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Às vezes eu e o Dr. Lecter
conversávamos...
depois de se instalar o silêncio...
sobre as aulas de ciências
que eu estava a frequentar.
Tipo curso por correspondência
de psicologia, Enfermeira Barney?
Não senhor.
Não considero psicologia
uma ciência...
e o Dr. Lecter também não.
Então diga-me, Barney...
quando trabalhou
no asilo...
observou a interacção entre a
Clarice Starling e o Hannibal Lecter.
Interacção?
A conversarem um com o outro.
Sim.
Sim, na minha opinião eles --
Vejo que se sente na obrigação
de justificar os seus honorários...
mas porque não começamos
pelo que observou...
não a sua opinião
sobre o que observou?
Cordell, não seja assim.
O Barney pode dar-nos a sua opinião.
Barney, dê-nos a sua opinião
sobre o que observou.
O que acontecia entre eles?
A maior parte das vezes, o Dr.Lecter
nem sequer prestava atenção às visitas.
Algumas vezes limitava-se a manter
os olhos abertos o suficiente...
para insultar algum académico
que estava ali para tomar conta dele.
Mas com a Starling,
ele respondia às suas perguntas.
Ela suscitava-lhe interesse.
Ela intrigava-o.
Ele achava-a encantadora
e divertida.
E foi assim que a Clarice Starling
e o Hannibal Lecter...
desenvolveram uma amizade.
Inserida num contexto
de uma estrutura formal, claro.
E ele gostava dela.
Gostava.
Obrigado, Barney.
Muito obrigado
pela sua sinceridade.
E vá passando sempre esses achados...
do seu baú pessoal
de tesouros Lecter.
Gostei imenso.
Ah,já me ia esquecendo.
Talvez consiga fazê-lo engolir um.
Que me diz, Cordell?
Não sei se aguenta.
- Quanto?
- Duzentos e cinquenta.
Mil.
Passe-me um cheque de 250 mil dólares.
Como é que ela consegue dormir
numa situação destas?
Está numa brigada-supresa nocturna.
Está a poupar forças.
Temos um tipo chamado Bolton
da Polícia de Washington DC.
Muito bem.
Prestem atenção. O plano é este.
Desculpe. Agente Bolton,
Polícia de Washington DC.
Já percebi pela sua divisa.
Como está?
Isto aqui está a meu cargo.
Agente Bolton,
sou a Agente Especial Starling.
Só para não começarmos
com o pé esquerdo...
deixe-me dizer-lhe
porque estamos todos aqui reunidos.
Estou aqui porque conheço Evelda Drumgo.
Detive-a em dois mandatos RICO.
O DEA e o ATF, além
de me apoiarem...
estão aqui por causa dos narcóticos
e das armas.
Vocês, porque o Presidente da Câmara
quer mostrar-se durão com as drogas...
especialmente depois da sua própria
condenação por cocaína...
e espera poder obter esse resultado
juntando-os à nossa equipa hoje.
É muito espertinha, minha senhora.
Se não se importa, gostaria
de continuar a falar.
Muito bem, vejam o seguinte.
Mercado de peixe.
Costas para a água.
Do outro lado da rua, rés-do-chão,
é o laboratório de anfetamina.
Procurada pelo "FBI"
Evelda Drumgo Seropositiva.
Se a encurralarem, ela morde e cospe,
têm que ter cuidado.
Se lhes tocar terem que a meter
num carro de patrulha...
em frente da imprensa, Bolton,
não lhe empurrem a cabeça para baixo.
É muito possível que ela tenha
uma seringa no cabelo.
Devemos levá-la para dentro do edifício,
não para a rua.
"Mercado Público"
Podemos ir mais perto com a carrinha.
Se estiver tudo certo, quando eu avisar,
vamos pela frente, e o DEA portrás...
e o DCPD dá-lhes apoio.
Ela vai ter os seus vigias
num raio de três quarteirões.
Ela tem sido avisada a tempo, por isso
não vamos fazer grandes cenas.
- Muito que fazer hoje.
- Concordo.
Podia arranjar-me
um café?
- Viu aquilo?
- Aquilo foi um aviso.
Qual é a tua, meu?
Diabos me levem. É ela.
Com três tipos.
Estão todos armados.
Ela leva qualquer coisa.
Ela leva um bebé.
Olha, Brigham, estámuito cheio.
Hágente demais.
Acho que devíamos desistir.
O que é que achas?
Concordo.
Todas as unidades, recuar.
- Unidade Whisky, entendido.
- Burke, entendido.
Aqui Bolton.
Manter objectivo.
Disse todas as unidades recuar, Bolton,
imediatamente.
- Demasiado tarde. Vamos avançar.
- Bolton, ele disse para desistirmos.
Recuar imediatamente.
Ela leva um bebé.
Repito, ela leva um bebé.
Todas as unidades, recuar.
- Baixa-me essa arma, Bolton.
- Diabos, tem uma arma.
- Põe-lhe o cu em fogo.
- Avançar!
FBI! Deitados!
Parem!
Parem de disparar!
Não!
Evelda, sai do carro!
Starling, és tu?
Afasta-te do carro!
Mostra-me as tuas mãos, Evelda.
Por favor.
Levanta as mãos.
Como tens passado?
Não faças isso.
Fazer o quê?
Está tudo bem. Tudo bem.
Eu sei, eu sei. Meu bebé, eu sei.
Está tudo bem.
Sossegadinho.
Está tudo bem.
Amigos, familiares e colegas
aqui reunidos esta manhã...
no Cemitério de Arlington National
para sepultar John Brigham, da BAFT...
morto no cumprimento do dever,
sexta-feira. Tinha 40 anos.
Este assalto fatal que custou
a sua vida e de outros cinco...
é o último numa série de incidentes
que parece não ter fim...
que começou com Waco, no Texas...
e sobre o qualo Ministério da Justiça
e o FBl têm sido questionados...
quanto ao uso de armas de fogo
em vez de discernimento.
Desta vez fo io FBl,
a Agente Especial Clarice Starling...
a comandar
a calamitosa patrulha de ataque.
A Agente Starling atingiu uma certa
celebridade há dez anos atrás...
quando recebeu informações
do Dr. Hannibal "O Canibal" Lecter...
que levaram ao resgate
de Catherine Martin...
filha do antigo Senador dos EUA
do Tennessee.
Quando ela voltarno final da semana,
não será tão elogiada.
Telford Higgins, representante jurídico
da família dum dos chacinados...
diz que vai apresentar
um processo por homicídio culposo.
- Sim.
- Ligue-me ao Ministério daJustiça.
Agente Starling?
Fala John Eldridge do DEA.
Adjunto do Noonan, como sabe.
Larkin Wayne do nosso Departamento
de Responsabilidade Profissional.
Bob Sneed, ATF.
Benny Holcombe, assistente
do Presidente da Câmara. Paul Krendler.
Conhecem o Paul.
O Paul veio do Ministério daJustiça...
não oficialmente,
a título de favor.
Ou seja, ele está aqui,
e não está aqui.
Devo assumir que viram a cobertura
nos jornais e na televisão?
Não tenho nada a ver com as notícias,
Sr Krendler.
A mulher tinha uma criança nos braços.
Há fotografias. Pode ver
o problema, penso eu.
Não nos braços.
Num porta-bebés à tiracolo.
Nos braços tinha uma MAC-1 0.
Oiça, nós estamos aqui para ajudar,
Starling.
Vai ser muito mais difíicil
com essa atitude combativa.
Posso falar francamente, Sr. Pearsall?
A sua agência pediu a este Departamento
para eu ajudar neste assalto.
Eu tentei fazê-lo.
Expressei claramente a minha opinião
e fui ignorada.
E agora um bom agente e amigo
está morto.
Atingiu e matou cinco pessoas
naquele assalto, Agente Starling.
É isso que considera
uma boa apreciação?
Este assalto foi uma trapalhada.
Encontrei-me numa posição
em que tinha à escolha morrer...
ou disparar contra uma mulher
com uma criança ao colo.
Eu escolhi.
Disparei contra ela.
Matei uma mãe
que levava o seu filho ao colo.
E estou arrependida.
E culpo-me por isso.
Meus senhores, vou pôr fim
a esta reunião...
e contacto-os individualmente
através do telefone.
Isto foi uma perda de tempo.
Tem um admirador secreto, Starling.
Não é nenhuma estampa,
mas tem amigos bem colocados.
Lembra-se de Mason Verger?
A quarta vítima de Lecter.
O rico.
O único que sobreviveu.
Ele diz que tem dados novos
sobre o Lecter mas só fala consigo.
Que quer dizer com, só fala comigo?
Se lhe interessa, aproveite.
- Prefiro não fazê-lo.
- Não estava a falar consigo.
Quando falar consigo, dará por isso
porque eu olharei para si.
Porque é que preferiria não fazê-lo?
A última vez que ligou foi quando tirou
o Lecter dos Dez Mais Procurados.
Ele estava transtornado com isso.
Nós dissemos: "É a vida."
Ele disse, "Esta é a Comissão
do Senado de Erros e Omissões...
"Asheville - Propriedade Verger"
para fazer da sua vida um inferno.
A contribuição política da sua família
podem não ser suficientes...
para comprar um Senador...
mas podem ser suficientes
para o alugar de vez em quando.
Não é necessário passarmos por isso
se ele tem mesmo algo de novo.
É bom negócio para si, Starling.
Não pode fingir que não é.
Tera oportunidade de voltar
a trabalhar num caso tão famoso.
Eu tomo conta dos meios de comunicação
em relação ao caso homicídio-Drumgo.
Toda a gente vai ficar feliz.
Eu não estou feliz.
Bom, talvez não seja capaz
de ser feliz.
Sr. Krendler...
lá fora nas ruas, bem sabe que poderá
levar com uma bala durante o serviço.
Ou aceita, ou sai.
Há que viver com isso.
Aquilo que não espera e não aceita...
é levar com uma pelas costas
no gabinete do seu chefe...
por fazer o seu trabalho
exactamente como lhe ensinaram.
Isso faz-me infeliz.
Claro que tem razão, Starling...
mas isso não muda nada.
Muda tudo.
Muda-me a mim.
Como está, sou Cordell Doemling,
médico privado do Sr. Verger.
Como está?
Se não se importa
estacione ali ao fundo.
Os nossos olhos adaptam-se à escuridão.
Sr. Verger,
a Agente Starling já aqui está.
Bom-dia, Sr. Verger.
Era um Mustang
o que ouvi lá de fora?
Sim, era.
Cinco litros?
Sim.
Rápido.
Cordell, penso
que já nos pode deixar.
Pensei em ficar.
Talvez possa ser útil.
Pode ser útil
se for ver do meu almoço.
Vou prender este microfone à sua roupa
ou à almofada, se não se importa.
Faça o favor.
Tome, isto deve ajudar.
Sabe, eu agradeço a Deus...
pelo que aconteceu.
Foi a minha salvação.
Já recebeu Jesus,
Agente Starling?
- Tem fé?
- Tive uma educação luterana.
Não foi essa a minha pergunta.
Agente Especial
Clarice Starling, 5 1 43690...
tomando o depoimento de Mason Verger,
aos 20 de Março, sob juramento.
Quero contar-lhe da colónia de Verão.
Uma fantástica experiência de infância.
- Podemos falar nisso mais tarde.
- Podemos falar agora.
Como vê, tudo tem o seu peso.
Tratava-se de uma colónia Cristã
fundada pelo meu pai...
para rapazes e raparigas pobres,
desgraçados e abandonados...
que fariam tudo
por um doce.
Sr. Verger, não preciso de saber
sobre os crimes sexuais.
Não faz mal. Foi-me concedida
imunidade pelo Procurador dos EUA.
E a mim foi-me concedida imunidade...
pelo Jesus ressuscitado.
E ninguém o bate.
Já tinha observado o Dr. Lecter antes
do tribunal lho dar a si para terapia?
O que é que quer dizer com isso?
Em circunstâncias sociais?
Sim, é isso que quero dizer,
se não se importa de falar sobre isso.
Não, de maneira nenhuma.
Não me sinto envergonhada.
- Nem eu disse que devia sentir-se.
- Não, conhecemo-nos normalmente...
como médico e doente.
Como é que acabou em sua casa?
Foi convidado, claro...
para virao meu apartamento.
Fui abrir a porta
na minha melhor e mais atraente roupa.
Estava preocupado...
que ele tivesse medo de mim.
Mas ele não pareceu
ter medo de mim.
Agora até tem graça.
Mostrei-lhe os meus brinquedos...
o meu nó de forca,
entre outras coisas.
É mais ou menos para enforcar,
mas não é bem.
É uma sensação boa enquanto --
bom, sabe como é.
De qualquer maneira...
- ele disse, "Mason--"
- Mason, queres popper?
E eu disse, Se eu quero? "Uau!"
Quando começou a fazer efeito,
eu estava a voar.
Ele disse,
"Mason, mostra-me um sorriso...
para conquistar a confiança
de uma criança."
Quando eu sorri...
ele disse,
"Oh,já sei como é que fazes."
O simpático médico aproximou-se
com um bocado de um espelho partido.
"Experimenta isto."
Experimenta descascar a tua cara --
E dar aos cães para comer.
Não, ainda me lembro vivamente.
Experimenta outra vez.
Não, lamento mas não.
Foiuma diversão
Bem, na altura parecia
ser uma boa ideia.
Disse-me que tinha recebido
algum tipo de informação nova.
Donde é que isto veio?
Buenos Aires.
Recebi há duas semanas atrás.
Onde está a embalagem em que chegou?
Boa pergunta. Não tinha nada escrito
com algum interesse.
Deitámos fora?
Sim, tenho impressão que sim.
Valha-me Deus.
Acha que pode ajudar?
Espero que sim.
Espero que a ajude a apanhá-lo...
para ajudar a eliminar o estigma
do seu recente descrédito.
Obrigado. Era só o que eu precisava.
Sentiu alguma conexão
com o Dr. Lecter...
durante as suas conversas no asilo?
Eu tenho a certeza que sim
enquanto eu estava a descascar-me.
Trocámos informações
de uma maneira muito cortês.
Mas sempre através do vidro.
Sim.
- Não acha que tem graça?
- O quê?
Consegue olhar para a minha cara...
mas ficou retraída quando
mencionei o nome de Deus.
- Encontrou o que queria?
- Tem a certeza que é tudo?
É tudo por agora.
Há mais, mas tem sido recolhido
aos poucos através dos anos.
Sabe, estas coisas valem
muito dinheiro em alguns circuitos.
É mais ou menos como a cocaína
que desaparece por aqui...
aos poucos.
"Hospital de Medicina Legal
do Estado de Baltimore"
Como está, Barney.
Lembra-se de mim?
Para que fique registado,
está de acordo, Agente Starling...
que não me foram lidos os direitos?
Eu não lhe li os direitos.
Ele não está ciente dos seus direitos.
Então quando entregaste o Dr. Lecter
à Polícia de Tennessee --
Não o trataram bem.
Estão todos mortos.
Só sobreviveram três dias
à sua companhia.
Tu conseguiste sobreviver-lhe
seis anos no asilo.
Como é que fizeste?
Não foi só com cortesia.
Sim, foi.
Alguma vez pensaste, quando ele fugiu,
que pudesse ir atrás de ti?
Não.
Ele disse-me uma vez,
que sempre que possível...
preferia comer os insolentes.
Insolentes à solta, chamava-lhes.
E no seu caso?
Pensou que pudesse ir atrás de si?
Pensou nele de todo?
Pelo menos 30 segundos por dia.
Não consigo evitar.
Está sempre comigo,
como um mau vício.
Sabe o que aconteceu às coisas dele--
os livros, papelada, desenhos?
Foi tudo deitado fora
quando o sítio fechou.
Economias.
Acabei de saber que o Dr. Lecter assinou
uma cópia do The Joy of Cooking...
que foi vendida a um coleccionador
privado por 1 6 mil dólares.
O mais certo é ser falso.
O certificado de propriedade do
vendedor estava assinado Karen Phlox.
Sabe quem é Karen Phlox?
Devia saber.
Ela preencheu o seu requerimento
de emprego mas assinou Barney.
Tal como a sua declaração de impostos.
Quer o livro?
Talvez consiga reavê-lo.
Quero a radiografia do braço do Lecter
que partiu no ataque à enfermeira...
e tudo o mais que tiver.
Nós falávamos sobre imensas coisas
à noite...
depois de toda
a gritaria acalmar finalmente.
Houve vezes que falámos sobre si.
Quer saber o que dizíamos?
Vá buscar a radiografia.
Eu não sou mau tipo.
Eu não disse que era.
O Dr. Chilton era má pessoa.
Após a sua primeira visita, começou a
gravar as suas conversas com o Lecter.
Estas têm muito valor.
Vai. Vai.
Já te afligiste o suficiente.
E o que é que dizia?
O que é que dizia sobre mim
já tarde à noite?
Ele falava sobre comportamento
herdado, congénito.
Como exemplo, estava a usar genética
em pombos de competição.
Eles voam, rolam para trás,
numa demonstração, e caiem no chão.
Há os quese deixam cairpouco,
e os que caiem fundo.
Não se podem criar dois iguais...
ou as suas crias, os filhos,
deixam-se cair mesmo até ao chão...
embatem e morrem.
A Agente Starling vai até ao fundo,
Barney.
Esperemos que um dos seus pais
não seja igual.
Certamente que percebeu a estranha
confluência de eventos, Clarice.
O Jack Crawford põem-na
em frente a mim...
e eu dou-lhe uma pequena ajuda.
Pensa que é porque eugosto
de olhar para si...
e imaginar o sabor maravilhoso
que deve ter...
Não faço ideia. É?
Estou neste quarto
há já oito anos, Clarice.
Eu sei que nunca,jamais, me vão
deixar sair enquanto eu estiver vivo.
O que eu quero é ter uma vista.
Quero uma janela onde possa ver
uma árvore ou até mesmo água.
Quero ficar numa instituição federal
longe do Dr. Chilton.
A correspondência dos Capponi
data do século Xlll.
O Dr. Fell deve ter na mão --
na sua mão não-italiana --
uma carta do próprio Dante Alighieri.
Mas será que a reconheceria?
Penso que não.
Meus senhores, estudaram-no
em italiano medieval...
e eu não vou negar
que ele a fala admiravelmente...
para um straniero.
Mas será que ele é conhecedor
das personalidades...
da Florença pré-renascentista?
Penso que não.
Que aconteceria se descobrisse
uma carta na biblioteca Capponi...
digamos que do *** di Cavalcanti?
Reconhecê-la-ia?
Penso que não.
Ainda estão a discutir?
o Sogliato quer o emprego
para o sobrinho.
Mas os eruditos parecem satisfeitos
com quem nomearam temporariamente.
Se ele é mesmo um perito em Dante...
que leccione Dante
aos Studiolo.
- Ele que os enfrente se é que pode.
- Estou ansioso por que isso aconteça.
Muito bem. No século XIV.
Inspector-Chefe Rinaldo Pazzi
do departamento de questura.
Commendatore,
como posso ser-lhe útil?
Desculpe. Estou a investigar
o desaparecimento...
do seu antecessor,
Signor di Bonaventura.
- Estava a pensar se --
- "Antecessor", então o cargo é meu.
Infelizmente, não é.
Ainda não, apesar de estar optimista.
Estão a deixar-me ficar a cargo
da biblioteca a troco de um salário.
Os funcionários que viram primeiro...
não encontraram nenhuma nota
de despedida ou de suicídio.
Pergunto-me se o senhor --
Se descobrir alguma coisa na biblioteca
Capponi metido numa gaveta ou livro...
ligo-lhe imediatamente.
Obrigado.
Foi destacado outra vez.
Perdão?
Estava a trabalhar no caso Il Mostro .
Tenho a certeza que li isso.
- Sim, está correcto.
- Agora está neste.
Este é um caso muito menos importante,
penso eu.
Bem, se pensasse no meu trabalho
nesses termos...
então sim, teria que estar de acordo.
- Uma pessoa desaparecida.
- Desculpe?
Foi injustamente demitido do caso
mais importante, ou por justa causa?
Em relação a este, Dr. Fell...
os bens pessoais do senhor ainda
estão no Palácio?
Guardados cuidadosamente em
quatro malas com um inventário.
Por desgraça, sem carta.
Eu mando alguém buscá-las.
Obrigado pela sua colaboração.
Obrigado.
Como é que isso vai? Algumas pistas?
Sim, são tudo pistas.
Só que não nos levam a ele.
Não sei como conseguem viver
com estas coisas.
Oh meu Deus.
Isto vem do Livro Guinness
de Recordes a felicitar-me...
por ser a agente FBI do sexo feminino
que disparou e matou mais pessoas.
Dão-me licença, por favor?
Com certeza.
Querida Clarice...
segui com entusiasmo o trajecto
da sua desgraça e descrédito público.
A minha própria nunca me importou
excepto pelo incómodo...
de estar encarcerado.
Mas pode perder-se a perspectiva.
Nas nossas conversas
lá nos fundos na masmorra...
pareceu-me aparente que o seu pai,
o guarda da noite calada...
figura consideravelmente
na sua estrutura de valores.
Penso que o seu sucesso ao pôr fim
à carreira de alfaiate de Jame Gumb...
satisfê-la mais porque acreditava que
o seu pai também ficasse satisfeito.
Mas agora, desgraçadamente,
está em maus lençóis com o FBl.
"Agente FBI Mata 5 num Tiroteio"
lmagina o seu pai envergonhado
pela sua desgraça?
Consegue vê-lo
no seu simples caixão depinho...
destruído pelo seu insucesso...
o infeliz e mesquinho fim
duma carreira prometedora?
O que é o pior
desta humilhação, Clarice?
É o efeito que o seu insucesso terá
no seu pai e nasua mãe?
Ou o é o medo de que as pessoas
realizem para sempre...
que fazem parte da pura e simples
escória, vivem em casebres...
são gente da pior espécie...
e que você é um deles também?
Por sinal, não pude deixarde notar
no desinteressante website, do FBl...
que fui eliminado dos arquivos
de criminosos comuns da Agência...
e elevado à mais prestigiosa
Lista dos Dez Mais Procurados.
Foi uma coincidência,
ou está outra vezno caso?
Se assim é, melhor ainda, estou
a precisar de sair do isolamento...
e voltar à vida pública.
lmagino-asentada
numa sala de uma cave escura...
dobrada sobre uma pilha de papeis
e de ecrãs de computador.
É uma imagem real?
Diga-me honestamente,
Agente Especial Starling.
Cumprimentos, o seu velho amigo,
Hannibal Lecter, Médico.
PS.: É óbvio que este caso novo
não é da sua preferência.
Mas sim, penso eu,
faz parte do combinado.
Mas aceitou, Clarice.
A sua missão é planear o meu destino...
por isso não sei até que ponto
lhe devo desejar boa sorte...
mas estou certo
de que nos iremos divertirbastante.
Na carta...
há uma impressão digital parcial aqui.
- Não suficiente para uso em tribunal.
- Eu sei que é ele.
Onde estava quando a escreveu
é que eu preciso saber.
Bem, o tipo de papel não vai ajudar.
Sim, é de fibra de linho,
sim, é dos caros...
mas não é raro ao ponto de não se poder
encontrar em milhares de papelarias...
por todo o mundo.
É o mesmo com a tinta,
e o mesmo com o lacre.
E o carimbo do correio de Las Vegas?
Podes confirmar, mas tenho a certeza
que foi enviado por um serviço.
Las Vegas seria o último sítio
onde ele estaria.
Seria uma afronta ao seu
bom gosto.
Não sente uns olhos a passarem
pelo seu corpo, Clarice?
Não vejo como pode não ver.
E os seus olhos não se movem
sobre as coisas que quer?
Muito bem. Diga-me como.
Não.
É a sua vezde me dizer, Clarice.
Já não tem mais viagens para vender
na ilha Anthrax.
Eu conto-lhe coisas,
você conta-me coisas.
Não sobre este caso.
Sobre si mesma.
Sim ou não, Clarice?
Creme para as mãos.
Base de âmbar cinzento em cru.
Alfazema de Tennessee.
Indícios de outra coisa qualquer.
Velo.
Agradável.
Infelizmente, por mais que quiséssemos,
não o poderíamos importar.
Lei Das Espécies Ameaçadas de Extinção.
- Onde é que é ilegal?
- No ***ão, claro.
Nalguns países na Europa.
Com certeza que o consegue encontrar
em algum lugar em Paris...
Roma, Amesterdão.
Talvez Londres.
Este aroma foi especialmente concebido
por encomenda de alguém.
- Há maneira de saber em quais lojas?
- Claro. Nós damos-lhe uma lista.
Não será longa.
Preciso de bilhetes para a ópera.
Não tenho nenhuns comigo.
Tem lotação esgotada,
seja lá o que for.
É a jovem e bela esposa, com um bico
bem aberto que quer bilhetes de ópera.
- Benetti.
- O que foi?
Anda para trás.
Não posso andar para trás.
Estou a fazer uma cópia, a gravar.
O que é isto?
Circuito fechado de vídeo
de uma perfumaria em Via Della Scala.
O FBI, por intermédio da Interpol,
requisitou uma cópia.
- Porquê?
- Não disseram.
- Eles não disseram?
- Não. Foi bastante estranho.
Fizeram questão em não dizerem
para marcarem um ponto.
Agente Especial Clarice Starling
"FBI"
"Agência Federal de Investigação"
Dez Mais Procurados pelo "FBI"
"Programa de Captura
de Criminosos Violentos"
Aviso: "Está a tentar obter acesso
a uma base de dados secreta."
- Vamos à ópera?
- Sim.
Desculpa. Sim, vamos.
Tens bilhetes?
Não, mas terei. Na realidade,
ia procurar aqui agora mesmo.
Na última fila não, por favor.
Gostava de conseguir ver desta vez.
O mais longe possível da última fila...
seja qual for o preço.
"Os Dez Mais Procurados do FBI"
"Armados e Extremamente Perigosos"
"Recompensa Hannibal Lecter"
"Pesquisar"
"1 Resultado para Recompensa Lecter"
"Recompensa que leve à prisão
e captura de Hannibal Lecter"
Hannibal Lecter, uma vez tido como
psiquiatra brilhante...
tem sido o foco duma perseguição
intensiva desde a sua fuga em 1 990.
Informação que leve à sua captura será
recompensada com 3 milhões de dólares.
Indivíduos com informações
sobre Hannibal Lecter...
podem ligar para "1 -2 1 2-555-01 1 8."
Diga-me uma coisa, Clarice,
gostaria de poder fazer mal...
a quem a forçou
a considerar fazê-lo?
É completamente aceitável admiti-lo.
É completamente au naturel...
querer provar o inimigo.
É que é tão bom.
Diga-me, Clarice.
Qual é a sua pior recordação
de infância?
-Jesus Cristo, Starling!
- Posso ser-lhe útil, Sr. Krendler?
O que faz aí sentada
no escuro?
Penso em canibalismo.
No Departamento de Justiça também.
Sabia?
Estão a pensar, "O que estará ela
concretamente a fazer sobre o Lecter?"
Não tem curiosidade em saber
porque é que janta as suas vítimas?
Com que objectivo?
Está a escrever um livro
ou anda à caça de um intrujão?
Para mostrar o seu desprezo
por aqueles que o exasperam.
Ou, por vezes, para desempenhar
um serviço público.
No caso do flautista,
Benjamin Raspail...
ele fê-lo para melhorar o som da
Orquestra Filarmónica de Baltimore...
servindo o pâncreas do músico de flauta
de pouco talento ao conselho...
acompanhado por um belo Montrachet
de 1 60 contos a garrafa.
Essa refeição começou com ostras verdes
de Gironde...
foi seguida pelo pâncreas,
um sorvete...
e depois pode ler aqui
na revista Gourmet Cuisine.:
"Um guisado muito escuro e brilhante,
com ingredientes nunca identificados."
Sempre o tive
como maricas.
Porque é que diz isso, Paul?
Aquele lado meio artístico-delicado.
Música de Câmara, bolinhos de chá.
Não me refiro a nível pessoal...
até tenho muita compreensão
por esse tipo de pessoas.
O que eu quero ter a certeza
que entenda, Starling...
é que eu tenho que sentir cooperação.
Aqui não há mundos à parte.
Quero que me mande uma cópia
de todos os memorandos 302, percebe?
Se colaborar comigo...
a sua dita carreira
pode melhorar.
Se não colaborar,
então o que terei que fazer...
é riscar completamente o seu nome
em vez de o fazer sobressair...
e está tudo acabado.
Paul, o que se passa contigo?
Mandei-te para o pé da tua mulher.
Fiz mal?
O quê? Quem é que te julgas,
Starling.
Isso foi há muito tempo.
Porque motivo é que eu deveria
usar isso contra ti?
E, além disso...
o que não falta nesta cidade
são ratas provincianas.
Mas, mesmo assim...
não me importava de te dar uma voltinha
agora mesmo, se quiseres reconsiderar.
No ginásio, sempre. Sem protecção.
É possível que tenha seguido
com o correio normal?
Não, foi para entrega no diaseguinte.
Fui eu que preenchi a etiqueta.
Foi no dia a seguir a ter pedido.
Tratei disso imediatamente.
Não percebo o que terá acontecido.
Já devia ter recebido.
Mas não recebi.
Pode-me mandar outro?
Claro, eu faço outra cópia
especialmente para si.
Agente Clarice, não é?
Posso tratá-la por Clarice?
Agente Starling.
Agradeço. Qual é o seu nome?
O meu nome é Franco Benetti.
Agente Franco Benetti.
- Muito obrigada, Agente Benetti.
- Ok.
- Então eu mando amanhã?
- Estábem.
Adeus.
Nada?
Ainda não.
Ainda à espera de Florença e Londres.
Onúmero que marcou
de momento não se encontra deserviço.
Verifique o número --
Sim?
Tenho informações
sobre o Hannibal Lecter.
Já deu essas informações
à polícia?
É meu dever
encorajá-lo a fazê-lo.
A recompensa é pagável
sob circunstâncias especiais?
Posso sugerir que contacte
um advogado...
antes de agir de alguma forma
que não seja legal?
Há um em Genebra
que é excelente neste tipo de casos.
Posso dar-lhe o seu telefonegrátis?
O número é 00 412 33 17.
Obrigado por ter ligado.
Sim. Estava agora a falar
com alguém que sugeriu --
Há um adiantamento de cem mil dólares.
Para poder receber o adiantamento...
terá que fornecer impressões digitais,
no local, num objecto.
Uma vez que essa impressão tenha
sido identificada positivamente...
o resto do dinheiro
é depositado numa conta de garantia...
no Geneve Credit Suisse...
que pode ser vista a qualquer momento
sujeito a 24 horas de pré-aviso.
Para repetir a mensagem em francês,
prima dois.
Em espanhol, prima três.
Em alemão --
Dr. Fell, é o Inspector Pazzi.
Sim, estou a vê-lo.
Suba.
Devia tê-lo encorajado a trazer
alguém consigo.
Os casos são para o pesado.
Talvez me possa
dar uma ajuda.
A descer as escadas.
Claro.
Por aqui.
Pronto.
- Posso ver?
- Com certeza.
O senhor é um Pazzi
da família Pazzi, penso eu.
Não foi no Palazzo Vecchio
que o seu antepassado foi enforcado?
Sim, pendurado duma janela, nu,
com um nó à volta do pescoço.
A contorcer-se e aos pontapés
ao lado do arcebispo...
contra a parede de pedra fria.
Na verdade, eu encontrei uma rendição
muita boa dessa história...
aqui na biblioteca, no outro dia.
Se lhe interessar, eu talvez possa
tentar tirar uma para si.
Não acha que isso pode
prejudicar as suas hipóteses...
de ser nomeado
como conservador efectivo.
Só se for contar.
Refresque-me a memória --
qual foi o crime dele?
Foi acusado de ter morto
Giuliano de' Medici.
Injustificadamente?
Não, penso que não.
Então não foi só uma acusação.
Ele fê-lo. Era culpado.
Penso que isso faria com que viver
em Florença com o nome de Pazzi...
fosse desagradável,
mesmo 500 anos mais tarde.
Nem por isso.
Na verdade, nem me lembro
da última vez...
para além de hoje...
que alguém tenha falado nisso.
As pessoas nem sempre lhe dizem
o que pensam.
Apenas fazem tudo para que não...
progrida na vida.
Lamento muito, Commendatore.
Eu digo o que penso vezes demais.
Eujá volto para o ajudar.
Sabe, esta sala onde está
foi construída no século XV.
É linda.
Sim, pois é.
Infelizmente, acho...
que o sistema de aquecimento
foi instalado na mesma altura.
- É uma pena.
- Pois é.
Muito bem.
Vamos arrastar isto para ali.
Deve ser tão pesado como corpos.
- E o conjunto?
- Oito mil.
Quanto é que custa isto?
- Cinquenta mil.
- Eu levo.
Bem pensado.
Quando tentar ir à sua carteira,
ele agarra-o pelo pulso.
Já fiz isto
algumas vezes, Inspector.
Não assim.
Se não houver uma impressão nítida
na pulseira...
vai passar o Verão
numa cela na prisão de Sollicciano.
Dê-me a pulseira.
Lave a merda das mãos.
Ele vem aí.
Consegui.
Agarrou-me mesmo bem.
Tentou bater-me nos tomates.
Mas falhou.
Deixe-me ajudá-lo.
Não. Não ajude.
Equivalência de dezasseis pontos,
Sr. Verger.
Bem, bem, bem.
- Venho visitá-lo?
- Sim, em breve, espero.
Mas primeiro preciso de preparar
os "rapazes" para os mandar embora.
- Agora?
- Sim, eu sei.
O dia que pensou que nunca chegasse,
chegou.
Agora, o Cordell vai enviar por fax
os formulários do veterinário...
directamente para a Clínica
de Animais e Plantas...
mas precisa de obter
os certificados do veterinário...
de Sardinia.
Como é que eles são?
São grandes, Mason,
muito grandes.
- Repita lá?
- Sim, são grandes, Mason.
Mesmo grandes.
Talvez 270 quilos.
Incrível.
Está a ouvi-los?
Parecem fantásticos.
Óptimo.
A diferença do dinheiro será paga
quando entregar o médico, vivo.
É claro, não tem que ser você mesmo
a capturá-lo.
Basta dizer-me quem é.
É preferível para todos os interessados
que não faça mais nada...
a partir daí.
Eu prefiro ficar envolvido,
para ter a certeza que tudo corre bem.
Os profissionais encarregam-se disso.
Eu sou um profissional.
Gostou do espectáculo,
Commendatore?
Gostei muito.
Allegra, este é o Dr. Fell,
conservador da Biblioteca Capponi.
É uma honra.
É americano, Sr. Doutor?
Originalmente não.
Fui para lá.
Sempre quis visitar.
Principalmente a Nova Inglaterra.
Comi excelentes refeições
naquela terra.
Reparei que lia com muita atenção
o libretto.
Pensei que achasse graça a isto.
Primeiro soneto de Dante
da La Vita Nuova.
É maravilhoso.
- Rinaldo, olha para isto.
- Estou a ver.
"Amor feliz parecia ser...
o momento que deteve
o meu coração nas suas mãos...
e nos seus braços...
minha senhora jaz dormida...
envolta num manto.
Ele despertou-a então...
e trémula e submissa, comeu
aquele coração ardente da sua mão.
Choroso, vi-o
afastar-se de mim."
Dr. Fell, acredita que um homem possa
ficar tão obcecado por uma mulher...
em apenas um encontro?
Poderá sentir diariamente
um golpe de desejo ardente por ela...
e saciar-se
só de vê-la?
Penso que sim.
Será que ela consegue entender a prisão
da sua condição e sofrer por ele?
- Por favor fique com isso.
- Não posso.
Insisto.
Adeus.
- Vamos comer qualquer coisa.
- Vamos.
Por que não?
"Nome do Utilizador - Senha"
"VICAP - Programa de Captura
de Criminosos Violentos"
"Relação de Utilizadores - Lecter"
"Período - Últimos 50 Dias"
É o senhor, Dr.?
Gostaria de falar com
o lnspector-Chefe Rinaldo Pazzi.
A Agente Clarice Starling do FBl
quer falar-lhe.
Um momento.
- FBI.
- Não estou.
Agente Starling
do FBI. Como está?
Na verdade, eu estava prestes
a sair.
- Posso voltar amanhã?
- Não levará muito tempo.
Primeiramente, obrigada por nos mandar
a cassete da segurança da perfumaria.
Quando digo "você", eu refiro-me
ao seu departamento --Agente Benetti.
Ele está aí?
Posso falar com ele?
- Lamento, mas ele foi para casa.
- Não tem importância.
De qualquer modo, eu devia-lhe dizer
isto a si e não a ele.
Estou atrasado
para um encontro importante.
A pessoa que procuro,
Inspector...
que se vê de facto na cassete,
é o Hannibal Lecter.
Quem?
O Dr. Hannibal Lecter.
Já ouviu falar dele?
- Não tenho conhecimento.
- Eagravação confirma...
que ele está
ou esteve recentemente em Florença.
- Deveras?
- É um homem muito perigoso, Inspector.
Já matou 14 pessoas,
que se saiba.
- Tenho mesmo que ir, Senhorita --
- Starling.
Só mais um minuto.
-Tem a certeza que não o conhece?
- Não, não sei quem é.
Então estou confusa.
Alguém tem acedido aos ficheiros
VICAP privados do Dr. Lecter...
com alguma regularidade
e do seu computador.
Aqui toda a gente usa o computador
de toda a gente.
Talvez um dos detectives
do il Mostro...
andasse à procura
de perfis de assassinos --
Estou a falar do computador
de sua casa.
Estáa tentar apanhá-lo sozinho?
Por causa da recompensa?.
Todos os avisos que lhe possa dar
para não o fazer são poucos.
Ele matou três polícias
em Memphis quando esteve preso...
esfanicou a cara de um deles,
e mata-o a si também.
- Quero-o fora da Toscana rapidamente.
- Acredite...
que ele desaparecerá
da face da terra num ápice.
Pés primeiro.
Pela sua avareza e por ter traído
a confiança do imperador...
Pierdella Vigna foi desonrado,
cegado e preso.
O peregrino de Dante encontra o
Pierdella Vigna no sétimo Inferno...
e, tal como Judas Iscariote,
morreu enforcado.
Assim existe em Dante uma ligação entre
Judas e Pier della Vigna...
pela avareza
que viu neles.
Na realidade, avareza e enforcamento
estão relacionados na mente medieval.
Esta é a descrição mais antiga
que se conhece da Crucificação...
esculpida numa caixa de marfiim na Gália
cerca de 400 D.C.
Mostra a morte de Judas
por enforcamento...
a sua cara virada para cima
para o galho de onde está suspenso.
Aqui ele está de novo no portal
da Catedral Benevento...
desta vez
com as entranhas de fora.
Não foi fácil, mas consegui
este número sem lhes dizer porquê --
- Desculpe.
- Por nada. Bem-vindo.
-Junte-se a nós.
- Obrigado.
Neste prato duma edição do século XV
do lnferno...
o corpo de Pier della Vigna está
pendurado duma árvore que sangra.
Não vou ridicularizar o óbvio paralelo
estabelecido com Judas Iscariote...
mas Dante Alighieri
não carecia de ilustrações desenhadas.
Foi o seu génio que fez
o Pier della Vigna,já no inferno...
falar em exagerados sibilos
e tosse sibilante...
como se estivesse ainda
enforcado.
Avareza, forca...
auto-destruição.
Faço com que a minha própria casa...
seja a forca.
Obrigado, senhores e senhoras,
pela vossa amável atenção.
Não sou um erudito,
mas acho que ficaram com uma ideia.
Obrigado.
- Posso oferecer-lhe uma bebida?
- É muito amável. Tenho muito gosto.
É só um minuto
para eu ir buscar as minhas coisas.
Não tenho pressa.
Allegra, vou chegar a casa um pouco
mais tarde do que tinha dito.
Convidei o Dr. Fell para tomar
uma bebida.
Já os vejo todos
a sair.
Sim. Adeus, querida. A minha mulher.
Claro.
Devia-lhes ter mostrado
isto.
Como é que falhei este.
Lembra-se? Eu falei-lhe disto.
É uma rendição
que encontrei na Biblioteca Capponi.
Consegue perceber?
Ali está um nome...
aquele de que lhe falei.
O seu antepassado,
Commendatore...
suspenso debaixo
destas mesmas janelas.
Francesco de' Pazzi.
Já agora, a propósito,
devo confessar-lhe...
que estou a pensar seriamente...
em comer a sua mulher.
Se me disser o que eu quero saber,
Commendatore...
pode ser que reconsidere e saia
de Florença sem a minha refeição.
Então eu vou fazer-lhe as perguntas,
e depois vemos. Está certo?
Certo?
Então.
Diga-me, foi ao Mason Verger
a quem me vendeu?
Não, não.
Pisque os olhos duas vezes se for sim,
uma se for não.
Foi ao Mason Verger
a quem me vendeu?
Sim, muito bem. Obrigado.
E aqueles homens lá fora,
estão à minha espera?
Piscou uma vez?
Está confuso.
Não se perca, senão terei que acabar
por fazer filetes da Signora Pazzi.
Já falou com alguém
da questura sobre mim?
Não, eu imaginei que não.
Disse à Allegra?
Não? Tem a certeza?
Eu acredito em si.
Muito bem, então vamos a isso.
O seu coração está a palpitar muito.
Não é o seu coração.
Quer que eu responda?
Já fui acima de si.
Falei com o seu chefe de secção.
Algum dia me agradecerá.
Ou não. Não quero saber.
Estará vivo.
Éa Clarice?
Como está, Clarice.
Lamento informar
que tenho más notícias para si.
- Está morto?
- Recebeu a minha carta?
Espero que tenha gostado do creme.
Mandei-o fazer especialmente para si.
Ele está morto, Dr. Lecter?
Não há nada que eu mais gostasse
do que poder conversar consigo.
Infelizmente, apanhou-me
num mau momento.
Por favor perdoe-me.
Até um dia destes.
Uma velha amiga.
Ok, espere.
Vamos continuar.
Eu vou por trás!
Mate-o se tiver que o matar!
Como é que vai ser?
Entranhas para dentro ou para fora...
como o Judas?
Está confuso?
Eu decido por si,
se me permite.
Boa-noite.
Para si...
isso é um aceno
de despedida...
ou de cumprimento?
Então, o que me diz?
O Lecter quer fornicá-la
ou matá-la ou comê-la ou o quê?
Possivelmente as três coisas.
Apesar de eu não querer adivinhar
em que ordem.
Eis o que eu penso.
Seja de que modo for que o Barney
queira romantizar o assunto...
e transformá-lo na
Bela e o Monstro...
a mira do Lecter, tanto quanto sei
por experiência pessoal...
tem sido sempre...
degradação...
e sofrimento.
Tira esta porcaria de cima de mim.
Não consigo respirar com esta coisa.
Ele aparece na qualidade
de mentor...
tal como fez comigo e com ela.
Mas o que o excita é notar aflição.
Para o atrair...
ela precisa de se mostrar aflita.
Para que ele se sinta atraído a ela,
ele que a veja aflita.
Para que a aflição que vê ...
lhe suscite
a aflição que ele poderá causar.
Quando a raposa ouve o coelho guinchar,
lança-se a correr.
Mas não para ajudar.
Não entendo.
Não há nada para perceber,
Paul.
Só tem que entender
é o que é que significa para si.
Não, não, não entendo
porque é que ela não entregou.
Quer dizer, ela é tão
a favor das regras.
Ela não entregou
porque nunca recebeu.
Não recebeu
porque nunca foi enviado.
Nunca foi enviado porque
o Lecter nunca escreveu.
Ele não escreveu
porque quem o fez fui eu.
Então, o que pensa disto?
Teria sido melhor se nunca lhe
tivesse resolvido os seus problemas.
Faria, deveria, poderia. Quero saber
é o que pensa do dinheiro?
Cinco.
Pois, digamos cinco.
Vamos dizê-lo
com o respeito que lhe é devido.
Quinhentos mil dólares.
Está melhor, mas não muito.
- Então, funciona?
- Funciona.
Não será bonito.
Seja o que for?
Panhonha.
Nunca vi nada assim
na minha vida.
Então como é que explicas ter sido
encontrado no teu escritório, na cave?
Como é que quer que lhe responda
a isso, Sr. Krendler?
Que razão poderia eu ter
para retê-la?
Talvez pela natureza
do seu conteúdo.
Parece uma carta de amor.
-Já viram se tinha impressões digitais?
- Não tem impressões. Nenhuma na última.
Análise de caligrafia?
Já alguma vez pensou, Clarice, a razão
porque os filisteus não a entendem?
Porque você é a resposta
à adivinha de Sansão.
É o mel no leão.
Parece-me ser dele.
- Quer dizer, como um homossexual?
- Como um louco enamorado.
Sr. Director Noonan,
preciso de dizer uma coisa --
Agente Starling, vou colocá-la
em licença administrativa...
até que a análise do documento
mostre que houve sem dúvida um engano.
Entretanto, continua a poder receber
seguros e benefíicios sociais.
Entregue as suas armas
e identificação ao Agente Pearsall.
Quero acrescentar uma coisa.
Acho que tenho o direito.
Adiante.
Acho que o Sr. Mason Verger está
a tentar capturar o Dr. Lecter...
por motivos
de vingança pessoal.
Penso que o Sr. Krendler
está a entrar em choque com ele...
e quer que as medidas do FBI contra
o Dr. Lecter ajudem o Sr. Verger.
Eu acho que o Sr. Krendler
está a ser pago para o fazer.
- Por sorte não está sob juramento.
- Ponha-me sob juramento!Jure também!
Clarice,
se não existirem provas...
poderá voltar às suas funções
sem perdas...
se não fizer ou disser
qualquer coisa entretanto...
que impossibilite isso.
Suspensa de trabalho de campo
devido a uma investigação interna...
Agente Especial Clarice Starling,
uma veterana com 10 anos na Agência...
começou a carreira
sendo destacada...
para entrevistaro louco e letal
Hannibal Lecter.
Ouvimos a declaração do porta-voz
da Justiça, Paul Krendler.
Pode comentar a decisão
desta manhã do Departamento?
O FBI e o Departamento de Justiça
estão a examinar as acusações.
E, claro, estas são muito sérias.
Gostaria de acrescentar
um comentário pessoal.
-A Starling é das melhores agentes.
- Não, não, não, espere.
Eu ficaria muito surpreendido se
estas acusações tivessem fundamento.
O Departamento de Justiça e o FBl
são unânimes nesta decisão?
É muito cedo para condená-la --
"Verizon Sem fio"
Lindo cãozinho.
Acho que ela é simpática.
Sempre foi simpática comigo.
Bem-educada.
Não acha?
Sabe o que é um pombo
de competição, Barney?
Pombos de competição
sobem alto e rapidamente...
e depois deixam-se cair para trás
velozmente em direcção à terra.
Há os que se deixam cair pouco,
e os que se deixam cair fundo...
mas não se pode criar dois iguais,
ou as suas crias, os seus filhos...
deixam-se cair mesmo até ao chão,
embatem e morrem.
A Agente Starling deixa-se cair fundo.
Esperemos
que um dos seus pais não seja igual.
Aquela pilha está fraca,
Clarice.
Eu ia mudá-la,
mas não quis acordá-la.
Use a que estáno carregador.
Espero que a luz já esteja verde.
Porque a chamada vai ser longa
e não posso permitir que caia...
porque apesar de ter
sido suspensa das suas funções...
eu sei que não as vai abandonar--
e vai tentar localizar a chamada.
Desligamos o suficiente para poder
trocar as pilhas do telefone...
pelas do carregador.
Serão suficientes três segundos?
- Está pronta?
- Sim.
Largar.
- Muito bem.
- Obrigado.
Lembre-se, Clarice, se for apanhada
com uma arma escondida, sem licença...
no Distrito de Columbia,
a penalidade é muito alta.
Mas traga as armas se precisar.
Entre para o seu carro.
O motivo para o fazermos
desta forma, Clarice...
é porque gosto de a observar
quando falamos, com os olhos abertos.
Não, não me excita.
Agrada-me.
Tem uns pés muito bem formados.
Onde é que estamos agora?
Diga alto.
Avenida Massachusetts.
Continue.
Pensei, para começar, que podia
dizer-me como é que se sente.
Em relação a quê?
Os mestres a quem serve
e como a trataram.
A sua carreira, tal como está.
A sua vida, Clarice.
Pensei que podíamos
falar da sua.
- Qual é a próxima rua?
- Rua Capitol.
Mais dois quarteirões, vire à esquerda
para a Union Station. Estacione.
A minha vida? O que é que há
para falar da minha vida?
Tenho estado em hibernação
há algum tempo...
um pouco inactivo.
Mas estou de volta a casa
e sinto-me feliz...
e com muita saúde.
- Você. Você é que me preocupa.
- Estou óptima.
Não, com certeza que não
pode estar óptima, Clarice.
Apaixonou-se pela Agência,
pela instituição...
só para descobrir, depois de lhes
ter dado tudo o que podia...
que o amor não é
retribuído...
que, na realidade, a têm em má conta.
Querem-na menos que o marido e o filho
de quem desistiu em seu nome.
Porque será, o que é quepensa?
Porque será que a têm em tão má conta?
- Diga-me.
- Digo-lhe?
Deus o abençoe.
Não é óbvio?
Você serve a ideia
de ordem, Clarice.
Eles não.
Acredita no juramento que fez.
Eles não.
Acredita que é o seu dever
proteger o rebanho. Eles não.
Não gostam de si
porque você não é como eles.
Detestam-na e têm inveja de si.
São fracos, indisciplinados
e não acreditam em nada.
"Fotografias"
O Mason Verger quer matá-lo,
Dr. Lecter.
Entregue-se a mim,
e prometo-lhe que ninguém lhe toca.
Vai ficar na minha cela da prisão
a dar-me a mão, Clarice?
Até nos divertiríamos.
Não, Mason Verger não quer matar-me
mais do que eu quero matá-lo a ele.
Ele quer é ver-me sofrer de uma forma
inimaginável.
Ele é bastante perverso,
sabia.
Já teve o prazer
de o conhecer?
Frente a frente, por assim dizer?
Já.
- Bemparecido, não é?
- Dr. Lecter?
Ok, voltamos a si.
Quero saber o que
pensa fazer, uma vez...
que tudo o que mais quer
lhe foi tirado.
Não sei, Dr. Lecter.
Clarice, acha que vai trabalhar
como empregada de quarto...
num motel da Route 66...
como a sua mãezinha?
Em que está a pensar agora?
Está a prestar atenção ao que digo,
ex-Agente Especial Starling?
Está, porventura, a tentar
descobrir onde estou?
- Estou a ser seguida, Dr. Lecter.
- Eusei.Já os vi.
E agora está com um grande
dilema, não está?
Vai continuar a tentar encontrar-me,
sabendo que os está a conduzir a mim?
Tem tanta fé nas suas habilidades
que acredita verdadeiramente...
que poderá simultaneamente
prender-me a mim e a eles?
Pode gerar grande confusão, Clarice,
como no Mercado de peixe.
- Que tal se eu o fizer por si?
- Fazer o quê?
Lhes fizesse mal, Clarice,
aos que lhe fizeram mal a si.
Se eu os forçasse
a rogar por desculpa?
Não, nem lhe deveria dizer...
por que pensa, com o seu perfeito
juízo sobre o certo e o errado...
que de alguma forma é cúmplice.
Não me ajude.
Não, claro que não.
Faça de conta que não o disse.
Clarice, você esteve muito quente.
Esteve tão perto.
E agora está a arrefecer
outra vez.
Sim, quente outra vez.
Bom, acho quejá fui generoso
que chegue com as pistas.
- Está por sua conta, Clarice.
- Dr. Lecter.
Espero que goste deles, Clarice.
Saia.
Saia da frente!
A primeira coisa que um histérico
diz é, Eu "não sou histérico"...
mas eu não sou histérica.
Sou calma.
Vou perguntar uma vez.
Pense antes de responder.
Pense em todas as coisa boas
que tem feito.
Pense no que jurou.
Dois homens numa carrinha,
um terceiro a guiar, outro morto.
Põem-no na bagageira.
Penso que era o Lecter.
Dei-lhe uma matrícula, e vou dizer
uma vez mais em frente de testemunhas.
Muito bem.
Vamos assumir que é um rapto.
Eu mando alguém
com autoridades locais...
se nos deixarem entrar na propriedade
sem um mandato.
- Tenho que ir. Nomeie-me adjunta.
- Não. Não vai.
Vá para casa,
e espere que eu lhe telefone...
e lhe conte o que descobrimos,
se é que descobrimos alguma coisa.
Agradeça ao Sr. Verger por nos ter
deixado entrar. E que desculpe.
Ele gosta sempre de o ver.
Telefone.
Qual é o número, por favor?
Dê-me o que for.
- Como está ele?
- A dormir.
Traga-o para casa.
Ligou para Clarice Starling.
Por favor deixe uma mensagem.
Levante o telefone, Starling.
Não encontraram nada.
Vou repetir,
no caso de não me ter ouvido.
Espero para o seu bem
que esteja na casa-de-banho.
Lembra-lhe alguma coisa
de biologia do liceu, Sr. Dr.?
Não?
Bem, eu podia enumerar
as suas melhores características...
se isso ajudar a exercitar
a memória.
Três pares de incisivos...
um par de caninos alongados...
três pares de molares...
quatro pares de pré-molares...
superiores e inferiores...
num total de 44 dentes.
A refeição começará com
uma entrada de bife tártaro --
os seus pés.
O prato principal --
o resto do seu corpo --
não será servido
até sete horas mais tarde.
Mas durante esse tempo...
poderá desfrutar os efeitos
da entrada consumida...
com um soro endovenoso encorpado.
Talvez quisesse agora...
que eu desse de comer aos cães
os meus restos
Não, Mason.
Não, prefiro-o
tal como está.
Então...
jantar às 20:00.
Vai ficar
para o espectáculo da noite...
não vai, Cordell?
Se não se importa...
eu preferia não ficar.
Preferia...
ou não fica?
O seu irmão mais novo já deve cheirar
tão mal como você.
Espere!
Mãos onde as possa ver!
Silêncio!
O que foi aquilo?
Cordell, depressa!
Deite-se de barriga para baixo.
Boa-noite, Clarice.
- Como nos velhos tempos.
- Cale-se.
- Pode andar?
- Vou tentar.
Está com bom aspecto.
Vou soltá-lo.
Se me tocar,
disparo.
- Entendido.
- Porte-se bem e sobreviverá.
Talvez seja mais rápido
se me passar a faca.
Havia uma terceira
neste espaço.
Não, Clarice. Atrás de mim.
Cordell, dispara!
Saca a pistola e dispara!
- Vai para o curral?
- Vou!
Não. Eu não me vou meter nisto.
Já está metido, isso é que está,
e em tudo. Agora obedeça!
- Não.
- Sim!
Cordell,
porque é que não o empurra?
Pode sempre dizer
que fui eu.
Mary, sou eu.
Decidi sair mais cedo. Vou para a casa
do lago o fim-de-semana todo.
Não quero receber chamadas
nem reencaminhadas. Entendido?
Seja quem for,
podem todos esperar. Ok?
Oiça, é o 4 deJulho,
por amor de Deus. Obrigado.
Mas que merda é esta?
Muito bem. Trouxe o vinho.
Uma vez apostei com um amigo que
podia manter um foguete aceso na mão...
por mais tempo que ele.
Posso adivinhar?
Perdeu a aposta, e ele perdeu
um dedo. Estou certo?
Não vai doer nada.
Estamos à espera de visitas?
Localizámo-la e apolícia
chega aíem dezminutos.
Se conseguir fazê-lo com segurança,
saia para fora da casa.
Senão, fique ao telefone comigo.
Minha senhora?
Está aí?Minha senhora?
Tem que ter a certeza
que se sentem bem-vindos.
- São chalotas?
- E alcaparras.
A manteiga tem um cheiro delicioso.
Está com fome, Paul?
Muita.
Qual é o prato principal?
Nunca deveria perguntar.
Estraga a surpresa.
Clarice, o que faz acordada?
Devia estar a descansar, vá deitar-se.
Tenho fome.
- Como está, Paul.
- Paul, não seja mal-educado.
Diga, Como está, Agente Starling.
Como está, Agente Starling.
Sempre a quis
observar a comer.
O que é que tem na sua mão?
Uma coisa para me bater na cabeça?
Ponha-a na mesa.
Linda menina.
Isso é meu.
Agora sente-se.
Clarice, adoro o vestido.
É lindo.
- O que acha, Paul?
- Bonito.
Bonito.
Porque é que não dá graças, Paul.
- Eu?
- Sim.
- Graças?
- Claro.
Muito bem.
Incline a cabeça numa vénia.
Pai, agradecemos
a graça divina...
e rogamos
a Tua Misericórdia --
Pelo que vamos receber --
Perdoa-nos a todos...
mesmo à escória
como aqui a Starling...
e condu-la
ao meu serviço, ámen.
Devo dizer-lhe, Paul, que nem o
Apóstolo Paulo tinha feito melhor.
Ele também detestava mulheres.
- Passa-me o vinho, por favor?
- Acho que não foi boa ideia.
Com morfiina.
Acho que devia comer
um pouco de caldo. Ok?
Por sinal, aquilo que disse na minha
oração foi uma oferta de trabalho.
Vou para o Congresso,
sabia.
Vai?
Passe pela sede da campanha.
Poderia ser empregada de escritório.
Sabe dactilografar e arquivar?
Sabe fazer ditados?
Tome nota disto.
Washington está cheio de
ratas provincianas.""
Já tomei nota.
Já o tinha dito.
Paul, está a ser mal-educado,
e detesto gente mal-educada.
Beba o seu caldo
como um menino bonito. Vá. Sorva.
Muito bem.
Não é muito bom, caro amigo.
Confesso que ao seu adicionei algo.
Talvez não fique bem com os cominhos.
Mas garanto-lhe, o próximo
prato é de se chorar por mais.
Vá lá, Clarice.
Linda menina.
Muito bem.
Sabe, o próprio cérebro não sente dor,
Clarice, se isso a preocupa.
Por exemplo, Paul não sentirá a falta
deste bocadinho aqui...
que faz parte do lobo frontal...
que dizem ser onde residem
as boas maneiras.
O seu perfiil, na polícia de fronteiras,
tem cinco características.
- Eu negoceio.
- Negoceia?
- Pare, e eu digo-lhe quais são.
- Como é que essa palavra lhe sabe?
Barata e metálica,
como chupar uma moeda suja?
- Quem é a Clarice?
- Agente Starling, Paul.
Se não consegue acompanhar a conversa
não participe de todo.
Paul, eu sou a Starling.
Vê...
aqui--
aqui mesmo é a bolsa que contém
o cérebro.
Queria mesmo um copo de vinho.
- Cheira muito bem.
- Sim.
Aqui.
Quer provar um bocadinho?
Quero mesmo
vinho --
É bom.
Muito bem. Só um bocadinho.
Se pudesse, negar-me-ia
a vida, não era?
Não a sua vida.
A minha liberdade, só isso.
É isso que me tiraria.
E se o fizesse, aceitá-la-iam
de volta?
O FBI?
Essas pessoas que detesta quase
tanto como a detestam a si?
Ganharia alguma medalha,
Clarice, acha?
Emolduraria a medalha e penduraria
na parede para olhar para ela...
para ser lembrada da sua coragem
e incorruptibilidade?
Para isso, Clarice,
só precisa de um espelho.
Tenho planos para essa esperta.
Já não te vou contratar.
Lembra-se do que eu disse?
Se não pode ser bem-educado
com as visitas...
tem que ir para a mesa
das crianças.
Não se levante, Clarice.
O Paul ajuda-me a levantar a mesa
e a fazer café.
Pense só no que eu disse,
Clarice.
Café.
Eu dei meia volta
ao mundo...
para a ver lutar, Clarice.
Deixe-me lutar, sim?
Diga-me, Clarice,
alguma vez me diria...
Pare.
Se gostasse de mim, pararia?
Jamais.
Nunca na vida.
Linda menina.
Isso é muito interessante,
Clarice...
e eu estou mesmo sem tempo nenhum.
Onde está a chave?
Onde está chave?
Acima...
ou abaixo do pulso...
Isto vai mesmo doer.
Mostre as mãos!
Identifique-se!
Sou a Clarice Starling!
FBI!
- Olá.
- Olá.
O que é isso?
É caviar.
- E isso o que é?
- São figos.
E aquilo?
Isto?
Acho que não
ia gostar disso.
- Tem bom aspecto.
- E é bom.
Posso provar?
É um rapaz muito original,
não é?
- Não consigo comer o que me deram.
- Nem deve. Não é bom para comer...
tanto quanto entendo essa definição,
é por isso que trago sempre comida.
Qual é que gostava de provar?
Bem, acho que não faz diferença.
Como a tua mãe disse,
e a minha me disse certamente...
É muito importante,
como dizia sempre...
experimentar coisas novas.
Abre.