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Olá. Chamo-me Forrest. Forrest Gump.
Quer um bombom?
Era capaz de comer
um milh?o e meio deles.
A minha m?e dizia que a vida
é como uma caixa de bombons...
nunca se sabe o que nos calha.
Esses sapatos
devem ser confortáveis.
Aposto que se podem usar o dia todo
sem se sentir nada.
- Tomara ter uns assim.
- Doem-me os pés.
A minha m?e dizia
que se aprende muito
acerca duma pessoa
pelos sapatos que calça.
Para onde v?o, onde estiveram...
Já tive muitos sapatos.
Aposto que, se pensar bem,
me consigo lembrar
do meu primeiro par.
A minha m?e dizia
que me levariam a todo o lado.
Que eram
os meus sapatos mágicos.
Pronto, Forrest.
Já podes abrir os olhos.
Dá uma voltinha.
Como est?o?
Tem as pernas fortes, Sra. Gump,
fortes como nunca vi.
As costas é que est?o tortas
que nem um político.
Mas vamos endireitá-las,
n?o vamos, Forrest?
A minha m?e pôs-me o nome
do grande herói da Guerra Civil,
General Nathan Bedford Forrest.
Disse que éramos
parentes afastados.
Acho que fundou um clube
chamado Ku Klux ***.
Vestiam-se com túnicas e lençóis,
e andavam feitos uns fantasmas,
ou assombraçġes, ou lá o que era...
Também punham lençóis nos cavalos
e montavam-nos assim.
Por isso me chamo Forrest Gump.
A minha m?e dizia que o nome Forrest
serviria para lembrar
que todos nós
fazemos coisas sem sentido.
Espera.
Já está. Est?o a olhar para quê?
Nunca viram um miúdo com talas?
Nunca deixes que digam
que s?o melhores que tu, Forrest.
Se Deus quisesse
que fossemos todos iguais,
tinha-nos posto talas a todos.
Explicava-me sempre as coisas
de modo a eu perceber.
Morávamos a uns 400 metros
da Estrada Nr. 17,
a cerca de 800 metros
da vila de Greenbow, no Alabama.
No condado de Greenbow.
A casa fora sempre da família,
desde que o trisavô dela
atravessara o oceano,
há uns mil anos.
Como vivíamos sós,
e tínhamos muitos quartos vagos,
a minha m?e decidiu alugá-los
a forasteiros de passagem,
vindos de sítios como Mobile,
Montgomery, e outros.
Era assim que arranjávamos dinheiro.
A minha m?e era muito esperta.
Lembra-te do que te disse, Forrest.
N?o és diferente dos outros.
Ouves o que te digo, Forrest?
És como toda a gente.
N?o és diferente.
O rapaz é... diferente, Sra. Gump.
Tem um Q.I. De 75.
Somos todos diferentes, Sr. Hancock.
Ela quis dar-me a melhor
educaç?o possível,
por isso pôs-me na Escola Central
do Condado de Greenbow.
Fui apresentado ao Reitor e tudo.
Quero que veja isto, Sra. Gump.
Normal é isto...
e o Forrest anda por aqui.
O Estado exige um Q.I. Mínimo de 80
para admiss?o a escolas públicas.
Terá de ir para uma escola especial.
- Vai dar-se bem lá.
- Que significa "normal"?
Poderá ser um pouco lento,
mas o meu Forrest terá as mesmas
oportunidades que os outros.
N?o vai para nenhuma escola especial
aprender a recauchutar pneus.
É só uma diferença
de cinco pontinhos.
De certeza que se pode
fazer um jeitinho.
O nosso sistema de ensino
é progressista.
N?o queremos que ninguém
fique para trás.
Existe um Senhor Gump...
Sra. Gump?
Está de férias.
A tua m?e preocupa-se mesmo
com a tua educaç?o, filho.
N?o és de muitas falas, pois n?o?
"E acabou por ter de tentar.
Parecia fácil, mas..."
"ai, o que sucedeu! Primeiro..."
- M?ezinha, o que s?o férias?
- Férias?
Como as do Papá.
É irmos para um lugar...
e nunca voltarmos.
Pode dizer-se que
eu e a m?e estávamos sozinhos.
Mas n?o nos importávamos.
A casa nunca estava vazia.
Havia sempre gente
que chegava e partia.
- O jantar está na mesa!
- Está com óptimo aspecto.
Às vezes havia tanta gente hospedada
que os quartos estavam todos cheios!
Com viajantes, sabe?
Gente que anda de malas atrás,
com roupa, chapéus e amostras.
Forrest Gump,
s?o horas do jantar! Forrest?
Uma vez, hospedou-se lá um rapaz
que trazia uma viola num estojo.
Forrest, disse-te
que n?o incomodasses este jovem.
N?o faz mal, minha senhora.
Estava só a mostrar-lhe
umas coisinhas na viola.
Muito bem. O jantar está pronto,
podem vir comer.
Sim, parece boa ideia.
Obrigado, minha senhora.
Mostra-me lá esse andar maluco.
Mas mais devagar.
Eu gostava da viola. Soava bem.
Pus-me a mexer ao som da música,
a abanar as ancas.
Uma noite, eu e a minha m?e
andávamos às compras,
passámos pela loja de mobílias
do Benson, e sabe o que vimos?
Isto n?o é para crianças.
Anos depois, aquele rapaz simpático
a quem chamavam "O Rei"...
Bem, deve ter cantado cançġes demais.
Teve um ataque de coraç?o,
ou coisa assim.
Deve ser duro ser-se rei.
Tem graça como recordamos
certas coisas, e outras n?o.
- Porta-te bem, Forrest.
- Com certeza, M?ezinha.
Lembro-me bem de ir de camionete
no primeiro dia de escola.
Vens?
A minha m?e diz que n?o devo
aceitar boleias de estranhos.
Isto é a camionete da escola.
- Sou o Forrest. Forrest Gump.
- Sou a Dorothy Harris.
Pronto, já n?o somos estranhos.
Está ocupado.
Ocupado.
N?o te podes sentar aqui.
Tem graça,
aquilo de que nos lembramos,
pois n?o me lembro de ter nascido.
Nem das prendas
do meu primeiro Natal,
nem do meu primeiro piquenique,
mas...
lembro-me muito bem
da primeira vez que ouvi
a voz mais doce do mundo.
Senta-te aqui, se quiseres.
Nunca vira nada t?o bonito na vida.
Parecia um anjo.
Vais sentar-te, n?o vais?
O que tens nas pernas?
Nada, nada mesmo.
As minhas pernas est?o porreirinhas.
Sentei-me ao lado dela,
e conversámos o caminho todo.
As minhas costas
parecem um ponto de interrogaç?o.
Sem ser a minha m?e,
nunca ninguém conversara comigo.
És estúpido, ou quê?
A minha m?e diz,
"Estúpido é quem estupidez faz."
- Sou a Jenny.
- Sou o Forrest. Forrest Gump.
A partir desse dia,
andámos sempre juntos.
A Jenny e eu
éramos como ervilhas com cenouras.
Ensinou-me
a subir às àrvores.
Anda, Forrest, tu consegues.
Eu ensinei-a a pendurar-se.
Ela ajudou-me a aprender a ler,
e eu mostrei-lhe como se baloiça.
Às vezes, sentávamo-nos
à espera das estrelas.
- A minha m?e vai ficar preocupada.
- Fica só mais um pouco.
Por qualquer raz?o,
ela nunca queria ir para casa.
Está bem, Jenny, eu fico.
Era a minha melhor amiga.
A minha única amiga.
A minha m?e dizia que os milagres
acontecem todos os dias.
Há gente que n?o acredita,
mas é verdade.
Ó palerma!
És atrasado, ou apenas estúpido?
- "N?o, sou o Forrest Manco."
- Foge, Forrest.
Corre, Forrest! Depressa!
- Peguem nas bicicletas!
- Vamos atrás dele! Andem!
Atenç?o, palerma! Vamos apanhar-te!
Corre, Forrest, Corre!
Volta cá, ó tu!
Corre, Forrest! Corre!
Talvez n?o acredite,
mas corro como o vento.
Desde esse dia, se ia a algum lado,
ia a correr!
O rapaz é mesmo tolinho por correr.
Lembra-se de ter dito que a Jenny
nunca queria ir para casa?
Vivia numa casa
t?o velha como o Alabama.
A m?e dela fôra para o Céu
quando ela tinha cinco anos,
e o pai
era uma espécie de lavrador.
Jenny?
Era muito carinhoso.
Estava sempre a beijá-las
e a afagá-las, a ela e às irm?s.
E um dia, a Jenny
n?o veio na carrinha da escola.
Porque n?o foste hoje à escola?
O meu pai está dormir a sesta.
Anda!
Jenny, onde te meteste?
Volta já para cá!
Onde estás?
Jenny! Jenny, onde estás?
Reza comigo, Forrest. Reza.
Meu Deus, transforma-me num pássaro
para voar para muito longe daqui.
Meu Deus, transforma-me num pássaro
para voar para muito longe daqui.
A minha m?e dizia sempre
que Deus é misterioso.
Naquele dia,
n?o transformou a Jenny num pássaro.
Em vez disso, mandou a Polícia dizer
que a Jenny
n?o ficava mais naquela casa.
Iria viver com a avó
em Creekmore Avenue,
o que me fez feliz,
por ela ficar t?o perto.
Certas noites, escapulia-se
e vinha ter comigo,
pois dizia que tinha medo.
De quê, n?o sei.
Julgo que era do c?o da avó.
Era um c?o bera.
E depois, a Jenny e eu ficámos
sempre amigos até ao liceu.
- Ó estúpido!
- Pára com isso!
Corre, Forrest, corre!
- N?o ouviste, estúpido?
- Corre, Forrest!
Para a camioneta!
Vamos! Está a escapar-se! Depressa!
Corre, Forrest! Corre!
Corre!
De costume, fosse para onde fosse,
ia sempre a correr.
Nunca pensei
que me levasse a qualquer lado.
Quem é aquele?
É o Forrest Gump.
O idiota da terra.
E sabe que mais?
Fui parar à universidade.
- Forrest, mexe-te! Corre!
- Certo!
- Corre!
- Corre, meu estúpido filho da m?e!
Corre, filho da m?e! Corre!
É o filho da m?e mais estúpido
que existe, mas lá rápido é ele.
Os meus tempos de universidade
foram muito confusos.
As tropas federais,
cumprindo uma ordem do tribunal,
integraram hoje
a Universidade de Alabama.
Dois negros foram admitidos,
após o Governador George Wallace
ter levado a cabo
a sua ameaça simbólica
de barrar a entrada da escola.
Earl, que se passa?
Os animais querem entrar.
Animais? Quando os ratos-lavadores
tentaram entrar lá em casa,
a minha m?e
enxotou-os com a vassoura.
N?o é isso, idiota. Os pretos.
Querem vir para a escola connosco.
Querem?
Pouco depois do Governador Wallace
ter cumprido a promessa que fez
de bloquear a entrada,
o Presidente Kennedy
deu ordem ao Ministro da Defesa
que fizesse avançar as tropas.
Aqui est?o as imagens do encontro
entre o General Graham,
Comandante da Guarda Nacional,
e o Governor Wallace.
Como estes Guardas
aqui est?o hoje
tanto como tropas do Alabama
como nossos vizinhos,
s?o nossos irm?os.
Estamos a ganhar esta batalha,
pois alertamos o povo americano
para o perigo,
já t?o falado e aqui t?o evidente,
deste país se tornar
numa ditadura militar.
E assim, ao final do dia,
a Universidade de Alabama,
em Tuscaloosa, tornou-se integrada,
e os estudantes
Jimmy Hood e Vivian Malone
já est?o matriculados
nos cursos de Ver?o.
Minha senhora, deixou cair o livro!
O Governador Wallace
cumpriu a sua promessa.
Ao ir a Tuscaloosa,
impediu que a multid?o se reunisse...
- Olha, aquele n?o era o Gump?
- N?o, n?o podia ser.
De certezinha que era.
Passado uns anos, aquele
homenzinho irado à porta da escola,
achou boa ideia
candidatar-se a Presidente.
Alguém n?o concordou com ele.
Mas n?o morreu.
- Este é o meu autocarro.
- É o número 9?
- N?o, é o 4.
- Gostei muito de falar consigo.
Lembro-me disso, quando alvejaram
o Wallace. Andava na universidade.
Estudou numa só para raparigas
ou numa para rapazes e raparigas?
Era mista.
A Jenny foi para uma, mas eu n?o
fui com ela. Era só para raparigas.
Mas ia visitá-la sempre que podia.
Magoaste-me.
Forrest, pára! Pára!
Que está a fazer?
- Ele magoou-te.
- N?o magoou nada! Vai para ali!
- Billy, desculpa.
- Afasta-te de mim.
N?o sejas t?o... N?o vás. Espera...
Ele n?o sabe o que faz.
Forrest, porque fizeste isso?
Trouxe-te uns bombons. Desculpa.
Vou voltar para a minha escola.
Olha como estás.
Vem comigo. Anda.
Este é o teu quarto?
Nunca pensas em quem vais ser?
Em quem vou ser?
N?o vou ser eu?
Tu serás sempre tu,
apenas um outro tu.
Entendes? Quero ser famosa.
Quero ser cantora, como a Joan Baez.
Quero estar num palco vazio,
só com a viola e a minha voz.
Apenas eu.
Quero alcançar as pessoas
individualmente,
poder dizer-lhes coisas,
duma pessoa para outra.
Já estiveste com alguma rapariga?
Sento-me sempre ao lado delas
nas aulas de trabalhos caseiros.
Lamento.
- N?o faz mal.
- Lamento.
N?o faz mal nenhum.
- Já passou.
- Estou tonto.
Aposto que isto nunca te aconteceu
nas aulas de trabalhos caseiros.
N?o.
Acho que sujei o roup?o
da tua colega.
Quero lá saber, n?o gosto dela.
VAI FORREST
PÀRA FORREST
O tempo passou muito depressa,
pois joguei muito futebol.
Até me puseram numa equipa
chamada Selecç?o Nacional,
e apresentaram-me
ao Presidente dos EUA.
O Presidente Kennedy recebeu hoje
a Selecç?o Nacional Universitária,
no Sal?o Oval.
O melhor de se ser apresentado
ao Presidente dos EUA
é a comida.
Levam-nos para uma salinha
onde há muitos comes e bebes.
À uma,
como n?o tinha fome mas sim sede,
e às duas, como eram de borla,
bebi aí umas 15 gasosas.
Parabéns. Como se sente
por jogar na Selecç?o Nacional?
É uma honra.
Parabéns. Como se sente
por jogar na Selecç?o Nacional?
Muito bem.
Parabéns. Como se sente
por jogar na Selecç?o Nacional?
Muito bem.
- Parabéns. Como se sente você?
- Tenho de fazer chichi.
Parece que tem de fazer chichi...
Tempos mais tarde,
e sem raz?o aparente,
alvejaram o simpático e jovem
Presidente, quando ia de carro.
E uns anos após isso, também
alvejaram o seu irm?o mais novo,
mas isso foi na cozinha dum hotel.
Deve ser duro ter irm?os.
Eu nunca soube.
E dá para crer?
Após somente cinco anos a jogar
futebol, deram-me uma licenciatura.
Parabéns, filho.
A minha m?e ficou t?o orgulhosa...
Forrest, estou t?o orgulhosa.
Eu seguro-te isso.
Parabéns, filho.
Já pensaste no teu futuro?
Se pensei?
Olá. Sou o Forrest. Forrest Gump.
Ninguém quer saber a bosta
do teu nome, bola de pus!
N?o és sequer um reles verme
sorvedor de trampa!
Mete-me esse cu larilas na camioneta!
Estás na tropa!
- Está ocupado.
- Ocupado.
De início, parecia
que me tinha enganado.
Era apenas a apresentaç?o,
e já me estavam a gritar.
Senta-te aqui, se quiseres.
N?o sabia quem iria encontrar,
ou que perguntas fariam.
Já andaste
num barco camaroeiro a sério?
N?o. Mas já andei
num barco bem grande.
Falo dum barco pescador de camar?o.
Toda a minha vida trabalhei
nos barcos do camar?o.
Comecei no do meu tio, o irm?o da
minha m?e, tinha aí uns nove anos.
Estava a pensar em comprar um,
quando fui recrutado.
O meu nome é Benjamin Buford Blue.
Chamam-me Bubba,
como um daqueles campónios racistas.
Dá para crer?
O meu nome é Forrest Gump.
Chamam-me Forrest Gump.
Ele era de Bayou La Batre, Alabama,
e a m?e dele cozinhava camar?o.
E a m?e dela cozinhara camar?o,
e a m?e da m?e dela
também cozinhara camar?o.
A família do Bubba
sabia tudo o que havia a saber
sobre a indústria do camar?o.
Sei tudo o que há para saber
sobre a indústria do camar?o.
Vou entrar na indústria do camar?o,
quando sair da tropa.
Gump! Qual é o teu único propósito
neste exército?
Fazer tudo o que me mandar,
meu Sargento de Instruç?o!
Raios, Gump, és o raio dum génio.
É a melhor resposta que já ouvi!
Deves ter o raio dum Q.I. De 160.
Tens o raio dum dom, recruta Gump.
Atenç?o, pessoal!
Por qualquer raz?o, o exército
assentava-me que nem uma luva.
N?o é nada difícil.
Basta fazer bem a cama,
andar com as costas direitas,
e responder a tudo com
"Sim, meu Sargento de Instruç?o."
- Perceberam?
- Sim, meu Sargento de Instruç?o!
O que se faz
é arrastar as redes pelo fundo.
Num dia bom, apanham-se
mais de 50 quilos de camar?o.
Se tudo correr bem,
dois homens a trabalhar dez horas,
tirando os gastos de combustível...
- Feito, meu Sargento de Instruç?o!
- Gump!
Porque montaste a arma t?o depressa?
Foi o que disse
o meu Sargento de Instruç?o.
Jesus Cristo!
É o novo recorde da Companhia!
Se n?o fosse desperdiçar
um alistado t?o bom,
recomendava-te para a
Escola de Cadetes, Soldado Gump.
Um dia ainda chegas a general!
Agora, desmonta a arma e recomeça!
Como ia dizendo,
o camar?o é a fruta do mar.
Pode fazer-se no churrasco,
cozido, estufado, no forno, salteado.
Em espetada, à Crioula,
de caldeirada, na frigideira,
na fritadeira, na sert?.
Há camar?o com ananás,
com lim?o, com coco,
com pimenta.
Creme de camar?o, camar?o guisado,
salada de camar?o, na batata quente,
hambúrguer de camar?o, em sandes.
É tudo.
Na tropa,
a noite é muito solitária.
Ficávamos nos beliches,
e sentia saudades da minha m?e
e... da Jenny.
Gump, topa-me só essas mamas.
Ora aconteceu que a Jenny
se tinha metido em sarilhos
por causa dumas fotos dela
com a camisola da Universidade.
Foi corrida da universidade.
Mas n?o fez mal,
pois o proprietário dum teatro
em Memphis, no Tennessee,
viu as fotos, e contratou-a
para cantar num espectáculo.
Assim que pude,
apanhei o autocarro para Memphis
e fui ver o tal espectáculo.
Tivemos a Amber, Amber Flame.
Aplausos para ela.
E agora, para deleite
dos nossos olhos e ouvidos,
vinda de Hollywood, na Califórnia,
a nossa beleza "beatnik".
Uma salva de palmas para
a voluptuosa Bobbie Dylon.
O seu sonho materializara-se.
Era uma cantora folk.
- Anda querida, toca uma mexida!
- Metam-lhe uma gaita nos beiços!
- N?o estás a cantar para meninos!
- Toma, uma coisinha para ti.
Chiça!
Estúpido imbecil!
Estou a cantar uma canç?o.
Paulie, chega aqui!
Tu, está calado!
Forrest! Que fazes aqui?
Que estás a fazer?
Que estás a fazer, Forrest?
Pġe-me no ch?o!
N?o podes andar sempre nisto,
Forrest. Sempre a tentar salvar-me.
- Eles tentavam agarrar-te.
- Muita gente tenta agarrar-me.
N?o podes andar sempre nisto.
N?o consigo evitá-lo. Amo-te.
N?o sabes o que é o amor.
Lembras-te de quando rezámos,
Forrest?
Para que Deus me transformasse
num pássaro que voasse para longe?
Lembro-me, sim.
Achas que conseguia
voar desta ponte?
Que queres dizer, Jenny?
Nada.
Tenho que sair daqui.
- Espera, Jenny.
- Forrest, afasta-te de mim, sim?
Afasta-te de mim, por favor.
- Dás-me boleia?
- Para onde vais?
- N?o importa.
- Entra aí.
Adeusinho, Jenny.
V?o enviar-me para o Vietname.
É um país muito diferente...
Esperas um minuto?
Promete-me só uma coisa, sim?
Se te vires em apuros,
n?o te armes em herói.
- Pġes-te a correr, está bem?
- Está.
Escrevo-te todos os dias.
E sem mais, foi-se embora.
Volta s?o e salvo, ouviste?
Disseram-nos que o Vietname
seria muito diferente
dos Estados Unidos da América...
Tirando as latas de cerveja
e os churrascos, era mesmo.
Aposto que há aqui bom camar?o.
Dizem que o vietnamita é bom.
Quando ganharmos a guerra
e tomarmos conta disto tudo,
importamos umas traineiras
e pescamos camar?o nestas águas.
Pescamos o tempo todo, pá.
- Vocês devem ser os novos recrutas.
- Bom dia, meu Tenente.
Baixem os braços.
N?o me façam continência.
Há francos-atiradores
por todo o lado,
à espera de
limparem o sebo a um oficial.
Sou o Tenente Dan Taylor.
Bem-vindos ao Forte Platoon.
- Que tens na boca?
- Nasci com gengivas grandes...
Mete isso para dentro.
Ainda fica preso numa armadilha.
Donde s?o vocês?
- Alabama, meu Tenente!
- S?o gémeos?
N?o. Nem somos parentes.
Isto aqui é básico. Fiquem
por perto de mim e aprender?o
com quem já conhece isto.
H?o-de ficar bem.
Há um item da vossa farda
que vos pode salvar a vida.
As meias.
Palmilha almofadada. Verde tropa.
Tentem manter os pés secos.
Quando andarmos em patrulha,
mudem de meias sempre que pararmos.
O Rio Mekong
apodrece os pés aos magalas.
Sargento Sims! Onde está o raio
do cabo de suspens?o que mandei vir?
- Já fiz a requisiç?o.
- Liga a esses sacanas...
O Tenente Dan sabia daquilo.
Tive sorte em tê-lo como comandante.
Vinha duma linhagem militar.
Houve sempre parentes seus
que combateram e morreram
em todas as guerras americanas.
Caramba, refila com eles!
Trata disso!
Acho que ele tinha exemplos
difíceis de se seguirem.
Com que ent?o s?o do Arkansas?
Já por lá passei.
Little Rock é uma bela cidade.
V?o arranjar o vosso equipamento.
Falem com o Sargento.
Peçam-lhe o que precisarem.
Se est?o com fome,
temos aqui bifes ao lume.
Duas ordens permanentes:
Uma, cuidem bem dos pés.
Duas, n?o façam nenhuma asneira,
como por exemplo morrerem.
Espero bem nunca o desapontar.
Vi muito do campo.
Dávamos longos passeios.
Andávamos sempre à procura
dum tipo chamado Charlie.
- Façam alto!
- Alto, rapazes!
Nem tudo era divertimento.
O Tenente Dan tinha muitos
pressentimentos,
a propósito duma rocha, dum trilho,
e ent?o mandava-nos deitar e calar.
Deitem-se! Calem-se!
Era o que fazíamos.
Posso n?o saber muita coisa,
mas sei que aqueles jovens
eram do melhor que havia na América.
Havia o Dallas de Phoenix.
O Cleveland, era de Detroit.
Tex! Que diabo se passa?
O Tex é que n?o me lembro
donde era.
N?o é nada.
Quarto pelot?o, de pé!
S?o dez quilómetros,
até àquele rio. Marche!
- Um, dois, embora!
- Mais depressa! Mexam-se.
Uma coisa boa acerca do Vietname
é que havia sempre para onde ir.
Carga no buraco!
Gump, verifica esse buraco.
E havia sempre que fazer.
A caminho!
Espalhem-se! Cubram a retaguarda!
Um dia começou a chover,
e n?o parou durante quatro meses.
Passámos por toda
a espécie de chuva que há:
Chuvinha da que pica,
daquela com pingos grossos,
chuva que vinha de lado,
e até uma que parecia...
vir de baixo para cima.
Bolas, que até de noite chovia.
- Viva, Forrest.
- Viva, Bubba.
Eu encosto-me a ti, e tu a mim...
Assim, n?o dormimos
com a cara na lama.
Sabes porque somos uma boa parelha,
Forrest?
Porque olhamos um pelo outro,
como se fôssemos irm?os.
Sabes, tenho andado a pensar,
e tenho
algo muito importante a perguntar-te.
Que tal seres meu sócio
na pesca do camar?o?
- Pode ser.
- Pá, digo-te uma coisa.
Tenho tudo pensado.
Uns tantos quilos
s?o para pagar o barco,
outros tantos para o combustível.
Podemos viver no barco,
e assim n?o pagamos renda.
Eu serei o capit?o, juntos
conseguimos, dividimos tudo a meias.
Pá, só te digo, é 50-50...
e todo o camar?o que queiras comer.
É uma bela ideia.
O Bubba tivera uma bela ideia.
Até escrevi à Jenny
a contar-lhe tudo.
Escrevia-lhe quase todos os dias.
Contava-lhe o que tínhamos feito,
perguntava o que tinha ela feito,
dizia-lhe que
pensava sempre nela.
E como ansiava que me escrevesse
assim que tivesse tempo.
Dizia-lhe sempre que estava bem,
e assinava-as todas
"Com amor, Forrest Gump."
Um dia andávamos a passear,
como de costume,
e depois, sem mais nem menos,
desligaram a chuva
e o Sol despontou.
Emboscada! Abriguem-se!
- Tragam o raio da metralhadora!
- Forrest, estás bem?
Strong Arm, escuto!
- Temos uma baixa.
- Strong Arm, aqui Leg Lima 6!
Entendido, Strong Arm! Fogo inimigo
vindo do arvoredo em Point Blue.
Posiç?o Point Blue! Kalashnikovs
e morteiros! Sob fogo cerrado!
- Encravada! Encravada!
- Raios!
Desencravem essa peça
e façam fogo sobre o arvoredo!
Apanharam-nos forte e feio.
Retiramos para a linha de defesa.
Retirada! Retirada!
- Forrest! Corre, Forrest!
- Retirada!
- Corre, pá! Corre!
- Retirada, Gump!
Corre, caramba! Corre!
Corri e corri,
como a Jenny me mandou.
Corri tanto e t?o depressa
que fiquei sozinho, o que era mau.
O Bubba era o meu melhor amigo.
Tinha de ir ver se estava bem.
Onde te meteste?
E quando procurava o Bubba,
dei com um rapaz estendido no ch?o.
Tex. Pronto.
N?o o podia ali deixar sozinho,
cheio de medo...
ent?o peguei nele às costas
e levei-o dali a correr.
Sempre que regressava,
à procura do Bubba,
havia alguém que pedia
"Ajuda-me, Forrest, ajuda-me!"
Ficas aqui.
Deita-te aí, meu. Vais ficar bem.
Já receava
jamais encontrar o Bubba.
Bem sei que temos perigo por perto!
O Charlie está por todo o lado!
Mandem os caças imediatamente.
Termino.
Tenente Dan, o Coleman está morto!
Eu sei que está!
O raio do pelot?o foi dizimado!
Caramba! Que estás tu a fazer?
Deixa-me aqui quieto!
Deixa-me aqui e vai-te embora!
Já disse que me deixasses, caramba!
Leg Lima seis, aqui Strong Arm.
Saiba que os caças
est?o a chegar. Termino.
De repente, pareceu que fui mordido.
Fui mordido!
Filhos da m?e!
N?o posso abandonar o meu pelot?o.
Bem te disse que me deixasses, Gump.
N?o te rales comigo. Sai daqui!
Ouves o que te digo?
Raios, Gump, pġe-me no ch?o.
Pisga-te daqui.
N?o te pedi que me tirasses de lá,
raios te partam!
- Onde raio pensas tu que vais?
- Buscar o Bubba.
Vem aí o ataque aéreo!
V?o lançar *** em toda a zona!
Fica aqui! É uma ordem.
Preciso de achar o Bubba!
Estou bem, Forrest. Estou bem.
- Bubba, n?o.
- Vou ficar bem.
Anda. Vamos.
Estou bem, Forrest.
Estou óptimo.
Lança o sinal de fumo.
Se soubesse que seria
a última vez que falaria com o Bubba,
teria pensado
em algo melhor para dizer.
- Viva, Bubba.
- Viva, Forrest.
- Forrest, como foi isto acontecer?
- Levaste um tiro.
E ent?o, o Bubba disse algo
que nunca esquecerei.
Quero ir para casa.
O Bubba era o meu melhor amigo.
Até eu sei que n?o se encontram
ao virar da esquina.
O Bubba ia ser capit?o
dum camaroeiro,
mas em vez disso morreu naquele rio,
no Vietname.
E mais n?o digo.
Foi uma bala, n?o foi?
- Uma bala?
- Que o mordeu.
Sim, senhor.
Mordeu-me mesmo nas nádegas.
Disseram que era uma ferida
que valia um milh?o...
mas a tropa
deve ter ficado com o dinheiro,
pois ainda n?o vi um tusto
desse milh?o de dólares.
A única vantagem
de ser ferido nas nádegas
é o gelado.
Deram-me todo o gelado
que quisesse. E sabe que mais?
Um amigo meu estava na cama ao lado.
Tenente Dan, trouxe-lhe um gelado.
Tenente Dan... gelado!
Está na hora do banho, Tenente.
Harper!
Cooper. Larson.
Webster. Gump.
- Gump!
- Sou o Forrest Gump.
Kyle. Nichols.
McMill. Johnson.
Gump, como podes ver essa merda?
Desliga isso.
Sintonizam o canal das Forças
Armadas Americanas, no Vietname.
Este é o Canal 6, de Saig?o.
Boa defesa, Gump. Sabes jogar isto?
Anda. Deixa-me ensinar-te.
O segredo do jogo é,
aconteça o que acontecer,
nunca se tiram os olhos da bola.
Está bem.
Por alguma raz?o, o pingue-pongue
era muito fácil para mim.
Vês? Qualquer palerma pode jogar.
E comecei a jogar o tempo todo.
Até jogava pingue-pongue
sem ter adversário.
O pessoal do hospital disse
que eu estava como peixe na água,
seja lá isso o que for.
Até o Tenente Dan me veio ver jogar.
Jogava tanto pingue-pongue
que até sonhava com ele.
Ouve o que te digo.
Todos temos um destino.
Nada acontece por acaso.
Tudo faz parte dum plano!
Eu devia ter morrido lá
com os meus homens,
mas agora n?o passo do raio dum
aleijado, dum perneta aberrante!
Olha. Olha para mim!
Estás a ver isto?
Sabes o que é
n?o podermos servir-nos das pernas?
Sim, sei.
N?o me ouviste? Atraiçoaste-me!
Eu estava destinado
a morrer com honra
no campo de batalha!
Era esse o meu destino,
e tu roubaste-mo!
Sabes do que falo, Gump?
Isto n?o me devia ter acontecido.
Eu estava destinado.
Eu era o Tenente Dan Taylor.
Ainda é o Tenente Dan.
Olha para mim.
Que farei, agora?
Que farei, agora?
Soldado Gump?
- Sim, meu Coronel!
- À vontade.
Deram-lhe a Medalha de Honra.
Sabe que mais, Tenente Dan?
Deram-me uma meda...
Minha senhora, que fizeram
ao Tenente Dan?
Mandaram-no para casa.
Duas semanas depois,
deixei o Vietname.
A cerimónia teve início com
um franco discurso pelo Presidente
quanto à necessidade
de intensificar a guerra no Vietname.
O Presidente Johnson entregou
quatro medalhas de honra àqueles...
A América está-lhe grata,
meu filho.
Soube que foi ferido.
Onde o alvejaram?
Nas nádegas, excelência.
Isso deve ser digno de ser visto.
N?o me importava de ver...
Caramba, rapaz!
A seguir, a minha m?e
foi descansar para o hotel,
e eu fui ver a capital.
Hilary! Tenho aqui os veteranos.
Que faço com eles?
Ainda bem que a minha m?e n?o foi,
pois as ruas estavam cheias de gente
a olhar para as estátuas
e monumentos,
e as pessoas
eram barulhentas e mal educadas.
Sigam-me! Vamos!
Onde quer que eu fosse,
tinha de esperar numa fila.
Vamos. Toca a andar!
É bom que faças isto. Força.
Está bem.
Havia um homenzinho a discursar.
Por qualquer raz?o, vestia
a bandeira americana como camisa.
Dizia muito a palavra do "F".
"F" isto, "F" aquilo...
E cada vez que a dizia,
todos aplaudiam, n?o sei porquê.
Anda, meu. Vem cá acima, meu.
Anda. Sim, tu! Vamos, mexe-te!
Anda. Vai para ali.
Conta-nos um pouco da guerra, meu.
- A Guerra do Vietname?
- A Guerra do Vietname, foda-se!
Bem...
Só tinha uma coisa a dizer
sobre a Guerra do Vietname.
Só tenho uma coisa a dizer
sobre a Guerra do Vietname.
No Vietname...
Mas que raio...
Rebento-te com os miolos,
porco maldito!
Jesus Cristo!
Como é que se liga isto?
N?o se ouve!
N?o se ouve nada!
É este aqui! Dá cá isso!
Fala mais alto!
E é tudo.
É tudo o que tenho a dizer
acerca daquilo.
Mesmo em cheio, meu. Disseste tudo.
- Com te chamas, meu?
- Chamo-me Forrest. Forrest Gump.
- Forrest Gump.
- Gump!
Foi o momento
mais feliz da minha vida.
A Jenny e eu éramos de novo
como ervilhas e cenouras.
Apresentou-me aos seus novos amigos.
Fecha isso, meu! Mexe esse cu branco
e afasta-te da janela.
N?o sabes que estamos em guerra?
- O gajo é fixe. É dos nossos.
- Deixa-me falar-te de nós.
O nosso propósito
é proteger os nossos líderes negros
do ataque racial dos porcos
que querem maltratar
os nossos líderes negros,
violar as nossas mulheres,
e destruir a nossa comunidade negra.
- Quem é o infanticida?
- É o amigo de que te falei.
Este é o Forrest Gump.
Forrest, este é o Wesley.
O Wesley e eu
vivemos juntos em Berkeley,
é o presidente dos Estudantes
Democráticos de Berkeley.
Estamos aqui para oferecer
protecç?o e auxílio
a todos os necessitados,
porque nós, os Panteras Negras,
somos contra a Guerra do Vietname.
E todas as guerras que enviem
soldados negros para frente
a dar a vida
pela pátria que os odeia.
Somos contra qualquer guerra em que
negros combatam
enquanto s?o maltratados e mortos
nas próprias comunidades.
Somos contra este actos
racistas e imperialistas...
Forrest! Pára com isso!
Nunca te devia ter trazido aqui.
Bem me parecia que ia dar bronca!
Ele n?o devia bater-te, Jenny.
Anda, Forrest.
Lamento ter andado à pancada
na vossa festa das panteras negras.
Ele n?o o faz por mal.
Eu nunca te faria mal, Jenny.
- Eu sei que n?o, Forrest.
- Queria ser o teu namorado.
A tua farda é uma curtiç?o, Forrest.
Ficas muito elegante. A sério.
- Sabes que mais?
- O quê?
Gostei muito de te encontrar
na capital da nossa naç?o.
Eu também, Forrest.
Passámos a noite toda a passear,
a Jenny e eu, na conversa.
Ela falou-me das suas viagens,
de como expandira a mente
e aprendera a viver em "harmonia",
que deve ser algures no Oeste,
pois viajou até à Califórnia.
Alguém quer ir para S?o Francisco?
- Vou eu.
- ***!
Foi uma noite muito especial
para ambos,
n?o queria que acabasse.
- Tomara que n?o fosses, Jenny.
- Tenho de ir, Forrest.
Jenny? Lamento ter-me descontrolado,
mas com esta guerra,
e o filho da m?e do Johnson, e...
Eu nunca te faria mal,
Tu sabes disso.
Sabes o que eu acho?
Acho que devias ir para casa
em Greenbow, no Alabama!
Temos vidas diferentes, sabes?
Quero que fiques com isto.
N?o posso ficar com isto.
Deram-ma por seguir o teu conselho.
- Porque és t?o bom para mim?
- És a minha miúda.
Serei sempre a tua miúda.
E, sem mais nem menos,
desapareceu de novo da minha vida.
Um pequeno passo para um homem...
um salto gigante para a Humanidade.
Julguei que ia voltar ao Vietname,
mas decidiram
que combateria melhor os comunistas
jogando pingue-pongue,
e ingressei nos Serviços Especiais,
viajando por todo o país,
levantando o moral aos veteranos
e demonstrando o pingue-pongue.
Eu jogava t?o bem
que o Exército me colocou na equipa
da selecç?o nacional americana.
Fomos os primeiros americanos
que visitaram a terra da China
num milh?o de anos.
Disseram que a paz mundial
estava nas nossas m?os...
mas eu
só joguei pingue-pongue.
Quando regressei,
era famoso no país todo,
mais até que o Captain Kangaroo.
E temos connosco... Forrest Gump.
- Forrest Gump, John Lennon.
- Bem-vindo a casa.
Que tal achou a China?
Na terra da China,
as pessoas n?o têm quase nada.
N?o têm haveres?
E na China, nunca v?o à igreja.
- Também n?o têm religi?o?
- Custa a imaginar.
É fácil, se tentarmos, ***.
Uns anos mais tarde,
aquele simpático moço da Inglaterra
ia para casa ver o filhinho,
parou para dar uns autógrafos...
e, sem raz?o aparente,
alguém lhe deu um tiro.
Deram-te, a ti,
a Medalha de Honra do Congresso...
Espera, é o Tenente Dan.
Tenente Dan!
Deram-te, a ti,
a Medalha de Honra do Congresso.
Sim, senhor. Deram mesmo.
A ti, um imbecil, um mentecapto,
que vai à televis?o
fazer figura de parvo
à frente do país inteiro.
A Medalha de Honra do Congresso.
Sim, senhor.
Que... perfeiç?o!
Só há uma coisa a dizer sobre isso.
Deus abençoe a América.
Tenente Dan!
O Tenente Dan
disse que vivia num hotel,
e, como n?o tinha pernas,
exercitava muito os braços.
Vira à direita. À direita!
Vá, vamos!
Que faz aqui em Nova lorque,
Tenente Dan?
Estou a mamar nas tetas do governo.
És cego? N?o me viste a atravessar?
Vamos embora! Vai, vai!
Fiquei em casa do Tenente Dan
e passei o Natal com ele.
Bom Ano Novo, e voltem depressa.
Deus vos abençoe.
Já encontraste Jesus, Gump?
N?o sabia que o devia procurar.
Os aleijadinhos da Associaç?o de
Veteranos n?o falam doutra coisa.
Jesus para aqui, Jesus para ali,
e se eu já o encontrei...
Até mandaram um padre falar comigo.
Disse que Deus me escuta,
mas que devo salvar-me eu mesmo.
Se receber Jesus no meu coraç?o,
caminharei a Seu lado
no Reino dos Céus.
Ouviste o que eu disse?
Caminharei...
a Seu lado no Reino dos Céus...
Beijem-me o cu de aleijado!
Deus escuta? Que grande treta.
Eu vou para o Céu, Tenente Dan.
Pois...
mas antes disso,
vai à loja da esquina
- buscar mais vinho.
- Sim, senhor.
Estamos próximos da Rua 45,
em Nova lorque, na Astor Plaza,
onde ficava o antigo Astor Hotel...
- Que raio há em Bayou La Batre?
- Barcos camaroeiros.
Barcos camaroeiros?
Quem se rala com isso?
Tenho de comprar um,
assim que junte o dinheiro.
Prometi ao Bubba, no Vietname,
que mal acabasse a guerra,
faríamos sociedade.
Ele seria capit?o, e eu o imediato.
Mas ele morreu,
portanto serei eu o capit?o.
Capit?o dum camaroeiro...
Sim, senhor. O prometido é devido,
Tenente Dan.
Oiçam todos!
Aqui o Soldado Gump será capit?o
dum barco camaroeiro.
Olha, Vasco da Gama, quando chegares
a capit?o dum camaroeiro,
eu serei o teu imediato.
Se alguma vez fores capit?o,
eu serei astronauta!
Danny, porque resmungas?
Como estás?
- Sr. Acelera! Quem é o teu amigo?
- Chamo-me Forrest. Forrest Gump.
Estas s?o a Carla Marota
e a Lenore Pernilonga.
Por onde tens andado, doçura?
N?o te tenho visto por aí.
Devias ter vindo aqui pelo Natal,
o Tommy pagou uma rodada geral
e ofereceu sanduíches de peru.
Tinha... companhia.
Ainda agora ali estivemos!
É Times Square.
N?o adoras o Ano Novo?
Pode-se recomeçar.
Uma segunda oportunidade para todos.
Tem graça, no meio da festa toda,
comecei a pensar na Jenny,
e como ela estaria a passar
o Ano Novo, na Califórnia.
Nove, oito, sete, seis,
cinco, quatro, três, dois, um!
Feliz Ano Novo!
Feliz Ano Novo, Tenente Dan!
És estúpido, ou quê?
Qual é a tua?
Qual é a dele? Perdeste
a ferramenta na guerra ou quê?
- O teu amigo é estúpido ou quê?
- Que disseste?
Perguntei se ele era estúpido.
- N?o lhe chames estúpido!
- N?o a empurres!
Cala-te!
Nunca lhe chames estúpido!
Porque estás t?o incomodado?
Tomem o raio das roupas
e ponham-se na rua!
Devias ir para o circo. Metes dó!
Fora daqui!
- Atrasado mental!
- Falhado. Aberraç?o!
N?o.
Lamento ter estragado
a festa de Ano Novo, Tenente Dan.
Ela sabia a tabaco.
Julgo que o Tenente Dan concluiu
que certas coisas nunca mudam.
N?o queria
que lhe chamassem aleijado,
assim como eu n?o queria
que me chamassem estúpido.
Feliz Ano Novo, Gump.
A equipa de pingue-pongue dos EUA
encontrou-se com o Presidente Nixon.
E sabe que mais?
Passados uns meses,
convidaram a equipa de pingue-pongue
à Casa Branca...
E lá fui eu, outra vez,
encontrar-me
com o Presidente dos EUA, outra vez.
Só que desta vez n?o nos hospedaram
num hotel de luxo.
Está a gozar a visita
à capital da naç?o, jovem?
- Onde est?o hospedados?
- No Hotel Ebbott.
Esse n?o.
Conheço um muito melhor.
Novinho em folha. Muito moderno.
Vou dar ordens para tratarem disso.
- Segurança.
- Sim. Diga...
Era melhor mandar um zelador
ao escritório aqui em frente.
Têm as luzes apagadas,
devem andar à procura dos fusíveis,
e as lanternas n?o me deixam dormir.
- Muito bem. Vou mandar alguém.
- Obrigado. Boa noite.
Demito-me da Presidência,
com efeito amanh? às 12 horas.
O Vice-presidente Ford
assumirá o cargo de Presidente,
a essa mesma hora, neste gabinete.
- Forrest Gump.
- Sim, meu Major!
À vontade. Tenho aqui a tua ordem
de dispensa. O teu serviço acabou.
Isso quer dizer que
n?o posso jogar mais pingue-pongue?
Pelo Exército, n?o.
E sem mais, a minha carreira
no Exército dos EUA terminara.
Por isso, fui para casa.
- Cheguei, M?ezinha.
- Bem sei.
Louise, ele já chegou.
Nem fazia ideia, mas a minha m?e
disse que tivéramos muitas visitas.
Tivemos muitas visitas.
Todos querem que uses
as coisas de pingue-pongue deles.
Um homem até deixou
um cheque de 25.000 dólares,
caso concordares em dizer
que gostas de usar as raquetes deles.
M?ezinha, só gosto
da minha raquete.
- Olá, Menina Louise.
- Viva, Forrest.
Bem sei,
mas s?o 25.000 dólares, Forrest.
Talvez queiras
pegar nela um pouco,
a ver se te acostumas.
A minha m?e tinha toda a raz?o.
Tem graça como as coisas se compġem.
N?o fiquei muito tempo em casa,
por causa do que prometera ao Bubba.
Como tento cumprir as promessas,
fui a Bayou La Batre
conhecer a família dele.
És maluco, ou apenas estúpido?
- Estúpido é quem estupidez faz.
- Talvez.
E claro, também prestei homenagem
ao próprio Bubba.
Olá, Bubba. Sou eu, o Forrest Gump.
Recordo-me de tudo o que disseste,
e tenho tudo calculado.
Vou pegar nos 24,562.47 dólares
que sobraram
do corte de cabelo, do fato novo,
de ir jantar fora com a minha m?e
a um sítio chique,
do bilhete de camioneta e das três
gasosas.
Diz-me uma coisa.
És estúpido, ou quê?
Estúpido é quem estupidez faz.
Foi o que sobrou, após ter dito,
"Quando estive na China com a
seleç?o nacional de pingue-pongue,
"adorava jogar pingue-pongue
"com a minha raquete Flex-o-lite,"
o que todos sabíamos ser mentira,
mas a minha m?e disse
que n?o prejudicava ninguém.
Portanto,
vou investir tudo em combustível,
cabos, redes novas
e num barco camaroeiro.
O Bubba ensinou-me tudo o que sabia
da pesca do camar?o,
mas sabem o que descobri?
Andar ao camar?o é duro.
Só apanhei cinco.
Com mais dois, fazes um cocktail.
Já pensaste
em pôr um nome ao barco?
Dá azar, um barco sem nome.
Nunca baptizara um barco,
mas só havia um nome possível,
o mais bonito do mundo.
Há muito que n?o ouvia da Jenny,
mas pensava muito nela.
Tinha esperanças que fosse feliz,
fosse o que quer que fizesse.
Estava sempre a pensar na Jenny.
Tenente Dan, que faz aqui?
Quis experimentar
as minhas pernas de marujo.
N?o tem pernas, Tenente Dan...
Eu sei.
Escreveste-me uma carta, idiota.
Muito bem, Capit?o Forrest Gump.
Tinha de ver com os meus olhos.
Disse-te que se chegasses
a capit?o dum barco camaroeiro,
seria teu imediato. E aqui estou eu.
- Sou um homem de palavra.
- Está bem.
Mas n?o julgues
que te vou tratar por "meu Capit?o."
N?o, meu Tenente.
É o meu barco.
Sinto que se rumarmos a Oeste,
encontramos camar?o.
Vira à esquerda.
- À esquerda!
- Para onde?
Para ali! Est?o para ali!
- Pega no leme e vira à esquerda.
- Está bem.
Gump, que fazes?
Eu disse à esquerda! Esquerda!
É lá que o acharemos, rapaz!
É lá que o acharemos.
- Ainda nada, Tenente Dan.
- Pronto, enganei-me.
Como é que o acharemos?
Se calhar é preciso rezar.
Passei a ir à igreja aos domingos.
Às vezes, o Tenente Dan também ia,
mas as oraçġes ficavam a meu cargo.
- Nada de camar?o.
- Onde diabos está o teu Deus?
Teve graça, o Tenente dizer aquilo,
pois, aí mesmo, Deus manifestou-se.
Nunca afundarás este barco!
Eu estava assustado,
mas o Tenente Dan estava furioso.
Anda!
Chamas a isto tempestade?
Anda lá, meu filho da m?e!
Chegou a hora do confronto! Tu e eu!
Estou aqui! Vem-me buscar!
Nunca afundarás este barco!
O furac?o Carmen
passou por aqui ontem,
destruindo tudo à sua passagem.
Como noutras localidades costeiras,
toda a indústria do camar?o
de Bayou La Batre
sucumbiu ao furac?o Carmen
e ficou totalmente arruinada.
Soubemos há pouco
que apenas um barco camaroeiro
sobreviveu à tempestade.
Louise. Louise, é o Forrest.
Daí em diante, a pesca foi fácil.
Como as pessoas precisavam
de camar?o para os cocktails
e churrascos, e como o nosso barco
era o único navegável,
compravam o camar?o Bubba-Gump.
Comprámos muitos barcos.
Doze Jennys, e um grande armazém.
Até tínhamos bonés
a dizer "Bubba-Gump".
"Camar?o Bubba-Gump",
é uma marca conhecida.
Espera aí, rapaz.
Dizes-me que és o dono
da Companhia de Camar?o Bubba-Gump?
Sim. Somos mais ricos
que o Davy Crockett.
Caramba, já ouvi muitas patranhas
na vida, mas essa é demais.
Estivemos ao lado dum milionário!
Eu achei que foi uma história linda,
e contada com muito entusiasmo.
Quer ver uma foto do Tenente Dan?
Quero, sim.
É este.
Deixe-me falar-lhe do Tenente Dan.
Nunca te agradeci
por me teres salvo a vida.
Nunca o mencionou,
mas acho que fez as pazes com Deus.
Pela segunda vez em 17 dias,
o Presidente Ford
escapou ileso a um atentado.
- Base chama Jenny 1.
- Aqui Jenny 1. Escuto, Margo.
Chamada telefónica para o Forrest.
Diz-lhes que têm de voltar a ligar.
- De momento está indisposto.
- A m?e dele está doente.
- Onde está ela?
- Lá em cima.
Olá, Forrest.
- Venho vê-la amanh?.
- Está bem.
Endireitámos-te, n?o foi, rapaz?
- Que se passa, M?ezinha?
- Estou a morrer, Forrest.
Entra, senta-te aqui.
- Porque morres, M?ezinha?
- Chegou a minha vez.
Nada receies, meu querido.
A morte faz parte da vida.
Acontece-nos a todos.
Eu n?o o sabia,
mas era meu destino ser tua m?e.
- Fiz o melhor que pude.
- E fez muito.
Creio que nós
fazemos o próprio destino.
Há que fazer o melhor
com o que Deus nos deu.
Qual é o meu destino, M?ezinha?
Só tu o podes desvendar.
A vida é como uma caixa de bombons.
Nunca sabemos o que nos calha.
A minha m?e
explicava-me sempre tudo muito bem.
Sentirei a tua falta, Forrest.
Tinha apanhado o cancro,
e morreu numa terça-feira.
Comprei-lhe um chapéu novo,
com florzinhas.
E mais n?o digo acerca disso.
N?o queria apanhar o 7?
N?o tarda, vem outro.
Como eu fora uma estrela do futebol,
um herói da guerra,
uma celebridade nacional,
capit?o dum barco camaroeiro
e um universitário,
a assembleia de Greenbow, Alabama,
reuniu-se e ofereceu-me um emprego.
E n?o tornei a trabalhar
com o Tenente Dan,
embora ele tenha tomado conta
dos dinheiros da Bubba-Gump.
Fez uns investimentos
numa companhia fruteira qualquer.
Ligou-me a dizer que escusávamos
de nos preocupar mais com dinheiro,
e eu respondi,
"Que bom. É um problema a menos."
A minha m?e dizia que um homem
só precisa de um tanto,
o resto é só para fazer figura.
Portanto, dei uma boa maquia
à Igreja Foursquare Gospel.
E outra ao Hospital dos Pescadores
em Bayou La Batre.
E embora o Bubba tivesse morrido,
e o Tenente Dan me chamasse doido,
mandei a parte do Bubba à sua m?e.
E sabe que mais?
Nunca mais cozinhou para ninguém.
Que bem que cheira.
E como era multimilionário
mas gostava tanto de o fazer,
cortava a relva de graça.
Mas à noite,
quando nada havia para fazer
naquela casa vazia,
pensava muito na Jenny.
E foi ent?o que ela voltou.
- Olá, Forrest.
- Olá, Jenny.
A Jenny voltou e ficou lá em casa.
N?o devia ter mais para onde ir,
ou estava muito cansada,
pois deitou-se na cama
e fartou-se de dormir,
como se n?o o fizesse há anos.
Era maravilhoso tê-la ali.
Passeávamos todos os dias,
eu falava sem parar,
e ela ouvia-me falar
do pingue-pongue e da pesca
e da ida da minha m?e para o Céu.
Era eu quem falava sempre.
Ela estava sempre muito calada.
Como pudeste fazer aquilo?!
Às vezes, parece n?o haver
pedras que cheguem.
Nunca soube porque voltou,
mas também n?o quis saber.
Era como nos velhos tempos,
éramos ervilhas e cenouras de novo.
Todos os dias colhia flores
e punha-as no quarto dela.
E deu-me o melhor presente
do mundo inteiro.
S?o só para correr.
Até me ensinou a dançar.
Éramos como uma família,
a Jenny e eu...
Foram os tempos mais felizes
da minha vida.
Posso desligar? Vou-me deitar.
Queres casar comigo?
Eu daria um bom marido, Jenny.
Pois darias, Forrest.
Mas tu n?o queres.
N?o te queres casar comigo.
Porque n?o me amas, Jenny?
N?o sou esperto,
mas sei o que é o amor.
Forrest, eu amo-te...
- Para onde foge?
- N?o fujo.
Naquele dia, sem qualquer raz?o,
decidi dar uma corridinha.
Corri até ao fim da estrada,
e quando lá cheguei,
pensei em correr
até ao fim da vila.
O Presidente Carter,
sofreu uma insolaç?o...
E quando lá cheguei,
pensei em correr
o Condado de Greenbow.
E, uma vez que correra até ali,
pensei em atravessar
o estado de Alabama a correr.
E foi o que fiz.
Atravessei todo o Alabama,
Por nenhuma raz?o especial,
continuei sempre a correr,
até ao oceano.
Quando o alcancei,
e uma vez que lá chegara,
mais valia dar a volta e continuar.
E quando cheguei a outro oceano,
uma vez que correra até ali,
mais valia dar a volta e continuar.
Quando estava cansado, dormia.
Quando tinha fome, comia.
Quando tinha de ir...
percebe... ia.
- E continuou a correr.
- Pois.
Pensava muito na minha m?e,
no Bubba e no Tenente Dan.
Mas, sobretudo, pensava na Jenny.
Pensava muito nela.
Há mais de dois anos
que Forrest Gump,
um jardineiro de Greenbow, Alabama,
parando apenas para dormir,
atravessa a América a correr.
A reportagem de Charles Cooper.
Pela quarta vez
na sua travessia da América,
o jardineiro Forrest Gump
transporá de novo o Rio Mississipi.
- Valha-me Deus. Forrest?
- Porque corre?
- É a favor da paz mundial?
- Dos sem-abrigo?
- Corre pelos direitos da mulher?
- Pelo ambiente?
N?o queriam crer que alguém
corresse sem ter um motivo.
- Porque faz isto?
- Apenas me apeteceu correr.
Apenas me apeteceu correr.
És mesmo tu. Mal posso acreditar!
Por qualquer raz?o, aquilo
fazia sentido para as pessoas.
Foi como se um alarme disparasse
na minha cabeça,
e pensei, "Eis um gajo
que sabe o que faz.
"Eis alguém que achou a resposta."
Seguí-lo-ei para qualquer lado.
E arranjei companhia.
E depois, mais companhia.
E ent?o, mais companhia ainda.
Disseram-me mais tarde
que lhes trazia esperança.
Disso n?o sei nada,
mas sei que alguns me pediram ajuda.
Talvez me possas ajudar...
tenho um negócio de autocolantes,
e como és uma fonte de inspiraç?o,
talvez me pudesses ajudar...
Ena, meu!
Pisaste um monte de merda de c?o!
- Acontece.
- O quê, a merda?
Às vezes.
Anos mais tarde, soube que arranjou
uma boa frase para o autocolante.
Ganhou muito dinheiro com ela.
Doutra vez, ia eu a correr,
e alguém que tinha perdido
tudo no negócio das T-shirts
queria imprimir o meu retrato numa,
mas n?o sabia desenhar,
nem trazia uma câmara.
Toma, serve-te disto.
Ninguém gosta dessa cor.
Passa um bom dia.
Anos mais tarde, soube que ele
teve uma ideia para uma T-shirt.
Ganhou muito dinheiro.
Como ia dizendo,
tinha muita companhia.
A minha m?e dizia, "Esquece
o passado antes de avançares."
Penso que era essa a raz?o
de toda aquela correria.
Já corria há três anos,
dois meses, 14 dias e 16 horas.
Silêncio. Vai falar.
Estou muito cansado.
Acho que vou para casa.
E agora, que faremos?
E sem mais, acabaram-se as corridas.
Voltei para o Alabama.
Há pouco, às 14:25, quando
o Presidente Reagan saía da...
...seis tiros foram disparados
por um homicida n?o identificado.
O Presidente
foi alvejado no peito...
Trouxe-te o correio.
E um belo dia, caída do céu,
recebi uma carta da Jenny
a perguntar se podia
vir vê-la a Savannah.
É por isso que aqui estou.
Viu-me na TV, a correr.
Tenho de apanhar o autocarro 9
para Richmond Street,
sair, e andar um quarteir?o até ao
1947 da Henry Street, apartamento 4.
N?o precisa de apanhar o autocarro.
A Henry Street fica a uns seis
quarteirġes, naquela direcç?o.
- Naquela direcç?o?
- Naquela direcç?o.
Gostei de conversar consigo.
Espero que tudo corra bem!
- Como estás? Entra, entra!
- Recebi a tua carta.
- Estava a pensar nisso.
- A tua casa...
Está um bocado desarrumada.
Cheguei agora mesmo.
É simpática. Tem ar condicionado.
- Obrigada.
- Comi alguns.
Juntei todas as tuas fotos
e artigos. Tenho tudo aqui.
Olha esta, e esta a correr.
Forrest Gump Fez de Mim Sua Amante
Corri muito, durante muito tempo.
E aqui...
Ouve, Forrest,
n?o sei como dizer-te isto...
Só queria pedir-te desculpa
pelo mal que te fiz,
andei confusa por muito tempo, e...
- Olá.
- Olá, querido.
- Este é um velho amigo do Alabama.
- Como está?
Para a semana mudo de turno, e...
N?o há problema. Tenho de ir,
estou mal estacionada. Adeus!
Está bem. Obrigada.
É o meu grande amigo, o Sr. Gump.
N?o o cumprimentas?
- Olá, Sr. Gump.
- Olá.
- Posso ver televis?o?
- Podes, mas n?o ponhas alto.
- És m?e, Jenny.
- Sou m?e.
- Chama-se Forrest.
- Como eu!
- Pus-lhe o nome do pai.
- Ele tem um pai chamado Forrest?
És tu o pai dele, Forrest.
Forrest, olha para mim.
Olha para mim, Forrest.
N?o é preciso ficares assim.
N?o fizeste nada de mal, está bem?
N?o é lindo?
É lindo como nunca vi...
Mas...
É esperto? Ele...
É espertíssimo.
Um dos melhores da classe.
Sim, claro.
Vai conversar com ele.
- Que estás a ver?
- O Egas e o Becas.
Forrest, estou doente.
Que tens, estás constipada?
Tenho um vírus desconhecido,
e os médicos
dizem que n?o podem fazer nada.
Podias vir comigo para casa.
Tu e o pequeno Forrest
podiam vir para a casa de Greenbow.
Cuidarei de ti, se estiveres doente.
Casavas-te comigo, Forrest?
Está bem.
Façam favor de se sentarem.
Forrest? Está na hora.
Olá. A tua gravata...
Tenente Dan.
- Tenente Dan.
- Olá, Forrest.
Tem pernas novas. Pernas novas!
Pois tenho. Feitas por encomenda.
Liga de ***ânio, igual à que
utilizam no vaivém espacial.
Pernas mágicas.
Esta é a minha noiva, a Susan.
- Tenente Dan.
- Olá, Forrest.
- Tenente Dan, esta é a minha Jenny.
- Olá. Até que enfim que o conheço.
Forrest, aceitas a Jenny
para tua mulher?
Jenny,
aceitas o Forrest para teu marido?
Assim vos declaro marido e mulher.
- Olá.
- Viva.
Tiveste medo, no Vietname?
Sim. Bom, n?o sei bem.
Às vezes parava de chover
e as estrelas brilhavam.
Nessas alturas era bonito.
Como no instante antes do Sol
se acamar no pantanal.
Havia um milh?o de centelhas na água.
Como aquele lago na montanha.
Era t?o límpido, Jenny,
como dois céus, um sobre o outro.
E no deserto, quando nasce o Sol,
n?o sabia onde acabava o céu
e começava a terra.
Era t?o belo...
Quem me dera lá ter estado contigo.
E estiveste.
Amo-te.
Morreste num sábado de manh?,
e eu trouxe-te
para debaixo da nossa árvore.
Mandei arrasar a casa do teu pai.
A minha m?e dizia
que morrer faz parte da vida.
Tomara que n?o fizesse.
O pequeno Forrest está óptimo.
Vai voltar em breve para a escola.
Todos os dias lhe faço
o pequeno-almoço, almoço e jantar,
e certifico-me que se penteia
e lava os dentes todos os dias.
Ando a ensiná-lo a jogar
pingue-pongue. Tem imenso jeito.
Forrest, é a tua vez.
Vamos muito à pesca.
E todas as noites lemos um livro.
Ele é t?o esperto, Jenny.
Terias muito orgulho nele.
Eu tenho.
Escreveu-te uma carta,
mas diz que n?o a posso ler,
portanto, deixo-ta aqui.
N?o sei quem tinha raz?o,
se a minha m?e, se o Tenente Dan.
N?o sei se cada um de nós
tem um destino
ou se andamos apenas à deriva,
ao sabor do vento.
Acho que talvez ambas se dêem...
talvez aconteçam
ambas ao mesmo tempo.
Tenho saudades tuas, Jenny.
Se precisares dalguma coisa,
n?o estarei longe.
Lá vem a camioneta. Pronto.
Eu conheço isto.
Vou levá-lo para mostrar na escola,
porque a Avó costumava ler-to.
O meu livro favorito.
Toma.
Forrest, n?o...
- Quero dizer-te que te amo.
- Eu também te amo, Paizinho.
Estarei aqui ao voltares.
Sabes que esta é a carrinha
da escola, n?o sabes?
Claro, a senhora é a Dorothy Harris,
e eu sou o Forrest Gump.