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BASEADO NUMA HISTÓRIA VERÍDICA
Quando se ama, confia-se na pessoa.
Tem de ser assim.
Confiamos-lhe tudo o que é nosso.
Senão, para quê amar?
Durante algum tempo,
acreditei ser esse o amor que tinha.
Antes de dirigir um casino,
ou de terem rebentado comigo,
o Ace Rothstein era um às.
Posso afirmá-lo.
Era tão bom que, quando apostava,
trocava as voltas...
a todos os corretores do país.
A sério, tinha tamanha sabedoria...
que me foi dado um paraíso terrestre.
Fui posto à frente de um dos maiores
casinos de Las Vegas, o Tangiers,
pelos únicos tipos que realmente
tinham dinheiro para isso.
$62. 700.000.
Pormenores não sei.
Ninguém sabia todos os pormenores,
mas podia ter sido perfeito.
Tinha-me a mim, Nicky Santoro,
o seu melhor amigo, a tomar conta dele...
e tinha a Ginger, a mulher que amava,
ao seu lado.
Mas no fim lixámos tudo.
Poderia ter sido tão bom.
Mas acabou por ser a última vez
que uns vadios como nós...
alguma vez teriam acesso a algo tão valioso.
Nessa altura,
Las Vegas era onde os trouxas...
iam todos os anos com uns cobres...
e perdiam cerca de mil milhões de dólares.
À noite era impossível avistar-se
o deserto que rodeia Las Vegas.
Mas é nele que muitos dos problemas
da cidade se resolvem.
Há muitos buracos no deserto...
e é neles que se enterram muitos problemas.
Mas tem de ser bem feito.
O buraco já tem de estar escavado...
antes de chegar com a encomenda
na mala do carro.
Senão, ainda são
30 ou 45 minutos a escavar.
Sabe Deus quem pode aparecer
nessa altura.
Quando damos por nós,
temos mais uns buracos para escavar.
Podemos lá ficar toda a noite.
THE STRIP - LAS VEGAS
DEZ ANOS ANTES
Quem resistiria?
Noutro sítio qualquer,
seria um corretor, um batoteiro...
com os chuis à perna, dia e noite.
Mas aqui, sou o Sr. Rothstein.
Para além de estar legal, dirijo um casino.
É como fazer dinheiro a vender sonhos.
Contratei para gerente um velho parceiro,
o Billy Sherbert, e pus mãos à obra.
Este é o Ronnie, da sala de jogos de cartas.
Tipos como eu redimem
os seus pecados em Las Vegas.
É como uma lavagem de carros
de moralidade.
O mesmo efeito que Lourdes
surte sobre os aleijados.
Além de nos pôr na legalidade...
há dinheiro a rodos.
Afinal, o que estamos
a fazer no deserto?
É todo este dinheiro.
É o resultado final do brilho destas luzes...
das viagens pagas,
dos banhos de champanhe,
das suites de hotel à borla,
das miúdas e das bebidas.
Tudo bem pensado para vos sacar dinheiro.
É essa a verdade de Las Vegas.
Só nós é que ganhamos.
Quem joga não tem hipóteses.
É ver o dinheiro deles deslizar das mesas...
pelas calhas, para as nossas caixas,
até à sala mais sagrada do casino.
O lugar onde juntam todo o dinheiro,
AVISO - NÃO ENTRAR
o templo mais sagrado, a sala de contagem.
Esta sala era restrita.
Nem eu lá entrava.
A minha tarefa era encher-lhe os depósitos.
Havia lá tanto dinheiro...
que se podia construir uma casa
com notas de $100.
O melhor é que lá em cima,
nem a Administração sabia
o que lá se passava.
Para eles, estava tudo na maior legalidade.
Certo? Errado.
Confere $5.000.
Os tipos lá da sala...
eram lá metidos para limpar a loja.
Declaravam menos,
desapareciam com fichas.
Até tiravam dinheiro das caixas.
E competia a este gajo aqui,
com $2 milhões à frente,
filtrar o dinheiro da superfície,
sem que ninguém se apercebesse...
nem mesmo a DGCI.
Reparem como ninguém
parece estar a ver nada.
Consegue-se sempre fazer vista grossa.
Vejam estes tipos. Parecem ocupados.
Estão a contar. Para quê incomodá-los?
Deus os livre de se enganarem
sem meterem nenhum ao bolso.
Entretanto, é um entra e sai.
Passamos o guarda
que ganha $100 extra semanais...
só para vigiar a porta.
A mesma rotina dos negócios:
entrar, sair, olá, adeus.
Tão simples quanto isso.
Mais um gordalhufo a sair do casino
com uma mala nas mãos.
Essa mala ia direitinha para o seu destino:
Kansas City, o sítio mais perto...
de Las Vegas
onde os chefes do Midwest podiam ir,
sem ser presos.
A mala era tudo quanto ansiavam.
E ansiavam-na todos os meses.
MERCEARIA ITALIANA SAN MARINO
Ora, o sacana deste mórmon aqui...
só tinha de viajar uma vez por mês
com as malas. Canja.
- Cheira bem.
- Prepararam-nos algo para comer.
Os chefes vinham de toda a parte:
Detroit, Cleveland, Milwaukee...
de todo o Midwest.
Encontravam-se nesta mercearia
de Kansas City.
Ninguém sonhava.
Um deles punha a mãe a cozinhar.
Costumas ver o Jerry Steriano?
Estes velhos buchas podem não parecer,
mas acreditem,
eram os gajos
que secretamente controlavam Las Vegas.
Mãe, o homem voltou.
Porque controlavam
o Sindicato dos Camionistas.
É lá que ia quem precisasse de dinheiro
para comprar um casino.
- Porias camarão?
- Eu sim.
Só havia empréstimos dos Camionistas
se estes gajos...
soubessem que iam receber as malinhas.
Gajos como este dinossauro, de Detroit.
Ou, sobretudo, tipos como o Remo Gaggi,
o chefão da fatiota.
Tens números redondos?
Sem dúvida, o mais importante desta sala.
- Cerca de 10 quilos. Aí uns $700.000.
- Bom.
Ainda é cedo para Las Vegas...
mas quero dar as boas-vindas
a toda a indústria do jogo...
Para toda a gente,
o Andy Stone, chefe
do Fundo de Pensões dos Camionistas,
estava legal.
Um homem poderoso.
Até jogava golfe com o Presidente.
Em nome
do Fundo de Pensões do Sindicato...
- tenho o prazer de vos dar...
- Mas o Andy também recebia ordens.
Quando o mandaram conceder
um empréstimo ao Philip Green...
...este cheque de $62.700.000...
para o novo Tangiers.
...ele obedeceu.
Era o testa-de-ferro ideal.
Que mais poderia ser?
Ele não sabia de mais.
Nem queria saber...
se obrigavam os Camionistas
a emprestar-lhe dinheiro.
Preferia acreditar que obtivera o dinheiro
por ser esperto.
Estou ciente da concorrência
que existe por aí.
E onde teriam desencantado o Green?
Quem sabe?
Só sei que impingia imóveis no Arizona...
e que quase não tinha dinheiro para ir
de carro buscar o cheque do ordenado.
FUNDO DE PENSÕES DO SINDICATO DOS CAMIONISTAS DOS ESTADOS
CENTRAIS E era o homem de confiança dos chefes,
o Andy Stone, quem dava as ordens.
Não era o Presidente do Conselho,
o Philip Green.
Estou a ver.
Só precisavam...
de alguém de confiança
para dirigir o casino.
E quem era melhor do que o Ace?
Estava em Las Vegas há alguns anos...
e conhecia todos os cantos à casa.
Mas, como é típico do Ace,
quando o convidaram,
tentou dissuadi-los.
Não sei se seria capaz.
A Comissão de Jogo
nunca me daria uma licença.
Fui detido umas 24 vezes por jogo ilegal.
Não precisas disso
para trabalhar num casino.
Só tens de a requerer.
A lei permite que trabalhes num casino,
enquanto estão a emitir a licença.
Levam um atraso de dez anos.
E se descobrirem?
Porque quereriam descobrir?
Vamos investir $100 milhões.
Porque nos colocariam entraves?
Nunca descobrirão. Só tens de ir mudando
de estatuto profissional.
Tipo, de Director do Casino
para Gerente do Restaurante.
E põem-te o requerimento
no fundo da pilha.
Conheço tipos que trabalharam ali
durante 30 anos sem licença.
É uma escolha difícil, Andy.
Se aceitasse, seria nos meus termos.
Tudo bem.
A sério. Sem interferências.
Ninguém interferirá
na tua administração do casino.
Garanto-te.
E foi assim que convenceram o Ace.
Queriam-no a ele,
porque o Ace tinha o jogo nas veias.
Arranjaram-lhe um cargo à maneira,
Director de Relações Públicas do Tangiers.
Mas o que ele dirigia era o casino.
Fez a primeira aposta quando tinha 15 anos
e sempre ganhou dinheiro.
Mas não apostava como nós o fazemos.
Pelo gozo de apostar.
Onde aprendeste a dar cartas?
Apostava como um neurocirurgião.
Põe as fichas como deve ser.
- É assim que se faz.
- Sim, senhor.
Tinha de saber tudo.
Descobria coisas que ninguém sabia...
e era nelas que apostava.
ANOS ANTES LÁ NA TERRA
Já há anos, lá na terra,
quando começámos a dar-nos
sabia logo se o defesa se drogava...
Na Columbia com $20.000.
...ou se a namorada dele estava grávida.
Apurava a velocidade do vento
para calcular os golos.
Sabia quais as tacadas
que os diferentes tacos permitiam,
nos campos de basquetebol da faculdade.
Passava horas a estudar tudo isso.
Sabia tudo do jogo em que ia apostar.
O Ace apostou $6.000. Aposto $6.000.
Época após época,
o sacana era o único vencedor certo.
Mas levava tudo tão a sério...
que acho que nunca chegou a divertir-se.
Mas ele era assim mesmo.
Nessa altura, os chefes pouco se ralavam
se se divertia ou não.
Para eles, ele era uma caixa registadora.
Bastava-lhes tocar a campainha
e tirar o dinheiro.
Sobretudo o Remo,
um viciado que perdia sempre...
Olha-me esta merda.
- ...a menos que fosse o Ace a apostar.
- Já chega!
O Ace facturava mais num fim-de-semana,
do que eu num mês de assaltos.
O Ace contava ao Remo
tudo o que ouvia na rua.
Combates combinados, cavalos dopados,
árbitros corruptos, resultados viciados.
Contava tudo ao Remo.
E eu não o censuro.
Ter o Remo feliz com dinheiro...
era o melhor seguro de vida.
Filho da mãe!
Porquê Oklahoma a ganhar ao Michigan?
Nunca apostaram em Oklahoma...
Porque apostaste tu?
Por isso é que pagaram tão bem.
Estás a ver? Nunca me diz nada.
O que temos para a semana?
Ainda é cedo. Digo-te na quinta-feira.
Está bem?
- Passas lá por casa?
- Passo.
Às 7:00.
Bom trabalho. Continua assim.
Nick, vem cá.
Vou já.
Vês aquele tipo? Olha por ele.
Está a dar-nos muito dinheiro.
E vai continuar a dar, por isso,
vê lá se o proteges.
Não é como os desmiolados
dos agentes federais.
- Está bem?
- Está.
Levo isto?
Então agora, acima de tudo,
era o guarda-costas do Judeu de Ouro.
Duas para as senhoras.
Formávamos uma grande dupla.
Eu a aceitar apostas e o Nicky a cobrá-las.
Os velhotes adoravam-nos, e porque não?
Ficavam todos a ganhar connosco.
Como cobrava o Nicky?
Nem perguntem.
Onde está o dinheiro? Não o vejo.
- Olá, Melissa, Heidi.
- Olá, Sam.
Quem é este tipo?
- Vai à merda. Eu apostei nove.
- Foram oito.
Dá-lhe as probabilidades do jogo dos Bears.
- Oito.
- Se ele não sabe, ninguém sabe.
- Foram oito.
- Como é que apostei nove?
Porque és um trouxa.
- Desculpe.
- O quê?
- A caneta é sua?
- Sim. Porquê?
É gira. Não sabia de quem era.
Não queria que se perdesse.
Obrigado. Agora, pegue nela...
e enfie-a pelo cu acima.
- Estava só a tentar...
- Cabrão!
Cuidado, Joe.
Ouves uma menina a chorar?
Será uma garotinha?
Então e o durão...
que mandou o meu amigo enfiá-la no cu?
Calma, Nicky.
Estava eu ainda a tentar perceber
por que tinha dito aquilo...
já o Nicky o espancava.
Por maiores que os tipos fossem,
o Nicky malhava neles.
Acertas-lhe com um murro,
ele volta com um taco.
Dás-lhe uma facada e ele saca uma arma.
E se lhe deres um tiro,
é melhor que o mates,
porque o Nicky ripostaria...
até à morte.
Com a minha protecção,
o Ace enriquecia os chefes.
Foi isso que o trouxe a Las Vegas.
Era uma mina.
Uma galinha dos ovos de ouro.
Assim que assumiu o controlo,
duplicou as receitas.
O casino nunca dera tanto.
Os chefes não podiam estar mais felizes.
Aqui, tinha de dar trabalho
a alguns saloios influentes.
Eram unha e carne com a velha guarda.
Sem nós, os tipos ainda estariam
a chafurdar na merda.
Tens de manter isto limpo.
Se for preciso, chama as limpezas.
Não volta a acontecer, Sam.
- Sr. Rothstein.
- Não volta a acontecer, Sr. Rothstein.
Este tipo é mais um branco idiota, ou quê?
- Precisamos dele.
- Não podemos descartá-lo?
É bem relacionado.
É primo do Comissário Distrital.
Não o queria nem para esfregar o chão.
Não tinha escolha. Tinha de os tratar bem.
Estes saloios dirigiam o Estado.
Obrigado, Senador.
- Aprovavam as leis, possuíam os tribunais.
- Preciso de um quarto.
Os políticos vinham às dúzias,
todas as semanas.
- Providencie tudo.
- Com certeza.
Porque não bajulá-los?
Para os políticos,
como o nosso Senador do Estado,
era tudo por conta da casa.
Ao serem eleitos, obtinham muitas regalias.
Porque não aproveitar?
Mas os políticos saíam barato.
Com esses podíamos nós.
Eram os tubarões, como o K.K. Ichikawa...
que apostava $30.000 no Bacará,
que tínhamos de ter debaixo de olho.
Ele aposta rápido e forte.
Tinha todo o dinheiro do mundo...
para nos levar à falência.
Há um ano atrás limpou
um par de casinos nas Ilhas Caimão.
Lá em baixo, saca-nos $2 milhões...
e cá em cima tem sabonete,
champô e toalhas à borla.
Um milionário forreta que adorava quartos...
e jactos privados à borla
e os nossos $2 milhões.
Trouxemo-lo de volta.
Mandei o nosso piloto dizer-lhe
que havia uma avaria.
- Qual foi o problema?
- Lamento.
Estas coisas mecânicas acontecem.
Antes aqui que lá em cima.
Acabou por perder os voos de ligação
com o ***ão.
Não acredito que estejam cheios.
Tinha à espera um piso de salas só para ele.
- Lamento pelo avião.
- Quer algum do meu dinheiro de volta.
Não, nada de jogos.
Quando voltou, apostou pouco.
$1.000 por jogada,
em vez dos habituais $30.000.
Mas eu sabia que os tubarões
como o Ichikawa...
não estão muito tempo sem apostar forte.
Não pensam que estão a ganhar $10.000.
Pensam que estão a perder $90.000.
Então, subiu a parada.
Até perder tudo o que tinha ganho
e deixar $1 milhão do seu bolso.
A regra principal é fazer com que joguem...
e voltem sempre.
Quanto mais jogam, mais perdem.
No final, arrecadamos nós.
Aqui todos se controlam uns aos outros.
Como os jogadores querem ganhar
ao casino,
os distribuidores de cartas
controlam-nos a eles,
os caixas controlam os distribuidores,
os chefes de sala controlam os caixas,
os chefes de banca controlam
os chefes de sala,
os chefes de partida controlam
os chefes de banca,
o gerente do casino controla
os chefes de partida,
eu controlo o gerente do casino...
e as câmaras controlam-nos a todos.
Havia ainda alguns tipos,
a maioria ex-batoteiros,
que conheciam todos os truques.
Sim!
- Muito bem.
- Eu disse-te que hoje estava com sorte.
Isto está animado.
Vamos lá. Esta é para a Ginger.
Dá-me $100 na tua mão de 10.
Obrigada.
Cá vamos nós.
- Perdão.
- Os dados.
Muito obrigada.
Muito agradecida.
Fica bem, Steve. Diverte-te.
Toma lá $100, querida.
Obrigado por apareceres.
- Vá lá.
- Que foi?
Ganhaste muito dinheiro comigo,
quero a minha parte.
Que dinheiro? Eu vi-te a roubar.
Olha para estas fichas todas.
- Quero metade.
- Topei-te a noite toda.
- Quero o meu dinheiro.
- Tens a mala cheia de fichas.
- Não te roubei nada.
- Desaparece!
- Desapareço?
- Sim!
- Que me dizes a isto?
- Vá lá!
Que jogada. Apaixonei-me ali mesmo.
Mas em Vegas,
o amor de miúdas como a Ginger paga-se.
Vou retocar a maquilhagem.
- A missão da Ginger era fazer dinheiro.
- Volto já.
- Até à vista, Ginger.
- Obrigada.
Era uma rainha no casino.
Trazia grandes apostadores
e fazia-os gastar muito dinheiro.
- Olá.
- Ginger! Como estás?
Óptima. Deves ter alguma coisa
para mim. Trataste de mim?
- Muito obrigada.
- Fica bem.
Trouxe-te umas pílulas mágicas, Andy.
Quem resistiria à Ginger?
Era uma das mais famosas,
queridas e respeitadas vigaristas da cidade.
Vigaristas deste calibre
tinham um gajo de pé...
durante dias,
até o despachar falido para casa,
para a mulher dele
e para os gestores de conta.
Tens trocos?
Fiz umas jogaditas antes de vir para cá.
Eram só tretas. Metia tudo ao bolso.
- Tudo fino?
- Óptimo.
- Você?
- Exausta.
- Conhecia o código dos vigaristas.
- Fique com uma.
- Obrigada.
- Sabia como lidar com as pessoas.
É isso que conta em Las Vegas.
- $6.800.
- Obrigada.
- É a cidade das comissões.
- Passe uma boa noite.
Sabia lidar com os distribuidores,
os chefes de banca, os chefes de sala,
mas, sobretudo, os arrumadores,
os tipos que tratavam sempre de tudo.
Ela controlava os arrumadores...
que controlavam os seguranças
que controlavam os chuis...
- que a deixavam à vontade.
- Preciso disso hoje.
- Não há crise.
- És um amor.
O negócio do parque era tão rentável...
que tinham de pagar ao gerente do hotel
pela concessão.
Eu só não entendia uma coisa,
ela controlava tudo...
menos o chulo do namorado,
o Lester Diamond.
Tenho mais pessoas envolvidas nisto,
tenho sócios.
Conto também contigo, está bem?
Vais reaver tudo e em primeira-mão.
Está bem?
- Tudo bem.
- Para onde vais?
Onde estás? Estás distante.
- Estou aqui.
- Não estás nada.
Onde estás?
Estou sempre ao teu lado.
- És a minha miúda.
- Eu sou.
A Ginger que eu conhecia
nem olharia para este sacana.
- Boa sorte.
- Sim.
Era um ladrão, um batoteiro,
um vigarista dos clubes de golfe,
um pulha...
- que fazia tudo por uns tostões.
- Tem cuidado.
Estava sempre teso.
Tinha sempre uma história.
Ela nunca lhe dizia que não.
Para a Ginger ele era um desgraçado.
Alguém tinha de cuidar dele.
LÁ NA TERRA
Mas ninguém tinha de cuidar do Nicky.
Se houver aí dinheiro, rachamos ao meio.
Ele sabia tratar de si muito bem.
Por isso é que lhe queriam deitar a mão.
Estava tudo bem arrumado,
veja lá se tem respeito.
Não olhes para mim, eu é que levo com ela.
Até quando vinha de férias
não o largavam no aeroporto.
O Frank Marino foi lá ter com ele.
E os chuis também.
Queriam apanhá-lo...
- por um roubo de diamantes em Antuérpia.
- Ajude-me aqui.
Estavam prontos a acusá-lo de tudo,
fosse onde fosse.
Normalmente, tinham razão.
O Nicky gostava de ser vilão.
E estava-se cagando para que soubessem.
Vejam só. Lindo!
Isso é que me preocupava,
porque iam mandar o Nicky para Las Vegas.
- É tudo.
- Há mais.
Há mais aí metidos.
- Já te disse que é tudo!
- Deixa cá ver.
Não te ponhas à defesa,
podem estar presos no cabelo.
O que é isto?
Está tudo. Obrigado.
Estava ansioso por chegar a Las Vegas.
Mas não me mandaram lá para me divertir.
Mandaram-me para proteger o Ace.
E para que não interferissem com a limpeza.
- Olá.
- Como estás?
Olá, Sammy.
- Topa-me só esta casa.
- Incrível.
Bem-vindos a Las Vegas.
- Fixe, Sammy.
- O máximo, não é?
Ginger.
Valha-me Deus.
Que tens andado a fazer por aqui?
Vem cá, querida.
A Jennifer e o Nick. Amigos do peito.
- Olá, Jennifer.
- Prazer.
Muito bem, Sammy.
Depois do jantar,
deixámos a Jennifer e a Ginger...
e saímos para conversar.
Foi quando me disse.
E se me mudasse para cá?
Tens algum problema com isso?
Claro que não.
Dás-me autorização?
Claro. Mas devo dizer-te...
que isto não é brincadeira.
Tens de ser discreto.
Não é como lá na terra.
Não gostam de tipos como nós.
O xerife é um autêntico cowboy.
Nem a bófia se coíbe
de fazer enterros no deserto.
Quero lá saber.
Preciso de me afastar um pouco.
Estou farto daquela merda.
Vê-me só isto. Tudo feito de dinheiro.
Sabes o que é o melhor?
Ninguém sabe o que fazemos.
Aqui ninguém nos vê.
Ficaram todos lá na terra.
Prenderam-me duas vezes sem razão.
Tenho de ter muito cuidado.
O lugar que dirijo tem licença. É tudo legal.
Não te preocupes. Não vou fazer nada.
Não te vou envolver em nada.
Ele via Las Vegas de um modo...
- Ligas-lhe a dizer que já vou?
- Sim.
...e eu de outro.
Eu via-a intocada.
Com corretores, chulos
e traficantes que eu podia manipular.
A quem poderiam recorrer?
Comecei a pôr todos na linha.
O melhor era que, pela primeira vez na vida,
descobri como não perder.
Ele tinha um esquema fixe.
Não era muito científico, mas funcionava.
Quando ganhava, cobrava.
Quando perdia, mandava-os dar uma volta.
Que podiam fazer? Forçar o Nicky?
O Nicky era a força.
- Tudo bem?
- Como estás?
- Tens aquilo para mim?
- O quê?
Nicky, pensei que fosses apostar.
Não, quero levantar.
- De certeza?
- Absoluta.
- Estou baralhado.
- Baralhado?
E se te enfiar a cabeça pela janela...
isso passa-te?
- Dá cá a ***.
- Desculpa.
Não foi por mal.
Por isso é que o tinhas à mão.
Achavas que ia apostar.
- A minha cabeça.
- Vê se atinas.
O Nicholas Santoro vai agora falar-nos
do nosso primeiro Presidente.
George Washington nasceu...
Tudo andou calmo por uns tempos.
Apresentámos o Nicky e a Jennifer a todos...
como bons cidadãos.
Bela tacada.
O Ace pôs o meu filho na Liga Infantil.
Foi fantástico.
Um dos treinadores era detective.
Mas não fazia mal.
O principal eram os miúdos.
Tem de aprender
que não importa marcar sempre.
É o que lhe digo sempre,
mas o miúdo é mesmo assim.
Sendo o Nicky como era,
depressa se fez notar.
Sobretudo no casino, onde não trabalhava...
as pessoas perceberam.
Foi para isso que me mandaram para cá.
Tinha de garantir
que mais ninguém roubava a loja.
Como estes dois imbecis aqui.
Iam sacar-nos $200.000.
Está-se mesmo a ver.
Que tal vai isso? Que fazes aqui?
Agora estou cá.
- Estás cá?
- Sim, estou aqui com eles.
Esperamos o Carmine.
Sim, estamos à procura dele.
Esteve aí e saiu com uma mala.
O Carmine saiu?
Foi-se embora?
Não está cá?
O Carmine saiu?
Acho que atravessou a rua
ou foi para outro lado qualquer.
Bom, boa sorte nos negócios.
- Obrigado, Eddy.
- Desejo-te sorte.
Para vocês também.
Não assinaram os papéis.
Já não precisam deles.
Por respeito, os das outras organizações
foram avisados.
Quanto aos outros, cuidado.
Como estes saloios...
que desconheciam o Nicky
ou os chefes lá da terra.
São os piores.
Apanhávamo-los e voltavam...
com os seus disfarces.
Para dar com eles, basta vê-los a apostar.
Como este, que está a apostar fichas...
a $500 cada. Só há um problema.
Acerta sempre.
Se não fosse tão ganancioso,
não teríamos dado por ele.
Mas todos acabam por ser gananciosos.
Vi que o distribuidor era fraco,
mas não estava metido.
Só não estava a proteger o jogo.
Tinha as cartas demasiado levantadas.
E este gajo aqui está a ver o jogo todo...
e a fazer sinais ao amiguinho
aqui desta mesa.
É isto que estes vigaristas procuram.
Vão de casino em casino
à procura de distribuidores fracos,
tal como os leões procuram
antílopes fracos.
Telefonista, sou o Sr. R.
Chame o Armstrong e o Friday
à Banca 2, imediatamente.
BJ 19, segunda base, o da barba.
Quero os Parabéns, alto e bom som.
Parabéns a você
Nesta data querida
Para o menino Jeff
Uma salva de palmas
Emergência!
Chamem um médico. É um ataque cardíaco.
Ele está bem, dêem-nos espaço.
Nunca sabem o que os atingiu.
E se soubessem que tinha sido
um aguilhão para gado,
prefeririam ter tido um ataque cardíaco.
É que este tipo e os amiguinhos dele
andavam a limpar o casino há anos.
- Tem uma escuta.
- Que estão a fazer?
Cá está ela. Pronto.
- A justiça dos batoteiros.
- Meu Deus!
Não!
Queria que todos soubessem
que as coisas tinham mudado por aqui.
Estes tipos iam ser o exemplo
de que a festa tinha acabado.
Estou apenas curioso.
Vi-te brincar com as fichas
com a mão direita.
- Fazes isso com as duas mãos?
- Não.
- Não consegues com as duas?
- Não, senhor.
- E com a mão esquerda?
- Nunca tentei.
- Então és destro.
- Sim.
Então começa a aprender
com a mão esquerda.
- Acho que são $100.000, $110.000.
- Exacto.
Óptimo.
Olá.
É muito dinheiro para contar em público.
Não quer ir contá-lo no escritório?
Há mais privacidade.
Mande um champanhe bem fresco.
- É para já.
- Daquele especial.
Sou o Billy Sherbert, o gerente.
- Está a divertir-se?
- Sim.
O dinheiro conta-se em privado.
Tenho um voo para Cleveland.
Posso receber o que ganhei?
Olha o que me fizeram à mão.
Vou dar-lhe a escolher:
o dinheiro e o martelo
ou pôr-se a andar daqui.
- O que prefere?
- Sair daqui.
E avise os seus amigos.
- Desculpe, foi um grande erro.
- Tem toda a razão.
Se voltarem a pôr os pés aqui,
corto-vos a cabeça.
Está a ver a serra? É a que usaremos.
Aqui não brincamos.
- Percebeu?
- Sim.
- Desapareça.
- Obrigado.
Atirem-no a um beco
e digam aos chuis que foi atropelado.
Em menos de nada,
tínhamos arrumado a loja.
Tinham-se acabado os batoteiros,
o lucro estava a subir,
os deuses estavam felizes.
Decidi então complicar as coisas.
Para quem gosta de jogo certo,
estava para apostar o resto da vida
numa hipótese remota.
O tempo não anda para trás.
Não achas que é altura?
Não estás cansada de tudo isto?
De bater, de vigarizar?
- Queres prender-me?
- Quero fazer melhor do que isso.
Quero casar contigo.
Queres casar comigo?
É a sério.
Quero assentar. Constituir família.
Escolheste a miúda errada, Sam.
Eu seria um bom pai, tu uma boa mãe.
Não me conheces.
Conheces-me só há dois, três meses.
O que sabes de mim?
Tenho 43 anos. Não quero esperar mais.
Conheço-te o suficiente
para saber que te amo.
Não imagino ninguém melhor que tu.
Não quero esperar mais.
Conheces muitos casais felizes? Eu não.
Eu sei disso.
Eu gosto de ti.
Mas não sinto o mesmo que tu.
Desculpa. Não estou apaixonada.
- Tudo bem.
- Entendes?
Desculpa.
Não...
Dá-lhe tempo.
Desde que haja respeito mútuo,
isso pode crescer.
Sou realista. Posso aceitar isso.
Afinal o que é o amor?
É ter respeito mútuo. Dedicação.
Duas pessoas cuidarem uma da outra.
E se criássemos uma base...
assente nesse respeito mútuo...
sei que virias a gostar de mim o suficiente...
para me fazer feliz.
Se não resultar...
onde é que eu fico?
As coisas estão bem, vão ficar ainda melhor.
Aconteça o que acontecer,
mesmo que não resulte,
dou-te segurança para o resto da vida.
Sobretudo, se houver crianças...
tratar-te-ei melhor do que possas imaginar.
- Que estás a dizer?
- O que ouviste.
Ficas garantida para o resto da vida.
Prometo-te.
Queres arriscar?
Quando casei com a Ginger, sabia de tudo,
mas não ligava.
Sou o Sam Rothstein, pensei eu,
posso mudá-la.
Era mesmo à Ace.
Convidou os grandes da cidade
sabendo que apareceriam.
Sabia que todos queriam algo dele.
Mas o Ace não dava borlas.
Nem mesmo à Ginger.
Até com ela jogou pelo seguro.
Tiveram a criança, antes de casarem.
Pediu-nos que olhássemos pela Amy,
enquanto foram de lua-de-mel.
Eu não me importei, adorávamos a miúda.
Sentes o meu olhar em ti?
Sente-lo penetrar o teu coração?
Sentes-me no teu estômago?
Sentes-me dentro de ti?
No teu coração?
Não me faças ir aí.
Responde-me.
Amo-te.
Querida, sabes que te amo também?
- Não, Lester.
- Sabes isso?
Sim.
É o melhor que posso fazer
pela minha vida agora.
Tens razão.
Vai correr tudo bem.
Prometes?
Desejo-te toda a sorte do mundo.
- A sério?
- Claro.
É o melhor que podes fazer agora.
A sério.
Estás assegurada.
E estás mesmo aqui na cidade.
Vá lá. É óptimo para nós.
Estarei sempre aqui ao pé de ti.
Não vou a lado nenhum.
Consigo ver-te neste momento.
Como se fosse pela primeira vez.
Sinto o meu coração bater.
Vejo-te com 14 anos.
No primeiro instante em que te vi.
Vejo-te, as pernas como palitos,
aparelho nos dentes.
- Então, está bem.
- Vejo-te sempre assim.
Depois falamos. Adeus.
- Estás bem?
- Sim.
Porque choras?
Não estou a chorar.
- Não bebas tanto.
- Estou bem.
Tens apenas de entender.
Estava com o Lester desde miúda.
Só quis despedir-me.
Só quis...
Acho que tenho esse direito.
Está bem?
Tudo bem.
Esse capítulo da tua vida acabou.
- Certo?
- Sim.
Agora estás comigo.
- Sim.
- Certo?
- De certeza?
- Sim.
- Queres vir? Vamos voltar lá para dentro.
- Está bem.
É linda!
As minhas coisas todas. Santo Deus.
Trouxeste tudo!
Não posso...
Experimenta. É para ti.
Estás a brincar.
Meu Deus!
- O que é?
- É chinchila.
É tão macio.
É bonito, não é?
Nunca me trataram tão bem.
Meu Deus!
E se as usasse todas no mesmo dia?
Podes fazer o que quiseres.
Cumpro as minhas promessas ou não?
És maravilhoso.
E as jóias também não são más.
Não podemos ter isto em casa.
Temos de as pôr no banco.
Vá lá. Posso ficar com esta aqui?
Presta atenção.
O que te vou dizer é importante.
Tudo isto não significa nada.
O dinheiro, isto,
não são nada sem confiança.
Tenho de te poder confiar a vida.
Com mais de $1 milhão em dinheiro e jóias
num banco de Las Vegas,
tinha a Ginger feliz e segura.
Ela adorava aquilo.
Mas no meu negócio era preciso
ter numerário disponível para luvas.
Chuis corruptos e raptores
não aceitam cheques.
Precisa de ajuda, Sr. Collins?
Depositei $2 milhões
num banco de Los Angeles,
em nome do Sr. e da Sra. Tom Collins.
Isto só para extorsões e raptos.
Como estaria preso,
quando mais precisasse do dinheiro,
dei à Ginger a única chave
para o dinheiro que me resgataria vivo.
Isto é para as assinaturas.
Quando ela assinar, só ela terá...
acesso total ao cofre,
mais ninguém, incluindo eu próprio?
Exacto. Tal como pediu.
Sam, posso perguntar-lhe algo?
Deve confiar muito na sua mulher.
Claro. Porquê?
Isso é bom. Mas é raro.
Muitos dos meus clientes não confiam.
Com a Ginger e o dinheiro arrumados,
estava protegido.
Pelo seguro,
resolvi voltar a mudar de cargo...
e tornei-me Gerente do Restaurante.
Assim não me vinham chatear
por causa da licença.
Las Vegas era um sonho para mim.
O problema é que o Nicky
tinha sonhos muito próprios.
Emprestava dinheiro
à taxa de 3% por semana.
Mel para os distribuidores.
- Não nos faças procurar-te.
- Não vai ser preciso.
Agradeço-te. Obrigado, Nicky.
Eram viciados em jogo, agarrados à coca.
Quando dei por mim
tinha-los a todos na palma da mão.
Depois, comecei a atacar
os grandes jogadores de póquer.
Era tão óbvio.
Os capangas do Nicky davam nas vistas.
Vou abrir com $500.
Faziam sinais a torto e a direito.
Pensava que ninguém o topava.
Pois enganava-se.
Eu não queria polícias por perto.
- Quatro ases.
- Não acredito.
Se não fosse azarado, tinha sorte.
Quem me dera que o Nicky
e a malta dele desaparecessem.
Que podia fazer?
Começar uma guerra lá na terra?
O Nicky era um mafioso de peso, eu não.
Não podia fazê-lo.
Isto está cheio de polícias.
Não se pode ter sorte neste casino?
Há uma semana que estás a ter sorte.
Têm-te à perna.
O Ace preocupava-se com o casino...
e esquecia-se do nosso propósito inicial.
Quis berrar-lhe aos ouvidos:
“Estamos em Las Vegas.
“É suposto roubarmos,
seu judeu de merda!"
Estou-me a cagar se tem influência.
Manda-o tirar os pés da mesa.
Acha que isto é uma pocilga, ou quê?
Importa-se de tirar os pés da mesa...
e calçar os sapatos, por favor?
Por acaso, sim. Não estou nos meus dias.
O cabrão não se mexe.
Chama a segurança.
Como está?
Bem. E você?
Faz-me o favor de tirar os pés da mesa
e de se calçar?
Vá-se foder.
Quero que tirem este indivíduo daqui...
e abram a porta com a cabeça dele.
Vai ter de sair. Quer acompanhar-nos?
Tretas. Daqui não saio.
- Ai sai, sai.
- Vão-se foder!
Sabem quem eu sou? Sabem?
Larilas de merda! Sabe quem eu sou?
Larguem-me!
- Vamos embora!
- Devem estar a gozar comigo!
Uma hora depois, recebo um telefonema.
Ace, o que aconteceu?
Sabias que aquele tipo era dos meus?
Não sabia. Sabes o que fez?
Dirigi-me a ele com maneiras
e disse-me que me fosse foder.
- Depois chamou-me larilas.
- O quê?
- Pus o cabrão na rua.
- Vem cá.
Chamaste larilas ao meu amigo?
Mandaste-o foder-se?
Fizeste isso? Mandaste-o foder-se?
Seu *** de merda!
Vais lá desculpar-te.
Reza para que te deixe entrar.
Se voltas a pisar o risco,
racho-te a cabeça em dois...
que nem pões esse chapéu de cowboy.
*** de merda.
Ele não sabia com quem estava a falar.
Não sabe da nossa amizade.
Já se arrependeu.
Mas deixa-o lá entrar,
prometo-te que vai andar na linha.
Se volta a fazê-lo, não entra mais.
Nunca mais o deixo cá entrar.
Peço imensa desculpa.
Está bem, Ace? Obrigado, meu.
Descalçaste as botas?
Puseste os pés na mesa?
Seu grandessíssimo fedorento de merda!
Lixas-me no casino, enterro-te no deserto.
- Vai lá desculpar-te.
- Nicky, desculpa.
O Ace era muito picuinhas.
Sobretudo, quando ficou importante.
Como quando contratou
o Jonathan e o David do Palace...
e lhes deu um novo palco
e um Rolls-Royce prateado.
Sabia atrair as multidões.
Sabia todos os truques.
Fez vir de Paris
o espectáculo Femme Fatale,
mas esqueceu-se que as bailarinas
europeias são preguiçosas.
Pesava-as semanalmente
para que não engordassem.
Ainda tens quatro quilos a mais.
- Porquê?
- Caríssimo Sr. Rothstein...
Esquece o " Caríssimo“. Explica-te.
Tento ser respeitoso.
" Sr. Rothstein" é suficiente.
Às vezes, quando há pressões...
Dá-me ao menos uma resposta certa.
Talvez ela tenha medo de ser despedida,
se não emagrecer.
Mas vai ser. Manda-a para Paris...
- A nossa política tem sido...
- Parem tudo.
- Ela é famosíssima.
- É esse o problema. É preguiçosa.
Tinha de dar crédito ao gajo.
Fazia o que era mais óbvio.
Esta é a única cidade
em que as casas de apostas são legais.
Há que aproveitar, não é?
Por isso, tirou-as da rua...
e abriu-as no casino.
Em poucos anos,
todos os casinos da rua The Strip
tentavam imitá-lo.
Com as minhas inovações...
e a dedicação do Nicky,
rapidamente tive a melhor operação
na The Strip.
Cuidado. Andam de olho em ti.
Há queixas?
Os seguranças é que dizem.
São todos ex-chuis.
O xerife quer pôr-te na Lista Negra.
Essa lista é uma treta.
Têm lá dois nomes...
e um deles ainda é do Al Capone.
Se te metem lá, estás lixado.
Não poderás entrar num casino.
Estou a ver se ganho a vida, só isso.
Depois não digas que não te avisei.
Sra. Rothstein, de frente.
Assim mesmo. Obrigado.
Pelo árduo trabalho e dedicação...
e pelo novo ritmo
que imprimiu a Las Vegas...
o Sam tornou-se
um membro indispensável...
da comunidade do jogo.
Como Presidente
da Empresa de Jogo Tangiers...
dou a Sam Rothstein as boas-vindas...
ao Clube Regional Vegas Valley.
Certificado de Apreço
Na minha terra prender-me-iam
pelo que faço.
Aqui dão-me prémios.
É meu enorme prazer
aceitar o certificado de apreço...
dos Fundos de Beneficência
de Greater Las Vegas.
Parabéns, querida.
O Sam foi quem angariou mais fundos.
O meu maior prazer era ver
a Ginger passear-se pela sala.
Adoravam-na. E como não?
Conseguia ser
a mais encantadora das mulheres.
Adoravam estar com ela.
Leva a Amy ao aniversário da Sasha.
Será um prazer tê-la lá. Às 15:00 no sábado.
- Levo sim.
- Óptimo.
Fazia todos sentirem-se bem.
- Parabéns, Sam.
- Obrigado.
Como está, Sra. Rothstein?
É uma das mulheres mais bonitas que já vi.
É um homem de sorte, Sr. Rothstein.
Obrigado pelo elogio.
Era um *** lá do casino.
Um bom ***. Esperto.
E tinha tomates. No dia seguinte despedi-o.
A Ginger sortia esse efeito.
Acho que até os encorajava.
Queres ver esta?
O papá deu-me todas estas jóias,
porque gosta muito de mim.
Mas por mais que a amassem...
Fabulosa!
...não sabiam o que a movia.
Olha só.
O papá deu-me este...
Com a Ginger feliz,
podia concentrar-me no trabalho.
As máquinas estão ali.
Porque estão ali atrás? Nem as vemos.
E as máquinas dos grandes jackpots?
São o melhor que temos.
O que traz a acção toda.
Não admira esta baixa.
A acção tem de estar à frente.
- Trá-las cá para a frente.
- Com certeza.
Ouve bem.
Há três modos de fazer as coisas aqui.
O modo certo, o errado e o meu modo.
- Percebes?
- Percebo sim. Vou já tratar disso.
- Obrigado.
- Não agradeças. Fá-lo.
És o responsável pelas máquinas.
Nem devia ter de te dizer isto.
Tem razão. Desculpe.
Passei a trabalhar 18 horas por dia.
A Ginger é que acabou por gozar
o melhor de Las Vegas.
Acompanhe-me, por favor.
Tenho uma mesa melhor para si.
Que disseste àquele imbecil?
Que era a esposa do Sam Rothstein.
Ao menos que te sirva de algo.
O que eu temia não tardou a acontecer.
Correram com o Nicky
dos casinos de Vegas.
IDLE SPURS - 100 KM DE VEGAS
Não podia ser visto com ele perto de Vegas.
Que significa isto?
“...prejudicial ao jogo e...
" será expulso de todos
os casinos de Las Vegas,
" podendo estes ser multados em $100.000...
" sempre que ele aí se encontre."
- Acreditas nesta merda?
- Sim. Foste banido.
" Por notória má reputação."
Cabrão.
- Podemos contornar isto?
- Não, não podemos.
Digamos que...
quero ir ao restaurante do casino...
comer uma sandes.
Esquece. Nem te podes aproximar
do estacionamento.
É mesmo sério.
- Por outras palavras, estou fodido?
- Podes dizer que sim.
Ele não entendia o que era a Lista Negra.
Não poder entrar num casino é uma coisa,
mas estar na lista apresentava-o
a todos os agentes da polícia e do FBI.
Afinal, o Al Capone estava lá.
Mas ele queria lá saber.
Tenho de fazer algo.
Não me descartam assim.
Não me vão descartar. Vou ficar.
Que se fodam.
Quando me fizeram aquilo...
montei um esquema em Las Vegas
que ninguém tinha pensado montar.
Para ajudar, trouxe o meu irmão mais novo
e alguns bandidos...
e comecei a roubar
grandes chefes de casinos,
corretores, quem quer que fosse.
Tinha bons homens a trabalhar para mim.
O Sal Fusco, um excelente arrombador.
O Jack Hardy, que trabalhara com cofres
antes de ir dentro seis anos.
E o Bernie Blue que iludia qualquer alarme.
Como nos velhos tempos.
Abri também a minha joalharia,
a Gold Rush.
Às vezes, participava num assalto
só pelo gozo.
E como não gostava que me olhassem,
enquanto os roubava...
virava-lhes as fotos ao contrário.
- Qual é a demora?
- Este é dos difíceis!
- Está quase.
- Aprende a abri-los para não os levares.
Estas pedras estão maradas.
Se o Pepe nos anda a intrujar,
despacho-o para a Nigéria de camelo.
- Estão na Suite " K“.
- Entraram sozinhos?
- Entraram sozinhos.
- Já saíram?
- Sim, não se preocupe.
- Obrigado.
Tinha bufos por toda a cidade. Porteiros...
- Despache-se.
- Está bem.
- ...arrumadores...
- Vão entrar agora.
- Eu digo-lhe.
- ...chefes de banca...
Hotel Scirocco, quarto 1230.
-1230. Certo.
- ...secretárias.
- Moedas cunhadas.
- Cunhadas? Está bem.
Todos recebiam o seu.
Vem aí o carro.
Eram muito cuidadosos.
Passavam todos os alarmes ou...
faziam os buracos necessários
para mandar uma parede abaixo.
O Nicky abarbatava tudo.
Ninguém estava à espera
de um tipo como ele.
Para o Nicky, Las Vegas era o Faroeste.
Acabo de receber diamantes de Israel.
Que esperavam?
Tinha de ganhar o meu, não tinha?
- Este diamante tem falhas.
- Não tem nada.
Ando há 25 anos nisto.
É melhor limpar a lupa,
porque não há falhas neste diamante.
Quando chegava mercadoria...
mandávamo-la para Palm Springs,
ou para o Arizona, L.A.
Tinha lá uns pretos da areia, uns árabes.
Vai fazer uma reunião
ou vai comprar diamantes?
Eu falo a língua dele.
$40.000 leva tudo.
$20.000. Oferta final.
Agora já fala inglês. Vamos a isso. $25.000.
Fiz do meu quarto uma caixa-forte
onde guardava a melhor colheita.
Não podia deixá-la na Gold Rush
por causa das rusgas...
e para ninguém ter ideias.
Só eu tinha a chave.
A Jennifer não se importava.
Adormecia no sofá a ver televisão.
Era tudo meu. Não mandava nada para casa.
Não podia. Não devia estar a fazer isto.
Os chefes faziam tanto dinheiro
com os casinos...
que não queriam ninguém a levantar ondas.
Já receberam todos?
Já tratei de todos.
Por isso é que não havia crime organizado
antes de ter chegado.
Mas quanto é que poderia guardar
no armário?
Tem de entender...
num investimento destes...
tem de esperar perdas.
Investi algum em transacções legais
com o Charlie Clark, o banqueiro do Ace.
- Vai fazer o seu melhor?
- Sim.
São $50.000 em dinheiro.
Investi noutras coisas legais,
como no meu restaurante.
- É a última?
- Sim.
Tinha o meu irmão Dominick a geri-lo.
Cabrões.
Aqui têm.
- Muito obrigado.
- Divirtam-se.
- Espero que te engasgues.
- Olá, Dom.
Tudo bem?
O Nicky adorava restaurantes.
Era um especialista.
Sempre ganhou muito com eles.
Em Las Vegas, tinha o Leaning Tower.
Muito frequentado...
por políticos, bailarinas
e estrelas de cinema.
O espectáculo do Flamingo
está cada vez melhor.
O Sammy pede que lhe ligues.
- Agora és o moço de recados dele?
- Tudo por uma moeda.
- Ele faz isso a todos. Bom apetite.
- Obrigada.
É claro que o que o Nicky preferia
eram as bailarinas.
Viam o Nicky como uma estrela de cinema.
- Passaste por mim sem dizer nada?
- É a Shelly.
- Olá, Shelly. Como estás?
- Olá.
Esta é a Stacy.
- Ele é o Nick. Querem jantar? Vamos.
- Está bem.
Vamos à cozinha primeiro.
Se nos dão licença.
Vais ver. Temos tudo fresco, todos os dias.
Recebo pão lá da terra. Peixe da Califórnia.
Uma boa cozinha reconhece-se pela vitela.
É esse o segredo.
A vitela de leite é branquinha.
Aqui a vitela é cor-de-rosa. Chega-te para lá.
Essa pode ser batida durante dois dias.
Mas nunca fica tenra. Estás a perceber?
Saí daqui com o dinheiro.
Ameaçaram-me na rua.
Uns tipos a quem fiquei a dever.
Entreguei tudo.
- Foi isso que fiz.
- Foi?
E consideras-te um homem?
Sabes que és um mentiroso
de um viciado de merda?
Sabes? E com dois putos em casa.
Dei-te dinheiro para a renda,
a comida e o aquecimento.
Sabias que a tua mulher disse ao Frankie
que está desligado?
Não jogaste o dinheiro?
Podes dizer-me isso?
- Não jogaste?
- Não.
Não faças de mim palhaço, Al!
Não gozes comigo.
Queres gozar comigo? Não jogaste?
Confessa e dou-te dinheiro
para o aquecimento!
Jogaste?
Viciado de merda.
Com putos em casa.
Toma. Pira-te.
- Obrigado, Nick.
- Sim, obrigado.
Se voltas a fazer merda
já não te dou abébias.
- Quantas queres?
- Duas.
Às 6:30 da manhã quando acabava o dia,
estivesse onde estivesse,
ia sempre a casa dar o pequeno-almoço
ao filho, o pequeno Nicky.
Sei que gostas disto.
Com manteiga? Mas pouco, sabes porquê?
- Porquê?
- Faz mal ao coração.
Que miúdo esperto.
Está bem, come.
Cada duas semanas,
mandava o Marino levar aos chefes...
LÁ NA TERRA uma parte do que fazíamos.
Não era muito, mas eles sabiam lá.
Estavam a quilómetros de distância
e não podiam ver nada.
A entrega era numa garagem...
onde o Remo e a malta costumava
contar os seus milhões.
A bófia sabia mas estava-se nas tintas.
Tinham um acordo.
O Nicky manda cumprimentos.
Sabia mantê-los felizes.
Quando me atribuíam tarefas,
tal como mandar uma mensagem,
cumpria-as na perfeição.
Como quando o Tony Dogs,
um tipo novo na cidade,
atacou um dos bares do Remo.
Matou dois dos homens dele...
e a desgraçada de uma empregada
que trabalhava na noite de folga.
Estava mesmo a pedi-las.
Quero os nomes de quem estava com ele.
Quero lá saber o que lhes fazes
para os obteres. Percebeste?
Eu trato disso, Remo.
Para ser honesto,
não podia deixar de admirar este gajo.
Era um dos irlandeses mais duros
que já conheci.
O cabrão era teso.
Dois dias e duas noites a malhar nele.
Até lhe furámos os tomates.
É bom que ele me dê um nome,
senão dou-lhe o teu, Frank.
Obrigado.
O gajo não abriu a boca.
Já devias ter bufado.
Acabei por lhe enfiar a cabeça num torno.
Estás a ouvir?
Ouve cá, tens a cabeça num torno.
Ou me dás um nome ou espremo-ta.
Não me obrigues a fazer isso.
Não me faças ser mau.
Vai-te foder.
Ouviram isto? Dois dias e noites a levar...
e manda-me foder! Cabrão!
Estás a mandar-me foder a minha mãe?
Seu cabrão!
Credo! Dá-me um nome!
Charlie M.
- Charlie M.
- Charlie M?
Quase me fazes arrancar-te os olhos...
por causa desse merdas?
Imbecil de merda!
Mata-me, merda!
Seu cabrão!
Frankie, faz-lhe o favor.
Espalhou-se então que por fim...
havia um verdadeiro bandido na cidade.
O Nicky era o novo chefe de Las Vegas.
Quatro bobinas, setes em linha.
Três jackpots de $15.000.
Sabes quais são as probabilidades?
Deve ser de milhões. Talvez mais.
Três jackpots em 20 minutos?
Porque não tiraste as máquinas?
Porque não me chamaste?
Foi rápido. Ganharam três tipos.
Não tive hipóteses.
Não viste o esquema?
Não há forma de ver isso.
Há, sim. Tanto há que ganharam!
Isto é um casino. Às vezes, ganha-se.
Estás a chatear-me.
Estás a insultar a minha inteligência.
Achas que sou burro?
Alguém deve ter ido às máquinas
mexer nas bobinas.
A probabilidade por máquina
é de um milhão e meio em uma.
Em três máquinas de fila,
é de milhares de milhões. Não existe.
Que se passa contigo?
Não viste que estavam a enrolar-te
na segunda vitória?
- Não viste?
- Acho que está a exagerar.
Escuta aqui, saloio, estou farto de ti.
Tenho-te protegido desde que cá cheguei.
Pega nas tuas coisas e pira-te daqui.
- Está a despedir-me?
- Sim.
- Vai arrepender-se.
- Arrependo-me é se ficares.
- Não pode tratar as pessoas assim.
- Se não percebeste a marosca,
és demasiado burro.
Se sabias, é porque estavas metido.
Seja como for, estás na rua.
Para mim, o tipo não volta.
Não podes despedi-lo.
É cunhado do Comissário Distrital.
Toda a gente aqui
tem comissários na família.
Estou farto disto.
O Estado é todo dele. O tio é juiz.
O cunhado dirige a Comissão Distrital.
Tem de haver um modo de o readmitir.
Tu estás lá em cima,
não sabes o que se passa aqui.
São milhares de jogadores
e 500 distribuidores.
Todos a querer roubar-me, 24 horas por dia.
Têm de saber que estou de olho.
Que nada me escapa.
Olha para o teu. Olha para esse.
Olha para este. Vazio.
Vê quantos mirtilos tem o teu bolo.
- Eu não tenho nenhum.
- Do que estás a falar?
Se não fores tu a fazê-lo, ninguém o faz.
Aonde vais?
Daqui em diante, põe a mesma quantidade
de mirtilos em todos os bolos.
Faz ideia do tempo que levará?
Estou-me nas tintas.
Põe a mesma quantidade em cada bolo.
Só um pouco. Linda menina.
- Queres ir à mamã?
- Queres a mamã, querida?
Tudo bem, querida.
Queria falar contigo. Preciso de dinheiro.
- Quanto?
- Seguraste-a?
Mais do que é hábito.
Porque não tiras da tua conta?
Até tirava, mas...
preciso de muito, de $25.000.
$25.000?
- Para ti?
- Sim.
Para quê tanto?
Que diferença faz? Preciso, pronto.
Tenho de te perguntar. É muito dinheiro.
Não são cinco tostões.
Não é preciso fazer um escândalo.
Não é preciso discutir.
Era importante para mim. Esquece.
Era uma coisa que queria fazer.
Ninguém está a discutir. Diz-me para que é.
Não podes dizer-me?
Agora quero saber.
Pedes-me $25.000. É para um casaco?
- Não.
- Se queres um, dou-to.
Não é o dinheiro. Mas para que é?
Será que não posso perguntar?
Sempre fui independente.
Nunca tive de pedir nada.
Agora fazes-me mendigar.
- Que estás a dizer?
- Estás a humilhar-me.
- Porque me fazes sentir mal?
- Estás a pedir-me $25.000.
Não quero que te sintas mal.
Quero apenas poder confiar em ti.
Trata-se de confiança.
Tenho de te poder confiar a vida.
Entendes?
Posso confiar em ti?
Posso? Responde.
Podes.
Ainda bem. Então podes dizer-me
para que é o dinheiro.
Está a sair do banco.
Vou segui-la.
Que foi?
Conheço esse olhar. O que significa?
Que consegui o dinheiro.
Como vai isso? Chamas-te Lester, não é?
Se bem me lembro,
não és o batoteiro às cartas,
vigarista no golfe e chulo de Beverly Hills?
Corrige-me se estiver errado.
Não sabia que também roubavas.
É que se fores ladrão...
leva também o meu.
Toma. Já sacaste o dela.
É minha mulher.
Olha para mim.
Sabias disso, não sabias?
Que era minha mulher?
- Olha para mim.
- Sei, sim.
Sabes?
Se voltares a aparecer...
para lhe sacar dinheiro, vem armado.
Pode ser que assim te safes.
Sê homem, não um chulo de merda.
Faz-me um favor. Põe-te a andar.
Quero ficar a sós
com a minha mulher. Pira-te.
Monte de merda.
Lembras-te da noite
em que te despediste dele?
Ele não disse: " Não te cases. Vou já aí ter."
- Pois não?
- Não, não disse.
Que te disse ele?
" Fode-o. Saca-lhe tudo o que puderes."
Anda cá. Vem ver uma coisa.
Manda-os parar!
A culpa é minha!
Seu merdas.
Podias tê-lo feito tu, seu cobardolas!
É um sacana.
Mandou um tipo do hotel espancá-lo.
Não quis ser ele a fazê-lo.
Não quis sujar as mãos.
Porque é que o fez?
Diz-me.
- Não foi nada bonito...
- Não me digas.
Tens de o perceber. Ele sabe lá
se este tipo te anda a chular.
Contei-lhe tudo sobre ele
antes de casarmos.
- Não é nenhuma surpresa.
- Contaste? Não sabia.
É só um amigo. Queria ajudá-lo.
Quando vos vi juntos pela primeira vez...
nunca o vira tão feliz.
Bem sei que é um judeu marado...
mas nunca o vi agir assim antes.
Acho que é louco por ti. Ama-te mesmo.
- Ama.
- Vá lá.
Entrei nisto de olhos abertos.
Sabia que tudo podia mudar
a qualquer altura.
Sabes bem que não me metia nisto...
se não soubesse que iria beneficiar.
Bem sei.
Ele pôs umas jóias de parte para mim.
Muitas jóias.
Jóias caras? Quanto?
Queres roubá-las?
Não, estou só curioso em saber...
quanto é que investiria numa coisa destas.
É para aí $1 milhão, talvez mais.
Aí tens. E isso, o que te diz?
Jóias no valor de $1 milhão.
Isso não te diz
que ele te ama perdidamente?
Não devia ter casado com ele.
Tem os três planetas em gémeos. Dualidade.
Gémeos é traiçoeiro. Não se pode confiar.
A sério.
Bem sei. Ouve, Ginger.
Isto talvez não seja...
Não tenho respostas para te dar.
- E se calhar não queres ouvir isto.
- Quero.
Estás perturbada e eu entendo.
Mas tenta tirar partido.
Vai com calma e depois logo se vê.
Podia tê-lo morto!
Não precisava de o espancar.
Não ando a dormir com ele.
Faz-me andar a ver os meus amigos
às escondidas.
Que merda é essa?
Tem ciúmes porque te ama muito.
Quem se rala com o que faço?
Vou tentar descobrir o que se passa.
- Falo com ele, quando o vir.
- Está bem.
- Está bem?
- Sim.
Obrigada...
por me aturares.
Não bebas tanto. Só piora as coisas.
És linda. Não estragues isso.
Já vi muitas perderem-se por isto.
És tão simpático.
Pronto. Não quero ver-te infeliz.
Obrigada.
Tudo bem.
Está aqui o Comissário Distrital Pat Webb.
- Dá-me um instante.
- É só um minuto.
Quer beber algo?
Não, obrigado, menina.
Manda-o entrar
e liga-me quatro minutos depois.
Sr. Rothstein, sou o Pat Webb.
Como está?
- Muito prazer.
- Ouvi falar muito em si.
Obrigado. O negócio vai bem.
Todo esse dinheiro a entrar.
Obrigado por me receber.
- Sente-se.
- Obrigado.
Vim pessoalmente apaziguar...
aqui umas contendazitas.
Talvez não saiba...
que o Don Ward é muito querido
nesta cidade.
Tem muitos amigos
e uma família abastada com tradição.
Amigos, família e dinheiro votam.
Isso conta para nós os dois.
Se vir a questão por este prisma...
permita que lhe diga...
que talvez não o devesse ter despedido.
Ele sabia que nos estavam a roubar...
três máquinas seguidas
e não fez nada para evitar.
Ou estava metido naquilo ou, desculpe,
era burro demais para perceber.
Seja como for, não o quero.
Antes de o acusar...
talvez fosse melhor tentar provar
essas acusações.
Se conseguisse prová-las, ele estaria preso.
Tem certeza que quer ter
o Conselho de Fiscalização de Jogo...
em cima de si e de amiguinhos seus,
como o Nicky?
Não admito que me fale assim.
Está a difamar-me e não pode
questionar a minha peritagem.
Esforcei-me muito por ajudar o ***.
Mas é fraco e incompetente.
Põe o negócio em perigo.
Não posso fazer muito por ele.
Nisso dou-lhe razão.
O Don é um imprestável.
Mas é meu cunhado...
e estar-me-ia a fazer um favor pessoal,
se ponderasse readmiti-lo.
Não posso fazê-lo.
Folgo em saber que é seu cunhado.
Gostaria de ajudá-lo
e gosto de fazer favores.
E sei quem é. Mas não me peça isso.
Poderá haver algum cargo...
menos importante?
Desculpe. Nada posso fazer.
É demasiado incompetente.
Basicamente, não confio nele.
Está bem, obrigado.
É assim. Lamento.
Sr. Rothstein, vocês nunca entenderão...
como fazemos as coisas por aqui.
São apenas nossos hóspedes.
Mas agem como se estivessem em casa.
Pois deixe que lhe diga. Não estão.
Mas é para lá que vão,
se o Governador não gostar.
- Obrigado pelo seu tempo.
- Disponha.
- Lamento.
- Acredito.
Os meus comprimidos?
Não basta enfrascares-te,
agora também me vais aos comprimidos?
Não tomei nada.
São para a úlcera. Tomo meio comprimido.
E só quando estou aflito.
Tinha para três meses. Que lhes fizeste?
Escusavas de lhe ter batido.
O quê?
Queria só ajudá-lo.
Não ando metida com ele.
E como é que sei?
Não podes impedir-me
de gostar das pessoas.
- O quê?
- Eu disse,
que não podes impedir-me
de gostar das pessoas.
Ouve...
estou a tentar fazer o meu melhor.
Afinal de contas, és minha mulher.
As pessoas daqui admiram-te.
Sabes que mais, Ace? Estou-me nas tintas.
Vou-me embora daqui.
Tens de te acalmar.
- Está bem.
- Pelo menos pela Amy.
Entendes? Andas a beber demais.
Vou meter-te num programa.
Há imensos muito bons.
- Não preciso disso.
- Precisas. São muito discretos.
Não há nomes nos jornais.
É só o que te importa.
Não gostas de mim.
- Gosto sim.
- Não gostas nada.
Como podes dizer isso?
És uma mulher linda. Estás a destruir-te.
Não precisas desse parasita a sugar-te.
Conheço-te melhor do que tu própria.
És uma leoa. És mais forte do que eu.
Quando te determinas,
fazes tudo melhor do que ninguém.
Vais conseguir.
Santo Deus.
Vou tentar.
Prometo.
Não te zangues comigo.
ENTRADA PROIBIDA - ATENÇÃO
Fossem quais fossem os problemas
fora da sala de contagem...
valia a pena.
O dinheiro entrava...
e as malas iam e vinham.
Afinal, o que conta aqui é o dinheiro.
O único problema
é que passado um tempo...
os chefes começaram a sentir
as malas mais leves.
Calma aí. Queres dizer-me...
que o dinheiro que roubamos
está a ser roubado?
Estão a roubar-nos?
Temos este trabalho todo e roubam-nos?
Como já disse, faz parte.
É considerado fuga.
Fuga, uma figa! Descubram quem é.
Até o John Nance,
o tipo que geria a tramóia,
sabia que não havia muito a fazer.
É que o gajo que te ajuda a roubar...
mesmo que trates bem dele...
vai sempre pifar algum para si.
Lógico, não é?
Mas tenta enfiar isso na cabeça
destes velhos potes de banha.
Para quê filtrar, se estás a ser filtrado?
Deita por terra o propósito inicial.
Só tiram porque trabalham para mim,
dêem-lhes uma abébia.
Mas os chefes queriam cá saber
de abébias...
e fizeram o seguinte:
Puseram o Artie Piscano,
o subchefe de Kansas City,
a garantir que ninguém filtrava mais nada.
- Onde estavas?
- Com a minha miúda.
- A fazer o quê?
- Dei-lhe um estalo.
Mas o Piscano era um desastre total.
Lixava tudo.
- Que andavas a fazer?
- Passo mais tempo lá do que cá.
Não faziam ideia do que os esperava.
Se fizessem, era melhor
terem ido rezar uns terços.
Tens de voltar lá para falar com ele.
- Não pagaram os custos da última viagem.
- Que custos?
Estou a pôr dinheiro do meu bolso
e nunca o vejo.
Tens de voltar lá.
Daqui para a frente guardo os recibos.
Para quê? Para os impostos?
Estou sempre a largar ***
para as viagens.
Afinal, o que vou lá fazer?
Vais-te divertir para Las Vegas à minha pala.
Que merda? Quer dizer, afinal...
Por mais terços que rezassem...
ninguém conseguiu impedir
o que aconteceu a seguir.
- Não acredito nisto.
- Tínhamos um acordo.
Parece que o santinho do Phil Green...
tinha uma sócia secreta...
e quando ela começou
a exigir dinheiro do Tangiers...
- Porque me estás a fazer isto?
- Porque estás enganada.
- Não estou nada.
- Estás sim.
Não, não estou.
...o Green tentou entalá-la.
Isto não fica assim.
Então, ela processou-o.
Está aberta a audiência do caso
de Anna Scott...
contra a Empresa Tangiers
e o seu Presidente, Philip Green.
- Oberon a representar o Sr. Green.
- Logan a representar Anna Scott.
- Comece, Sr. Oberon.
- Obrigado, Meritíssimo.
Estou muito contente
com esta decisão justa.
Há um problema.
Não lhe correu muito bem
e tem de mostrar as contas...
e explicar como obteve o financiamento.
Não é nada bom.
O processo estava a correr-lhe bem.
Mas antes que pudesse
pôr as mãos no dinheiro...
os nossos amigos resolveram
dar o caso por encerrado.
E enviaram-me.
Quer comentar o assassinato
de Anna Scott?
- Do que está a falar?
- Encontraram-na ontem, alvejada na cabeça.
Eram apenas sócios na imobiliária?
O advogado dela afirma que eram sócios.
Fizemos alguns pequenos negócios
com imóveis há muitos anos.
Nunca fomos sócios.
Já ouviu falar do assassino da calibre.22?
Agora, na mira dos chuis
não estava só o Nicky,
mas também o Green.
Supostamente, o nosso
testa-de-ferro idóneo.
Tive de começar a dar entrevistas
para que ninguém suspeitasse...
do casino.
Com que frequência o substitui?
O Green está cá duas ou três vezes
por mês...
e dedica-se a outros negócios de imóveis.
Na sua ausência, é você o patrão?
Faço o que o Presidente do Conselho
me pede.
Sou responsável pelas operações diárias.
Então, é diariamente o patrão?
Num certo sentido,
pode-se dizer que sou o patrão...
quando o Sr. Green está fora.
Pode-se dizer isso.
Sam Rothstein: " Sou o Patrão!"
Já leste isto?
Acerca do Sr. Rothstein.
Diz: " O corretor do Midwest, ligado à máfia,
" afirma ser o verdadeiro patrão do império
de $100 milhões do casino Tangiers."
- Acreditam nisto?
- Ele disse mesmo isso?
Claro. Está aqui escrito.
Esse indivíduo já pediu licença?
Não sei. Vou averiguar.
Podem fazer isso sem mais delongas?
E averigúem bem, porque sou capaz
de ter de expulsar um judeu da cidade.
Obrigado.
O Conselho de Fiscalização de Jogo
está a investigar...
o requerimento de licença
do administrador Sam Rothstein.
Rothstein, administrador do casino Tangiers
e amigo de infância...
do chefe da máfia de Las Vegas,
Nicky Santoro,
poderá ficar impedido
de trabalhar no casino...
Estou?
Tenho de falar já com o Charlie o Banqueiro em tua casa, certo?
Tenho de falar já com o Clean Face. Pode ser no Chez Paris?
Tens de reservar. Está cheio.
Não, está bem.
Não quero encontros em casa. É impossível.
Está tudo reservado e é muito difícil entrar.
Venho pelo lado do campo de golfe. Vemo-nos às seis.
Tudo bem, entro pela porta de serviço. Vemo-nos às 21:00.
Está bem.
A disputa entre os fiscais de jogo
e o patrão do casino Tangiers...
Sam "Ace”Rothstein está a aquecer.
Passaremos em revista
a sua tentativa de obter licença de jogo...
apesar das suas alegadas ligações
ao crime organizado.
A amizade de Rothstein e Nicky Santoro,
uma personagem do crime organizado,
afastá-lo-á da direcção do Tangiers?
E uma amizade de infância
abalará a integridade das leis estatais?
E se bebesses menos?
Eu levo-te lá abaixo.
Estamos a discutir negócios.
Às 18:00, uma amizade de infância...
custará a Rothstein a direcção do Tangiers?
Em exclusivo no especial notícias da KBBO.
Vá lá, desce.
Não te deixes abalar, Ace.
Não te preocupes com isto.
É mais uma cabala política.
Bebes alguma coisa?
- Mais uma, Charlie?
- Sim, por favor.
Não quero nada.
Olá, Sr. Clark. Tentei contactá-lo.
- É mais ocupado que o Presidente.
- Estive ocupado.
Mas podia ter-me telefonado.
Nicky, já discutimos isto.
Disse-lhe que era possível haver perdas.
Quero o meu dinheiro de volta.
Que pensa fazer? Tirá-lo à força?
Deve ter uma ideia errada a meu respeito.
Com toda a franqueza,
explico-lhe o que vou fazer.
Amanhã cedo vou ao banco...
ver se já lá está o dinheiro,
se não tiver nada...
abro-lhe a cabeça em frente de toda a gente.
E espero que, quando sair da cadeia,
você já tenha saído do coma,
para que eu lhe possa
rachar a mona outra vez.
É que eu sou estúpido.
Não me importo de ser preso.
É o meu negócio. É o que faço.
E sabemos o que faz.
Deixa as pessoas nas lonas e tenta safar-se.
- Não admito que me fale assim.
- Irlandês de um cabrão!
Limpou-me o dinheiro.
Devolva-o ou limpo-lhe os miolos.
Deixe estar o Sam. Isto é pessoal.
Lá estarei amanhã. Não me tente, bucha.
- Achas que entendeu?
- O que estás a fazer?
É um gajo às direitas. Vai direito ao FBI.
O cabrão anda a evitar-me há três semanas.
- Estás a dar-me ordens?
- Não estou a dar-te ordens.
Estás fora de ti. Onde tens a cabeça?
A minha cabeça? E onde tens os tomates?
Estou a tentar conseguir algo.
Sabes bem do que estou a falar.
Se começas assim,
como é que vou confiar em ti?
As coisas vão mudar.
Se quiseres chegar lá comigo,
tens de fazer as coisas à minha maneira.
Vê se entendes a minha situação.
Sou responsável por milhares de pessoas.
Todos os anos passam por lá $100 milhões.
Se não consigo a licença, acabou-se.
Se entro pelo cano,
muitas pessoas também entram.
Esquece a merda da licença.
Marco o território
e nem vais precisar da licença.
Não sei o que se passa,
quanto mais falo contigo...
mais sinto que não queres alinhar comigo.
- Não, não quero alinhar contigo.
- Tudo bem.
Não me quero envolver em nada
do que estás a falar, está bem?
Quero uma casa limpa. Só quero a licença.
Quero tudo tranquilo. Só isso!
Tranquilo assim? " Sou o patrão"? É isto?
Está fora de contexto. Não pude evitar.
O Ronnie e o Billy explicam-te
o que aconteceu.
Lá na nossa terra isto parece mal.
O que parece mal é mencionarem-me
sempre que apareces na televisão.
Que diabo te aconteceu?
- E a ti? Perdeste o controlo?
- Perdi o controlo?
Andas para aí armado em John Barrymore.
De robe cor-de-rosa e boquilha?
Eu é que perdi o controlo?
Não queria dizer-te isto,
mas não respeitas nem a tua mulher.
Que tem ela a ver com isto?
Estava perturbada com muitas coisas,
sobretudo, com aquilo do Lester.
Agora és o confidente dela?
Disseste-lhe qual foi o teu papel nisso?
Não, a questão não é essa.
A questão é que ela está mal
e tu tens um problema.
Agradecia que não te metesses
na minha vida pessoal.
Não gostarias que te fizesse o mesmo.
Ela é que veio falar-me.
Querias que a expulsasse?
Afasta-te dela. Não é nada contigo.
Mas há uma semana atrás era.
Quando precisas de mim, chamas-me.
Tal como tenho de responder por ti,
como cidadão.
Vou ter de emendar o que fizeste a este tipo.
Ele vai direito ao FBI.
Tens a cabeça maior do que o casino.
O problema é esse.
Eu sabia o que ele queria e não queria
meter-me nisso. Queria o controlo total.
Queria ir atrás do Gaggi,
do dinheiro, de tudo e todos.
Até deixou de pedir autorização
lá da terra para tudo.
Quando apagaram o dono de um casino
e a mulher, interrogaram o Nicky.
Um distribuidor do Scirocco.
Interrogaram o Nicky.
Delatores encontrados nas malas
dos seus carros. Interrogaram o Nicky.
Um advogado.
Interrogaram o Nicky.
Quando desapareceram uns tipos
que não pagaram aos agiotas,
o Nicky tinha o nome em todos os jornais.
Foi intimado por 24 assassínios,
mas tiveram de o soltar sempre.
Nunca havia testemunhas.
A bófia acusava-me de tudo.
Cuidado. Ainda é atropelado.
Se alguém escorregava
numa casca de banana, culpavam-me.
Porte-se bem.
Até os chefes se queixavam
por as coisas não estarem famosas.
Lamento, mas neste negócio, nunca o estão.
Estou entregue à bicharada.
Os chefes querem lá saber.
Estão descansadinhos
a beber licor de anis...
e um gajo na linha de fogo.
Devem pensar que é canja.
Frankie, encontraram uma cabeça
no deserto.
Sabes o que se passa?
Ouvi falar.
Estão todos a fazer um escarcéu
por causa disso. Está em todos os jornais.
Que pensa fazer?
Isto não é nada bom.
Diz-lhe que faça as coisas com mais jeito.
Dir-lhe-ei, Remo.
Os cabrões a fumar Di Nobilis...
e a comerem tripas fritas,
e eu tenho de ir a uma paragem de autocarro
para falar em privado.
- E depois? O dinheiro continua a chegar.
- Estão a queixar-se.
Deixa-os. Eu é que dou o coiro aqui.
- Se não gostam, que se fodam!
- Tu é que sabes.
Querem guerra? Venham eles.
Se despachar cinco deles é quanto basta.
Cucu, cabrões.
Estou a ver-vos.
O problema é que as atenções
não só caíam nele, mas em mim também.
Ele tinha o FBI à perna, mas não se ralava.
Se querem vigiar-me, vou vigiá-los eu.
Gastei umas massas valentes,
mas quero lá saber.
Comprei o melhor equipamento
anti-escuta dos fornecedores da CIA.
Tinha os rádios de frequências especiais,
descodificadores do FBI, câmaras de noite...
e por isso nunca me apanharam em falso.
Eu quase no desemprego
e o gajo a divertir-se à grande.
Toda a bófia de olho nele
e o gajo a jogar golfe.
E na pior altura possível para mim.
Com a audiência para a licença à porta,
não queria correr riscos.
Se não me deixam trabalhar aqui,
para onde vou?
Disponibilizou-nos abertamente
toda a papelada.
Isso vai ajudá-lo muito,
quando enfrentar a comissão.
- Só peço uma audiência justa.
- A sua honestidade já o garante.
Vamos então...
Fale-nos de Kansas City.
Que é isto?
Vai aterrar no relvado?
São agentes, Frankie. Vê só isto.
Passaram tanto tempo
a ver o Nicky jogar golfe...
que ficaram sem combustível.
Só me faltava esta,
mesmo nas barbas dos fiscais.
$100, para quem acertar no avião.
Como se já não bastasse, entra em cena
o Piscano, o subchefe de Kansas City.
Geria a mercearia de Kansas City,
onde as malas iam ter.
Brigas por causa das malas de novo.
Sabes o que significa?
Outra viagem a Las Vegas.
Mais dois mil do meu bolso.
Geria o negócio com o cunhado...
mas o que mais fazia era queixar-se
das viagens a Vegas ao cunhado e à mãe.
Tens de lhes dizer como é,
senão fazem-te de parvo.
Aponto cada tostão na merda do livro.
- Então?
- Está tudo aqui.
- Olha essa linguagem.
- Desculpa.
O Nance chateia-me muito
e arranco-lhe a porra da cabeça.
- Outra vez.
- Eu disse, a " porra da cabeça“.
- Já chega.
- Desculpa.
Nem vão acreditar,
no que aconteceu a seguir.
O FBI tinha o sítio sob escuta...
a ver se descobria algo
sobre um velho homicídio...
de um tipo que morrera sabe Deus quando.
Quem o impede de sacar
o que quiser das malas?
Porque razão traz o Nance duas malas
do Tangiers, em vez de três ou quatro?
Não há ninguém a controlar.
Essa é que é essa.
Nem podemos ir à sala de contagem,
vigiar o nosso dinheiro.
Os homens dele é que estão lá.
Podem estar todos feitos.
Mas eu vou descobrir.
Se é o Green, enterro o sacana vivo.
Nunca confiei nele. Tenho olhos na nuca.
Eles confiam nele. Eu não.
Mato os dois cabrões à pazada.
Calma aí.
Desculpa, mãe. Os gajos estão a lixar-me.
- Desculpa, estou nervoso.
- Eu sei, mas já chega.
Tu sabes o que me estão a fazer.
Já estou farto!
- Acalma-te. Ainda tens um enfarte.
- Eu sei, mas estou fulo.
O lixado é que ouviram toda a história...
sobre Las Vegas, casinos e malas...
e pronto.
Tudo me sai do bolso. Eu é que pago.
Acreditam que isto podia acontecer?
Estou nisto para ganhar, não para perder.
Todos os agentes do FBI do país
estavam de orelhas levantadas.
Se queres algo bem feito fá-lo tu mesmo.
O Piscano simplesmente levou todos atrás.
Algumas pessoas são boas, outras más.
Sr. Presidente, membros da Comissão...
O Sr. Rothstein tem o prazer de cá estar.
Quando o dia chegou, estava preparado.
Estava confiante.
Era só apresentar o meu caso.
Temos documentos, incluindo
um relatório de agentes reformados do FBI,
que ilibam totalmente o Sr. Rothstein
de qualquer delito.
- Advogado, antes de continuar...
- Que conste...
...esta Comissão apresenta
uma moção de recusa da petição.
- Recusa?
- Quem apoia a moção?
Eu, Sr. Presidente.
Como votam a moção?
Sim!
Votada por unanimidade. Encerro a sessão.
- Deve estar a gozar.
- Encerrada? Que significa?
Senador, prometeu-me uma audiência.
Nem sequer examinou os relatórios do FBI.
Foi meu hóspede no Hotel Tangiers,
prometeu-me uma audiência justa.
- Nunca fui seu hóspede.
- Nunca o quê? Nunca lá ficou à borla?
Pelo menos, três vezes por mês?
Gostaria de responder.
É próprio do Sr. Rothstein. Está a mentir.
A única vez que lá estive
foi a jantar com o Barney Greenstein.
- Eu estava no jantar?
- Estava por lá.
- Eu estava no jantar?
- Estava lá.
- No edifício.
- No edifício?
Sabe bem que lá estive.
E prometeu-me uma audiência justa.
Não prometeu?
Admita pelo menos que jantei consigo.
Pelo menos.
- Pelo menos isso!
- De facto, jantou.
Agradeço que não me chame mentiroso,
seu filho da mãe.
Uma simples audiência para uma licença
saldou-se num caos...
quando o director do casino Tangiers,
Sam "Ace”Rothstein,
acusou de corrupção os fiscais de jogo.
...prometeu uma audiência justa
quando esteve no meu hotel?
Queria cópias da conta para despesas.
Na sequência da confusão gerada
após a moção de recusa...
- Só tretas!
- ...Rothstein seguiu vários...
comissários atónitos até ao átrio,
onde prosseguiu com as acusações...
até ser instado a sair
por advogados e amigos.
Tem um passado tanto quanto eu.
E o seu é pior.
Pensam que têm o direito de me julgar!
As suspeitas de dirigir o Tangiers
sem licença,
conduziram à audiência de ontem,
para apurar se alguém como Rothstein...
poderia deter oficialmente tal posto.
ROTHSTEIN FORA DO JOGO
Hipócritas de merda!
- Que vai fazer agora?
- Não sei.
Que está a fazer?
Ele sabe que os tipos a quem gritou
são nossos amigos.
Para quê esta confusão toda?
Talvez pudesse gerir as coisas
com outro cargo.
Não será o melhor, mas que podemos fazer?
Desde que o faça calado.
Escondam-no no escritório.
Digam que é porteiro. Quero lá saber.
Mas, seja lá qual for,
que seja um emprego discreto.
Senhoras e senhores,
o Hotel Tangiers tem o prazer
de apresentar o novo...
espectáculo de Sam Rothstein: Aces High.
Hoje, em emissão ao vivo,
apresentamos a estreia de Aces High...
com a Orquestra Sasha Semenoff...
e os bailarinos de Sam Rothstein!
O Sr. Rothstein é um jogador profissional
e o melhor perito de futebol americano.
Ele irá levá-lo, pela primeira vez,
ao interior da verdadeira Las Vegas.
O novo director de espectáculos
do Hotel Casino Tangiers...
o Sr. Sam Rothstein.
Bem-vindos ao espectáculo Sam Rothstein.
É um prazer tê-los cá.
A jovem à minha esquerda é a Trudy,
a bailarina principal
do nosso espectáculo de Paris.
O primeiro convidado desta noite...
é Frankie Avalon.
- Vigia-o.
- Tenho uma família grande.
- Quantos filhos tem?
- Orgulho-me de dizer que são oito.
- Extraordinário.
- Não é nenhuma proeza. O prazer foi meu.
Ace, não.
Meu Deus.
Está a fazer malabarismos!
Não levem o Comissário Distrital Pat Webb
muito a sério.
Desafiei-o a vir aqui ao programa
e recusou o convite.
Que o preocupa, Pat?
Não precisa de me enviar as perguntas.
Pode perguntar-me o que quiser.
Que diabo está ele a fazer na televisão?
Aparece todas as noites a ameaçar
levar o caso ao Supremo Tribunal.
Deve estar doido.
Vai levar isto para Washington?
Está doido varrido.
É uma pena a hipocrisia deste Estado.
Alguns fazem o que querem.
Outros têm de engolir. É a vida.
Vai ter com ele, Andy.
Diz-lhe que talvez seja melhor ele desistir.
O que fizeram foi inconstitucional.
Estamos na lista de audiências
do Supremo Tribunal de Justiça.
Eles querem lá saber do Supremo Tribunal.
Querem que tudo se tranquilize.
Querem que desistas.
Desistir? Não podes estar a falar a sério.
Não vês o que está em jogo?
O velho disse que talvez
fosse melhor desistires.
Quando o velho diz " talvez",
é porque tens mesmo.
Não só desistir, como fugir.
Sempre que os jornais me mencionam,
falam do Nicky também.
Achas que isso ajuda?
O que ele fez lixou todos, foi homicídio.
A polícia era cooperativa.
Enfureceu a polícia,
agora ninguém se pode mexer.
Que fazes em relação a isso?
- Que sugeres?
- Não sei. Ele não me ouve.
Talvez devesse desaparecer.
Seria assim tão mau?
- Não o mandam embora.
- Se tirasse umas férias...
daria tempo de manobra a todos.
Eu esqueceria as manobras.
Se fosse a ti, saltava fora.
Não posso fazer isso.
É claro, mal o Andy chegou a casa,
o Nicky soube de tudo.
Na manhã seguinte, ligou-me.
Queres ir às compras?
Receber chamadas dele não era fácil.
Nem os códigos funcionavam.
Arranjámos outra táctica.
Se há escutas, o FBI só pode
ouvir conversas relacionadas com crimes.
Se são chamadas normais,
têm de desligar logo.
Estou com uma entorse.
Encontramo-nos às 15:00.
- No Caesar's?
- Uns 100 metros mais abaixo.
- Porquê?
- Não faças perguntas. Aparece.
A Suzy Cream Cheese tem o mesmo fato.
Vi um para ti.
Muito giro.
Já saiu. É a formiga. Carro castanho.
Está com o gorila, acho que é o Frankie.
O Nicky saiu antes de mim,
pois já não era fácil movimentar-se.
Não podia dar uma volta,
sem ter de mudar de carro,
pelo menos, seis vezes,
antes de os despistar.
Tinha de usar parques subterrâneos
por causa dos aviões.
Encontros no deserto sempre
me puseram nervoso.
É um lugar aterrador.
É claro que sabia dos buracos no deserto.
E para onde olhasse, podia haver um.
Normalmente, as minhas hipóteses
de escapar vivo...
a um encontro com o Nicky
eram de 99 em 100.
Mas desta vez, quando ele disse
uns duzentos metros mais abaixo,
achei que tinha 50-50 de hipóteses.
Porque andas a falar de mim
nas minhas costas?
- Falar a quem?
- Achas que não descobriria?
Nem sei do que estás a falar.
Dizes que atraio as atenções sobre ti?
Tenho de ouvir os outros por tua causa?
Queres mandar-me embora?
É melhor arranjares um exército!
Não mandei ninguém embora.
Disse ao Andy que davas nas vistas
e que era um problema.
Queres-me fora da minha própria cidade?
Deixa a poeira assentar
para eu poder dirigir o casino.
Se algo correr mal com o casino,
eu é que as pago. Não és tu.
Sabes que só tens a merda do casino,
porque eu tornei isso possível!
Aqui quem conta sou eu.
Não é a merda dos teus clubes
ou programas de televisão.
A propósito, o que andas a fazer
na televisão?
Todos os dias me telefonam lá da terra.
Acham que te passaste!
Só faço o programa
para poder estar perto do casino.
Podias gerir o restaurante,
sem apareceres na televisão!
- Queres é aparecer na TV.
- Sim, queria aparecer.
Queria ter uma voz, poder defender-me.
Ser conhecido.
Eles sabem que não me podem lixar
sendo conhecido.
Andas a fazer figuras tristes.
Eu nem estaria nesta situação,
se não fosses tu.
Chamaste muita atenção sobre mim.
Sempre que vejo alguém,
perguntam-me se te conheço.
Agora deitas-me as culpas
por causa da merda da licença.
Quando me perguntaste
se podias vir para cá,
que te disse? Sabia que virias
de qualquer modo. Lembras-te?
Aguenta aí os cavalos.
Desde quando te pedi autorização
para vir para cá?
Mete isto na cabeça, judeu de uma figa!
Só ainda cá estás por causa de mim!
Só por minha causa!
Sem mim, tu...
Todos os mafiosos que aí andam
vão comer-te vivo, judeu de um cabrão!
E vais ter com quem? Estás avisado.
Não tentes passar-me para trás, cabrão!
Temos companhia.
Viste isto?
Judeu de merda. Crescemos juntos
e finge que não me conhece.
Sei que não devemos falar-nos,
mas também não é assim.
Que se foda.
Ao Abraham Lincoln.
Esquece. Não deixes que te afecte.
Achas que me afecta? Estou-me a cagar.
Olha o Oscar.
Todo o dinheiro que lhe dei, cabrão.
Nem olha para cá. Qual é o problema dele?
- Os judeus de merda unem-se, não é?
- Estão a divertir-se.
Nós também.
Estou?
- Sam, temos um problema.
- O quê?
O pequenote. Parece que não sabe
que não pode entrar no casino.
Virámos a cara e fingimos
que não o conhecíamos.
Está na mesa 21 a apostar à grande.
O dinheiro é dele.
Já perdeu cerca de $10.000.
Está mesmo fulo.
- Quer uma ficha de $50.000.
- Dá-lhe só $10.000.
Já vou a caminho.
Ele dá-te $10.000, tal como querias.
Eu disse $50.000!
Vai buscá-los! Desenrasca-te.
Cabrões. Tiram e não devolvem.
Ainda sorris?
Sabes quanto perdi? Estás-te a cagar.
Vê lá se te caem os dentes todos.
Olha-me só este janota agora.
Agora vens tu roubar-me?
Andaste a foder todos esta noite?
Arrasaste os clientes todos?
Dá-me uma.
Mete este pau pelo cu acima.
Dá-me outra.
Esta metes no cu da tua irmã. Dá outra vez.
Continua a olhar para ele.
Se tivesses tomates estavas era a roubar.
Dá outra vez! Porque é que olhas para ele?
Seu... Olha para isto, 20 de uma vez.
Dá outra vez.
Deviam pagar tão rápido como cobram.
- Tens de sair.
- Diz ao cabrão que pague a ficha.
Não me estás a ouvir. Vim para te ajudar.
Vais enterrar-nos aos dois.
- Dá-me o dinheiro.
- Vou dar-te $10.000.
Depois sais, antes que venham atrás de ti.
$10.000 e mais nada.
Nunca viste, judeu careca de um cabrão?
- Vamos embora daqui.
- Processa-me, cabrão!
Ir embora? Estou à espera da ficha. Dá!
Mudou tudo. Está a falar de divórcio.
A pedir pensão de alimentos
e a custódia da criança.
Só o que qualquer
mulher divorciada receberia.
Só está sóbria duas horas por dia.
Das 11:00 às 13:00.
Se eu lhe der o dinheiro e as jóias,
estoura tudo num ano.
E o que farias? Voltavas a correr para mim,
ou arranjavas uma desculpa para...
Tínhamos um acordo. Lembras-te?
Ele disse que se não resultasse
podia ir-me embora.
Olha bem para mim.
Conheces-me.
Achas que alguma vez
deixaria que alguém...
no teu estado me levasse a miúda?
Achas?
Sabes bem que não.
E depois deste tempo todo,
por mais que tentasse,
por mais que quisesse...
nunca cheguei até ela.
Nunca consegui que me amasse.
Pensei sempre que ela cederia
pelo dinheiro todo,
por ser alguém pela primeira vez,
ter uma casa, uma filha.
Mas isso não aconteceu. Não foi assim.
- Tudo bem?
- Que podíamos fazer?
Algum tempo depois, tirávamos férias
um do outro. Pequenas separações.
Nessa altura, lembro-me que a Ginger
levou a Amy para Beverly Hills.
Ia passar uma semana a fazer compras.
- Sim, Sr. Rothstein.
- O Hotel Beverly, em Beverly Hills.
- Hotel Beverly.
- A Sra. Rothstein, por favor.
Lamento, o casal Rothstein já saiu.
O casal Rothstein?
- Sim, saíram ambos.
- Obrigado.
Estou.
A minha mulher está com um velho amigo
em L.A.
Um vagabundo chamado Lester Diamond.
A minha filha está com eles.
Vão tentar raptá-la.
- Podem mandar lá alguém?
- Vamos tratar disso.
Temos um telefone e uma morada.
Estou. É o Lester?
Quem fala?
Sam Rothstein. Passa-me a Ginger.
Ela não está, Sam.
Ouve-me bem. Quero falar com a Ginger.
Quero a minha filha. Metam-na já num avião.
- Sei que ela está aí. Não brinques comigo.
- Não faria isso.
Não devias fazer isto.
Percebes? Passa-lhe o telefone.
Sam, não sei onde ela está.
Ouve, posso ligar-te daqui a pouco?
702-472-1862.
- Ligo-te já.
- De seguida.
- De seguida.
- Certo.
Idiota. Ganhámos algum tempo.
Queres voltar para este imbecil?
Tens quanto, $2 milhões nesse cofre?
Tens um minuto?
Ele tem $2 milhões no cofre, não é?
Ele que fique com as jóias.
Levamos o dinheiro...
e a única coisa que lhe interessa.
A princesa.
Vamos para a Europa. Pintas o cabelo.
Não quero ir para a Europa.
Quero ver The Elephant Man.
Vamos para a Europa.
Deixa os adultos falar. Pintas o cabelo.
Fazes a operação plástica de que falámos.
Quanto é que achas que ele dá pela miúda?
- Não quero ir para a Europa.
- Cala a boca.
- Cala-te tu.
- Queres que vá aí?
Levas um estalo. Não me chateies!
Sempre sonhámos com isto,
mas agora vamos mesmo.
- Lester, ele ligou para aqui.
- Sim, era o Ace.
- Acabei de falar com ele.
- Sabe onde estás.
Está a mandar os homens para aqui,
neste momento.
Está mas é a olhar para o telefone,
como um idiota...
Está mesmo à espera que lhe ligues!
Que vamos fazer?
A casa já deve estar cercada!
- Só tretas!
- Vai buscar a mala! Anda!
- Que tretas? Queres discutir o assunto?
- Já te passou o chilique?
Vai! Entra no carro!
Descansa que ninguém vai matar ninguém.
- Acho que me vai matar.
- Descontrai-te.
Liga-me daqui a exactamente uma hora.
Vou ver o que posso fazer.
Ligo-te daqui a uma hora, para este número,
- vais estar aí, não vais?
- Vou.
Não faças loucuras. Ficas bem?
Adeus.
- Pára com isso.
- Ela é que começou.
Ela é que começou.
- Não vais conduzir.
- Conduzo eu.
- Não vou no carro com uma doida.
- Estás a enlouquecer-me!
Vai para o outro lado!
Ainda despacho a miúda para a Bolívia!
Podemos...
A Ginger ligou-me.
- Acabei de te dizer que me ligou.
- Que queria ela?
Estava com medo de te ligar.
Está com aquele sanguessuga. Têm a Amy.
Ela quer voltar, mas tem medo que a mates.
Vão raptar-me a miúda. Que queres?
Eu sei. Porque não me procuraste?
É família, não são negócios.
Entretanto, telefonas lá para a terra.
Dá mau aspecto aqui.
Todo este leva e traz.
Entretanto, ela desapareceu
na mesma, certo?
Que faço a esta mulher?
- Está a dar comigo em doido.
- Acho que se...
lhe garantires que está tudo bem, ela volta.
Está a dar comigo em doido.
Quando ela voltar, resolves o que fazer.
Espera até teres a miúda. Ela quer voltar,
isso é que importa.
Queres a miúda ou não?
Estou.
Sou eu. Mesmo com quem querias falar,
não é?
Ouve, não vou perguntar-te onde estás.
Limita-te a pôr a Amy num avião.
- Só te peço isso.
- Achas...
Quer dizer, acho que ela
não devia ir sozinha.
Que queres dizer?
Quero dizer que...
Se eu voltar...
Achas que me podes perdoar?
Não sei.
Eu entendo.
Sei que estraguei tudo.
- E o dinheiro? Onde está o cofre?
- Confesso...
que fiz alguns erros
e gastei algum dinheiro.
- Quanto?
- Bastante.
- Quanto?
- Tirei $25.000.
- Tiraste $25.000?
- Sim.
- O resto dos $2 milhões ainda aí está?
- Sim, tenho o resto.
Tudo bem, não é grave.
Ele já tem os $25.000 dele.
Posso viver com isso. Com mais, não.
Está bem.
Pronto, pronto. Onde estás?
Vou mandar um avião para aí.
Olá, Sam.
Então, o que lhe fizeste?
Ao quê?
Ao dinheiro.
Ele precisava de roupa.
$25.000 em roupa?
E também queria um relógio.
$25.000 em roupa e um relógio?
Boa noite, signora. Por aqui.
O bom foi ter a Amy de volta.
Fomos para casa, a governanta ficou,
pôs a Amy a dormir.
Eu acalmei-me e fomos jantar.
Tentei ser civilizado...
mas $25.000 por três fatos?
Não faz sentido.
Primeiro, ele não usa fatos de $1.000.
Suponhamos que sim.
Como é que usa 25 fatos em três dias?
Como pode vestir-se tão rápido?
Eu não consigo e uso fatos mais caros.
Também lhe dei um relógio.
Mesmo que lhe comprasses um relógio,
que ele achasse que era bom,
o imbecil não sabe o que é um bom relógio.
Digamos que gastaste $5.000,
$12.000 no máximo, o que é impossível.
E ainda, três fatos a $1.000 cada um.
Sabes quanto sobra?
- Uns $10.000?
- Queres parar com isso, Sam?
- Estou a tentar perceber.
- Não há nada para perceber.
Voltei para casa.
Estamos a tentar que dê certo.
Já me tinhas dito isso.
Pensas que me fazes um favor...
por estares em casa,
depois do que me fizeste passar pela Amy?
Incluindo o relógio, juntemos mais $4.000
pelas despesas de fim-de-semana.
Devem ter-se divertido à brava.
Tenho a certeza que ele se divertiu.
Aquele traste deve ter-se divertido à grande.
Com o meu dinheiro.
Mais valia que o tivesses fodido,
o que provavelmente aconteceu.
Estás a olhar para mim de um certo modo.
Com lágrimas nos olhos.
Estás perturbada.
És uma actriz e peras, sabias?
Uma actriz e peras.
Sabes despertar compaixão.
Mas não sou corno. Percebes?
Sempre pensaste que eu era, mas não sou.
Nem sou parvo.
Aquele chulo de merda.
Tem sorte que não o matei.
Tem sorte em estar vivo.
Se tivessem ficado com a Amy...
e fugido, ele estaria morto.
Ambos. Mortos.
Não é justo.
Ele não vem a casa à noite.
Qual é o problema?
Eu vou... Ouve, não consigo aguentar.
Porque hei-de aguentar?
Não combinámos isso.
Ele age como se eu fosse a única
com um passado.
Nunca me deixará em paz.
Sim, tentei. Claro que tentei.
Porque achas que voltei?
Não. Quero-o morto.
Sim, quero-o morto. Estou farta.
Alinhas?
Queres livrar-te de mim? Estou aqui.
Vá lá. Livra-te de mim.
- Estou.
- Quero sim!
Detesto-te! Estou farta de ti!
Quero matar-te, sim! Detesto-te!
Detestas-me? Então, vem cá!
Quero-te daqui para fora!
Leva a tua mala e desaparece!
Vou, mas quero o meu dinheiro agora!
- Logo o terás! Não te preocupes.
- Acabou-se o acordo.
- Podes crer!
- Mas quero o dinheiro.
Preciso de dinheiro agora!
Não me podes pôr na rua!
Nunca foste honesta comigo!
Nunca sequer chegaste a amar-me!
Sua vaca, contigo precisava
de ter olhos nas costas!
Como podia amar-te?
Tratas-me como uma cadela!
- És pior do que isso!
- Vai-te foder!
Toma! Isto chega-te?
Será que dura dois dias? Toma!
- Puta gananciosa. Leva a porra do dinheiro.
- Vou ao banco...
- buscar as jóias também!
- Abre às 9:00.
E não mandes ninguém impedir-me!
Asseguro-te que não.
Não me mandas embora
com a merda de uma mala!
Volta amanhã para buscar o resto.
Agora, pira-te.
- Vou levar a Amy.
- Não vais, não.
Vou, sim. Vou acordá-la.
Estás pedrada. Sua agarrada. Desaparece.
Não sou! É minha filha também!
Escreve aos meus advogados, maldita sejas!
Não te livras assim disto!
Não vais ficar com a minha parte!
Cabrão!
O engraçado é que no fundo
não queria que ela se fosse embora.
Era a mãe da minha filha e eu amava-a.
Depois, compreendi que não queria dar-lhe
o dinheiro, porque se lho desse,
sabia que nunca mais voltaria a vê-la.
Tem um bom dia na escola.
Muito bem, querida.
A partir de hoje quero saber sempre
onde tu e a Amy estão.
Toma um bip.
Leva-o sempre contigo.
É muito leve.
Para poder contactar-te sempre.
Está bem?
Que pensas fazer? Que queres fazer?
Queres ficar como estás? Não faças isso.
Se as pessoas não se dão bem, separam-se.
Não tenho nada com isso,
mas acho que deve ser assim.
Tens razão. Eu sei.
- Só que...
- O quê?
- Nada.
- Que ias dizer?
- Não...
- Diz-me o que ias dizer.
Digo?
Pensei que talvez conhecesses
alguém no banco,
que me ajudasse a tirar as minhas jóias.
Valem muito dinheiro.
Eu compensaria bem quem me ajudasse.
Vou pensar nisso.
Deixa cá ver.
Tem de ser alguém de confiança.
Ele nunca me dará as jóias.
Guarda tão bem a chave que chego a pensar
que a enfiou pelo cu acima.
Tens razão. É mesmo à Sammy.
Se calhar, é onde a tem.
Tem tanta sorte. Podia tê-lo enterrado.
Podia ter embarcado para a Europa
com a miúda.
E depois ele encontrava-me e matava-me.
Não. Eu é que o teria feito.
- E ele teria razão.
- Vá lá.
Não se leva assim um filho a um tipo.
Eu não levei. Quer dizer fiz,
mas depois fiz o que me mandaste e voltei.
Pois foi. Gostei disso.
- É o que eu gosto em ti, agiste bem.
- Fiz o que me mandaste.
- Pois fizeste.
- Mandas-me sempre fazer o que é melhor.
Ele fez uma grande asneira, não foi?
- Pois foi.
- Subiu-lhe tudo à cabeça.
Mudou.
- Pois é. Não é a mesma pessoa.
- Pois não.
- Acha-se muito importante.
- Exacto.
Detesta-me.
Odeia-me.
Vá lá, és forte. Tu aguentas isto.
- Não chores.
- Não sou assim tão forte.
És sim.
Não sou. E ele assusta-me.
- Nunca sei o que vai fazer.
- Vá lá.
- Não tenhas medo.
- Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda.
Tens de me ajudar.
Preciso de um novo apoio, Nicky.
Preciso. De um novo apoio.
- É isso que queres?
- É.
- Um apoio?
- Sim.
Não te preocupes. Ninguém mais te lixa.
Eu tomo conta de ti.
- Obrigada.
- É o que queres, não é?
É a mulher do Ace.
O chefe vai gostar de saber.
- Olá.
- Olá.
- Não respondeste ao bip.
- Deitei-o fora.
Deitaste-o fora?
Tentei. Sei que queres que o use, mas...
Vou a conduzir e aquela merda apita.
Ou no restaurante, é embaraçoso.
Já não o quero. Onde está a Amy?
- A dormir.
- Trouxe-te cigarros.
Liga ao Oscar.
- Com quem almoçaste?
- Com a Jennifer.
- Aonde foram?
- Ao Riviera.
Que comeram?
- Comi uma salada.
- E a Jennifer?
O mesmo.
Está bem.
Liga à Jennifer...
e pede-lhe que te diga o que almoçou.
Eu estarei a ouvir na outra linha.
- Para que queres que faça isso?
- Sabes porquê.
- Faz isso.
- Está bem.
Preciso de uma taça para aquilo.
Está ocupado.
Não está ninguém.
- Estou?
- Estou, Jennifer? É o Sam.
Pronto, não almocei com ela.
Com quem almoçaste?
Estive com uma pessoa.
Isso sei eu. Com quem?
Só espero que não seja quem eu penso.
Oxalá não seja.
Sabia que ela dormia com outros.
Ela fazia-o e eu fazia
o que tinha a fazer, mas,
meu Deus, o Nicky foi o pior
que poderia ter feito.
E se ele não parar?
Aquilo ainda nos matava aos dois.
Consigo afastá-lo.
Ela era muito convincente quando queria.
E foi assim que o afastou.
Ginger.
Não te esqueças, se ele te desafiar,
se ele te perguntar, nega tudo.
Percebes? Não quero que fale aos chefes.
Seria um grande problema.
Tem cuidado. Ele não é parvo, sabes?
Estás a ouvir, não estás?
Já sei. Não precisas dizer.
Achas que sou estúpida?
Estúpida, tu? Não.
Acho que és linda. Mas agora tenho de ir.
As coisas na rua estavam tão lixadas
para o Nicky,
que sempre que o Marino ia à terra,
as remessas diminuíam de tamanho.
Chegou ao ponto de lá entrar,
sem saber se ia ser beijado ou morto.
Frankie, vou pedir-te uma coisa.
É pessoal.
Mas quero a verdade.
Claro, Remo.
Quero a verdade.
Digo-lhe sempre a verdade, Remo.
Frankie, o pequenote...
não anda a foder a mulher do judeu,
pois não?
Porque se estiver, temos um problema.
Que podia eu dizer?
Se desse a resposta errada...
o Nicky, a Ginger e o Ace
poderiam acabar mortos.
Porque se há coisa
que os velhotes não admitem,
é que andem a foder as mulheres
uns dos outros.
É mau para o negócio.
Por isso, menti,
embora soubesse que, mentindo ao Gaggi,
também podia acabar morto.
- Não, não vi nada disso.
- Tens a certeza?
Absoluta.
Remo, as coisas não andam bem.
Eu sei, por isso pergunto.
O Nicky é quem mais me preocupa.
Quero saber se está bem.
- Está óptimo.
- Quero que o vigies.
- Fá-lo por mim.
- Não há problema.
Não quero pôr nada em risco
para os nossos amigos.
Entendeste?
- Eu entendo.
- Está bem.
És bom rapaz, Frankie.
Obrigado, Remo.
Por esta altura, o Nicky e a malta dele
estavam nas últimas.
Las Vegas tinha-o rebentado.
O álcool, a cocaína, as mulheres.
Ou seja, tinha-se desleixado.
Já não era o mesmo Nicky.
- Bebeste demais.
- Vai-te foder.
Uma vez, teve de bater num gajo três vezes,
antes de o derrubar finalmente.
O velho Nicky tê-lo-ia derrubado à primeira.
E tudo o resto à mistura...
Talvez Vegas nos tivesse rebentado a todos.
A malta dele seguia-o incondicionalmente.
Metade do tempo andavam pedrados.
Faziam coisas impensáveis.
O pior era o Blue.
- Que querem vocês?
- Polícia! Fique no carro!
Não sabia calar-se.
- Largue a arma!
- Vá-se foder!
Os polícias mataram-no...
por pensarem que a sandes era uma arma.
Podiam ter tido razão, mas quem sabe?
Que arma? É a porra de uma sandes.
Que querias? Está escuro como breu.
- É papel de alumínio. Parecia uma arma!
- Seu cretino!
- Vou ficar meses a processar papelada!
- Que fazemos?
- Desculpa!
- Seu imbecil!
Para piorar tudo, por vingança,
uma noite a malta do Nicky pedrou-se...
e atirou sobre as casas dos polícias.
Já não podiam falar na Gold Rush,
porque o FBI tinha posto escutas na parede.
Lá fora, tapavam a boca,
porque havia agentes
que sabiam ler nos lábios.
O Nicky soube disso por um bufo
que lhe devia dinheiro.
Voltou a perguntar por ti
e pela mulher do judeu.
Circula. Que disseste?
Voltou a perguntar por ti
e pela mulher do judeu.
Que lhe disseste?
Que não sabia de nada.
O Jiggs e o Tony Gorilla disseram
que se fizeres alguma coisa estás lixado.
Achas que ele vai lá queixar-se de mim?
Não, já terias sabido.
- Que o impede?
- Eu sei.
Já não confio nele,
mas nunca me autorizam a fazer nada.
Mas continuam a perguntar a mesma coisa.
Claro que sim. Ganham com o gajo.
Tenho a sensação
que ele vai começar uma guerra.
Ainda não sei.
Sabes o que quero que faças?
Quem é este tipo?
Não é ninguém.
Sabes o que quero que faças?
Arranja uns tipos para cavar um buraco
no deserto e que te mostrem onde é.
- O Angelo e o Buster.
- Mas ainda não sei.
- Eles fazem-no.
- Quando estiver pronto, direi:
" Vão visitar o judeu."
E vocês somem com ele. Percebeste?
Avisa-me. Mas tens de estar pronto.
Estás a ver?
Mandei-te fazer alguma coisa já?
Disse que ainda não sei. Eu depois aviso-te.
Quero pensar nisso.
Onde estão? Estão no motel?
Lá ou no banco. Sei lá. Por todo o lado.
Volto já.
Passe todas as chamadas ao Sr. Sherbert.
- Claro, Sr. Rothstein.
- Vou a casa num instante.
Ele vai para casa.
Está bem.
Ginger?
- Socorro, pai!
- Amy!
- Amy, abre a porta!
- Não posso! Estou atada!
- Papá!
- Que aconteceu?
- Quem te fez isto?
- A mamã.
Vou buscar uma faça para te soltar.
- Não vás!
- O papá já vem.
- Quando foi isto, querida?
- Não sei.
Quando é que ela fez isto?
Quando se foi embora?
Não sei.
- Estou?
- Sammy.
- Sim. Quem é?
- Eu.
- Estás bom?
- Não.
- Como soubeste que estava aqui?
- Queria falar contigo.
A Ginger desapareceu.
Atou a Amy à cama e fechou-a no quarto.
Não sei onde está.
Ouve, ela está aqui
no Leaning Tower comigo.
Está aí contigo?
- Sim.
- Já aí vou ter.
Está bem.
- Vem aí.
- Óptimo.
Não faças cenas, está bem?
Só quero falar com essa cabra irlandesa.
Está a ver se salva o casamento.
Nicky, quero falar com essa vaca.
Sê simpático. Calma.
Porta-te bem aqui.
- Olá, Sam.
- Estás maluca ou quê?
Atas a miúda e trancas a porta?
Estás completamente louca?
É a nossa filha. Estás louca?
Foi só por um bocadinho. A ama não estava.
Devia mandar-te prender.
Voltas a fazer isso e eu...
Eu só queria sair um pouco.
- Ela estava a dormir. Eu ia voltar...
- Ouve.
- ...antes de ela acordar.
- Ouve, sua puta,
vou dizer-te uma coisa.
Ouve bem.
Tocas-lhe ou voltas a fazer o que fizeste...
e dou cabo de ti.
Estás a ouvir?
- Porque não me largas?
- Mato-te.
- Sua puta.
- Assino tudo o que quiseres.
Só quero a chave das jóias
e que me deixes ir embora.
- Queres as tuas jóias?
- Que me deixes.
E que me desgraces, sua porca?
Levanta-te e sê uma mãe.
Mete-te no carro e vai para casa.
Levanta-te e mete-te...
- Levanta-te.
- Se fosse a ti não fazia isso.
- Não fazia isso...
- Levanta-te!
Estás a ameaçar-me?
Mato-te aqui mesmo.
Levanta-te e vai para casa.
Já vou!
Agora precisas da autorização dele?
E depois? Quem te chupou
no estacionamento antes de entrares?
És nojenta, sua cabra.
- Uma vez puta, puta para sempre.
- Vai-te foder!
Vai tu!
Billy Sherbert, por favor.
- Quem é?
- Ouve, explico-te depois.
Tens uma arma em casa?
Traz-ma, imediatamente.
- Calma. Já aí vou.
- Está bem.
Deixe-o aí!
Onde está ele?
Matem-me esse judeu de merda!
Esconde o carro dela lá atrás.
Não vale a pena. Ele já sabe!
E se ele vai à terra e bufa?
- Que lhe disseste exactamente?
- Eu? Nada.
Nada. Neguei sempre.
Eu disse-te que era perigoso.
Disse-te para teres cuidado
que era perigoso.
Então, porque não o matas?
Não o vou matar. Cala-te.
- Mata-o e acaba com isto!
- Não te armes em chica esperta!
Agora ia apagar um gajo que conheço
há 35 anos por tua causa?
Cabrão.
- Eu sabia.
- E o meu dinheiro?
Como queres que vá buscar o dinheiro?
Achas que ele to dá? Enlouqueceste?
- Vê bem o que lhe fizeste.
- O quê?
Se não tivesses aberto a matraca.
Também para quê?
Não devia ter-me envolvido...
Sua vaca!
- Seu cabrão!
- Desaparece daqui!
Desaparece!
- Não!
- Tenham calma!
Não me devia ter metido com esta doida!
Ainda a matas. Calma.
Ponham-na fora.
Vamos.
Não preciso de ti!
Vou buscar a porra do dinheiro!
Vou ao FBI. Não tenho medo de vocês!
- Faz isso. Tem cuidado.
- É a última vez que me lixas!
Está bem.
Tem cuidado.
Vamos. Entra.
Olha para isto.
Fiz asneira, Frankie. Fiz asneira da grossa.
Nunca me devia ter metido com ela.
Calma aí. Que podias fazer?
Ela é que se atirou a ti, não foi?
Estou bem lixado, sabias?
Bem lixado.
Deixei a miúda com vizinhos...
e tinha $1 milhão em dinheiro e jóias...
que mandei o Sherbert guardar no hotel.
Põe isto no cofre do hotel e volta.
Está sozinha.
Leva a arma e vai ao quarto da Amy...
- Espera lá por mim.
- Vem cá fora falar comigo!
Não me ignores, seu cabrão!
Anda cá, imediatamente!
Desce e fala comigo, porra!
Maldito sejas! Sai!
Vou entrar pela sala adentro com o carro!
Seu cobardolas! Cabrão!
- Vem cá falar comigo.
- Queres parar com isso?
- Estás bêbada e pedrada.
- Não estou nada!
- Vais-te arrepender.
- Não me ameaces!
Já não me ameaças mais!
Seu pulha! Estou farta de ti!
Ando com o Nicky Santoro!
É o meu novo apoio!
E esta, cabrão?
Para onde estão a olhar?
Vão para dentro! Não é nada convosco!
Já não tenho de te aturar!
Vou ao FBI! Vou à polícia!
- Já não te protejo mais!
- Sra. Rothstein...
Ele não me deixa entrar!
Sr. Rothstein, recebemos queixas
por causa do barulho.
Estou a tentar entrar em casa.
Ele não me deixa.
Ela não entra. Lamento, Randy.
- Não a portar-se deste modo.
- Não posso entrar?
Sabe Deus o que farás lá dentro.
Tenho esta roupa há dois dias!
- Só quero tirar as minhas coisas!
- Está bem.
Deixe-a ir buscar algumas coisas.
Assim vai-se embora.
- Metade é dela.
- Receio deixá-la entrar.
- Não tens medo nenhum!
- Ela vai destruir tudo.
- Deixa-me entrar!
- Então!
- Cabrão!
- Por favor!
Devias ter medo da forma como me tratas!
Será mais fácil.
Se a deixar ir buscar as coisas dela,
deixamo-lo em paz.
Só entra, se se acalmar.
- Estou calma!
- Se se acalmar...
eu deixo-a entrar cinco minutos,
se os senhores a levarem daqui,
se ela se recusar a sair.
- Posso entrar?
- Não há problema.
- Jeff, vais com ela?
- Óptimo! Vai-te foder!
Não imagina o monstro que ele é.
Escondeu-me os documentos.
Tenho de os achar. Não o deixe subir,
devem estar nesta secretária. Merda.
Atenção que ele pode vir aí.
Está a vigiar?
Encontrei-as.
Só mais uns minutos.
Só mais um pouco,
temos outras coisas a fazer.
Ele apressa-a.
- Como vão as coisas?
- Bem.
- A família?
- Nada mal. A minha mulher está grávida.
- Parabéns.
- Obrigado.
Fico contente por saber.
Só preciso de mais uma coisa
e depois podemos ir.
Merda! Foda-se!
Merda!
Estas merdas chateiam-me.
Seria óptimo...
que me acompanhassem,
porque ele tem-me ameaçado!
Cuide de si. Obrigado.
Não acredito nisto.
Vou só levantar dinheiro.
Podem vir comigo?
- Tens de impedi-la.
- Lamento, Sam.
- Que posso eu fazer?
- É uma agarrada. Está louca!
Ela tem as chaves. Está em nome de ambos.
Não posso fazer nada. Gostava de ajudar...
- mas não posso.
- Legalmente, ela não pode.
- Não pode. Metade é meu.
- Ouve.
- Não posso fazer nada.
- Eu vou aí ter.
Merda! Bolas!
Vou precisar de um saco.
Pode pedir-lhe um saco grande?
- Vai buscar um saco, pá.
- Tome.
- Minha senhora, não posso.
- Pode sim. Tem sido tão bom para mim.
Sim, mantenha a tampa aberta.
Está bem? Para eu...
Meu Deus, é ele. Parem-no.
Disse que me matava.
Um momento, Sr. Rothstein.
Espera aí.
- Ela foi-se embora.
- Não podemos fazer nada.
- Não podemos fazer nada.
- Vejam só.
Não podem detê-la por excesso
de velocidade? Olhem como vai.
- Não podemos fazer nada. Tinha a chave.
- É titular da conta.
- Manda-a a parar junto à bomba.
- Vamos lá.
- Está detida.
- Porquê?
- Por cumplicidade...
- Porquê?
- Por cumplicidade...
- Só me quero ir embora.
Apesar das ameaças...
a Ginger acabou por ficar calada.
Mas o FBI já não precisava dela.
- Já tinham o que precisavam.
- Mas não fiz nada.
- E começaram a cair uns após os outros.
- FBI! Temos um mandato de captura!
Com o Piscano a queixar-se sob escuta,
mais o Nicky, a Ginger,
eu e a minha licença...
tinham tudo. Acabámos por lixar tudo.
- Mãe.
- Está alguém à porta.
FBI. Temos um mandato de captura.
Soube o que se passava e pirei-me.
Para quê ficar a assistir à merda toda?
- Sou o Mark Casper, FBI.
- Ai é?
Posso fazer a porra de um telefonema?
Pode, mas modere a linguagem.
Saiam todos. Alerta.
- Apanharam quase todos.
- Isolem esta área!
- Vão buscar a listagem.
- Apreendam a papelada.
Todas as caixas na mesa.
Cá estão. As apostas ilegais.
O Green? Nem perguntem.
- ...$30.000 seus.
- Não. Por isso era ilegal.
Estavam a extorquir-me.
Conto tudo o que quiserem saber.
- Não tenho nada a esconder.
- E o melhor.
Nem queria acreditar. Os relatórios
de despesas do Piscano eram do melhor.
- Isto é bom.
- Só faltava dar-lhes uma cópia.
Nomes, endereços, datas, tudo.
Gratos pela consideração, Sr. Piscano.
- Isso é da minha mãe.
- Está preso.
- Que desmiolado.
- Que estão a fazer?
- Calma.
- Espere aí!
- Está a sentir-se mal!
- Afaste-se.
- É o coração! Respira?
- Respiração boca-a-boca!
Ficou tão perturbado que teve um enfarte...
e morreu mesmo à frente da mulher.
- Acalme-se!
- Como quer que me acalme?
- É meu marido! Artie!
- Não podemos ajudar se...
No final do dia...
vieram finalmente mostrar-me as fotos.
Porquê proteger um amigo que o traiu?
Nem as quis ver...
ou a eles.
Meritíssimo, os meus clientes
são idosos e doentes.
Qualquer encarceramento poderia ser fatal.
Quando caçaram os chefes,
eram tão velhos...
que precisaram de médicos no processo.
Pedimos concessão de fiança.
- Vamos interromper a sessão.
- Como a pena podia ir de...
25 anos a perpétua,
só por filtrar um casino...
doentes ou não, algumas cabeças iam rolar.
No dia do processo de acusação,
reuniram-se nas traseiras do tribunal.
E quando é assim, já se sabe como é.
É sempre melhor não haver testemunhas.
E o Andy?
Não abre a boca. O Stone é bom rapaz.
Recto como o pai.
É a minha opinião.
Concordo. É íntegro. Um fuzileiro.
É porreiro, sempre foi. Que acham?
Para quê arriscar?
Pelo menos, é o que eu acho.
Chama o Artie. Diz-lhe...
que venha ao meu escritório
quinta de manhã.
Está feito.
É muito importante. Tenho de falar com ele.
Por muito que gostassem dele,
não era dos nossos.
Não era italiano.
Tanto quanto sabiam, ele podia ter falado.
Senão, ainda estaria vivo.
O primeiro a fugir foi o John Nance.
Encontrou um refúgio simpático
na Costa Rica.
Pensava que não davam com ele.
Mas o FBI caçou o filho dele por drogas.
E os chefes acharam que ele apareceria e...
que os entregaria para salvar o filho.
E então...
Aonde vais, cabrão?
Mas todos se seguiram.
Foram todos mortos.
Vai-te foder.
Em menos de nada,
quem sabia de algo acabou morto.
Não!
Depois de partir, a Ginger
já não interessava a ninguém.
Juntou-se a uns chulos, vadios,
agarrados e motoqueiros de L.A.
Em poucos meses,
chuparam-lhe o dinheiro e as jóias.
Quando encontraram o corpo dela...
pedi uma segunda autópsia.
Tinham-lhe dado uma dose marada.
No final, tudo o que lhe restava
eram $3.600 em moedas novas.
Apesar do que o FBI e os jornais disseram
sobre a bomba no meu carro,
via-se que era trabalho de amadores.
Puseram a dinamite debaixo
do assento do lado.
O que não sabiam
e que ninguém fora da fábrica sabia,
era que aquele modelo tinha chapa metálica
debaixo do assento do condutor.
Foi o que me salvou.
Não foram os chefes que a autorizaram,
mas suspeito de quem a tenha posto.
E eles também.
- Como estás?
- Como vai isso?
A poeira levou meses a assentar.
Mas a malta acabou
por sair sob fiança.
Os chefes queriam que mandasse
o meu irmão Dominick para Las Vegas.
Sempre a merda dos dólares.
Ainda era perigoso aproximar-me
de Las Vegas.
Então marquei a reunião com eles
nos canaviais.
Não queria o meu irmão lixado.
O que está certo, está certo.
Eles querem lá saber...
Valha-me Deus...
Mas que merda...
Anda cá, cabrão!
Tu e o teu irmão são uns durões!
Sacanas de merda! Acabou-se!
- Frankie!
- Acabou-se! Estás a ver?
- Frankie! Seu merdas!
- Vai-te foder!
Pulha!
Não!
Levem-no daqui!
Deixem o ***. Ainda está a respirar.
Ainda respira. Deixem-no. Frankie.
Vá lá. Dispam-no.
Não tens tomates.
Dominick!
Dominick.
Vamos lá.
- Enterramo-los?
- Enterrem-nos.
A notícia espalhou-se.
Os chefes estavam fartos do Nicky.
Quanto é que podiam aguentar?
Fizeram dele e do irmão um exemplo.
Enterraram-nos ainda vivos.
Está bem? Cuidado!
- Sente-se bem?
- Sim.
Tinham outros planos para mim.
Precisamos de ajuda aqui!
Teve cá uma sorte.
A cidade nunca mais será a mesma.
Depois do Tangiers,
as grandes empresas invadiram o mercado.
Hoje em dia parece a Disneylândia.
Enquanto os miúdos brincam aos piratas,
os pais deitam as prestações da casa
e o dinheiro da educação do filho...
nas máquinas de jogo.
Dantes, os distribuidores sabiam
o teu nome, o que bebias, o que jogavas.
Hoje é como apanhar um avião.
Chama-se o serviço de quarto e,
com sorte, chega na quinta-feira.
Já não há nada. Um tubarão aparece
com $4 milhões na mala...
e um *** de 25 anos da escola de hotelaria
pede-lhe o número de contribuinte.
Depois do Sindicato dos Camionistas
ir ao fundo...
as grandes empresas demoliram
a maioria dos velhos casinos.
E sabem de onde veio o dinheiro
para reconstruir as pirâmides?
Obrigações especulativas.
Ainda não tem certeza?
Provável. Talvez discutível.
Diga-me assim que souber.
No final, acabei por voltar
à linha de partida.
Ainda sabia escolher vencedores...
e ainda fazia todo o tipo de gente
lá da terra ganhar dinheiro.
Para quê estragar uma coisa boa?
E é assim!