venha cuspir na sopa.
Vejam o que encontrei no charco!
duas rãs!
Que fazes,
Tom Thumb?
Obriga o Oskar a provar a sopa!
Agora é a tua vez.
Vais adorar.
Um mimo!
Abre a boca!
Bom, hã?
Só mais um pouco!
Labesweg e os seus pátios
enclausurava-me.
Eu ansiava pelos grandes espaços
e aproveitava qualquer oportunidade...
de escapar às perseguições dos
cozinheiros de sopas...
indo à cidade...
sózinho ou com a mãe.
O tambor está partido.
Queres que o conserte?
Vou-lhe comprar um novo.
Viva, Uncle Jan.
Vem?
Tenho de os deixar.
Uma série de recados.
Adeus, Agnes.
Isto é para o teu tambor, Oskar.
Quen vejo eu?
Oh, Sr.ª Matzerath...
e o pequeno Oskar, para comprar um tambor novo?
Sim, Sr. Markus. Outra vez.
Ele está sempre nisso.
Nunca sei em que ano estamos
ou dia...
excepto quando me vêm visitar.
Algo me diz que
deve ser Quinta-Feira outra vez.
Tem umas mãos tão bonitas.
Oskar, vês aquela caixa?
Dá-ma aqui.
Isso tudo.
Está a ver, Sr.ª Matzerath.
Umas belas meias. Seda!
Pura seda. Excelente qualidade!
Um, dois, três pares.
Tome lá.
Vão-lhe servir perfeitamente.
Uma pechincha!
Muito caro para mim!
- Valem a pena.
- Talvez noutra ocasião.
Eu deixo levá-las
por metade de um gulden.
Tão barato?
Não, Markus, isso está a afastá-los.
Leve-as!
Não faça perguntas!
E agora, Oskar...
De que gostarias?
Oh! precisas de um novo tambor?
Basta escolheres um.
Sabes onde estão!
Estás a ver, Oskar?.
Ele está tão feliz!
Sr. Markus, será que podia
ficar com o pequeno Oskar...
por cerca de meia-hora?.
Eu tenho uns
assuntos importantes.
Claro, claro, Eu tomo conta dele
pelo canto o olho.
Trate dos seus assuntos importantes
e não se preocupe.
O pequeno príncipe
fica comigo...
enquanto trata dos
seus assuntos importantes...
como todas as Quinta-Feiras.
Estamos a bloquear a rua!
Danzig foi sempre
Alemã!
Se não fosse pelos alemães...
estas regiões do leste
tinham sucumbido...
à barbárie total...
Estão a gostar do passeio?
O Fuhrer está a falar por toda a parte!
Menos aqui!
E agora, senhoras e senhores,
o mais pequeno dos pequenos:
Bebra e os seus anões!
A minha deixa!
Agora são crianças de três anos
que escolheram deixar de crescer.
Eu chamo-me Bebra.
Descendente directo
do Príncipe Eugénio...
cujo pai foi Luís XIV...
e não um sabóio qualquer,
como tem sido dito.
Eu parei de crescer
no meu décimo aniversário.
Melhor tarde que nunca.
Diz-me, meu caro Oskar.
Que idade tens?
Quatorze? Quinze?
Treze e meio.
Não! E que idade
achas que eu tenho?
Trinta e cinco.
Bajulador!
Vou fazer 53 em Agosto.
Podia ser teu avô.
- És também, tu, um artista?
- Nem por isso.
Apesar...
de como vê, poder alegar alguma veia artística.
Tens de te juntar a nós. Tens mesmo!
Sabe, Sr. Bebra...
para dizer a verdade...
Eu prefiro ser
um membro da audiência...
e deixar a minha pequena arte
florescer em segredo.
Meu caro Oskar!
Confia num colega experiente.
A nossa espécie nunca
se deve sentar na audiência.
A nossa espécie tem de actuar
e fazer correr o espectáculo...
ou os outros correm connosco.
Os outros estão a chegar.
Vão ocupar os recintos.
Vão organizar desfiles com torchas,
construir palancos...
ocupar os palancos...
e desses palancos,
apregoar a nossa destruição.
Eles estão à tua procura, caro amigo.
Encontrar-nos-emos de novo.
Somos demasiados pequenos
para nos perdermos um ao outro.
Eles estão a chegar!
Estas malditas meias escorregam sempre!
Preciso de umas botas.
Sabes que são mesmo muito caras.
Ou pelo menos umas botinas.
Que tal estou?
- Vão à manifestação?
- Sim, no recinto da feira.
Grande espectáculo!
O Gauleiter Lobsack está a discursar.
E que orador!
Deixem-me que vos diga,
estes são dias históricos.
Um homem não se pode deixar ficar à parte.
Tem de se juntar.
Deviam ler
o Danzig Sentinel.
Foram tolos em escolher ficar pela Polónia.
Eu disse-te 20 vezes.
Eu sou polaco.
Pensem bem.
Pega no guarda-chuva.
Parece que vai chover.
Um guarda-chuva com o meu uniforme?
O estufado está no lume, mexe de vez em quando.
Fica pronto em 20 minutos.
Uma bucha antes de ires?
Não tenho tempo. O dever é o dever
e schnaps é schnaps.
Camaradas nacionais...
de Danzig e Langfuhr...
de Ohra, Schidlitz
e Praust...
Das colinas
e das planícies...
Sei que todos vocês...
acarinham um só desejo.
Foi sempre nosso desejo do coração...
desde que um vergonhoso diktat...
nos separou...
da nossa querida
Mãe-Pátria Alemã.
Esse desejo é: Lar do Reich!
Qual é o significado
deste Estado Livre...
que tão generosamente nos
foi imposto?
Quer dizer que a nossa costa...
está a abarrotar com Polacos.
E no meio da nossa
querida velha cidade...
nos espetaram com uma
Estação de Correios Polaca--
algo de que não precisamos.
Nós alemães tínhamos...
estações de correios...
antes dos Polacos...
até nos lembravamos
de escrever cartas.
Ensinamos-lhes o alfabeto.
E agora, caros
camaradas nacionais...
vamos receber o nosso convidado
do Reich.
O Camarada do Partido Albert Forster...
acaba de chegar ao recinto.
Que se passa?
Quero saber o que se passa!
Bloqueiem todas as saídas!
Podes apanhá-los com
uma corda?
Peixe verdadeiro ou apenas sapatos velhos?
E se dermos uma espreitadela?
Talvez haja algo aí!
O saco!
Chamas a isso gordo?
Devias tê-los visto...
depois da batalha da Jutlândia...
quando nós e os ingleses--
Estás a ver?
Depois da batalha...
Eram desta largura!
Nós queríamos um-cinquenta...
mas eu dei-lhe um gulden.
Não penses que vou
tocar nas tuas enguias!
Não te dês aos ares.
Nunca mais hei-de comer peixe.
enguias não de certeza.
Sempre as comeste,
e sabes de onde vieram.
Calado!
Pára com esse tambor!
- deixa a criança em paz!
- E senta-te!
Quem teve a culpa?
Quem deixou o alçapão aberto?
Assuntos antigos. Senta-te.
Olha se não estão uma delícia.
Vá lá. Come.
Enguias frescas com molho de funcho...
uma folha de louro
e uma raspa de limão.
Não a obrigues a comer
se ela não quiser.
- Não te intrometas.
- Deixa-a estar em paz.
Só vai vomitar.
Gastei bom dinheiro para estas
enguias. Prova-as apenas.
Foram bem limpas
e lavadas.
Nada de bílis. Fígado leve e saudável.
E tão frescas!
Oskar! Senta-te!
Fiquei no fogão durante horas.
Algumas pessoas ficariam muito felizes
de comer as minhas enguias.
Não sei o que fazer.
Alfred, tem calma!
Não consigo falar com ela.
E o peixe está a esfriar.
As mulheres são mais sensíveis.
Fala tu com ela. Se pelo menos
ela se acalmasse.
Não é melhor aquecê-las
pelo menos?
Não o faças com o Bronski...
que escolheu o posto de correios Polaco.
Não apostes nos polacos.
Se tens de apostar,
aposta nos alemães.
Mais cedo ou mais tarde,
eles tomam o poder.
E depois ficas encravado
com o Bronski...
aquele polaco maluco.
Vais ficar em sarilhos.
Porque não apostar no Matzerath?
Ou se me quisessem dar uma grande honra...
apostar em mim...
ou Sigismund Markus...
que acabou de ser baptizado.
Não, Markus. Por favor!
Podíamos ir para Londres...
como todos os outros.
Olha. Aí está ele!
Vamos levá-lo connosco para Londres.
Vai viver como um Príncipe.
Obrigado, Markus,
mas é impossível.
E não por causa do Bronski.
Folgo em sabê-lo.
Afastem-se do Bronski...
E fiquem com Matzerath!
Vamos! Toca!
Um-dois, um-dois!
Não podes...
ou não te apetece, pirralho?
Porque podes fazer
tudo o resto.
Pequei em pensamento,
em palavras e em actos.
sozinho ou com outros?
com outra pessoa.
Quando e como?
Sempre à Quinta-Feira,
na Tischlergasse.
Mas, minha filha!
porquê nesse bairro tão mau?
Não consigo evitar,Sr. Padre.
Eu tento, mas não consigo.
Mas minha cara Sr.ª Matzerath,
as consequências!
Já as senti, Sr. Padre.
Sr. Padre, que faço com
a criança?
Eu adoro o meu pequeno Oskar...
mas ele já tem 14 anos.
Sempre em sarilhos, e agora isto!
Reze, Sr.ª Matzerath, reze!
Oskar, pára com isso!
Que te disse eu?
Outra vez peixe.
Ela não come.
Engole sem mastigar!
E admira-se que
não fique dentro.
Oh, meud Deus, como pode ser?
Já dura há três semanas.
Primeiro foi arenque fumado e sardinhas.
Agora são pickles de arenque.
Já tentei de tudo.
Estou pelos cabelos.
Porque não me chamaste mais cedo?.
Agnes. Diz-me o que está errado!
Sabes que o peixe
não condiz contigo!
Vai por mim.
Um único comunista que seja a juntar-se ao partido
faz o Fuhrer mais feliz...
agora algum burguês importantão
que apenas--
Não quer viver.
Não quer morrer.
Não sei.
É demasiado,
e vai-se acumulando.
É o que sempre disse.
Mas eu consegui.
Pensas que foi fácil
quando o Koljaiczak--
o teu pai--
desapareceu debaixo da madeira...
e nunca mais voltou acima?
Mas pelo menos desapareceu.
Como podes dizer isso
quando o fazes com dois homens...
e nunca te satiasfazes?
Chega, Mãe!
Estás grávida!
E depois?
Há muito espaço aqui.
Quando chega?
Nunca! Nunca há-de chegar!
Mas, Agnes!
Não tinha maneira de saber!
Ajudem-na!
Porque não queres a criança?
Não interessa de quem é.
Nada de tocar trompete aqui!
Ide e tocai com
com as vossas Camisas Castanhas.
- Porco Nazi!
- Porco vermelho!
que fazes aqui?
Não tens nada que estar aqui!
Porque queres--
saber o que és?
UM judeu.
É o que tu és.
Vejam o que estão
a fazer ao Markus...
que foi baptizado
ainda no outro dia?
O teu tambor está partido?
Vem visitar-me.
Terás um tambor novo.
Lindo dia!
Ela está para o sítio
onde tudo é tão barato.
Sim, um lindo dia.
Um dia inesquecível.
Também, eu, vi o Senhor.
Viste o Senhor?
Um lindo dia!
O Senhor passou.
Estava com pressa.
Era uma vez um tamborileiro.
O seu nome era Oskar.
Ele perdeu a sua pobre mãe,
que tinha comido demasiado peixe.
Era uma vez
um povo crédulo...
que acreditava no Pai Natal.
Mas que se apercebeu que o
Pai Natal era na verdade o homem do gás!
Era uma vez um vendedor de brinquedos.
O seu nome era
Sigismund Markus...
e vendia tambores de brinquedo
lacados a vermelho e branco.
Era uma vez um tamborileiro.
O seu nome era Oskar.
Era uma vez um vendedor de brinquedos...
cujo nome era Markus...
e levou com ele todos
os brinquedos do mundo.
1 de Setembro de 1939.
Conhecem a data, presumo.
Foi quando eu cometi
o meu segundo crime.
Pois eu, Oskar o tamborileiro...
não só tamborilei a minha pobre
mãe até ao túmulo.
Mas também arrastei...
o meu pobre tio e presunçoso
pai, Jan Bronski...
até ao Posto de Correios Polaco...
assim causando a sua morte.
- Alto! Não pode passar.
- Porque não? Trabalho aqui.
Fora de limites. Ninguém pode entrar.
Só queremos ver Kobyella.
É um polaco! Apanhem-no!
Já se faz tempo.
Rápido! Estão a distribuir armas.
És sempre o último.
Capacete.
As munições estão ali.
Que fazes aqui?
Kobyella. Repara o tambor.
Impossível. Kobyella não
te pode dispensar nenhum tempo agora.
Bronski, és maluco?
Tira esse rapaz da frente.
vai-te esconder em qualquer lugar, Oskar.
Eu tenho de ficar.
Vá lá. Corre!
no primeiro de Setembro...
o território da Alemanha
foi violado.
A noite passada, pela primeira vez...
os Polacos abriram fogo
sobre soldados Alemães...
em solo Alemão.
desde as 5:45 desta manhã,
que os seus disparos têm sido devolvidos.
A partir de agora, as bombas
vão ser respondidas com bombas.
O tambor! Jan! O tambor!
Oskar! desce daí!
O tambor!
Oskar! protege-te.
Não podes ficar aqui, Oskar.
Protejam-se! Fogo!
Hei, Kobyella. Não desistas.
Eu amarro-te, assim
não tombas.
É a minha vez?
Numa só jogada, dois contras,
três schneiders, quatro vezes paus.
Isso perfaz 48 ou 12 pfennigs.
Hei, não sejas mau desportista.
Não posso jogar sózinho.
Recompõe-te.
que se passa?
Kobyella, impoloro-te.
Tenho uma mão vencedora.
Uma mão vencedora.
Agnes!
Está morta.
Nós rendemo-nos. Não disparem!
Mãos no ar! Mais rápido!
Filmaram-nos para um noticiário
que foi mostrado...
em todos os cinemas...
porque as peripécias de Oskar
no posto de correios Polaco...
ficou registado na história...
como a primeira batalha da
II Guerra Mundial.
O quê? Deram um tiro no
Jan Bronski?
Todos os funcionário polacos
foram abatidos.
Depois os alemães pegaram
nas caixas.
Todas menos uma.
Sempre se esquecem de uma.
A Hanseática e
Livre cidade de Danzig...
celebraram a união
das suas pedras Góticas...
com o Grandioso Reich Alemão.
É um grande momento da tua vida.
Fica de olhos abertos.
Vais ter histórias para contar.
Acho que vou desmaiar se ele
olhar para mim!
Aí vem ele.
Esta é a Maria.
Ela que trabalhar para ti.
Disseste que precisavas
de alguém...
para os clientes...
e aqui para o Oskar.
Avé Maria, cheia de graça.
O Senhor está contigo.
Abençoada sejas entre as mulheres,
e abençoado é o fruto do teu ventre.
Avé Maria, Mãe de Deus,
reza por nós pobres pecadores...
agora e na hora da nossa morte.
Senhor, dá-nos--
Fé.
E leva-me até ao Céu.
Foste à casa de banho?
Outra canção?
"Maria, Minha Adoração."
Maria, eu amo-te
com todo o meu coração
para todo o sempre
Nunca nos separaremos
Vai-te embora!
Não tendo em conta
as minhas anónimas paixonetas...
Maria foi o meu primeiro amor.
que idade tens?
Apenas dezasseis.
Eu também.
Não acredito.
Maria cheirava a baunilha.
Pergunto-me por quê.
Esfregou-se em algo?
seria algum perfume barato...
com que ela se aspergiu?
Oskar decidiu descobrir.
Que fazes?
Hei, pára com isso!
Seu safado!
Vais em frente, e não
sabes nada.
Boa noite.
- Vais demorar?
- Talvez.
Demasiadas vitórias para celebrar.
POdes dormir com a Maria.
Tenho montes de espaço na
minha cama para o Oskar.
Ele é um minorca.
Rápido! Para o feno!
Vem cá!
Olha. Ele está tão feliz.
Boa noite.
São um quarto para as...
Só mais um pouco. só um bocado.
Mas tem cuidado.
Não te preocupes.
Quase. Quase.
Só mais um pouco.
Mas tem cuidado!
Eu tenho!
Vai-te embora!
Hei!
Alfred, pára com isso!
É culpa do miúdo que
não tenhas cuidado?
Eu? Quem pedia sempre
mais um bocado?
Eu disse, ''Tem cuidado. Está a sair daí a bocado.''
Mas nunca chegou a sair.
Nunca é suficiente.
Sois todos iguais.
Dentro, fora, acabou.
É isso a vossa ideia de amor.
Bem, vai procurar
por outro.
Pensas que sou
uma campaínha eléctrica?
E nunca tomas
precauções!
Pára de choramingar. Estou farto.
Então volta para os teus
camaradas, seu palerma.
Preciso de mudar de ares,
disso tenho a certeza.
Mulheres!
São todos uns apressados.
Desaparece!
Arranja um Prisioneiro de Guerra
se estivers no cio.
Talvez o Sapo
que traz a cerveja.
Talvez ele te satisfaça.
Eu vejo o amor como algo mais
que badalhoquice.
Para a próxima fico a jogar às cartas.
Assim sei com o que posso contar.
Seu duende malvado!
Seu anão maluco!
Devias estar no manicómio!
Oh, Oskar,não tinha intenção.
Assim ficas com o teu próprio quarto.
Ele não tarda a fazer 17 anos.
Entra.
Vais enregelar.
Queres entrar por um bocado?
aproxima-te um pouco mais, Oskar.
Vem para debaixo dos cobertores,
onde está quente.
Está terrivelmente frio.
O Greff não nos
dá calor suficiente.
Vem.
Força.
O Greff quer endurecer o seu corpo.
Ele adora juventude, corpos rijos...
mas gosta mais de rapazes
do que raparigas.
Vitória pela força e pela
alegria.
Os meus pés estão gelados.
Um batedor nunca tem frio.
Estão-se a sair maravilhosamente no leste.
Leningrado vai cair a qualquer dia.
Kiev é mais importante
por causa do petróleo.
Mais rápido que em '15
quando estava no exército.
Moscovo é o mais importante.
Alfred, trincha tu.
que faríamos sem
a Avó?
Sim, Os Kashubians ainda servem para algo.
Oh, Se ao menos eu
pudesse estar por aí!
Mas sou preciso
na frente.
Moscovo deve ser aniquilada...
ou vamos ter de alimentar
toda aquela gente.
O Fuhrer sabe disso.
Mandaram o meu Herbert para
a frente...
para lutar.
Batalhão Disciplinar.
Que morram de fome.
Que morram de fome todos os nossos inimigos!
Isso acabará com a guerra.
Peito ou coxa?
Eu gostava de uma coxa.
É boa e suculenta.
As nações da Europa
estão todas do nosso lado.
Os stalwart Finns.
Nada de ganso sem sálvia!
- Os Magiares, os Romenos.
- Oh, Oskar, que festa esplêndida.
Estamos a avançar nos
oceanos também.
Pois estamos a navegar
Não queres ganso, Greff?
Sabes que não como carne.
Um jovem nação surge
pronta da tempestade
Hasteiem a bandeira mais alto
Isto já não é um ganso Kashubian.
É um ganso Alemão.
De qualquer forma é delicioso.
Agora tens um pequeno
irmãozinho, Oskar.
Dentro em breve vais poder
brincar com ele.
O filho do talhante foi abatido.
Recebeu a Cruz de Ferro, Primeira Classe.
Segunda Classe!
Quando digo Primeira, é Primeira!
De qualquer das maneiras está morto.
Kurt, meu filho--
És mesmo meu filho.
QUando tiveres três anos...
vou-te dar um tambor...
e se parares de crescer...
Eu mostro-te como se faz.
Um autógrafo, por favor.
O meu querido Oskar!
que felicidade ver-te de novo!
Eu não te disse?
Somos demasiados pequenos
para nos perdermos um ao outro.
Esplêndido! Esplêndido!
Não cresceste um centímetro.
Permitam que vos apresente ao Oskar...
um velho amigo,
que canta até despedaçar vidro.
Signorina Roswitha Raguna...
a grande sonâmbulista!
A alegria dos nossos soldados
em qualquer frente...
e da minha velha idade.
Estás surpreso de me ver
neste uniforme...
mas o Ministro da Propaganda
veio ter connosco...
pediu-nos para representar
frente aos maiores líderes do país.
Política imunda!
E agora entretemos
as tropas.
Um presente do Oskar.
És muito talentoso.
Porque não te juntas a nós?
Que te prende aqui?
Sim, junta-te a nós, meu jovem.
Toca o teu tambor, canta taças de champanhe
e lâmpadas até pedaços.
O exército Alemão de ocupação
na bela França, na alegre Paris...
vai-te agradecer.
Caros soldadinhos de chumbo de Paris...
O Teatro da Linha da Frente de Bebra
vai tocar para vocês...
cantar para vocês...
e ajudar-vos a vencer a guerra!
Em que estás a pensar?
Nas saias da minha avó.
E agora, Senhoras
e Senhores...
pela primeira vez em França...
um recém-chegado ao nosso programa...
o homem com a
arma secreta...
de que ouviram tanto falar:
Oskar o tamborileiro!
Oskar o destruidor de vidro!
Mazeltov.
Um cabo, cinco homens,
nada a declarar.
Obrigado. À vontade, Cabo.
Estás a ver? Nada a declarar.
Tem sido assim durante anos.
Há sempres as marés,
a contribuição da natureza.
É isso que mantém os nosso homens ocupados.
É por isso que continuamos
a construir urnas.
Tens fé no betão?
Não temos grande fé
em nada.
- Não é assim, Cabo?
- Certo, senhor.
Mas mesmo assim mexes e vertes.
A Bruxa má está aqui hoje
Não, não, não
Ela vai fazer uma bebida malvada
Ela vai-te pôr no seu estufado
e ela vai-te devorar
A Bruxa má está aqui hoje
Sim, sim, sim
Vejam
Aí está ela
***! Piquenique ao ar livre.
Verdadeiro salame
Húngaro. Maravilha!
Chocolate da Holanda!
E agora, em frente!
Força, meus amigos!
Por onde começamos?
Ah! Pelo caviar!
Resgatado de Estalinegrado!
E agora, Signorina Raguna...
pode-nos dizer...
assim como os senhores e senhoras
aqui presentes esta noite...
a data de nascimento exacta...
do Tenente Herzog?
11 de Abril...
de 1915...
Em Bremen.
Está certo. Assim como o lugar.
Aplausos...
para Signorina Raguna,
a grande sonâmbulista.
Vejo que estão a trazer-lhe
champanhe.
- Mas nunca o há-des beber.
- Camaradas.
- Lamento.
- Porque não?
Todos juntos!
Aqui está a Bruxa
preta como uma gruta
Não tenhas medo.
Nada se passará.
Meu pequeno jovem!
Crianças! Depressa!
Que interessa?.
Os Americanos vêm aí!
Oskar, tenho de beber café!
- Não posso passar sem café.
- Roswitha, estamos de saída.
Por favor, uma chávena de café!
Roswitha, não sei que
idade tens.
Sei que cheiravas
a canela...
e a noz moscada.
Podias ver no
coração dos homens...
mas não no teu próprio coração.
Ah, caro Oskar...
nós duendes e tolos
não devíamos dançar no betão...
que foi assentado para os gigantes.
Vamos lá.
Temos de ir embora.
- Bem, Oskar, adeus.
- Boa sorte.
e mantém o queixo para cima.
Hei, Kurt, o Oskar voltou para
o teu aniversário.
O teu irmãozinho tem quase três anos.
Trouxe-te um presente.
Podes usar uniforme?
Onde estiveste?
Procuramos por todo lado por ti.
A polícia procurou tudo a pente fino.
Tivemos medo
de te ter abandonado.
Bom, agora estás aqui.
Beethoven. Ora aí
está um génio!
Atenção! Atenção!
Fala a Primeira Divisão
de Anti-Aérea de Berlim.
As formações de bombardeiros avistadas...
estão agora na área de Hannover.
Desliga isso. Está tudo acabado
Vitória final!
Alfred, vê-te livre desse crachá do partido!
Os Russos não
tardam a chegar aqui!
Enterra-o debaixo das batatas.
Mãos ao ar!
Está bem, eu obedeço.
Depressa! ainda tenho sapatos
para pôr solas.
Oh, credo! A mão dele!
Agora já não lhe dói.
No nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo.
Avé, Maria, cheia de graça.
O senhor está Contigo.
Kurt!
Pára de atirar pedras.
Abençoadas sejas entre as mulheres,
e abençoado seja o fruto do teu ventre.
Devo ou não?
Tens 20 anos, Oskar!
Devias ou não?
És um orfão, Oskar!
Devia, tenho de...
Eu vou crescer!
Kurt, que fizeste agora?
Ele está a crescer!
Vê! Vê como está a crescer!
Eu vi o Senhor!
O Senhor! O Senhor!
Vê como cresce!
O Senhor!
Mesmo como um Kashubian!
As nossas cabeças foram
feitas para aguentar choque.
E agora estás a ir para onde as
coisas estão melhor.
Só a Avó vai permanecer aqui...
porque não se pode deslocar os
Kashubians dessa maneira.
Eles têm de ficar para
que os outros...
possam dar-lhes murros na cabeça...
porque não somos
Polacos que chegue...
nem Alemães que chegue...
e eles querem tudo
como dve ser!
Dói?
Espero que não seja água no cérebro.
quando tinha três anos,
ele caiu das escadas...
e parou de crescer.
Agora caiu numa sepultura
e quer crescer de novo.